tag:blogger.com,1999:blog-33948423029286071052024-03-07T05:19:11.055-03:00BLOG JAZZ + BOSSA + BARATOS OUTROSÉrico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.comBlogger283125tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-71255232232969669502020-06-20T20:24:00.001-03:002020-06-20T20:24:23.096-03:00Bangu à beira-mar na Amazon https://www.amazon.com.br/Bangu-beira-mar-%C3%89RICO-RENATO-CORDEIRO-ebook/dp/B08BHJZ1HY/ref=mp_s_a_1_1?dchild=1&keywords=bangu+%C3%A0+beira-mar&qid=1592686467&sr=8-1Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-82087650477603508062020-06-20T20:09:00.003-03:002020-06-20T20:18:31.039-03:00Olá! De volta, após uma longa hibernação.
Convido todos os amigos a conhecerem meu novo livro, que retrata um período muito rico da história do Brasil e do Mundo, entre os anos 10 e 40, passando pela pandemia de gripe espanhola, a ascensão do fascismo italiano, a Revolução de 30, o Estado Novo, a Guerra Civil Espanhola e outros fatos marcantes do início do século XX.
Alguns personagens históricos, como Mário Lago, Carlos Marighella e Apolônio de Carvalho aparecem na história.
Dêem uma força para um escritor iniciante.
É o meu primeiro romance e está na Amazon:
https://www.amazon.com.br/Bangu-beira-mar-%C3%89RICO-RENATO-CORDEIRO-ebook/dp/B08BHJZ1HY/ref=mp_s_a_1_1?dchild=1&keywords=bangu+%C3%A0+beira-mar&qid=1592686467&sr=8-1
Abraço grande a todos!
Quem puder, compartilhe em suas redes sociais. Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-38382796211084883502012-10-29T22:26:00.001-03:002012-10-30T11:17:07.397-03:00TRIBUTO A UM GÊNIO: Documentário de Leon Hirszman sobre o inesquecível Nélson Cavaquinho!<iframe width="480" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/6VTH_T00gnY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com47tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-60824456361643802562012-10-14T09:41:00.002-03:002012-10-14T09:42:35.799-03:00MILHAS À FRENTE: Num intervalo de vinte anos, Miles Davis revirou pelo avesso a história do jazz três vezes seguidas (por Rafael Teixeira)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-aY1TKwqcds4/UHqtjA1XOOI/AAAAAAAAA3E/lqtW-1Wb7AQ/s1600/miles+davis.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-aY1TKwqcds4/UHqtjA1XOOI/AAAAAAAAA3E/lqtW-1Wb7AQ/s1600/miles+davis.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 20 de janeiro de 1949, Harry Truman assumiu o cargo de presidente e discursou no Congresso, em Washington, na primeira posse transmitida pela televisão. Um dia depois, em Nova York, Miles Davis entrou nos estúdios de outro capitólio, a Capitol Records, gravadora cujo emblema era a cúpula do prédio do Congresso. Aos 22 anos, gravou músicas que marcaram a concepção do cool jazz. Dez anos depois, em uma igreja convertida em estúdio da Columbia, ele revirou novamente o panorama da música popular e deu forma ao jazz modal. E, mais uma vez, na década seguinte, também nos estúdios da Columbia, aproximou o jazz do rock para dar origem ao fusion.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No espaço de uma vida, Miles Davis comandou três viradas estéticas, que lhe valeram o epíteto de "Picasso do jazz". Hoje, dezessete anos depois de sua morte - de pneumonia e derrame -, ainda se discute o seu papel como inventor de gêneros jazzísticos, e o quanto ele se valeu de caminhos previamente abertos. Mas, se Davis não inventou propriamente o cool, o jazz modal e o fusion, ele cristalizou os gêneros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">"O status de Miles Davis no mundo do jazz significa que, quando deixava seu nome em um estilo, ele o validava tanto aos olhos do público quando dos jazzistas", disse o crítico inglês Stuart Nicholson. No livro A Vida Como Performance, que traz um perfil do trompetista, o crítico Kenneth Tynan escreveu: "O movimento moderno no jazz tem muitas mansões, mas somente quatro arquitetos: Charlie Parker, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie e Davis, o parceiro mais jovem."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Miles Dewey Davis III nasceu em 26 de maio de 1926, em Alton, cidadezinha no estado de Illinois, às margens do rio Mississipi. Filho de uma família abastada, sua infância foi uma perfeita antítese da maior parte dos músicos de jazz de então. Louis Armstrong, o exemplo mais eloquente, nasceu paupérrimo em uma das ruas mais miseráveis de Nova Orleans, filho de uma mãe que se tornou prostituta e de um pai que abandonou a família. Já o pai de Davis era um dentista cuja família tinha uma fazenda de 120 hectares no Arkansas, onde o garoto aprendeu a andar a cavalo. Sua mãe, Cleota Henry Davis, era uma figura respeitada na vizinhança, além de hábil pianista de blues.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em plena década de 1920, quando boa parte dos Estados Unidos vivia sob leis segregacionistas que impediam negros e brancos de frequentarem o mesmo banheiro público, a família Davis tinha uma empregada e uma cozinheira. Quando o casal e seus três filhos - Dorothy, Miles e Vernon - se mudaram para East St. Louis, em 1927, ele foi morar em um bairro de brancos, nos fundos do consultório de odontologia do pai. Apesar do bem-estar material, Miles Davis passou por maus bocados. Seus pais brigavam muito e sua mãe lhe aplicava uma surra de vez em quando - o que talvez explique, em parte, o motivo pelo qual Davis viria a se tornar arrogante, grosseiro e, eventualmente, violento. Seu pai tinha um gênio péssimo, que o filho sempre suspeitou ter herdado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Aos 13 anos, Davis ganhou um trompete de seu pai, e começou a ter aulas com Elwood Buchanan, um músico local. Foi por meio dele que Davis começou a desenvolver aquela que seria para sempre a sua marca no trompete: a ausência de vibrato - a vibração da nota final de uma frase musical. Convidado por Buchanan para ver seu aluno tocar, o trompetista Clark Terry (que viria a ser uma das influências de Davis) se lembraria, anos mais tarde, de seus heterodoxos métodos de aprendizado: "Buch tinha uma régua enorme... e toda vez que Miles tremia uma nota, ele o acertava com ela nas juntas dos dedos e dizia: 'Pare de tremer essa nota. Você já vai tremer bastante quando ficar velho.'"</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Além disso, foi Buchanan quem incentivou Davis a estudar o estilo mais relaxado de trompetistas como Bobby Hackett e Harold Shorty Baker - um jeito de tocar que guardava algo da primeira das três revoluções que seriam empreendidas pelo trompetista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 1949, quando Davis deflagrou o cool jazz, a Capitol era uma gravadora jovem. Foi a primeira a ter sede em Los Angeles, mas mantinha um estúdio em Nova York, onde estavam boa parte dos músicos de jazz e grandes gravadoras como a RCA Victor, a Columbia e a Decca. Naquele ano, Bing Crosby era um sucesso nacional e Frank Sinatra já aparecera em onze filmes. Em Manhattan, a rua 52 era cheia de clubes, onde tocavam o saxofonista Coleman Hawkins e os pianistas Art Tatum, Thelonious Monk e Bud Powell, e a cantora Sarah Vaughan.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No que diz respeito ao jazz, porém, era o bebop que estava na moda, graças às novidades concebidas pelo saxofonista Charlie Parker e o trompetista Dizzy Gillespie, os pais do gênero. Com os dois, o bebop emancipou o jazz das melodias cantáveis e dançantes que fizeram sua fama até os anos 30. Era um estilo que dava ênfase à técnica, habilidade e inspiração do solista, com harmonias complexas e andamentos rápidos, exigindo muito do músico.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Davis, que tocava profissionalmente desde 1944, assistiu de dentro a popularização do jazz com o bepop, com Parker e Gillespie lotando boates na rua 52. Àquela época, Davis já cheirava cocaína regularmente. Em suas memórias, ele lembra como Parker podia servir de "exemplo" para outros músicos: "Corria a idéia de que o uso da cocaína podia fazer a gente tocar tão bem quanto Bird [o apelido de Parker]."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Convidado por Bird, em 1947, para ser trompetista de seu conjunto, Davis percebeu que não conseguiria - ou que não queria - replicar a torrente sonora dos pais do bebop. Ele era um jovem que tinha Parker como ídolo, mas desenvolveu uma personalidade musical própria: menos elétrica, com notas mais espaçadas, que funcionou às mil maravilhas. Assim o definiu Kenneth Tynan: "Ele é como uma garrafa térmica, que sugere a presença do calor sem irradiá-lo."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Naquele modo de soprar, antecipava-se o cool jazz - segundo alguns jazzófilos, menos como uma busca artística e mais como resolução de um dilema prático. Segundo o crítico americano Gary Giddins, Miles Davis "não tinha o virtuosismo de Dizzy Gillespie", e por isso "criou um jeito de tocar que era mais baseado em timbre e melodia. Tocava pouquíssimas notas, mas fazia com que fossem as notas certas". Stuart Nicholson discordou frontalmente: "A maioria das pessoas que conhece alguma coisa sobre jazz não diria que Davis não tinha o virtuosismo de um Parker ou um Gillespie." Como prova, ele cita gravações, de janeiro de 1949, que originaram o disco The Metronome All Stars, no qual Davis e o trompetista Fats Navarro tocaram com Dizzy Gillespie - e como Dizzy Gillespie.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No fim dos anos 40, Davis era um dos muitos músicos que frequentavam o apartamento do arranjador Gil Evans, em um porão atrás de uma lavanderia chinesa na rua 55, em Manhattan. "Havia todos os canos do prédio, uma pia, uma cama, um piano, uma chapa elétrica de cozinha e nenhum aquecimento", lembrou o sax-barítono Gerry Mulligan em um artigo para a edição de 1971 do álbum Birth of the Cool. Usando o local para ensaios, praticamente o mesmo noneto com que Davis inaugurou o cool jazz se apresentaria por duas semanas no Royal Roost Club, em setembro de 1948.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Segundo Davis conta em suas memórias, "muita gente estranhou a música que a gente tocava", mas o pianista Count Basie teria gostado: "Ele me disse que era 'lento e estranho, mas era bom, bom mesmo'." Notado pelo produtor Pete Rugolo, Davis conseguiu um contrato com a Capitol para gravar doze músicas, que seriam lançadas em discos de 78 rotações (na época, não havia LP).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foram duas sessões, além da de 21 de janeiro: uma em 22 de abril e outra em 9 de março do ano seguinte, 1950. Seis décadas depois, a música de Birth of the Cool não perdeu o vigor. "Toquei essas faixas com os mesmos arranjos, mas com uma big band, em Amsterdã, em janeiro agora, e o que posso dizer é que elas soaram como novas", lembrou o saxofonista Lee Konitz, aos 81 anos, um dos dois únicos integrantes vivos do grupo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O caminho do disco foi tortuoso - a Capitol só viria a lançá-lo com esse nome, na forma de LP, em 1957. "Ninguém podia imaginar que estava inaugurando alguma coisa. Esse 'nascimento do cool' só surgiu anos depois. Parecia um bom nome", disse Konitz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Se hoje Birth of the Cool é item obrigatório em qualquer discoteca jazzística, é porque suas faixas condensaram inovações que vinham sendo observadas isoladamente - como o uso de tuba e trompa no jazz, a execução mais cerebral em contraposição ao jorro intuitivo do bebop, a elegância contida dos arranjos, não exatamente frios como a palavra "cool" pode dar a entender, mas nunca atingindo altas temperaturas. "Bird e Dizzy eram sensacionais, fantásticos, contestadores - mas não eram suaves. Birth of the Cool era diferente, porque dava pra ouvir tudo, e também para cantarolar", escreveu Davis.