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terça-feira, 26 de julho de 2011

VITAMINA MUSICAL



Antes do aparecimento de Jean Baptiste Frederic Isidor Thielemans a gaita era considerada um instrumento irrelevante dentro do jazz. Exceto por Larry Adler, que também tocava piano e era mais atuante nas áreas da música erudita e das trilhas sonoras para o cinema, a harmônica (como também é conhecida a simpática gaita de boca) era vista como um instrumento pouco versátil, mais adequado aos lamentosos e simples acordes do blues.

A chegada de Thielemans, nascido em Bruxelas, no dia 29 de abril de 1922 modificou completamente o status do instrumento no cenário jazzístico. Todavia, antes de se notabilizar pelo uso gaita, ele passou por vários outros instrumentos. O primeiro deles foi o acordeão, que começou a tocar com apenas três anos. Em seguida, passou à guitarra acústica e com ela adquiriu certa notoriedade no cenário musical da Bélgica. Somente no final da adolescência é que iria se dedicar à gaita e o já mencionado Larry Adler foi uma de suas primeiras influências, assim como o baixista Slam Stewart, por conta da sonoridade que, com o arco, extraía do contrabaixo.

O próprio Thielemans recorda que aprendeu a tocar guitarra por acaso. Ele conta:  “Eu estava doente e um amigo veio me visitar. Ele trazia uma guitarra preta na mão e nós ficamos um tempo ouvindo alguns discos de Fats Waller , como ‘Hold Tight’. Aquilo era o jazz em sua essência e tudo que você precisaria saber sobre o blues estava naquelas gravações. Eu sabia tocar aquelas músicas, mas jamais havia pego em uma guitarra e então o meu amigo me fez um desafio: se eu conseguisse tocar ‘Hold Tight’ em cinco minutos, ele me daria a guitarra.  Toquei a música e fiquei com o instrumento”.

No entanto, apesar de gostar bastante de música, o futuro de Thielemans parecia estar nas ciências exatas. Ótimo aluno de matemática, ele imaginava para si uma tranqüila carreira de engenheiro ou professor. A Segunda Guerra Mundial veio para embaralhar os planos do jovem guitarrista, que em 1941 viu-se forçado a fugir do país com a família, por causa da invasão alemã, e foi buscar abrigo na vizinha França.

A França também tinha sido invadida pelos nazistas, mas por causa do governo colaboracionista do Marechal Pétain, o domínio do exército alemão não havia sido tão brutal quanto foi no território belga e a população francesa ainda podia viver em relativa tranqüilidade. Os pais de Thielemans, que eram donos de um café em Bruxelas, tiveram que recomeçar a vida em um novo país e a música foi o elemento que ajudou a manter a esperança e a auto-estima do jovem belga.

Em solo francês, Jean Baptiste conheceu o som do violinista francês Stephane Grappelli e do seu compatriota, o guitarrista belga Django Reinhardt, e apaixonou-se pelo jazz. Ele já conhecia alguma coisa do estilo, graças às transmissões da BBC que chegavam até Bruxelas, levando o som das big bands norte-americanas, mas até então nunca havia escutado algo parecido com o que Grappelli e Reinhardt faziam. Aproximou-se do meio musical francês e chegou a tocar com os dois proeminentes jazzistas.

Em 1944 Thielemans retornou à Bélgica e tocou com uma banda do exército norte-americano, quando este libertou Bruxelas do jugo nazista. Decidido a investir na carreira musical, ele fez parte da banda do clube Ma Maison, em Bruxelas, onde teve a honra de acompanhar Edith Piaf, Charles Trenet e Django Reinhardt. O jazz passava então por um período de grande efervescência e o bebop emergia como principal força criativa do período. Fascinado pelo som de Charlie Parker, Thielemans foi o primeiro músico a tentar reproduzir, na harmônica, os  tortuosos mistérios do idioma bop.

Ele já era conhecido no meio musical belga como Toots, tendo recebido esse apelido em 1946, quando tocava na banda Le Jazz Hot, em homenagem ao saxofonista Toots Mondello, um famoso acompanhante dos anos 30 e 40, que trabalhou com Louis Armstrong, Teddy Wilson e Benny Goodman, entre outros. Em 1948, Toots fez a sua primeira viagem aos Estados Unidos, onde tocou com o trompetista Howard McGhee e com o pianista Lennie Tristano.

No ano seguinte, voltou a morar na França, estabelecendo-se em Paris, onde costumava tocar com os mais diversos músicos norte-americanos de passagem ou estabelecidos na cidade, como Sidney Bechet, Miles Davis, Roy Eldridge, Zoot Sims, Max Roach e outros mais. Toots foi uma das atrações do Festival International de Jazz All-Stars realizado em Paris, na prestigiosa Salle Pleyel, templo da música erudita.

Outros grandes músicos belgas, como o saxofonista Bobby Jasper e o guitarrista Rene Thomas, e franceses, como o pianista René Urtreger e o guitarrista sacha Distel, ajudavam a formar, juntamente com Toots, o núcleo do efervescente movimento jazzístico parisiense.

Em 1950 Thielemans fez uma excursão pela Europa, como membro da banda de Benny Goodman, graças a uma indicação de Ray Nance, membro da orquestra de Duke Ellington. Nance havia ficado impressionado com as habilidades do gaitista, que conheceu durante uma turnê do maestro pela Bélgica, e os dois se tornaram grandes amigos. Em novembro daquele ano, quando a banda de Goodman estava na Suécia, o gaitista conheceu o ídolo Charlie Parker e chegou a tocar com ele em uma jam no clube Nalen, em Estocolmo.

No ano seguinte, Toots decidiu tentar a sorte nos Estados Unidos e ali desenvolveu uma longa e muito bem-sucedida carreira. Em pouco tempo, já estava tocando com a nata dos músicos da época, com destaque para a sua breve participação no Charlie Parker's All-Stars, durante uma temporada de uma semana no Earle Theatre, em Filadélfia.

Reza a lenda que Miles Davis teria ficado incomodado com a presença do belga e vivia implicando com o seu sotaque fortemente carregado. Foi então que Parker deu uma bela regulada no trompetista: “Deixe o meu garoto em paz, Miles”. Nem mesmo Miles ousaria questionar uma ordem de Bird e Toots pôde tocar sossegado: “Eu não estava preparado para aquilo. Miles vivia me provocando, tirando sarro com a minha cara. Eu mal havia chegado aos Estados Unidos e já estava dividindo o camarim com Charlie Parker”, relembra o bem-humorado Toots.

O gaitista recorda com muito carinho o seu convívio com Bird: “Foi uma experiência memorável. Eu era o único sujeito branco da banda, formada por caras como Milt Jackson, Jimmy Cobb e Miles Davis. Ali, eu tocava tanto guitarra quanto harmônica. Charlie Parker era um monstro – para mim, ele ainda é o patrão. Ele me colocou sob sua proteção por algumas semanas e isso é algo que eu jamais esquecerei”.

Depois disso o gaitista trabalharia ao lado de Quincy Jones, Bill Evans, Ella Fitzgerald, Stan Getz, Peggy Lee, Dinah Washington, Paul Quinichette, J. J. Johnson, Dizzy Gillespie e muitos mais. Sua associação mais constante foi com o pianista inglês George Shearing, em cujo quinteto permaneceu de 1952 até 1959, tendo feito um sem número de concertos e gravações. Com o pianista, Toots se apresentou Newport Jazz Festival, em 1958.