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O trompetista não inventou o estilo como se nada tivesse acontecido antes. Claude Thornhill já usava tuba e trompa, e a sonoridade de sua orquestra teria grande influência sobre Birth of the Cool. "Havia um fascínio pelas colorações tonais e pelo estilo daquela banda, e a idéia era usar o menor número de instrumentos capaz de reproduzir aquele som", disse Nicholson. Além disso, músicos como o sax-tenor Lester Young já tocavam de um modo que se aproximava do cool.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">E Davis não estava sozinho. "Em Birth of the Cool, Miles é importante como agente catalisador, mas Gil Evans, co-mo arranjador-compositor, Lee Konitz, como solista, e Gerry Mulligan, como solista e arranjador-compositor, têm papéis mais significativos nesse marco do jazz do que o trompetista", avaliou o crítico Luiz Orlando Carneiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Da mesma maneira, o jazz modal também teve sua existência pré-Kind of Blue, a segunda grande revolução de Davis, registrada dez anos depois. Nessa época, o trompetista já havia conhecido o céu - numa viagem a Paris - e o inferno - o vício em heroína no início dos anos 50. De certa forma, os dois estados se relacionavam intimamente. Em 1949, Davis viajara para a capital francesa com o conjunto do pianista Tadd Dameron. Lá, circulou com Jean-Paul Sartre, Pablo Picasso e a cantora Juliette Greco - com quem teve um romance (ele já tinha dois filhos com sua primeira namorada, Irene Cawthon). "Eu nunca me sentira assim antes", lembrou. "Era a liberdade de estar na França e ser tratado como um ser humano, uma pessoa importante", lembrou. Quando voltou aos Estados Unidos, caiu em depressão e viciou-se em heroína.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O vício lhe custaria caro. Acometido por terríveis síndromes de abstinência, passou a fazer de tudo para conseguir a droga, chegando a trabalhar como cafetão. Não demorou a que os trabalhos como músico começassem a rarear, e se visse transformado de um talento em ascensão a um drogado em fim de carreira. Em 1950, o relacionamento com Irene terminou de vez, e ela retornou a East St. Louis, onde nasceu o terceiro filho do casal. E, como se não bastassem os problemas pessoais e financeiros, a heroína começou a minar aquilo que o trompetista tinha de mais precioso: o talento. "Tinha a embocadura em má forma", lembrou. O sofrimento só terminaria, em 1953, quando Davis, cansado, trancou-se na fazenda do pai e lá ficou por uma semana deitado, suando, com dores horríveis. Até que, um dia, simplesmente acabou. E Davis saiu disposto a recuperar o tempo perdido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O caminho recomeçou bem, com uma série de discos gravados para o selo Prestige, e, na sequência, com alguns ótimos álbuns para a Columbia. Num deles, Milestones, 1958, o jazz modal apareceu pela primeira vez na obra do trompetista, na música-título - apontando a direção que levaria a Kind of Blue. Àquela época, com o lançamento de Birth of the Cool em LP, o nome de Davis voltava a ser soprado nos meios jazzísticos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Para além do jazz, a cena musical também ia se transformando: Elvis Presley era uma realidade com quase dez álbuns gravados e Ray Charles vendia seus discos de rhythm and blues como água. Enquanto isso, Davis queria se afastar ainda mais do som de Bird e Dizzy, cuja influência ainda se fazia sentir entre os jazzistas. Só que, agora, ele o faria por outros meios. "Queria reduzir as notas, porque sempre achei que a maioria dos músicos toca demais e por tempo demais", escreveu Davis.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O pináculo da escalada rumo à economia e à simplicidade se daria em 1959, quando da gravação de Kind of Blue, considerado o melhor disco (não necessariamente de jazz) de todos os tempos. Ali, uma vez mais, Davis atuaria como um catalisador, trilhando um caminho iluminado pelo pianista, compositor e arranjador George Russell - outro frequentador do apartamento de Gil Evans na rua 55. Russell inspirou vários músicos a tocar não com base na progressão de acordes, mas em cima de escalas modais. Para efeito de sonoridade, nos solos sobre músicas modais há menos ênfase nas escolhas harmônicas e mais no desenvolvimento da melodia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Um dos elos mais fortes entre a música modal e Kind of Blue atendia pelo nome de Bill Evans. O pianista tocara com Russell e fora recomendado por ele para o conjunto de Miles Davis. "Foi Evans que ajudou Davis a caminhar para valer na direção da 'modalidade'", afirma Carneiro. E foi assim que, em 2 de março e 22 de abril de 1959, com Evans e outros cinco músicos, entre eles o grande John Coltrane, Davis gravou a obra-prima que viria a se tornar o disco mais vendido de jazz de todos os tempos - 8 milhões de cópias até julho de 2008, segundo a Recording Industry Association of America. "Não tínhamos idéia de que estávamos fazendo algo especial", disse o baterista Jimmy Cobb, aos 80 anos, o único remanescente daquelas sessões. "Sabíamos que tínhamos tocado bem, como de hábito. Afinal, a banda tinha Davis, Bill e todos aqueles caras... Só fui me dar conta de que o disco era histórico quarenta anos depois."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Kind of Blue teve um parto tranquilo, mas atípico. O disco não era exatamente de composições, como se entende normalmente. Tentando extrair o máximo de espontaneidade dos músicos, Davis fez esboços do que todos deveriam tocar, e distribuiu-os em papeizinhos, com explicações vagas, indicações de caminhos pelos quais cada um deveria seguir. Como relata o jornalista Ashley Kahn em seu livro Kind of Blue, às vezes o trompetista avisava em voz alta: "Toque em [compasso] três por quatro." E, outras vezes, sussurrava ao ouvido do solista: "Você é o próximo."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nenhum dos instrumentistas envolvidos jamais havia tocado qualquer parte daquelas músicas antes de entrar no estúdio. "Tudo que um baterista precisa é de um direcionamento, mesmo", disse Cobb. "Toque mais suave, toque mais forte, acelere o andamento, faça assim, faça assado. Para mim, não mudou muita coisa. Éramos todos profissionais, gente que sabia o que estava fazendo."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">De fato, tudo saiu direto na primeira tomada. A faceta artística de Miles Davis parecia estar nos eixos, ainda que sua vida pessoal estivesse sujeita a turbulências. Em 1960, depois de dois anos de namoro, ele se casou com a dançarina Frances Taylor, em uma relação marcada por ciúmes doentios do marido, que não raro descambavam em violência. E Davis ainda usava cocaína com frequência, porque a considerava uma droga "menos condicionante" - não o afetava tanto quando não estava "cheirado". Mas não havia do que reclamar: com suas composições docemente melancólicas (à exceção de Freddie Freeloader), Kind of Blue tornou-se o disco mais vendido de Davis até então, além de um êxito entre os críticos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A recepção não foi unânime uma década mais tarde, quando Davis, já considerado um gênio do jazz, reuniu um grupo de catorze músicos para gravar Bitches Brew. Naquele fim dos anos 60, a contracultura levava as artes a um plano mais libertário, e o rock'n'roll deixara de ser um gênero recém-nascido para se tornar um fenômeno estabelecido e de massa, de uma predominância que chegou a derrubar a popularidade de vários jazzistas. Davis, por seu lado, se aproximava cada vez mais de outros gêneros musicais. Em 1968, ele ouvia James Brown, Jimi Hendrix e o grupo Sly & the Family Stone. Hendrix e Sly, inclusive, foram apresentados ao trompetista por sua terceira mulher, a cantora Betty Mabry, com quem se casara, em 1968, para se divorciar após um ano, depois de descobrir que ela tinha um caso com Hendrix.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nesse tempo, a fusão de jazz e rock engatinhava nas mãos de instrumentistas como o saxofonista Charles Lloyd, o vibrafonista Gary Burton e o baterista Tony Williams. Para Davis, os problemas começaram com In a Silent Way, disco gravado em fevereiro de 1969, seis meses antes de Bitches Brew. Nele, apareciam suas primeiras experiências rumo ao fusion, especialmente com a música-título, composta pelo pianista Joe Zawinul.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em agosto, Davis voltaria aos estúdios da Columbia, onde o ambiente era tenso. A gravadora pretendia alcançar um mercado jovem de potencial evidente, como demonstraram as 400 mil pessoas que apareceram no Festival de Woodstock, em 1969, para ver Joan Baez, Santana e Joe Cocker - além de Hendrix e Sly & the Family Stone, que Davis tanto ouvia. "Eu tinha visto o caminho do futuro com minha música, e ia segui-lo como sempre fizera", escreveu Davis posteriormente. "Não para a Columbia e suas vendas de discos, nem para tentar conquistar alguns jovens compradores de discos brancos. Mas por mim mesmo."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Bitches Brew foi o resultado de três sessões de gravação. Como dez anos antes, Davis levou para o estúdio alguns esboços que nenhum dos músicos havia visto, e regeu a gravação ao sabor dos acontecimentos. O baixista Harvey Brooks relembra: "Sabe, você apenas vai tocando até achar alguma coisa, e isso se torna parte da música."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foi um assombro. A reunião de duas baterias e dois (às vezes, três) pianos - elétricos, uma heresia - na mesma música, a inclusão de sonoridades nunca dantes navegadas no jazz e o uso sem precedentes de tecnologias de estúdio - loops, ecos, edições - transformaram o disco em um marco. Só não se sabia direito do quê.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">"Toda a música era diferente, e isso causava problemas a muitos críticos. Os críticos querem sempre classificar todo mundo", escreveu Davis. Até hoje, discute-se se o disco é ou não jazz. Segundo Luiz Orlando Carneiro: "Pelo menos para mim, o álbum é um monumento à música pop planetária."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em um célebre arranca-rabo, o trompetista Wynton Marsalis - então com menos de 30 anos, mas notório defensor das raízes do jazz - criticou o colega na imprensa, dizendo que ele era "um velho que queria parecer jovem". Ao que Davis respondeu: "E Wynton é um jovem querendo parecer velho." O disco foi um sucesso comercial, e durante anos vendeu mais do que Kind of Blue.