Em 1959, quando o grupo de Shearing era atração de um clube em Hamburgo, na Alemanha, um jovem inglês chamado John Lennon, cuja banda também fazia uma longa temporada na cidade, costumava, sempre que possível, assistir às apresentações do quinteto, apenas para apreciar a técnica apurada de Toots.

Lennon sempre levava seu amigo e companheiro de banda George Harrison a essas apresentações e, influenciado pela sonoridade do belga, comprou uma guitarra idêntica à que o ídolo usava, uma Rickenbacker 1958 modelo 325 Capri. A guitarra acompanharia Lennon ao longo dos anos – era o instrumento que ele usava quando os Beatles se apresentaram pela primeira vez em um programa de TV dos Estados Unidos, o Ed Sullivan Show, em fevereiro de 1964.

Após seu desligamento da banda de Shearing, Toots montou um grupo, com o qual se apresentava com freqüência no clube Basin Street East e Herbie Hancock, que futuramente seria um dos pianistas mais badalados do cenário jazzístico, fez parte de uma dessas formações. O gaitista integrou o hepteto do pianista Raymond Scott, onde também atuavam o baterista Elvin Jones, o baixista Milt Hinton, o guitarrista Kenny Burrell e o trompetista Harry “Sweets” Edison.

Embora tenha gravado como líder algumas faixas para a RCA-Victor, entre 1952 e 1953, seu primeiro álbum oficial veio ao mundo em 1955. Intitulado de “The Sound: The Amazing Toots Thielemans”, o disco, que saiu pela Columbia, conta com as participações do pianista Ray Bryant, do contrabaixista Wendell Marshall e do baterista Bill Clarke.

Ao longo de quase 70 anos de carreira, uma das mais longevas de toda a história do jazz, Toots gravaria dezenas de álbuns, para selos como Riverside, ABC, Concord, Doctor Jazz, Polygram, Pablo Denon, Sonet, EmArcy, Candid e muitos outros. Em seus álbuns, presenças de pesos pesados como Pepper Adams, Kenny Drew, Wilbur Ware, Art Taylor, Dick Hyman, George Arvanitas, Gene Bertoncini, Bucky Pizzarelli, Marc Johnson, Herbie Hancock, Joanne Brackeen, Cecil McBee, Shirley Horn, Svend Asmussen, Red Mitchell, Ed Thigpen Ray Drummond e Joe Pass, apenas para enumerar alguns.

Em 1962, Toots compôs seu maior sucesso, “Bluesette”, em cuja gravação original, o belga fez uso da guitarra, assoviando em uníssono. O gaitista fazia uma temporada em Bruxelas, com Stephane Grappelli, quando começou a improvisar um tema no camarim do teatro onde se apresentavam. O violinista gostou e pediu que ele transpusesse aquelas frases para a partitura. Toots seguiu o conselho do amigo e deu ao tema o nome de “Bluette”, uma flor típica da Bélgica.

Pouco tempo depois, ao apresentar a música em um concerto na Suécia, um produtor local sugeriu que mudasse o nome da composição para “Bluesette”, por causa de sua estrutura de blues. A canção é considerada um verdadeiro clássico do jazz e foi gravada por nomes como Lee Konitz, Bill Evans, Herb Alpert, Al Haig, Marian McPartland, Buddy Rich, Hank Jones, Ray Charles, Tito Puente, Pete Jolly, Milt Hinton, Herb Ellis e uma infinidade de outros.

Do ponto de vista profissional, Toots sempre manteve a agenda recheada de compromissos. Criou jingles publicitários para empresas como Firestone e Singer e para o desodorante Old Spice, participou de trilhas sonoras de filmes inesquecíveis, como “Midnight Cowboy” (“Perdidos na noite”, dirigido por John Schlesinger e estrelado por John Voight e Dustin Hoffman), “The Getaway” (“Os implacáveis”, com Steve McQueen e Ali McGraw, com direção de Sam Peckinpah), “The Yakuza” (dirigido por Sydney Pollack, com Robert Mitchum encabeçando o elenco) e Bagdad Café (cult movie dirigido por Percy Adlon).

Durante a década de 60, Thielemans foi apresentado à música brasileira pelo gaitista Maurício Einhorn, seu grande amigo, e apaixonou-se pelo que ouviu. Tocou com diversas figuras importantes da MPB, como Astrud Gilberto, Elis Regina e Sivuca. O gaitista também tocou na trilha do seriado infantil Vila Sésamo, grande sucesso televisivo dos anos 70, e atuou em disco de nomes importantes da música pop, como Paul Simon, Billy Joel, John Denver, James Taylor, Julian Lennon, Joni Mitchell, Carly Simon e muitos mais.

Uma das maiores atuações de Toots Thielemans está registrada no álbum “Big 6 At Montreux”, gravado ao vivo na noite de 16 de julho de 1975, durante o célebre festival de jazz suíço. Além do gaitista, a banda conta com os talentos superlativos do pianista Oscar Peterson, líder da sessão, do vibrafonista Milt Jackson, do guitarrista Joe Pass, do baixista Niels-Henning Orsted Pedersen e do baterista Louie Bellson.

Trata-se de uma jam session espetacular, na qual seis dos maiores músicos do jazz se divertem e se provocam o tempo inteiro. A empolgação contagia a platéia e a gravação é permeada de gritos e aplausos efusivos por parte da assistência. Para abrir o disco, nada melhor que uma composição de Parker, “Au Privave”, na qual Pass, Jackson e, sobretudo, Thielemans, brilham intensamente. Curioso perceber como as frases imortalizadas por Parker soam igualmente eletrizantes quando transpostas para a gaita. Os gritos de êxtase da platéia dão a medida da excelência do sexteto e Peterson, qual um maestro ensandecido, joga ainda mais combustível na sessão, com solos trepidantes e desafiadores.

“Here's That Rainy Day”, bela composição de Jimmy Van Heusen e Johnny Burke, ganha uma versão em tempo médio, com amplo destaque para o vibrafone sensual de Jackson. Em seguida, é a vez de Thielemans, que improvisa de maneira voluptuosa, exibindo uma técnica singular, onde se misturam influências do bebop, do blues e do jazz manouche. A impetuosa performance de Peterson, calcada em frases rápidas e um senso rítmico invulgar, merece todos os encômios, assim como o esplendoroso solo de Niels-Henning.

A versão lânguida e relaxada de “Poor Butterfly”, de autoria de John Golden e Raymond Hubbell, é executada em quase dezesseis minutos de pura magia. A sensualidade fugidia que Jackson extrai do seu vibrafone faz um belíssimo contraponto ao sopro luxuriante e intuitivo de Thielemans. Solos de grande conteúdo emocional, como os elaborados por Pass e por Peterson, mostram a força da individualidade em uma arte que, curiosamente, se constrói coletivamente.