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Bitches Brew acabou inaugurando um estilo - como o fizeram Birth of the Cool e Kind of Blue antes dele. Miles Davis foi o jazzista que mais revoluções deflagrou na música americana do século XX. Foi ele quem forçou os limites do jazz até o ponto em que o próprio gênero parecia ter se tornado outra coisa. Sob esse ponto de vista, foi maior do que gênios de alto quilate, como Louis Armstrong, Duke Ellington ou Charlie Parker.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">"Parker viveu muito pouco, morreu aos 34 anos, mas Armstrong e Ellington, de certa forma, se acomodaram artisticamente, independentemente da qualidade do que produziram do meio para o fim de suas vidas", diz o crítico Antônio Carlos Miguel. "Miles continuou procurando novos caminhos e desafios."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">É um exercício interessante - e infrutífero - especular o que Miles Davis poderia ter feito, se tivesse tido saúde para viver além dos 65 anos com que morreu, com um quarto filho, divorciado da quinta mulher, e finalmente limpo da cocaína e do álcool. Teria enveredado pela música eletrônica, hip-hop, ou rap? No último parágrafo de sua autobiografia, ele dá uma pista: "Me sinto forte criativamente hoje, e ficando mais forte." E arremata: "Sinto que o melhor ainda está por vir."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">=========================</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<object height="94" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5Nzk3NjgyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5Nzk3NjgyLTAwMSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNTAyMTgzMDE7fQ==&autoplay=default" name="movie"></param>
<param name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param name="wmode" value="transparent"></param>
<embed wmode="transparent" height="94" width="422" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5Nzk3NjgyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5Nzk3NjgyLTAwMSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNTAyMTgzMDE7fQ==&autoplay=default"></embed></object><br />
<br />
<object height="94" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5Nzk3NjQxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5Nzk3NjQxLTZlNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNTAyMTgzMjI7fQ==&autoplay=default" name="movie"></param>
<param name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param name="wmode" value="transparent"></param>
<embed wmode="transparent" height="94" width="422" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5Nzk3NjQxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5Nzk3NjQxLTZlNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNTAyMTgzMjI7fQ==&autoplay=default"></embed></object></div>
Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com33tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-44476085690335265322012-10-04T22:12:00.000-03:002012-10-04T22:12:19.817-03:00CODINOME, FRANCIS NEWTON – por Eric Hobsbawm*<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5Td2mJGpSuB8HhOpz8PNWZqaNmlM66DDaeOqdOYJvpEJFcDXUAdgNXnU1ARaTngwbDL5b_24bgt2pfnjfyYPvKqH69HlAum16zQeEDgf9fTaQHy_K8xbCJA3YGD-vaa7ZudYomEyASnY/s1600/Eric+Hobsbawm.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5Td2mJGpSuB8HhOpz8PNWZqaNmlM66DDaeOqdOYJvpEJFcDXUAdgNXnU1ARaTngwbDL5b_24bgt2pfnjfyYPvKqH69HlAum16zQeEDgf9fTaQHy_K8xbCJA3YGD-vaa7ZudYomEyASnY/s320/Eric+Hobsbawm.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Devo meus anos como
jornalista de jazz à peça Look Back in Anger, de John Osborne, que obrigou o establishment cultural britânico de
meados dos anos 1950 a registrar a existência daquela forma musical tão evidentemente
querida dos novos e talentosos Angry Young Men. Quando, ao precisar de
dinheiro, eu vi que Kingsley Amis escrevia no The Observer sobre um assunto do
qual ele obviamente entendia não mais, e talvez menos, do que eu, liguei para
um amigo que trabalhava no New Statesman. Ele agendou um encontro com o editor,
Kingsley Martin, então no apogeu de sua glória, que disse “Por que não?”,
explicou que concebera seu leitor padrão como um funcionário público de 45
anos, e me encaminhou para a comandante da segunda metade (cultural) da
revista, a formidável Janet Adam Smith. Seus interesses iam de montanhismo a
poesia, mas não incluíam jazz. Assinando como Francis Newton (tomando
emprestado o nome de um trompetista de jazz comunista que tocou na versão de Billie
Holiday para “Strange Fruit”), eu escrevi para o New Statesman mais ou menos
uma coluna por mês, por aproximadamente dez anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Eram bons tempos para
escrever sobre jazz. Não apenas a coluna me dava algum alívio das convulsões
pessoais e políticas do ano de 1956, aquele ano de crise comunista,1 como era a
primeira vez desde 1935 que os músicos de jazz americanos podiam ser ouvidos ao
vivo na Inglaterra. Até aquele momento, o típico fã de jazz britânico, bem
informado pela Melody Maker e por minúsculos jornais de debate, sobrevivera
essencialmente numa dieta à base de discos de 78 rpm, apaixonadamente
analisados por jovens do andar de cima dos “clubes de ritmo” dos anos 1930. Um
surpreendente número desses discos fora produzido nos EUA para o mercado
britânico, mas os aficionados barra-pesada, especialmente o pequeno, porém
pioneiro, grupo de entusiastas de blues, também haviam criado suas próprias
redes de importação de discos americanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Eu ficara nas franjas
dessa comunidade de experts desde o início dos anos 1930, graças a meu primo
Denis Preston, que mais tarde se tornaria uma figura inovadora na área da
produção musical; mas, até o exemplo de Kingsley Amis ter me dado coragem, eu
sofria de uma admiração paralisante que me impedia de entrar em seus debates.
Jovens e absolutamente provincianos, suburbanos e musicalmente analfabetos,
eles eram mais críticos apaixonados e propagandistas do que músicos
propriamente ditos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na época em que
Francis Newton havia nascido, esses aficionados tinham criado um ambiente
jovem, pop e bastante original para o jazz tradicional, que reproduzia versões
do jazz de New Orleans e do country blues, até então gêneros muito mais
conhecidos na Inglaterra do que nos EUA. Em uma de minhas primeiras colunas,
registrei a súbita lucratividade do jazz tradicional “e mesmo do último refúgio
contra a bancarrota, o canto do blues”, como demonstravam as lucrativas, porém
nada notáveis, imitações de “Reckless Blues”, de Bessie Smith, e a versão
marginal e líder nas paradas de Huddie Ledbetter para “Rock Island Line”,
cantada por um surpreso e inocente guitarrista britânico, Lonnie Donegan. “O
que significava isso?”, era a minha pergunta. Agora sabemos que significava o
início do rock britânico, os Beatles e os Rolling Stones, prestes a transformar
a indústria pop americana no início dos anos 1960. Esse fenômeno nunca
arrebatou a minha geração, ou a da maioria dos músicos de jazz, e muito menos
os músicos de estúdios altamente profissionalizados que precisaram transformar
produtos iletrados e amadorísticos em música.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas o que Francis
Newton significava para mim? A atração que eu sentia não se explicava tanto
pela oportunidade de resenhar as performances e os discos de jazz que agora
chegavam em enxurrada, ou mesmo pela tentativa de encaixar essa música
extraordinária na sociedade do século 20. Era a chance de entender os músicos e
seu mundo: em resumo, “a cena do jazz”. Eu morava no fim do West End, e dar
aulas em Birkbeck me deixava livre a maior parte do dia, então era possível combinar
minha profissão com os hábitos noturnos e nada madrugadores da “cena”. Meu
quartel-general era o Downbeat Club, na Old Compton Street, a alguns minutos a
pé da minha casa, uma espelunca que, como tantos outros músicos modernos e seus
satélites de Londres, eu usava como base para os momentos fora do expediente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Embora alguns músicos
eventualmente tocassem naquele lugar, que às vezes também contratava um
pianista, o Downbeat era mais um clube que uma casa de shows, ao contrário do
novo empreendimento de Ronnie Scott, então começando numa Lisle Street ainda
não orientalizada, aonde se ia não para beber ou fofocar, mas para ouvir. Havia
também algumas espeluncas no Soho onde se podia fazer tudo isso ao mesmo
tempo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Lembro mais vivamente
dos clubes que dos shows, nos quais músicos visitantes ganhavam o seu pão de
cada dia, embora apenas nos EUA eu iria conhecer a glória de uma “cena” jazz
baseada primordialmente nos clubes. Devo ter sido um dos últimos a ouvir a
grande banda de Ellington, visivelmente à vontade em seu habitat natural,
fazendo um típico show de clube, “derretendo”, como eu descrevi, “uma dura
plateia de advogados, médicos, jornalistas e lobistas quarentões de São
Francisco a ponto de eles se parecerem com noivas de antigamente”. Suponho que
isso e o encontro com o trágico pianista Bud Powell em seu quarto de hotel em
Paris, catatônico exceto quando diante do teclado, são as mais vívidas
lembranças dos meus anos jazzísticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Logo se tornou óbvio
que havia uma lacuna substancial, tanto de gosto quanto de contexto, entre
aqueles de nós – a maioria dos que escreviam sobre jazz, mas também músicos
bem-sucedidos – que se entusiasmaram com a música nos anos 1930 e 1940 e o
pequeno corpo de músicos ingleses sérios e profissionais que tocavam e formavam
o único público existente para o jazz “moderno” antes de Miles Davis fazer
sentir seu impacto. Escrever sobre jazz nos anos 1950 significava, basicamente,
tentar entender o bebop ou ao menos aprender a lidar com ele (mesmo Philip
Larkin, um conservador amante do jazz, acabou sentindo que precisava dar um
passo nessa direção), mas eu não sei até que ponto tive sucesso, a não ser pela
admiração por Thelonius Monk e a paixão instantânea pelo talento supremo e
inteligente de Dizzy Gillespie, o mais impressionante trompetista do mundo, a
quem não faltava nenhum dom, a não ser a disposição de revelar a própria alma,
como Charlie Parker havia feito. Minha admiração por Miles Davis baseava-se em
seus discos, e não em nenhuma performance a que eu tivesse assistido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Eu desfrutava da
companhia dos músicos, e eles me aceitaram como uma excentricidade na “cena”
(nenhum milieu é mais tolerante que o dos músicos de jazz), às vezes como uma
espécie de dicionário ambulante, capaz de dar respostas a suas perguntas (quando
não musicais). Lembro de uma feita pela namorada de um saxofonista tenor, que
queria saber se era certo acreditar em Deus. Mas alguém não músico seria capaz
de entender a essência de músicos criativos, por mais que convivesse com eles?