O sexteto encerra o set com uma poderosa interpretação de “Reunion Blues”, de Milt Jackson. O autor do tema não perde a proverbial vitalidade, insuflando os companheiros com sua pegada viril e rica em texturas. A sonoridade polida de Thielemans contrasta com o timbre corrosivo imposto por Pass e o diálogo que os dois travam ao longo do tema é um dos momentos mais entusiásticos do disco. Bellson patrocina um solo arrasador e domina a cena durante quase quatro minutos de fúria percussiva. Um álbum espontâneo, alegre e despretensioso, que reúne estrelas de primeira grandeza, comprometidas apenas com o sacrossanto ofício de espalhar sons e alegrias pelo mundo e que dignifica o aspecto lúdico do jazz. Mais do que recomendável.

Em 1978, o belga, em parceria com Bill Evans, gravou o incensado “Affinity” (Warner). Os anos 80 marcam a associação de Thielemans com os então jovens jazzistas Paquito D’Rivera, Jaco Pastorius e Pat Metheny. Em 1984, participou do último disco de Billy Eckstine, “I Am A Singer” (Mastermix), com arranjos do pianista Angelo DiPippo.

Em 1981, um derrame o afastou dos palcos e estúdios por cerca de seis meses, mas ele deu a volta por cima e retomou a carreira. Uma pequena seqüela na mão esquerda o obrigou a usar menos a guitarra, e por conta disso a gaita passou a ser utilizada quase que exclusivamente. No final da década, montou uma banda onde atuavam o pianista Fred Hersch, o contrabaxista Marc Johnson e o baterista Joey Baron.

Toots tem uma verdadeira paixão pelo instrumento e justifica esse sentimento: “A gaita é um instrumento pequeno, por isso seu tom tem uma característica tão pessoal. Você sopra e o som se materialize a apenas duas polegadas de você, como se fosse uma parte do seu corpo. Ela é como um amigo íntimo, algo essencial, que faz parte de sua alma profundamente.”

Durante a década de 90, Toots gravou o excelente “The Brasil Project”, produzido por Oscar Castro Neves, cujo volume 1 foi lançado em 1992 e o volume 2 em 1993. Ali, o gaitista mergulha na obra de compositores brasileiros, como Edu Lobo, Ivan Lins, João Bosco e Dori Caymmi, e conta com as participações dos músicos citados e de outros mais, como Djavan, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Milton Nascimento.

O incansável Thielemans seguia, até poucos anos atrás, uma impressionante rotina de 250 apresentações por ano. Atualmente, ele diminuiu o ritmo para pouco mais de 100 concertos anuais. Foi uma das atrações da primeira edição do lendário Free Jazz Festival, em 1985 e em 2009 foi o grande nome do festival de jazz de Guaramiranga, no Ceará.

Em 1998, Toots lançou o álbum “Chez Toots” (Private Music), onde revisita clássicos do cancioneiro francês, ao lado de convidados mais do que especiais, como Diana Krall, Shirley Horn, Diane Reeves e Johnny Mathis. Ao longo das últimas décadas, participou de álbuns de Don Sebesky, Marc Jordan, Joe Lovano, Richard Galliano, Henri Salvador, Jane Monheit e Tony Bennet, entre uma infinidade de outros nomes importantes.

Em 2001 gravou para a Verve o elogiado “Toots Thielemans & Kenny Werner”. No ano de 2006 prestou uma belíssima homenagem ao compositor Harold Arlen, no disco “One More For The Road” (Verve), que conta com as participações de, entre outros, Lizz Wright, Madeleine Peyroux, Till Brönner e Laura Fygi.

Sua influência está presente no trabalho de nomes como o brasileiro Alex Rossi, o norte-americano Howard Levy e o holandês Jan Verway. É um dos mais queridos músicos de todos os tempos e tem recebido incontáveis homenagens, nos quatro cantos do planeta. Foi agraciado com o título de barão em seu país natal, pelo Rei Albert II, em 2001, e empresta seu nome a uma rua em Bruxelas.

Possui doutorados honorários na Université Libre de Bruxelles e na Vrije Universiteit Brussel, ambas na Bélgica. Em 2009 recebeu da o título de Jazz Masters, concedido pela National Endowment for the Arts, e o Amsterdam Concertgebouw Jazz Award. Na França, recebeu a prestigiosa comenda de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e do governo brasileiro ganhou a comenda da Ordem do Rio Branco.

No dia 23 de janeiro de 2009, dividiu o palco com o guitarrista Philip Catherine, em um show comemorativo do centésimo ano de nascimento de Django Reinhardt. O eclético Thielemans acompanha o panorama musical da atualidade e ouve de tudo, dando especial atenção aos novos nomes do cenário jazzístico, como Dave Douglas, Eliane Elias, Jamie Cullum, Brad Mehldau ou Lionel Loueke. Só este ano, a agenda de Toots informa que ele está escalado para festivais importantes, como o de San Sebastian, na Espanha, e o North Sea, na Holanda. O segredo de tamanha vitalidade é a música. Segundo o veterano gaitista: “A música é a minha vitamina”.

Quincy Jones, seu amigo e parceiro de longa data e com quem trabalhou na trilha sonora do filme “The Pawnbroker” (produção de 1964, dirigida por Sidney Lumet e que no Brasil, recebeu o título de “O homem do prego”), fala um pouco sobre a importância de Thielemans: “Posso dizer, sem hesitar, que ele é um dos mais importantes músicos da nossa época. Com o seu instrumento, ele produziu alguns dos melhores momentos do jazz. Ele toca com o coração e consegue levar você às lágrimas. Não consigo contar as vezes em que trabalhamos juntos e em todas elas Toots conseguia me surpreender com algo novo.”

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terça-feira, 19 de julho de 2011

A BALADA DO SOLDADO


Franklin Benjamin Foster nasceu no dia 23 de setembro de 1928, em Cincinnati, Ohio. Filho da professora Lillian Watts Foster e do funcionário dos correios Frank B. Foster, o garoto cresceu em uma cidade culturalmente bastante rica. Localizada na confluência entre os estados de Ohio, Indiana e Kentucky, Cincinnati era um dos principais destinos dos enormes contingentes de negros que, nos primeiros anos do século vinte, deixaram a empobrecida e segregacionista região sul dos Estados Unidos, em busca de melhores condições de vida e trabalho.

A cidade também recebeu uma enorme gama de imigrantes europeus ao longo de sua história, especialmente italianos e alemães. Musicalmente, de lá saíram artistas notáveis, como Dinah Shore, Fats Waller, Rosemary Clooney, George Russell e James Brown. Um dos maiores orgulhos dos habitantes da cidade é o renomado Cincinnati Conservatory of Music, ligado à University of Cincinnati.

Embora não pertencesse a uma família musical, Frank dispunha de um piano em casa e aos seis anos de idade começou o aprendizado no instrumento, pelas mãos de Artie Matthews. Como ocorria na maioria dos casos, o primeiro contato com a música se deu no âmbito erudito e o garoto logo desenvolveu uma enorme afeição pela música do russo Tchaikovsky.

A paixão pela música clássica era estimulada pela mãe, que costumava levar o garoto aos concertos que a Cincinnati Simphony costumava realizar na cidade. Durante seis meses o garoto foi um dedicado aluno, mas um acidente obrigou-o a abandonar os estudos musicais. Frank foi atropelado por um caminhão e passou cerca de dois meses hospitalizado, com fraturas nas pernas e várias escoriações pelo corpo.