Afinal, como um deles me disse (creio que foi o saxofonista tenor Sonny Stitt),
“as palavras não são meu instrumento”. Para um não músico branco se aproximar
dos artistas negros era ainda mais difícil. Até o grande êxodo dos músicos
americanos nos anos 1960, quando a “cena” do jazz entrou em colapso nos Estados
Unidos, poucos deles viviam na Europa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">É verdade que não
parecia se fazer muita diferença entre brancos e negros no Downbeat Club, e a
jovem Cleo Laine ficava perfeitamente confortável descrevendo-se como uma “crioula
cockney”, mas os músicos afro-americanos visitantes tinham consciência da
questão racial mesmo na tolerante Europa, assim como, quase com certeza, tinham
também os que vinham das colônias britânicas no Caribe, como o talentoso e
aventureiro sax alto Joe Harriott, que era um componente importante da “cena”
moderna. Ainda assim, nas excursões, que eram seu meio de vida permanente, os
americanos costumavam ouvir perguntas de admiradores brancos sobre o tema, e
músicos experientes, que dependiam inteiramente do circuito branco, notadamente
os cantores de blues, tinham uma narrativa genuinamente informativa pronta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na condição de único
acadêmico a escrever sobre jazz, e sob auspícios culturais de classe alta,
Francis Newton naturalmente acabou servindo de guia turístico para os
intelectuais estrangeiros no fervilhante Soho. Ele também se viu atraído para a
boemia cultural avant-garde britânica, que fazia interseção com a “cena” jazz
não bop. George Melly e “Trog” (Wally Fawkes, o clarinetista da Escola Humphrey
Lyttelton) já estavam produzindo a Flook, sua tira de quadrinhos satírica e
socialmente perspicaz, publicada, quem diria, no Daily Mail. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ainda guardo o cartão
de sócio do Muriel Colony Club, na Dean Street, que alguém – mais provavelmente
Colin MacInnes – me impingiu, porém aquele agrupamento alcoólico não era a
minha, nem o jazz era a deles, embora uma vez eles tenham tido uma música de
fundo decente, tocada por um agradável pianista caribenho. Encomendaram-me
quase imediatamente um livro. Falando claramente, encarnar Francis Newton
reforçou meus contatos com aqueles de quem os músicos dependiam, os agentes,
programadores e todo o resto do mundo empresarial pop, no qual o jazz era uma
pequena parte. Suas opiniões privadas sobre “o talento” divergiam amplamente
daquelas emitidas em público.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vi-me então membro de
uma rede global de amantes intelectuais do jazz. Uma vez que, fora da
Inglaterra, esses ainda julgavam partilhar uma fé próxima ao underground, se é
que não mais perseguida, eles – e especialmente os escritores – formavam uma
rede internacional surpreendentemente efetiva de confiança e ajuda mútuas. Nos
Estados Unidos, isso não foi tão longe quanto no Japão, onde, como eu iria
descobrir naqueles bares minúsculos, os acadêmicos mais formais – e quem pode
ser mais formal que um reitor japonês? – se abriam com uma inconcebível
franqueza, simplesmente porque um convidado que eles nunca tinham visto antes
era amante de jazz. Logo percebi que a solidariedade do jazz, que caminhava a
par da promoção de Kafka no primeiro estágio da Primavera de Praga, era
igualmente intensa na Tchecoslováquia. Quando as trilhas sonoras de Miles
Davis e do Modern Jazz Quartet para os filmes da nouvelle vague apareceram, nos
anos 1950, esperava-se que os intelectuais franceses se engajassem no jazz
moderno, mas, como de hábito, eles não deram muita atenção para os críticos de
jazz não franceses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">No território
americano, a solidariedade do jazz consistia mais em ajudas concretas. Os
críticos locais de jazz faziam tudo o que podiam para ajudar um desconhecido
chegado de Londres, desde reservar um quarto de hotel no Greenwich Village até
encaminhá-lo a um crítico depois do outro para que o guiassem na “cena” de
alguma cidade menos conhecida. Ajudou ainda o fato de muitos divulgadores de
jazz e blues terem origem na esquerda dos anos 1930 e 1940, com destaque para o
maior de todos os descobridores de talentos do jazz, John Hammond Jr., com seu
corte de cabelo militar, cujas opiniões iriam ter grande influência sobre mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Foi apenas em minha primeira
viagem aos Estados Unidos, onde todas as escolas e todos os artistas
sobreviventes podiam ser ouvidos ao mesmo tempo, que eu percebi a sorte que
Francis Newton havia tido: essa era uma época de ouro para o jazz, em grande
parte porque os ultraboppers dos anos 1940 haviam se reunido e renovado o
mainstream musical. E foi só em minha segunda viagem, em 1963, que percebi o
quão rápido o tsunami do rock’n’roll havia levado tudo embora. O Birdland havia
fechado as portas. Durante quase todos os 20 anos seguintes, o jazz mal existia
para os jovens, a não ser no meio universitário, como parte de uma cultura
elevada e de adultos – algo como a música clássica, só que com menor número de
adeptos. O público que restava interessado nas performances ao vivo sofria a
oposição emergente de uma nova “forma livre” de jazz, musicalmente radical. O
paradoxo é que, com isso, o movimento mais radical e racialmente militante do
jazz foi politicamente isolado de suas bases constitutivas afro-americanas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Nessa época, minha
vida estava mudando. Minha esposa, Marlene, alega que a pedi em casamento num
show de Bob Dylan. O casamento e os filhos pequenos, inevitavelmente, puseram
fim aos hábitos noturnos desregrados de Francis Newton, embora não às resenhas
de shows e discos. Mas já não era tão divertido, a não ser na impactante e
perturbadora primeira visita à Inglaterra de Ray Charles, que ouvi pela
primeira vez entre os poucos brancos em um canto de um grande baile de
rock’n’roll em Oakland, na Califórnia, em meio a um grupinho de brancos, quando
ele ainda era conhecido apenas do público negro. Eles não dançaram muito
enquanto Ray Charles cantava. Agora não só uma grande estrela pop, mas também
um santo inovador, o quarto na linha sucessória formada por Lester Young,
Billie Holiday e Charlie Parker, e certamente um monstre sacré, ele
“trabalhava” a platéia no Finsbury Park Astoria, com sua “santificada” voz de
blues, num estilo que combinava efeitos do showbiz com emoção e muita alma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ainda fico arrepiado
ao lembrar de mim ouvindo aquele homem corcunda, magro, infeliz e cego,
enquanto ele arrebatava a platéia ao dizer “eu já fui cego, mas agora consigo
ver”. Aquela noite, além do meu espetacular fracasso em reconhecer o potencial
dos Beatles (nunca tive tempo para os Stones), permanece como a última
lembrança dos anos de Francis Newton cobrindo a “cena” para os leitores do New
Statesman.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">=================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Este ensaio de Eric
Hobsbawm (1917 – 2012) foi publicado originalmente na revista Serrote nº 6 e se
encontra disponível no seguinte endereço eletrônico:
http://www.revistaserrote.com.br/2012/10/codinome-francis-newton-por-eric-hobsbawm/<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">1. Referência à
revolução húngara de 1956 contra o domínio soviético. [N. do T.]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">=================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">ERIC HOBSBAWM (1917) é
autor de clássicos da historiografia contemporânea, como a tetralogia A era das
revoluções, A era do capital, A era dos impérios e A era dos extremos. Sua obra
sempre andou de par com a militância no Partido Comunista inglês, o que tornou
Hobsbawm um dos principais pensadores críticos do marxismo, assinando inclusive
a organização da monumental História do marxismo. A paixão pela música também
inspirou seu trabalho acadêmico, notadamente com A história social do jazz e
Pessoas extraordinárias: resistência, rebelião e jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">=================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 19px;"><object height="94" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NTUyODUxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NTUyODUxLTY1NiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDkzOTkzMDc7fQ==&autoplay=default" name="movie"></param>
<param name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param name="wmode" value="transparent"></param>
<embed wmode="transparent" height="94" width="422" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NTUyODUxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NTUyODUxLTY1NiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDkzOTkzMDc7fQ==&autoplay=default"></embed></object></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 19px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 19px;"><object height="94" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NTUyOTM3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NTUyOTM3LWE3MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDkzOTkzNDM7fQ==&autoplay=default" name="movie"></param>
<param name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param name="wmode" value="transparent"></param>
<embed wmode="transparent" height="94" width="422" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NTUyOTM3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NTUyOTM3LWE3MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDkzOTkzNDM7fQ==&autoplay=default"></embed></object></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-23821009434644323582012-09-28T12:52:00.000-03:002012-09-29T09:24:26.458-03:00STAN HASSELGARD, O EXCELENTE CLARINETISTA SUECO QUE MORREU MUITO CEDO. Um texto de osé Domingos Raffaelli.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-XA6fWQUnWKg/UGXHeW--mvI/AAAAAAAAA2U/C8vD2xPbm4A/s1600/stan+hasselgard.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="188" src="http://2.bp.blogspot.com/-XA6fWQUnWKg/UGXHeW--mvI/AAAAAAAAA2U/C8vD2xPbm4A/s320/stan+hasselgard.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Todos sabem que os Estados Unidos são a pátria do
jazz, motivo porque a ambição dos
músicos de jazz de todo o mundo é lá se estabelecerem para seguir suas
carreiras de jazzmen. Muitos deles, especialmente os mais talentosos,
realizaram esse objetivo com sucesso e a lista é quase interminável, entre eles
George Mraz, Toshiko Akyioshi, Atila Zoller, Dave Holland, Valery Ponomarev,
George Shearing, Paquito D’Rivera, Claudio Roditi, Anat Cohen, Arturo Sandoval,
Sylvia Cuenca, Luis Bonilla, Papo Vasquez, Nestor Torres, entre muitos outros,
e nosso focalizado de hoje, o clarinetista sueco Ake Stan Hasselgard
(10/4/1922-23/11/1948), que gravara em seu país com o trombonista Tyree Glenn e
o baixista Simon Brehm, entre outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Hasselgard tinha 24 anos quando foi para os Estados
Unidos em julho de 1947 com o objetivo de matricular-se na Universidade
Columbia para um curso da História da Arte Universal. Como tocava jazz, em New
York logo interessou-se pelo ambiente jazzístico da cidade, ficando
profundamente impressionado pelo conjunto de Dizzy Gillespie, então no auge do
movimento bebop. Todavia, quando acabou seu dinheiro, Stan decidiu viajar para
a Costa Oeste americana, mais precisamente em Los Angeles, onde logo
entrosou-se com os músicos locais, entre eles o guitarrista Barney Kessel, que
no início de 1947 participara das históricas gravações de Charlie Parker para a Dial. Logo ficaram
amigos e Barney Kessel ensinou os segredos do idioma bebop a Stan, que ficou
empolgado pelo então novo estilo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Entrosado no ambiente musical de Los Angeles, Stan
participou de uma jam session em Hollywood, em 29 de abril de 1947, que foi
gravada, ao lado de Wardell Gray (sax-tenor), Howard McGhee (trompete), Sonny
Criss (sax-alto), Dodo Marmarosa (piano), Charles Drayton (baixo) e Jackie
Mills (bateria), resultando em longas interpretações de “How Hiogh the Moon” e
“C Jam Blues”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A essa altura, o famoso clarinetista Benny Goodman
ouviu Stan Hasselgard e ficou tão impressionado com seu talento que convidou-o
na hora para tocar no seu conjunto, tonando-se o único clarinetista solista a
tocar com Goodman, que o tinha na mais alta estima declarando que ele poderia
ter sido o maior de todos os clarinetistas do jazz moderno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Assistindo uma gravação da orquestra do maestro
Frank Devol, bastante entusiasmado ele propôs gravar com Kessel e outros
músicos quatro composições, ideia prontamente aceita pelo diretor da gravadora
Capitol, perpetuando em 28 de Novembro de 1947 ”I’ll Never Be the Same”,
“Swedish Pastry” (de Kessel), “Sweet and Hot Mop” (baseada nas harmonias de
“Sweet and Lovely”), “Who Sleeps” (baseada nas harmonias de “Jeepers Creepers”
e “Bop” (de Red Norvo e Shorty Rogers). Além de Stan e Barney Kessel, tocaram
Red Norvo (vibrafone), Ray Linn (trompete), Jimmy Giuffre (sax-tenor), Dexter
Gordon (sax-tenor), Red Callender (baixo) e Jackie Mills (bateria). Dois dias
depois, em 30 de Novembro de 1947 os mesmos, com o pianista Dodo Marmarosa,
gravaram “I’ll Follow You”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Essas foram as únicas gravações de Hasselgard em
estúdio e através delas ficou claro que
ele encontrara sua maneira de tocar com improvisações criativas, sonoridade
clara, fluente e com muito suingue, como comprovam seus solos brilhantes em “Swedish
Pastry”, “Who Sleeps”, “I’ll Never Be the Same” e “I’ll Follow You”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Infelizmente, Stan nunca ouviu essas gravações
porque morreu tragicamente num desastre de automóvel poucos dias depois de
completar 26 anos, marcando o fim de uma das mais fugazes passagens pelo jazz
de um jovem que tinha tudo para projetar-se definitivamente no país do jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">==============================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">De volta à ativa, após um longo período de
hibernação, o blog tem a honra de trazer aos amigos mais um brilhante texto do
nosso querido e admirado José Domingos Raffaelli, uma das maiores autoridades
em jazz de qualquer época. Na radiola, alguns temas de Hasselgard, extraídos do
álbum “Stan Hasselgård & Benny Goodman” (1948), gravado ao vivo no clube
Click, Filadélfia, e conta com as participações de Teddy Wilson (piano),
Wardell Gray (sax tenor), Arnold Fishkind (contrabaixo), Billy Bauer (guitarra)
e Mel Zelnick (bateria). Espero que vocês curtam e tenham um pouquinho de
paciência, até que as postagens voltem ao ritmo habitual. Grande abraço a
todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">==============================</span><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5NjE2MjczIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5NjE2MjczLTM5MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDg4NDcxNDk7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5NjE2MjczIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5NjE2MjczLTM5MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDg4NDcxNDk7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5NjE2MjU0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5NjE2MjU0LWUyYSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDg4NDcxNjY7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5NjE2MjU0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5NjE2MjU0LWUyYSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDg4NDcxNjY7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5NjE2MjM2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5NjE2MjM2LWQ1MiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDg4NDcxNzg7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5NjE2MjM2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5NjE2MjM2LWQ1MiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDg4NDcxNzg7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-284577101763033282012-07-19T10:47:00.000-03:002012-07-19T10:47:10.122-03:00O QUE É QUE HÁ, VELHINHO?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LkJNNhn3Glg/UAgPg6GzvwI/AAAAAAAAA1I/BjjJ5_9PEts/s1600/Johnny+Hodges_Gerry+Mulligan.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-LkJNNhn3Glg/UAgPg6GzvwI/AAAAAAAAA1I/BjjJ5_9PEts/s1600/Johnny+Hodges_Gerry+Mulligan.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O coelho Pernalonga é um dos mais longevos e queridos
personagens da TV, com algumas incursões pelos quadrinhos e pelo cinema.
Malandro, espirituoso, inteligente e sarcástico, ele é capaz de escapar das
mais perigosas situações usando apenas o seu proverbial carisma e sua lábia
aparentemente infinita. Criado em 1940 pelo animador Tex Avery e pelo
roteirista Robert McKimson, ele até hoje encanta adultos e crianças do mundo
inteiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Seus embates com adversários como o irascível Eufrazino, o
atrapalhado Hortelino Troca-Letra e o invejoso Patolino estão entre os momentos
mais criativos e hilariantes dos desenhos animados. Nos Estados Unidos, sua voz
era feita pelo lendário Mel Blanc, responsável por dar vida a outros
personagens clássicos como o Pato Donald e o Pica-Pau. No Brasil, coube ao
dublador Mário Monjardim a honra de fazer a voz do coelho mais esperto do
pedaço, na maior parte dos episódios exibidos no país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1996, Pernalonga protagonizou, juntamente com os astros
do basquete Michael Jordan, Pat Ewing e Charles Barkley, o sucesso “Space Jam”,
uma amalucada produção que mistura atores de carne e osso com personagens de
desenho animado. O filme foi dirigido por Ivan Reitman e arrecadou mais de 230
milhões de dólares. Em 2002 o coelho foi eleito pela revista TV Guide como o
mais importante personagem dos desenhos animados, ficando à frente de
pesos-pesados como o Mickey Mouse, o Pato Donald, o Scooby-Doo e o
Homem-Aranha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Claro que nos desenhos do Pernalonga não poderia faltar um
pouco de jazz e nomes respeitáveis, como Shorty Rogers, Bud Shank e Buddy
Collete, participaram da trilha sonora de alguns dos seus episódios. O tema de
abertura, “The Merry-Go-Round Broke Down”, de Cliff Friend e Dave Franklin, chegou
a ser gravado por Barney Kessel. Muito embora não possuísse o mesmo
temperamento irreverente, o saxofonista Johnny Hodges pode ser considerado uma
espécie de Pernalonga do jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A longevidade da carreira, sua a capacidade de se safar de
qualquer situação e o amor que lhe devotavam crítica, público e colegas de
profissão o colocam em um patamar bastante especial na história do jazz. Sua
importância para o jazz, portanto, é comparável à do Pernalonga para a história
dos desenhos animados. Além disso, para tornar ainda mais parecida a trajetória
do músico e do personagem do desenho animado, Hodges atendia pelo simpático
apelido de “Rabbit” (Coelho). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É quase consensual que antes do aparecimento de Charlie
Parker, Johnny Hodges e Benny Carter reinaram absolutos no sax alto, sendo que
ambos também foram bastante felizes em agregar às suas influências as idéias
revolucionárias advindas com os músicos do bebop. Mas existem diferenças
importantes entre as trajetórias dos dois. Benny construiu uma carreira solo
das mais admiráveis, como instrumentista, compositor, arranjador e bandleader,
sendo também um trompetista de vastos recursos. Hodges, por sua vez,
concentrou-se apenas no sax alto e embora tenha se aventurado na composição e
nos arranjos, jamais adquiriu a mesma notoriedade como bandleader.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Além disso, o nome de Hodges é absolutamente indissociável
do nome de Duke Ellington, em cuja orquestra atuou por mais de quarenta anos e
onde se notabilizou como o seu mais fulgurante solista. Tanto Ellington quanto
Billy Strayhorn, seu maior parceiro nos arranjos e nas composições da big band,
costumavam compor pensando, especificamente, nas características e na
sonoridade de alguns membros da orquestra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Johnny Hodges foi, provavelmente, o músico mais
contemplado por Ellington e Strayhorn com essa distinção. Dono de um fraseado
singular e dotado de uma assombrosa versatilidade, ele era capaz de transitar
pelo swing, pelo blues e pelas baladas com igual desenvoltura. Para o crítico
britânico Richard Cook, ele “possuía um tom adocicado e uma abordagem tão
perfeitamente ajustada que os sons saíam com um frescor quase indecente e uma
jovialidade encantadora”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">John Cornelius Hodges nasceu no dia 25 de julho de 1906, na
cidade de Cambridge, estado do Massachusetts. O amor pela música veio por
intermédio da mãe, que tocava um pouco de piano. Em meados da década de 10, a
família se mudou para Boston em busca de melhores condições de vida e o jovem
Johnny logo se tornou amigo de um aspirante a saxofonista chamado Harry Carney,
que no futuro seria seu grande parceiro na big band de Ellington, a bordo de um
imponente sax barítono. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Aliás, Carney entrega o jogo e revela que Johnny ganhou o
apelido de “Rabbit” na adolescência, porque era louco por cenouras e sanduíches
de tomate e “soava como um coelho, ao mastigar”. Por conta da influência
materna, o primeiro instrumento a que Hodges se dedicou foi o piano, trocado
pouco depois pela bateria. Aos doze anos, decidiu experimentar o saxofone
soprano e tomou gosto pela coisa. Seu primeiro ídolo foi Sidney Bechet e o
garoto teve a honra de assisti-lo em uma apresentação em Boston. Após o
concerto, Johnny se dirigiu aos bastidores e Bechet não apenas foi extremamente
receptivo como também lhe deu diversas dicas sobre o instrumento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mesmo sendo essencialmente autodidata, Hodges demonstrou
uma grande aptidão para o sax soprano e decidiu que seu futuro seria se tornar
músico profissional. Decidido a tentar a sorte, mudou-se para Nova Iorque, em
1924, e ali acabou sendo contratado pelo pianista Willie “The Lion” Smith, cujo
quarteto era atração fixa do Rhythm Club. No ano seguinte, reencontrou Sidney
Bechet e tornou-se membro de sua banda, atração do Club Basha. Foi nessa época
que ele adotou o sax alto e passou a dominá-lo com extrema perícia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1926 a orquestra de Chick Webb fazia um enorme sucesso