Felizmente, o acidente não deixou seqüelas, mas somente cinco anos mais tarde, quando estava com onze anos, ele voltaria a estudar música. O instrumento escolhido foi a clarineta e, graças à influência do irmão mais velho, Charles Amos Foster, Frank começou a prestar atenção ao jazz, que até então lhe era pouco familiar.

Charles costumava freqüentar o Coliseum, onde se apresentavam algumas das principais big bands da época, como as de Count Basie, Duke Ellington, Jimmie Lunceford e Erskine Hawkins. Embora não tivesse idade para freqüentar esses bailes, Frank ficou bastante interessado pela música que essas bandas produziam e que tornavam aquele período musicalmente tão estimulante.

Frank ganhou a clarineta de presente ao pai e, de posse do instrumento, passou a freqüentar a Wurlitzer Music Store, onde recebeu aulas por quase um ano, com o clarinetista Bud Rohs. O aprendizado musical e a intensiva audição de discos de jazz levaram o garoto a adicionar o saxofone ao seu rol de afinidades.

Graças ao trabalho de gente como Willie Smith, Johnny Hodges e Earle Warren, estrelas, respectivamente, das orquestras de Jimmy Lunceford, Duke Ellington e Count Basie, Foster se apaixonou pela sonoridade do instrumento. Em pouco tempo já era capaz de realizar proezas admiráveis com o sax alto e em 1942 foi contratado por Charles Danzi, que comandava uma das orquestras de baile mais populares de Cincinnati.

Em seguida, ingressou em outra banda local, a Jack Jackson’s Jumping Jacks e ali conheceria o trompetista Matthew Garrett, pai da cantora Dee Dee Bridgewater. Outro músico com quem fez amizade na época foi o tenorista Tom McClure, que o inspirou a se aventurar pelo sax tenor. Frank ainda passaria por uma infinidade de bandas locais, como as de Andrew Johnson e de Tommy Smith, tocando em clubes como o Cincinnati’s Cotton Club e o Sportsman’s Club, em Covington.

A bordo dessas orquestras, Frank viajou exaustivamente pelas cidades da região. Dayton, Springfield, Portsmouth, Lexington eram destinos freqüentes e os bailes eram sempre para platéias negras. Foster recorda aquele período difícil: “Nós tocávamos apenas para negros. Não havia platéias mistas naquela época. Ou o público era composto apenas de negros ou era apenas de brancos”.

As apresentações e viagens eram realizadas apenas aos finais de semana e Foster não teve maiores dificuldades para conciliar o trabalho e os estudos. Em seu último ano no ensino médio, organizou a banda da escola e elaborou todos os arranjos. Após a conclusão do ensino médio, ele foi estudar música na Wilberforce University, onde ingressou em 1946. Suas primeiras opções haviam sido o Oberlin Conservatory e o Cincinnati Conservatory, mas essas instituições, na época, não admitiam negros.

Frank já era então um consumado admirador de Lester Young, Buddy Tate, Don Byas e Ben Webster e havia optado, em definitivo, pelo sax tenor. Na universidade, fez parte de uma banda chamada Wilberforce Collegians, e se tornou bastante próximo do trompetista Freeman Lee. Os dois voltariam a tocar juntos muitos anos depois, na banda do pianista Elmo Hope.

Frank se tornou, rapidamente, um dos esteios da banda, responsável pelos arranjos e também por algumas das composições incluídas no seu repertório. Em 1947 a banda venceu um concurso nacional, promovido pelo jornal The Pittsburgh Courier, cujo prêmio foi uma viagem a Nova Iorque, para se apresentar no Carnegie Hall, dividindo o palco com as orquestras de Lucky Millinder, Billy Eckstine, Count Basie e Duke Ellington. Durante aquela viagem, ele pôde freqüentar os mitológicos Three Deuces e Onyx Club onde assistiu, extasiado, a apresentações de Fats Navarro, Miles Davis, Bud Powell e Charlie Parker. Bird era um ídolo e vê-lo ao vivo fez com que a admiração de Foster aumentasse ainda mais.

Durante o verão de 1949, o trompetista Snooky Young, encantado com o talento de Foster, o convidou para uma temporada de seis semanas em Detroit. O saxofonista adorou o cenário musical da cidade. Ele conta: “Detroit era um verdeiro paraíso, um dos principais pólos do jazz e parada obrigatória se você quisesse tentar a sorte em Nova Iorque. Ali estavam os Irmãos Jones – Thad, Hank e Elvin – Kenny Burrell, Tommy Flanagan, Barry Harris, Doug Watkins, Paul Chambers, Sonny Red. A lista era interminável”.

Terminada a temporada com Young, Frank quis permanecer na cidade. O destino atendeu seu desejo, mas não exatamente da maneira que ele havia planejado. Certa noite, após uma gig, Foster deixou seus instrumentos – um sax alto, um tenor e uma clarineta – no clube, onde tocaria na noite seguinte. Um amigo do alheio passou pelo local e surrupiou-lhe as ferramentas de trabalho.

Sem se deixar abater, o saxofonista apanhou o limão e fez uma suculenta limonada. E recorda o fato: “Eu usei o roubo dos instrumentos como desculpa para continuar na cidade. Dizia para todo mundo que tinha que encontrá-los, pois era uma questão de honra”. O certo é que ele não se esforçou muito para ter os instrumentos de volta, preferindo tocar com os atrevidos músicos da cidade. Ali também fez amizade com Wardell Gray, que na época fazia parte da orquestra de Count Basie.

O período em Detroit foi marcante também para os músicos da cidade, que pelos próximos anos o veriam como uma espécie de espelho. O pianista Tommy Flanagan, em uma entrevista, declarou: “Frank Foster exerceu uma grande influência sobre os jovens músicos de Detroit. Ele compôs um bocado de temas bastante originais. Nós costumávamos a comparar Frank a John Coltrane”.

Cerca de um ano depois, voltou para Cincinnati e continuou a tocar em bandas da região, até ser convocado pelo exército, em abril de 1951. Designado para uma base na Califórnia, ele passou uma semana em San Francisco e ficou boquiaberto com a força da cena local. Era possível ver de perto, em locais como o Jimbo's Bop City e o Jackson's Nook, astros como Dexter Gordon.

O primeiro encontro entre os dois foi bastante pitoresco. Vestido com a indumentária do exército, Frank decidiu participar de uma jam session liderada por Gordon. Como não era conhecido na cidade, disse que havia tocado com Sonny Stitt, o que era mentira, e subiu ao palco. Decidido a testar as habilidades do soldado, Dexter emendou uma versão supersônica de “Cherokee”, mas o garoto não se intimidou e segurou a onda com maestria. Após um duelo que durou vários minutos, a batalha terminou sem vencedores, para delírio da privilegiada assistência. Como recompensa, Foster ganhou o respeito de Gordon, que lhe deu o apelido de “Soldier Boy”.

Já a experiência com outra lenda do jazz não foi tão feliz. Foster participava de uma gig, quando soube que Lester Young estava na platéia. Empolgado, o jovem quis impressionar Pres e atacou o saxofone com toda a volúpia dos seus 22 anos, espalhando pelo ar uma cornucópia de acordes.