no Savoy Ballroom e os bailes que realizava ali atraíam milhares de jovens
praticamente todos os dias. O célebre bandleader contratou Hodges para a sua
banda e ele permaneceu ali até maio de 1928. Foi naquele ano que Johnny, após breves
passagens pelas orquestras de Lloyd Scott, Bobby Sawyer e Luckey Roberts, se
juntou à Duke Ellington’s Orchestra. O resto é história, como diriam os
antigos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A empatia entre os dois foi imediata e a integração
manifestou-se de uma maneira quase telepática. Além disso, o jovem saxofonista
se viu cercado por alguns dos mais brilhantes músicos do início do século XX,
como o baterista Sonny Greer, o saxofonista tenor Otto Hardwick, o trombonista
Joe “Tricky Sam” Nanton e o clarinetista Barney Bigard, circunstância que lhe
permitia um aprendizado contínuo e lhe ajudava a desenvolver a autoconfiança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em novembro daquele mesmo ano, Johnny fez os seus
primeiros registros em estúdio ao lado da orquestra de Ellington, para a Okeh
Records. Suas performances em gravações como “The Blues with a Feeling”, “Yellow
Dog Blues”, “Stevedore Stomp”, “Tishomingo Blues”, “The Mooche” e “Beggar’s
Blues”, dobrando nos saxes alto e soprano, foram tão impressionantes que levaram
o crítico e escritor Albert Murray a proclamar que “provavelmente, nem Bessie
Smith consegue cantar os blues tão bem quanto Johnny Hodges é capaz de
tocá-los”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os anos 30 foram fundamentais para o desenvolvimento e a
consolidação da orquestra de Ellington como a mais influente daquele período,
embora não fosse a primeira em popularidade, ficando atrás de big bands como as
dos irmãos Dorsey, de Benny Goodman e, sobretudo, de Glenn Miller. Todas eram
fabulosas, certamente, mas nenhuma delas tinha o brilho ou exercia fascínio
igual ao da Duke Ellington’s Orchestra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Além disso, foram sendo incorporados àquele verdadeiro
celeiro de craques alguns dos mais formidáveis instrumentistas de qualquer
época, como os trombonistas Juan Tizol (que entrou em 1929) e Lawrence Brown
(1932), os trompetistas Cootie Williams (1929) e Rex Stewart (1933), e o
saxofonista Marshal Royal. Hodges cresceu como solista, na mesma medida em que
a big band conquistava o respeito e a admiração de público e crítica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Canções como “Prelude to a Kiss” e Squatty Roo”, de 1938,
“Warm Valley”, de 1940, “Things Ain’t What They Used To Be”, composta pelo
filho de Duke, o futuro bandleader Mercer Ellington, em 1941, e “Passion Flower”,
também lançada naquele ano, mas de autoria do genial Billy Strayhorn, ajudaram
a consolidar a mística da orquestra de Ellington e a firmar o nome de Hodges
como o mais respeitado e influente altoísta das décadas de 30 e 40. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para que se tenha uma idéia do seu prestígio, Benny Goodman
costumava dizer que “Hodges é, de longe, o maior saxofonista alto que eu já
ouvi”. Tanto é assim que o clarinetista fez questão de convidá-lo para
participar do célebre concerto do Carnegie Hall, realizado em 1938. Johnny
também atuou como sideman em álbuns da Teddy Wilson e Lionel Hampton e
abocanhou inúmeros prêmios de melhor altoísta, concedidos por revistas
especializadas como a Downbeat, a Metronome e a Esquire.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Apesar de atuar dentro de uma orquestra, Hodges sempre
preservou intacto o seu individualismo como intérprete, mantendo-se como uma
voz de enorme personalidade. O próprio Ellington era o primeiro a reconhecer
essa qualidade, tendo declarado certa vez: “Johnny Hodges possui uma absoluta
independência em sua maneira de se expressar. Ele diz o que quer dizer com o
seu instrumento, nos seus próprios termos, em sua própria linguagem, a partir
de uma perspectiva bastante pessoal”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No entanto, o que parecia impossível aconteceu: em 1951
Hodges deixou a big band de Ellington de maneira bastante conturbada. As
desavenças começaram quando o saxofonista passou a reivindicar a autoria de
algumas canções compostas por Ellington, cujo processo criativo se notabilizava
pela apropriação de frases criadas por vários dos seus músicos. O trombonista
Lawrence Brown explica como essa simbiose funcionava: “Alguém tocava uma linha
melódica, Ellington apanhava a idéia, elaborava um contraponto àquela melodia e
ao final aparecia com uma coisa absolutamente nova”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mas Hodges não se conformava em ficar sem os créditos por
suas colaborações para o repertório da banda e o clima entre ele e o líder
tornou-se insustentável. Reza a lenda que durante um concerto, após executar um
solo numa das composições que ele afirmava ter sido baseada em suas idéias, o
saxofonista interpelou o maestro de forma irônica, esfregando o polegar e o
indicador, como se estivesse contando dinheiro e perguntando: “Onde está a
minha grana”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após deixar Ellington, o saxofonista montou seus próprios
grupos, inclusive uma big band, mas não foi bem-sucedido, do ponto de vista
financeiro. Apesar de contar com os talentos de alguns ex-companheiros da banda
de Duke, como o trombonista Lawrence Brown e o baterista Sonny Greer, além de
um jovem tenorista chamado John Coltrane, a big band de Hodges emplacou um
único hit, “Castle Rock”, composta pelo também saxofonista Al Sears, mas o
sucesso solitário não foi suficiente para manter a banda em atividade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Hodges foi membro da banda do programa televisivo “Ted
Steele Show”, gravou alguns álbuns como líder para a Verve e, a convite de
Norman Granz, integrou a caravana Jazz at the Philharmonic, permitindo-lhe que
convivesse e tocasse com outras estrelas do jazz, como Charlie Parker, Benny
Carter, Roy Eldridge, Ben Webster, Charlie Shavers, Kai Winding, Oscar
Peterson, Ray Brown, Barney Kessel, Dizzy Gillespie e Louie Bellson.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Johnny retornou à orquestra de Ellington em 1955 e manteve
o status de principal estrela da banda, conseguindo ofuscar até mesmo
pesos-pesados como Paul Gonsalves, Ray Nance, Cat Anderson, Russell Procope, Juan
Tizol e seu velho amigo Harry Carney. No ano seguinte, marcou presença na
aclamada apresentação da big band no Newport Jazz Festival. Paralelamente,
continuou a gravar discos como líder, para selos como RCA-Victor, Clef Records,
Verve, Atlantic e Impulse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Um dos momentos mais sublimes da discografia de Hodges é o
formidável “Gerry Mulligan Meets Johnny Hodges”, gravado em Los Angeles, no dia
17 de novembro de 1959, para a Verve. Além de Mulligan (sax barítono) e Hodges
(sax alto), participaram da sessão nomes de primeira linha do West Coast Jazz,
como o pianista Claude Williamson, o contrabaixista Buddy Clark e o baterista
Mel Lewis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A abertura fica por conta de “Bunny”, tema que Mulligan
compôs em homenagem a Hodges. É uma melodia assobiável, simples e contagiante,
com nítida influência do swing, mas que também agrega elementos harmônicos do
bebop, sobretudo durante as intervenções do baritonista, e do blues, graças à
levada pulsante de Clark. O som que Hodges extrai do sax alto é límpido,
cristalino, sóbrio, não dando espaço para malabarismos ou firulas estéreis e
elaborando passagens dotadas de uma elegância natural, que soam como se
tivessem sido concebidas de maneira absolutamente intuitiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Também de autoria de Mulligan, a balada “What’s the Rush”
vem a seguir. Delicada e com uma atmosfera ellingtoniana, ela é um veículo mais
que adequado para que Hodges exiba a sua proverbial sensibilidade, por meio de
frases lânguidas, entrecortadas por um vibrato repleto de lirismo. O piano
intimista de Williamson e a percussão mínima de Lewis ajudam a tornar a audição
uma experiência comovente. Reza a lenda que Mulligan preferiu não participar da
sessão e ficou sentado nos fundos do estúdio, apenas assistindo à performance
inebriante de Johnny.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O blues “Black Beat” é uma composição de Hodges, crispada
e com uma batida infecciosa. O altoísta imprime linhas melódicas rápidas e
serpenteantes, sem se descuidar do tom evocativo que torna o blues um estilo
tão confessional. O suporte rítmico é vigoroso, com destaque para os
fulgurantes acordes de Williamson. A abordagem de Mulligan é mais introspectiva
e suas frases são mais longas e diretas, fazendo um empolgante contraponto à
velocidade do parceiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mais um blues da lavra de Hodges, “What It's All About”
tem um andamento cadenciado, em tempo médio, e uma batida infecciosa. A
marcação feita por Clark e Lewis é impecável, destacando-se o espetacular
trabalho do segundo com os pratos. Mulligan possui um sopro potente,
ressonante, profundo, e trafega pelos registros mais graves do sax barítono com
enorme autoridade. A intimidade de Hodges com o blues é saudada como uma de
suas mais notáveis características e aqui as suas qualidades emergem de maneira
impressionante, indo até o âmago do blues com uma elevada carga dramática. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A eletrizante “18 Carrots (For Rabbit)” é mais uma
homenagem de Mulligan ao distinto parceiro. Executada em velocidade
supersônica, é a mais impregnada de elementos do bebop, não apenas do ponto de
vista melódico como, sobretudo, harmônico. O entusiasmado Williamson incorpora
o espírito de Bud Powell, com um ataque vigoroso e certeiro. Lewis praticamente
destrói sua bateria, numa formidável exibição de técnica e ferocidade. Os
lancinantes agudos de Hodges e seus duelos com Mulligan são momentos de
indiscutível maestria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para encerrar, mais uma balada de refinados contornos
ellingtonianos, “Shady Side”. Atuando em uníssono, os líderes mostram
sonoridades distintas, mas complementares. Nos solos, Hodges é mais incisivo e
Mulligan mais melancólico. A urdidura melódica concebida pela sessão rítmica,
em especial por Williamson, é inebriante, guardando alguma semelhança com os
belíssimos temas românticos de Charlie Mingus, especialmente em “Open Letter to
the Duke” e “Goodbye Pork Pie Hat”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Um disco que dignifica as biografias de todos os
envolvidos e que dá uma ótima idéia do gigantesco talento de Hodges,
mostrando-o como criador de uma arte atemporal, que mereceu da revista Downbeat
a seguinte avaliação: “é uma música casual e sem ostentação, que incorpora, de
modo bastante apropriado, elementos ligados ao passado, ao presente e ao futuro
do jazz”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Aliás, no ótimo texto de apresentação, escrito por Nat
Hentoff, o crítico reproduz a opinião de Mulligan sobre o seu parceiro na
empreitada: “A exigência diária para que se faça algo ‘novo’ todos os dias é
uma maneira significativamente imatura de encarar a vida e a arte. As pessoas
vivem querendo obrigar os músicos, e outros artistas, a sempre inventar algo
‘novo’ e não se dão conta de que isso é uma forma de cercear a criatividade.
Esse tipo de pressão revela algo sobre a nossa própria cultura: se algumas
pessoas não conseguem compreender o quão maduro e individual é o som de Hodges,
eu lamento bastante por elas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Além da participação na orquestra de Ellington, Hodges era
um parceiro habitual do maestro em seus pequenos grupos, chegando mesmo a
dividir com este os créditos em alguns discos, como os formidáveis “Side by
Side” e “Back to Back: Duke Ellington and Johnny Hodges Play the Blues”, ambos
para a Verve. Em 1962 gravou, também para a Verve, o álbum “Johnny Hodges with
Billy Strayhorn and the Orchestra”, dividindo a liderança com o amigo e
companheiro de banda Billy Strayhorn. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1961, ele foi um dos destaques da vitoriosa excursão
européia feita pelos “The Ellington Giants”, que reuniu alguns dos maiores nomes
que já passaram pela big band do maestro. Durante a década de 60, ele
excursionou com jazzistas de renome, como o organista Wild Bill Davison, o
saxofonista Ben Webster e o pianista Earl Hines, com quem gravou “Stride Right”
(Verve, 1966). Outro ponto alto da sua discografia é “Everybody Knows Johnny
Hodges” (1965), lançado pela Impulse, com produção de Creed Taylor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Johnny Hodges morreu no dia 11 de maio de 1970, de um
infarto fulminante. Estava no consultório do seu dentista e, dizem as más
línguas, teve o ataque cardíaco após receber a conta. A morte o abateu no meio
das gravações da “New Orleans Suite”, ambicioso projeto orquestral de autoria
de Duke Ellington. Ao saber de sua morte, o maestro comentou: “Johnny é
insubstituível. Com a sua partida, o som da nossa orquestra jamais será o
mesmo. Sou feliz e grato a Deus por haver tido o privilégio de tê-lo ao meu
lado, noite após noite, por quase quarenta anos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Uma semana antes de falecer, Hodges havia deixado em
êxtase a platéia que lotou o Imperial Room, em Toronto, no Canadá. Foi a sua
última apresentação. Em reconhecimento à sua trajetória e à sua gigantesca
contribuição para o jazz, a revista Downbeat incluiu o nome do saxofonista em
seu Hall of Fame, ainda em 1970, em votação da crítica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">=======================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5MDY4ODE1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5MDY4ODE1LWNjYiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDI2NDk1Mzc7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5MDY4ODE1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5MDY4ODE1LWNjYiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDI2NDk1Mzc7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5MDY4MjY4IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5MDY4MjY4LTBiOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDI2NDk1NTE7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE5MDY4MjY4IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE5MDY4MjY4LTBiOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDI2NDk1NTE7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com81tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-20781081126349178392012-07-10T11:09:00.000-03:002012-07-10T13:27:59.289-03:00OS PRIMÓRDIOS DA BOSSA NOVA E O LEGADO DE JOHNNY ALF (um texto de José Domingos Raffaelli)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-5r_421QpZw8/T_w2sJq8ETI/AAAAAAAAA08/riyZNcJEpZ8/s1600/Johnny+Alf.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="236" src="http://3.bp.blogspot.com/-5r_421QpZw8/T_w2sJq8ETI/AAAAAAAAA08/riyZNcJEpZ8/s320/Johnny+Alf.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Como todas as artes, a bossa nova tem uma pré-história
cujos principais precursores nos anos 40 foram o violonista Garoto, tocando
harmonizações alteradas e dissonantes, o pianista Dick Farney e o compositor
Custódio Mesquita, cujos maiores sucessos são dois fox-trots ao melhor estilo
americano ("Mulher" e "Nada Além"). O conjunto Os Cariocas
inovou a forma de cantar dos conjuntos vocais nacionais com harmonizações ousadas
assimiladas dos grupos vocais americanos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os anos 50 revelaram músicos e compositores influenciados
por jazz que introduziram novidades melódico-harmônicas, principalmente o
pioneiro pianista e compositor Johnny Alf. Suas atuações no bar do Hotel Plaza,
no Rio de Janeiro, em 1953/54, atraiam a atenção dos jovens músicos e cantores
que, cativados por suas inovações, iam ouvi-lo todas as noites, entre eles João
Gilberto, Candinho (violão), Luiz Bonfá (violão e compositor), Aurino Ferreira
(saxofonista), João Donato (pianista, acordeonista e compositor), Bebeto
Castilho e Manuel Gusmão (baixistas), Sylvia Telles, Claudete Soares e Alaíde
Costa (cantoras), Luiz Eça (pianista) e Lucio Alves (cantor).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A influência de Alf mudou os rumos da música brasileira
com suas composições rebuscadas, harmonicamente ousadas e sentido melódico de
beleza invulgar. Foi um passo gigantesco para a renovação da linguagem que
germinou a semente da bossa nova. Alf era o centro das atenções dos jovens. Um
deles, o pianista-compositor Antonio Carlos Jobim, que seria outro artífice da
bossa nova, fascinado pelas harmonizações de Alf, aprendeu com ele os segredos
da sua concepção harmônica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com a gravação do clássico "Rapaz de Bem", que
mudou a concepção melódico-harmônica da música popular brasileira, Alf apontava
os rumos a seguir, sendo considerado o pai espiritual da bossa nova. Algumas
das suas obras-primas, além de "Rapaz de Bem", são "Ilusão a
Toa", "Céu e Mar", "Fim de Semana em Eldorado", Disa
(outra maravilha que ficou esquecida na poeira do tempo), "O Que é
Amar" e a seminal "Eu e a Brisa", provavelmente a maior de todas
suas geniais obras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Outra influência decisiva para o nascimento da bossa nova
foi o disco "Brazilliance", do violonista Laurindo Almeida e o
saxofonista Bud Shank, realizando uma inédita fusão de jazz com música
brasileira, causando sensação pelas audaciosas improvisações de Shank, provando
ser possível improvisar sobre temas brasileiros, algo inimaginável na época. Na
época, um grande saxofonista brasileiro declarou solenemente "ser
impossível improvisar sobre música brasileira"... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O violonista e compositor Luiz Bonfá deu sua contribuição
ganhando fama internacional com "Manhã de Carnaval", carro-chefe da
trilha do filme Orfeu do Carnaval, e "Samba de Orfeu". Outras obras
suas de realce são "Menina Flor", "The Gentle Rain",
"Saudade Vem Correndo" e "Mania de Maria".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nos idos de 1956/57, João Gilberto ouvia exaustivamente o
disco “Chet Baker Sings” numa cabine da lendária Lojas Murray. Impressionado
pelo estilo coloquial de Baker, João mudou radicalmente sua maneira de cantar,
deixando de imitar Orlando Silva para adotar o estilo vocal de Baker,
transformando-se no maior ícone da bossa nova ao lado de Antonio Carlos Jobim.
Sua batida de violão originou a característica rítmica essencial da bossa nova.
Mundialmente famoso, João Gilberto continua cantando com grande sucesso em todo
o mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Outro notável talento foi João Donato, cujo estilo
original influenciado pelo jazz é evidenciado em "Minha Saudade",
"Silk Stop", "Até Quem Sabe" e "A Rã". Ele
radicou-se em Los Angeles em 1959, onde morou até 1973, gravando e tocando com
músicos de jazz e latinos. Donato continua em franca atividade, gravando e
bastante requisitado para turnês nos Estados Unidos, Europa e Japão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Historicamente, em 1958 coube à cantora Elizeth Cardoso
gravar o primeiro disco de bossa nova: "Canção do Amor Demais", com
participação de João Gilberto no violão. A essa altura, começava a frutífera
parceria de Antonio Carlos Jobim com Vinicius de Morais, artífice das letras de
inúmeras canções conhecidas em todo o mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No mesmo ano, um grupo de jovens empolgados pelas
tendências da nova música reunia-se na casa da cantora Nara Leão para
explorarem novo repertório. Alguns participantes desses encontros foram Roberto
Menescal, Ronaldo Boscoli, Carlos Lyra, Chico Feitosa, Durval Ferreira e Oscar
Castro Neves, que muito contribuíram para o sucesso do movimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Paralelamente, a música fervilhava nos quatro clubes do
lendário Beco das Garrafas, réplica carioca da Rua 52, de New York. Todas as
noites alguém trazia uma nova composição, uma nova idéia, um novo arranjo.