Ao final do show, soube por terceiros o que Young havia achado de sua performance: “Não gostei. Ele toca muitas notas”. Muitos anos depois, ele recorda o episódio e suas conseqüências: “Eu fiquei arrasado, era como se tivesse sido tragado pelo chão. Aquela foi uma valiosa lição sobre como não fazer uma abordagem musical.”

Após servir no Japão e na Coréia, onde, felizmente, foi destacado para o setor de suprimentos e foi poupado de entrar em combate, ele foi dispensado do exército em maio de 1953. Alguns meses depois, Frank daria início à associação que, pelos anos vindouros, marcaria sua vida e sua carreira, ao receber um convite de Count Basie para integrar a sua orquestra. Sem pestanejar, o saxofonista pegou suas coisas e se mandou para Nova Iorque, apresentando-se ao novo patrão no dia 27 de julho.

Poucos meses antes, quando já havia deixado as forças armadas, Frank foi assistir a uma apresentação da big band de Basie no Graystone Ballroom e soube que o pianista, então, buscava um substituto para Edie “Lockjaw” Davis. Dois ex-colegas da época do Wilberforce Collegians, o saxofonista Ernie Wilkins seu irmão, o trombonista Jimmy, o reconheceram e o chamaram para subir ao palco.

Com a orquestra, Frank tocou “Body and Soul” e “Perdido” e agradou Basie, que elogiou sua atuação, deu-lhe uma piscadela e disse: “Eu vou entrar em contato com você, garoto”. Três longos meses depois ele realizava o sonho de tocar na mais poderosa máquina de swing que o jazz já havia produzido.

Como que para premiá-lo, naquela mesma noite Foster vivenciou um dos momentos mais marcantes de sua longa carreira musical. Ele havia ido ao Birdland, com a cantora Sheila Jordan, para assistir a uma apresentação de Charlie Parker e comemorar o seu ingresso na banda de Basie. No meio do concerto, Bird chamou-o ao palco e os dois tocaram juntos “Dance of the Infidels”, de Bud Powell.

Foi uma experiência inesquecível. Ele rememora: “Acho que eu causei uma boa impressão e durante a execução ele exibiu vários truques que apenas músicos muito experientes são capazes de fazer.Depois do show nós conversamos brevemente, mas para dizer a verdade eu estava tão extasiado que nem lembro direito o que eu disse a ele ou o que ele me disse. Eu fiquei em um delicioso estado de choque”.

Em maio de 1954, quando já havia se estabelecido como uma das vozes mais proeminentes da orquestra de Basie, da qual seria também o diretor musical, compositor e um dos seus principais arranjadores, Frank gravou pela primeira vez como líder, para a Blue Note. A seu lado, o trombonista Bennie Powell, o pianista Gildo Mahones, o contrabaixista Percy Heath e o baterista Kenny Clarke.

Foster se tornou amigo inseparável de outro destacado solista da orquestra, o saxofonista Frank Wess. Foram onze anos de turnês pelo mundo, gravações históricas, apresentações em programas de TV como The Jackie Gleason Show, The Dinah Shore Show e The Garry Moore Show. Frank conheceu pessoalmente astros como Jerry Lewis, e esteve presente em gravações da banda com gente do calibre de Sarah Vaughan, Nat “King” Cole, Ella Fitzgerald, Lena Horne e Frank Sinatra.

Como compositor, assinou inúmeros sucessos que seriam imortalizados por Basie e seus comandados, como  “Shiny Stockings”, “Didn’t You”, “Down for the Count”, “Four, Five, Six”, “Rare Butterfly”, “Blues Backstage”, “Back to the Apple”, “Discommotion” e “Blues in Hoss Flat”, apenas para citar algumas de suas composições.

Seu papel de destaque na orquestra não impedia que ele desenvolvesse uma prolífica carreira como músico de estúdio,participando de álbuns de craques como Joe Newman, Buck Clayton, Harry “Sweets” Edison, Thelonious Monk, Kenny Burrell, Frank Wess, Thad Jones, Hank Jones, Duke Pearson, Benny Goodman, Ray Charles, Eddie Higgins, Kenny Dorham, Richard “Groove” Holmes e uma infinidade de outros.

A relação com os músicos de Detroit permaneceu bastante intensa e um dos grandes momentos de Foster pode ser conferido no álbum “All Day Long”, onde o saxofonista está rodeado de grandes nomes surgidos naquela cidade. Embora os créditos apontem o guitarrista Kenny Burrell e o trompetista Donald Byrd como líderes da sessão, é Frank quem brilha com uma intensidade superior, não sendo exagero dizer que sua atuação deslumbrante chega a ofuscar os demais parceiros.

Gravado para a Prestige no dia 04 de janeiro de 1957, o disco traz, além de Foster, Byrd e Burrell, o pianista Tommy Flanagan, o baixista Doug Watkins e o baterista novaiorquino Art Taylor. A faixa de abertura é um blues estupendo, composto por Burrell mas que dá a todos os integrantes do sexteto uma excepcional oportunidade para que exibam seus talentos superlativos. São quase dezenove minutos de virtuosismo, criatividade, histamina e muita técnica, com direito a solos exuberantes, especialmente os de Burrell, Foster e Byrd.

“Slim Jim” é um had bop de autoria de Byrd, que protagoniza um sensacional duelo com Foster. Motivados e bastante competitivos, os dois disparam frases nervosas e certeiras, que empolgam o ouvinte e contagiam os outros integrantes da banda. Flanagan executa um solo transbordante de energia, Burrell se esbalda com uma pegada funky e Taylor acrescenta um leve componente latino ao tema.

Byrd também comparece com a ótima “Say Listen”, outro petardo sonoro de alta voltagem. Burrell faz o primeiro solo e sua abordagem é sempre melodiosa e energética. Em seguida vem Foster e seu sopro é agressivo, ríspido e muito imaginativo. Adotando uma postura semelhante, o autor do tema descarrega um discurso eloqüente e ferino, dentro da melhor tradição de antecessores como Fats Navarro.

Art Taylor faz a breve, porém explosiva, introdução de “A. T.”, composição feita por Foster em homenagem ao baterista, que também elabora um solo tecnicamente irrepreensível. Embora o saxofonista tenha se consagrado na orquestra de Count Basie, cujo repertório era essencialmente calcado no swing, é em no contexto bop que ele consegue exibir a plenitude de sua arte. Seus improvisos somam uma técnica magistral a uma paixão incontrolável e o resultado é arrebatador. Destaque também para as atuações de Flanagan e Burrell, particularmente inspirados.

Para fechar o disco, o sexteto emenda outra composição de Foster, a inebriante “C. P. W.”. Com um andamento mais cadenciado e um groove que a aproxima de trabalhos como os dos Jazz Messengers ou do Clifford Brown-Max Roach Quintet, a faixa tem muitas qualidades, como os sopros que atuam em uníssono e uma indiscutível presença do blues. Foster e Burrell improvisam de modo exemplar e patrocinam alguns dos solos mais consistentes do álbum. Uma aquisição preciosa, que consegue, em suas cinco faixas, captar o espírito espontâneo e aglutinador do jazz.

Cansado da rotina de viagens e concertos, Foster saiu da orquestra de Basie em 1964, decidido a priorizar a carreira de arranjador, realizando trabalhos para Sarah Vaughan, Tony Bennett e Frank Sinatra. Entre 1970 e 1975 co-liderou um grupo com Elvin Jones, por onde passaram feras como George Coleman, Dave Liebman, Joe Farrell e Steve Grossman. Outra associação bastante produtiva foi com a Thad Jones–Mel Lewis Orchestra.

Durante a década de 70, enveredou pela educação musical, permanecendo por cerca de um ano como artista residente no New England Conservatory of Music, em Boston, em 1971. Naquele mesmo ano, começou a dar aulas em várias escolas públicas da região de Nova Iorque, dentro do programa “Cultural Enrichment Through Music, Dance, and Song”. Entre 1972 e 1976 foi professor assistente do State College of New York.

O saxofonista montou uma série de pequenos grupos, como o “Living Color” e o “”, e as orquestras “The Non-Electric Company” e “Loud Minority Big Band”. Também formou, com o velho amigo Frank Wess, um elogiado quinteto, no início da década de 80. Em 1985 realizou uma longa excursão pela Europa, acompanhando o organista Jimmy Smith.

No ano seguinte, Foster sucederia Thad Jones na direção musical da nova Count Basie Orchestra, permanecendo ali até 1995. Ele recebeu dois prêmios Grammy, por seus trabalhos com Diane Schuur (melhor arranjo em acompanhamento vocal por “Deedles’ Blues”, em 1987) e George Benson (por “Basie’s Bag”, na categoria de melhor arranjo instrumental de jazz, em 1988), além de ter sido indicado outras vezes, por arranjos feitos para Charles Trenet e Frank Wess. Em sua discografia como líder, registram-se gravações para Blue Note, Savoy, Prestige, Catalyst, Denon, Concord, Bee Hive, Challenge, EPM e Arabesque.

Seus arranjos e composições já foram interpretados por grandes orquestras e pequenos conjuntos, onde se destacam The Carnegie Hall Jazz Ensemble, The Detroit Civic Symphony Orchestra, The Ithaca College Jazz Ensemble, The Jazzmobile Corporation of New York City, The Lincoln Center Jazz Orchestra, e The Metropole Orchestra of Hilversum, na Holanda. Elaborou, a pedido de Dizzy Gillespie um arranjo para “Con Alma”, a ser executado pela London Philharmonic Orchestra, com regência de Robert Farnon, em 1983.

Em 2001 Foster sofreu um AVC, que comprometeu seus movimentos e o impediu de tocar. Mas não conseguiu tirar-lhe o ímpeto criativo e nem o talento como arranjador. Um dos seus últimos trabalhos foram os arranjos para o álbum “A Swinging Christmas” (Sony, 2008), de Tony Bennett, que conta com a participação da Count Basie Orchestra.

Em 1987 recebeu o título de doutor Honoris Causae da Wilberforce University, onde havia ingressado como aluno, quase 40 anos antes. No ano de 2002, a National Endowment for the Arts lhe concedeu o título de Jazz Master, maior honraria a que um músico de jazz pode aspirar e  em 2007 seria a vez de ser nomeado Living Jazz Legend, pelo Kennedy Center.

Em 2009 Frank foi agraciado com o Living Legacy Award, concedido pela Mid Atlantic Arts Foundation. Kenny Barron fez o show que encerrou a cerimônia de entrega do prêmio, no Terrace Theatre do Kennedy Center, em Nova Iorque. Ainda naquele ano, teve a sua suite “Chi-Town is My Town and My Town’s No Shy Town” executada pelo Chicago Jazz Ensemble, sob a direção do trompetista Jon Faddis, no Harris Theater, em Chicago. Foster doou seus arquivos, incluindo fotos, partituras e gravações, para a Duke University.

Apesar dos problemas de saúde, ele também doou o saxofone que usou em várias gravações com a orquestra de Count Basie, para a Jazz Foundation of America, a fim de ajudar as vítimas do furacão Katrina, que devastou New Orleans em 2005. Foster se mantém ativo até hoje, compondo e elaborando arranjos, na tranqüilidade do seu lar, em Chesapeake, Virginia, onde mora com a esposa, Cecilia Foster, sua companheira há mais de quarenta anos.

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sábado, 16 de julho de 2011

O MELHOR AMIGO DOS CANTORES E CANTORAS


Se o futebol é uma caixinha de surpresa, o mesmo se pode dizer acerca do jazz. Quando você pensa que já ouviu de tudo e que possui um conhecimento razoável sobre esse estilo e sobre os músicos que escreveram a sua história, chega às suas mãos uma gravação de um sujeito obscuro, sobre quem não há muitas informações disponíveis, e você percebe que a máxima socrática é ainda mais verdadeira quando aplicada ao ouvinte de jazz: tudo o que sabemos é que nada sabemos.

Esse tipo de surpresa é muito comum no universo dos aficionados do jazz. Alguém ouve um determinado músico, gosta, espalha a notícia e, não raro, fica meio chateado quando percebe que não é o “dono” da descoberta e que outros confrades já conhecem e curtem aquele artista há muito tempo. Assim, existe bastante chance de que muitos leitores estejam absolutamente familiarizados com a música e a trajetória de Gerald Foster “Gerry” Wiggins e de que a minha sensação de ter “descoberto” esse pianista genial não resista por muito tempo. De qualquer forma, será muito bom saber que Wiggins conseguiu levar sua arte a um grande número de admiradores.

Nascido no dia 12 de maio de 1922, em Nova Iorque, ele inicialmente enveredou pelos caminhos da música clássica, com estudos formais feitos na Martin Smith Musical School e, posteriormente, na High School Of Music & Art. Tinha quatro anos quando começou o aprendizado musical de piano, com uma breve passagem pelo contrabaixo.

A mãe, sua maior incentivadora, queria que o ele seguisse a carreira de concertista, mas o garoto tinha dúvidas quanto ao próprio potencial. Além disso, o jazz das big bands da Era do Swing lhe trazia mais dúvidas que certezas: optar pela espontaneidade dos acordes jazzísticos ou pelas rigorosas escalas da música erudita? A audição dos discos de Art Tatum foi decisiva para fazer com que a vocação musical pendesse para o lado do jazz e ele acabou por deixar de lado a música clássica.

É claro que a possibilidade de fazer bonito diante do público feminino teve lá o seu apelo. Wiggins relata: “Eu não estava muito interessado em tocar piano, até ficar mais velho e começar a freqüentar as festinhas. Foi assim que eu descobri que as garotas se aproximavam para me ouvir tocar piano. Aquilo era um incentivo e tanto. Então, deixei de lado a música clássica e decidi mergulhar no jazz”.

A carreira profissional de Wiggins começou muito cedo. Após participar de algumas gigs no clube Monroe's Uptown House, no Harlem, e de tocar com uma banda de dixieland chamada Dr. Sausage & His Pork Chops, ele despertou a atenção do ídolo Art Tatum, que o recomendou ao comediante Stepin Fetchit, que logo contratou o garoto para fazer parte de sua banda de apoio.

Uma das vantagens de tocar na noite é que Wiggins podia ver e ouvir, bem de perto, seus ídolos. Após o encerramento do espetáculo de Fetchit, o garoto apanhava os seus três dólares de cachê e percorria, lépido e fagueiro, os clubes do Harlem e Greenwich Village. Com um pouco de sorte, podia assistir sets inteiros de gigantes como Teddy Wilson, Willie “The Lion” Smith ou Art Tatum, o seu favorito. No caso deste último, a reverência transformou-se em amizade e os dois costumavam conversar até de manhã, geralmente à base de generosos goles de Pabst Blue Ribbon, a cerveja preferida de Tatum.

O trabalho com Fetchit durou cerca de um ano e após sua saída do grupo, Gerry integrou-se à big band de Les Hite, atração fixa do clube Brooklyn Strand, onde permaneceu por seis meses. Durante sua passagem pela orquestra, Wiggins participou da célèbre gravação de “Jersey Bounce”, realizada em 1942, onde se pode ouvir um dos primeiros solos em que Dizzy Gillespie com características bop. Foi esse trabalho que lhe deu alguma visibilidade e serviu como passaporte para fazer parte da banda do mitológico Louis Armstrong, em 1943. O pianista tinha na época apenas 21 anos e o trabalho com Satchmo se resumiu a uma excursão pelo sul do país.

Wiggins detestou a temporada sulista, sobretudo por causa da odiosa política de segregação racial, que impunha aos negros tratamento diferente do reservado aos brancos. De volta a Nova Iorque, o pianista foi trabalhar com outro monstro sagrado do jazz, o saxofonista Benny Carter, que em pouco tempo sairia em turnê. Ressabiado, o garoto perguntou se a excursão incluía alguma passagem pelos estados sulistas, o que foi prontamente negado por Carter. Mas, para desconsolo do jovem pianista, a primeira parada da excursão foi, justamente, a cidade de Macon, na Georgia.

De qualquer modo, foi graças ao trabalho com Carter que Wggins conheceu a Califórnia e se apaixonou pelo que viu. O clima tépido e ensolarado de Los Angeles conquistou o coração do pianista, que prometeu para si mesmo que iria se radicar na cidade. Carter fazia uma temporada no Billy Berg's em Hollywood, mas a convocação, em 1944, para se juntar às Forças Armadas adiou os planos de Gerry.

Ele cumpriu as obrigações com o serviço militar no 29th Special Service Band, em Seattle, tendo feito parte das bandas militares da corporação. Wiggins tinha bastante liberdade no exército, por conta de suas habilidades musicais, e lhe era permitido sair à noite para tocar em clubes de Seattle. Ele inclusive chegou a montar um quarteto, com o baixista Vernon Alley, o saxofonista Jerome Richardson e o guitarrista Eric Miller.  

Após a dispensa, em 1946, ele voltou à vida civil e, finalmente, pôde realizar o sonho de morar em Los Angeles. Também voltou para a banda de Benny Carter, ao lado de quem participou de uma infinidade de concertos, boa parte deles no clube Turban Room. O ar saudável das praias californianas parecia fazer muito bem ao pianista, que não teve grandes problemas para se adaptar à nova cidade.

Paralelamente, foi se firmando como um dos mais versáteis e requisitados músicos de apoio da Costa Oeste, acompanhando gente do gabarito de Chico Hamilton, Eartha Kitt, Dinah Washington, Lou Rawls, Pearl Bailey, Ernie Andrews, Helen Humes, Ella Mae Morse, Nat King Cole, Kay Starr, Spike Jones, Helen Grayco, Francis Faye, Kenny Clark, Les Baxter, Milt Jackson, Rusty Bryant, Paul Horn, Ben Webster, Buddy Collette, Art Pepper, Joe Morello, Jimmy Witherspoon, Shorty Rogers, Lou Rawls, Tal Farlow, Cal Tjader, Ernie Andrews, Illinois Jacquet, Zoot Sims, Roy Eldridge, Harry “Sweet” Edison e Joe Williams.

Wiggins foi um dos mais regulares parceiros da atriz e cantora Lena Horne no período de 1950 a 1951, inclusive tendo acompanhado a estrela em temporadas pela Europa. Em 1953 fez as primeiras gravações como líder, reunidas no álbum “The Gerald Wiggins Trio”, para o selo Vogue, ao lado de Joe Comfort e de Bill Douglas.

O trio costumava se apresentar em clubes noturnos da região de Los Angeles e San Francisco, e o pianista era reconhecido no meio musical por sua elegância, versatilidade e pela prodigiosa memória musical. Seu talento para acompanhar cantores e cantores somente pode ser comparado ao de notáveis como Teddy Wilson, Hank Jones, Jimmy Rowles ou Ellis Larkins. O segredo, segundo ele próprio revela é “reforçar os pontos fortes de cada cantor e tentar esconder os pontos fracos”. Por essa qualidade, Wiggins recebeu o título de “O melhor amigo dos cantores e cantoras”.

Gerry fez diversos trabalhos para os estúdios de cinema e TV, como acompanhante de atores ou atrizes que enveredavam pela difícil arte de cantar, como Lucille Ball. Participou da trilha sonora de vários filmes, destacando-se “Les Girls”, com Mitzy Gaynor e Gene Kelly e “Some Like It Hot” (no Brasil, “Quanto mais quente melhor”), grande sucesso estrelado por Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon, e dirigido por Billy Wilder. Da musa Monroe, ganhou uma foto autografada, com os dizeres: “Para Gerry: Eu jamais conseguiria fazer um som sem você. Eu te amo. Marilyn!”. Nada mau para um sujeito que somente começou a se interessar pelo piano para poder impressionar as garotas.

Entre 1956 e 1958, Wiggins e seu trio gravaram com regularidade para a Tampa Records (“The Gerald Wiggins Trio”), Dig Records (“Wiggin' With the Wig”), Motif Records (“Reminiscin' with Wig”), Challenge Records (“The King and I”) e Contemporary (“Around the World in 80 Days”). Como curiosidade, o baixista que atua em boa parte dessas gravações é o grande Eugene Wright, que mais tarde ficaria bastante famoso, por causa de sua participação no quarteto de Dave Brubeck.

Um dos momentos mais especiais na carreira de Gerry foi sua participação no histórico álbum “Welcome to the Club”, de Nat King Cole, com o apoio da célebre orquestra de Count Basie. A gravação foi feita em 1959 e Wiggins substituiu o mítico bandleader na sessão, que teve os arranjos elaborados por Dave Cavanaugh.

Também em 1959, Wiggins foi contratado pelo trompetista Harry James para se juntar à sua big band, mas continuou a trabalhar ativamente no ambiente dos estúdios cinematográficos. Ele passou um tempo em Las Vegas, acompanhando o saxofonista Teddy Edwards, e excursionou com as cantoras Dinah Washington, Eartha Kitt e Helen Humes. Em 1960, foi contratado pelo cantor King Pleasure, tendo feito a direção musical da sua banda. No mesmo ano, gravou “Wiggin’ Out”, no qual aparece tocando órgão e dividindo os créditos com o saxofonista Harold Land.

Gerry praticamente não gravou álbuns como líder, ao longo da década de 60 e início dos anos 70, embora sua agenda continuasse bastante concorrida. Em 1974, ele participava do Nice Jazz Festival, como acompanhante da cantora Helen Humes, quando surgiu a oportunidade de gravar um álbum para o respeitado selo francês Black & Blue. Para secundá-lo na sessão, ele chamou o baixista Major Holley e o baterista Ed Thigpen, e o resultado pode ser conferido no disco “Wig Is Here”, o primeiro em seu próprio nome, após um hiato de 13 anos.

Nos anos 70 e 80, ele voltou a atuar com mais ênfase no meio jazzístico, registrando participações em discos de Frank Capp, Joe Pass, Ernie Watts, Clark Terry, Scott Hamilton, Esther Phillips, John Clayton, Pete Christlieb, Oliver Jackson, Gerald Wilson, Maxine Sullivan, Red Holloway e outros mais. Na década de 90, Wiggins iniciou uma proveitosa associação com a Concord Records, tendo sido um dos pianistas escolhidos para integrar a famosa série Live At Maybeck Recital Hall.

E foi pela Concord que Wiggins lançou um dos seus discos mais encantadores: “Soulidarity”. Gravado nos dias 23 e 24 de agosto de 1995, o disco conta com os talentos de Andy Simpkins (contrabaixo) e Paul Humphrey (bateria), dois veteranos com milhares de quilômetros rodados por entre palcos e estúdios. O repertório é basicamente composto de standards, como “The Way You Look Tonight”, em cuja introdução o dedilhado do líder apresenta-se sob a forma de uma belíssima profusão de acordes, ao estilo pujante de um Erroll Garner.

“You're Mine, You”, de Edward Heyman e Johnny Green, ganha um arranjo simples, quase minimalista, no qual as notas do piano são criadas com parcimônia e limpidez. A percussão sutil de Humphrey, que elabora um antológico trabalho com as escovas, realça as qualidades melódicas da canção. A econômica linha de baixo complementa essa verdadeira confluência de delicadezas.

O clima muda em “Surprise Blues”, composição de Gerry, que adota aqui uma postura agressiva, voraz e bastante aguerrida . Seu fraseado incisivo é bastante calcado nos registros graves e seu timbre é metálico e cru. O baixo de Simpkins, que participou de um dos mais importantes trios dos anos 60, o Three Sounds de Gene Harris, trafega entre a sofisticação e a barbárie, entre a rudeza e refinamento, entre o cerebralismo de um Charlie Haden e a opulência intuitiva de um Ray Brown.

“Some Other Spring” foi composta por Arthur Herzog e Irene Kitchings e é uma típica balada dos anos 30 e 40. A versão do trio é sóbria bastante fiel à melodia, sem pirotecnias ou alternâncias harmônicas. Já em “On Green Dolphin Street”, os três se permitem a uma maior liberdade, tanto do ponto de vista melódico quanto harmônico. A começar pelo andamento ligeiro, pela discreta adição de elementos do blues e pelo vigor físico das atuações. A potência e a disposição de Humphrey, talvez o maior destaque individual, são notáveis.

Em seu segundo tema incluído no álbum, “Strip City”, Wiggins convida o ouvinte para um saboroso passeio pela história do piano jazzístico e por suas inúmeras escolas e abordagens. Ele começa pelo blues, passa pelo gospel, trafega por escolas como o stride e o boogie woogie, até chegar ao flamejante bebop, com improvisos rápidos e inflamáveis. Simpkins e Humphrey, autores de solos arrebatadores, funcionam como excepcionais coadjuvantes nessa empreitada, eles próprios donos de riquíssima cultura musical.

“A Child Is Born” é a obra mais conhecida do trompetista, compositor e arranjador Thad Jones. O trio é bastante reverente em sua interpretação, mas não deixa de exibir sua personalidade, ao incluir uma discreta citação a “Alfie”. “What Is There to Say?”, de E.Y. "Yip" Harburg e Vernon Duke, se transforma em um blues envolvente e ganha um arranjo em tempo médio. O trio elabora um clima ellingtoniano, com direito a citações a “Mood Indigo”, que fazem dela a faixa mais charmosa do álbum. O solo de Simpkins é primoroso, conjugando técnica e impetuosidade.

Irving Berlin não poderia ficar de for a e a sua frenética “Alexander's Ragtime Band” recebe um tratamento à altura da relevância do legendário compositor. A versão do trio é alegre, informal e irreverente, sem soar desrespeitosa ou farsesca. Gerry trabalha os acordes de maneira imprevisível, ora acelerando o andamento, ora retardando-o, e os dois acompanhantes, como se estivessem em uma despretensiosa jam session. Os improvisos são construídos com leveza e habilidade, e mostram que o mais importante para um músico de jazz é se divertir enquanto toca.

“If It's The Last Thing I Do” é um blues composto por Sammy Cahn e Saul Chaplin. A versão é leve e despojada, evidenciando a verve lírica de Wiggins. Com quase dez minutos de duração, é a mais confessional e emotiva do álbum. Para fechar o disco com o astral na estratosfera, o trio emenda uma vulcânica interpretação de “Lover”, executada em velocidade supersônica. As comparações com Oscar Peterson são inevitáveis, mas Gerry consegue se sair muito bem desse hipotético embate, demonstrando fluidez, clareza de idéias, velocidade e familiaridade com a sintaxe bop. O entusiasmo do pianista é compartilhado por seus fiéis escudeiros, que em momento algum deixam a temperatura esfriar.

Wiggins enveredou pela educação musical, ministrando aulas no Santa Monica College e no Armand Hammer Museum of Art and Cultural Center, e continuou a trabalhar no cinema, destacando-se a trilha sonora do filme “The Public Eye” (no Brasil, “A testemunha ocular”, dirigido por Howard Franklin e estrelado por Joe Pesci), de 1992, composta por Mark Isham.

Gerry recebeu inúmeros prêmios ao longo da carreira, como os concedidos pela American Society of Music Arrangers and Composers – ASCAP, e pela Los Angeles Jazz Society, por sua contribuição para o jazz. A cidade adotiva, Los Angeles, dedicou a ele o Gerald Wiggins' Day. Ele também participou do concerto comemorativo do centenário de Duke Ellington, promovido pela UCLA, e de tributos a Lionel Hampton, Jimmy Rowles, Joe Pass e Benny Carter.

Gerald faleceu no dia 13 de julho de 2008, nas dependências do Encino-Tarzana Medical Center, em Los Angeles, após quase seis meses de luta contra . Seu filho, J. J. Wiggins, é contrabaixista, e pai e filho estiveram juntos durante as gravações do álbum “Digital Duke” (GRP, 1987), da orquestra de Duke Ellington Orchestra, com direção de Mercer Ellington e participação especial de Louis Bellson, Clark Terry, Britt Woodman. Branford Marsalis, e Roland Hanna, entre outros.

Uma curiosidade é que ainda muito novo J. J. tocou com monstros como o pianista Teddy Wilson e o trombonista Al Grey. Após a conversão ao islamismo, ele adotou o nome de Hassan Shakur e alguns dos seus parceiros musicais mais constantes são o pianista Monty Alexander e o guitarrista Joe Cohn (filho de outro grande nome do jazz, o saxofonista Al Cohn).

Pianistas de grande visibilidade no cenário jazzístico atual, como Benny Green e Eric Reed, costumam ressaltar a influência de Wiggins em sua própria formação. Para Pedro “Apóstolo” Cardoso, Gerry é “um pianista extremamente versátil, de toque sutil e, com certeza, remetendo-nos a Nat “King” Cole e de certa forma a Errol Garner, atuando no jazz e na música mais comercial sem nenhum problema de adaptação, talvez até por sua formação clássica e seu ecletismo de parceiros”.

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