Naqueles clubes apresentaram-se os pianistas Luiz Carlos Vinhas, Luiz Eça,
Sérgio Mendes, Toninho Oliveira, Dom Salvador e Tenório Junior; violonistas
Baden Powell, Neco, Rosinha de Valença, Waltel Branco e Oscar Castro Neves;
cantoras Claudete Soares, Leny Andrade, Alaíde Costa e Sylvia Telles;
trombonistas Raul de Souza e Edson Maciel; baixistas Sérgio Barrozo, Tião Neto
e Manuel Gusmão; saxofonistas Jorge Ferreira da Silva, J. T. Meirelles e Aurino
Ferreira; bateristas Edison Machado, Victor Manga, Milton Banana e Dom Um
Romão; e gaitista Maurício Einhorn. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os músicos começaram a desenvolver o samba-jazz inspirados
nas improvisações do disco "Brazilliance", de Laurindo Almeida e Bud
Shank, despontando os conjuntos Tamba Trio, Bossa Três, Salvador Trio, Trio 3-D
e Rio 65 Trio. A juventude brasileira foi arrebatada pela bossa nova com o
disco "Chega de Saudade", de João Gilberto, definindo as bases do
novo idioma com inovações na melodia, harmonia e no ritmo, sendo cultuado por
músicos, cantores e ouvintes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Pouco a pouco, a nova música começou a ganhar fama
internacional a partir de 1959, com quatro acontecimentos decisivos para seu
sucesso no exterior. Primeiro, o guitarrista Charlie Byrd fez uma turnê
brasileira e, encantado com o que ouviu, na volta aos USA gravou vários discos
com músicas brasileiras. Segundo, quando vieram ao Brasil o conjunto American
Jazz Festival e o quinteto do trompetista Dizzy Gillespie, em 1961; ao
regressarem, Gillespie, Lalo Schifrin (piano), Zoot Sims e Coleman Hawkins
(sax), Herbie Mann (flauta) e Curtis Fuller (trombone) gravaram discos de bossa
nova. Terceiro, em 1962, Charlie Byrd e o saxofonista Stan Getz gravaram o LP
"Jazz Samba", e "Desafinado" tornou-se um sucesso
monumental da noite para o dia. Sua repercussão originou a organização de um
concerto de bossa nova no Carnegie Hall com músicos brasileiros, abrindo um
mercado internacional de trabalho para os artistas nacionais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, Stan Getz gravou com João Gilberto e
Antonio Carlos Jobim o disco que transformou "Garota de Ipanema" na
marca registrada de Jobim e da bossa nova, no qual Astrud Gilberto estreou como
cantora. A essa altura, Jobim era o grande nome da bossa nova; mundialmente
famoso, seu prestígio era cada vez maior e suas composições eram sucessos
retumbantes em quase todos os países do planeta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A bossa nova conquistou o público com suas belas melodias,
harmonias sofisticadas e seu ritmo sutil e original. Entre incontáveis
sucessos, ficaram para a posteridade "Chega de Saudade",
"Desafinado", "Garota de Ipanema", "Samba de Uma Nota
Só", "Meditação", "Corcovado", "O Amor em
Paz", "Samba do Avião", "Inútil Paisagem", "Dindi",
"Triste", "A Felicidade", "Lígia", "Vivo
Sonhando", "Se Todos Fossem Iguais a Você", "Só Danço
Samba" e "Insensatez" (Jobim); "Influência do Jazz",
"Primavera", "Minha Namorada", "Maria Ninguém",
"Se É Tarde Me Perdoa", "Lobo Bobo" e "Você e Eu"
(Carlos Lyra), "Barquinho", "Rio", "Você" e
"Vagamente" (Roberto Menescal), "Batida Diferente",
"Chuva" e "Estamos Aí" (Maurício Einhorn)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com o sucesso do rock e dos Beatles, a bossa nova deixou
de ser a música da juventude brasileira, embora continuasse prestigiada no
exterior até hoje. Na geração pós-bossa nova destacaram-se Edu Lobo, Chico
Buarque, Djavan, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Marcos Valle, mas somente este
aderiu ao estilo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após longo período de estagnação, nas últimas duas décadas
houve um renascimento da bossa nova no Brasil com shows, festivais, gravações e
reedições de discos daquele período que continua sendo o mais criativo da
música popular brasileira de todos os tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A BOSSA NOVA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A bossa nova foi o grande divisor de águas da nossa música
popular, gerando a maior revolução melódico-rítmico-harmônica de todos os
tempos que inaugurou a era moderna da MPB. A bossa nova foi para a música
brasileira o equivalente do bebop para o jazz nos anos 40, e o lendário Beco
das Garrafas representou o que foi a Rua 52, em Nova York. Foi nos quatro
clubes daquele pequeno quarteirão de Copacabana que parte dos futuros astros da
bossa nova iniciaram suas carreiras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Freqüentei assiduamente o Beco das Garrafas, que
fervilhava todas as noites com a pulsação dos novos rumos que tomava nossa
música, sendo testemunha ocular e auditiva daquele movimento desde seu
nascedouro, cuja beleza melódica conquistou ouvintes em todo o mundo, abrindo um mercado
internacional de trabalho para nossos músicos, compositores e cantores. Naqueles
anos dourados, entre 1958 e 1963, a bossa nova foi a música da nossa juventude,
que se rendeu aos encantos das suas melodias e versos poético-românticos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Muito foi escrito sobre a bossa nova, embora a grande
maioria jamais tenha pisado no Beco das Garrafas ou tenha freqüentado seus
quatro clubes, limitando-se a transcrever entrevistas com opiniões de terceiros,
nem sempre confiáveis. Ao festejar seu cinqüentenário, a bossa nova conquistou
uma enorme audiência em todos os países do mundo, sendo o maior e melhor artigo
de exportação do Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">JOHNNY ALF<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A música popular brasileira teve uma perda irreparável com
o desaparecimento de Johnny Alf (Alfredo José da Silva), dia 04 deste mês, aos
80 anos. Alf foi o pai espiritual da bossa nova, cujas sementes ele plantou na
Cantina do César, em 1950/51 e em 1953/54 tocando no bar do Hotel Plaza, no Rio
de Janeiro. Todas as noites iam ouvi-lo Luiz Eça, Sylvinha Telles, Neco,
Bebeto, Oscar Castro Neves, Edson Maciel, Edison Machado, Baden Powell, Cipó,
Aurino Ferreira, Carlos Lyra, Mauricio Einhorn, Pedro Paulo, Tião Neto, Manuel
Gusmão, Mario Castro Neves, Oscar Castro Neves, Dom Um Romão, Marcos Szpillman,
Jorginho Ferreira da Silva, João Luiz Maciel, Paulo Moura, Duba, Alfredo de
Paula, Alaíde Costa, Ed Lincoln, Tom Jobim e tantos outros. Fascinado pelas
harmonizações avançadas de Alf, Jobim (que era pianista da noite do Clube da
Chave), pediu que lhe desse aulas para aprender a harmonizar de forma moderna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Alf era muito educado, atencioso e tratava todos muito
bem. Eu o conheci num sebo de discos, em 1949. Estávamos lado a lado na seção
de música americana e depois de algum tempo começamos a conversar enquanto
olhávamos os discos. Depois de comprar o que queríamos, saímos da loja
conversando e paramos para tomar um café. Quando nos despedimos, ele perguntou
se eu queria ir ao Sinatra-Farney Fã Clube, do qual era sócio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Fui e lá conheci muita gente jovem e vários deles
tornaram-se meus amigos. Depois de alguns dias, encontrei na rua o apresentador
de rádio Cesar de Alencar, que era muito popular. Ele disse que ia inaugurar
uma casa noturna (chamou-se Cantina do César) e precisava de um bom pianista
que cantasse em português e inglês. Na mesma hora disse-lhe que conhecia o
melhor de todos: Johnny Alf. Surpreso por não conhecer Alf, pediu que falasse
com ele sobre o trabalho. Não deu outra: Johnny foi lá e estreou logo depois.
Foi um grande sucesso. Logo espalhou-se a notícia que um novo pianista na
Cantina do César era um fenômeno, tocava harmonias audaciosas como ninguém no
Brasil. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Assim começou a carreira profissional dele. Infelizmente,
ele nunca teve o reconhecimento que deveria receber, apesar dos verdadeiros
conhecedores sempre o admirarem e prestigiarem. Johnny Alf foi um gênio, um
músico à frente da sua época que deixou uma obra fenomenal, valiosa e repleta
de canções admiráveis, verdadeiras obras-primas que chamavam a atenção dos
músicos e cantores e permanecerão para sempre na história da MPB. Para mim,
Johnny Alf foi o maior compositor brasileiro de todos os tempos. <span lang="EN-US">Sem
ele não existiria a bossa nova. JOHNNY ALF, "All I can add is There'll
Never Be Another You".<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span lang="EN-US"><br /></span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span lang="EN-US">=======================</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">PS.: O texto do mestre Raffaelli foi escrito em março de 2010, pouco tempo depois da morte de Johnny Alf, ocorrida no dia 04 daquele mês.</span><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">=======================</span><span style="font-family: Georgia; font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NzI1ODkyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NzI1ODkyLTM3NSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE5Mjc5NzQ7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NzI1ODkyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NzI1ODkyLTM3NSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE5Mjc5NzQ7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NzI0NzQ0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NzI0NzQ0LTVhYSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE5Mjc5OTE7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NzI0NzQ0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NzI0NzQ0LTVhYSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE5Mjc5OTE7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com49tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-22244088194822315942012-07-06T08:56:00.002-03:002012-07-06T08:56:36.004-03:00O CAÇULA DOS “TRÊS GRANDES”<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-phn-CMMcXfI/T_bSOZwnLxI/AAAAAAAAA0Q/gIZA0HsH_DE/s1600/Louie+Bellson.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-phn-CMMcXfI/T_bSOZwnLxI/AAAAAAAAA0Q/gIZA0HsH_DE/s320/Louie+Bellson.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O nome do cidadão impressiona. Afinal de contas, quantos sujeitos
chamados Luigi Paulino Alfredo Francesco Antonio Balassoni deram as caras no
jazz? Para tornar mais fácil a vida dos amantes do estilo, ele resolveu
simplificar as coisas e adotou um nome artístico bastante singelo: Louie
Bellson. Com esse nome bem curtinho, ele abriu as portas do sucesso e se tornou
um dos três principais bateristas da Era do Swing. Os outros dois, obviamente,
são Gene Krupa e Buddy Rich (não é por acaso que os fãs de jazz costumam se
referir a eles como “The Big Three”).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nascido no dia 06 de julho de 1924, em Rock Falls,
Illinois, Louie provinha, logicamente, de uma família de origem italiana. Seu
pai era dono de uma loja de instrumentos musicais e aos três anos ele começou a
aprender piano. Ainda na infância, passou para a bateria e graças à influência
paterna, aprendeu harmonia e teoria musical. Louie estudou na Moline High
School, na cidade vizinha de Moline, e ali aprofundou seus estudos musicais. Suas
primeiras influências foram Jo Jones, Big Sid Catlett e Chick Webb e as
primeiras lições vieram pelas mãos de Roy Knapp. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Quando já era um músico consagrado, declarou em uma
entrevista: “Eu tenho uma enorme dívida para com Big Sid Catlett e Jo Jones.
Eles exerceram uma enorme influência na minha maneira de tocar. Nós, bateristas
mais novos, olhávamos para Jones e o chamávamos de ‘Papa’ Jo porque ele
realmente era genial. Mas também não podemos nos esquecer das contribuições de Big
Sid Catlett e Chick Webb. Gene foi fundamental para popularizar a bateria como
um instrumento solo e Buddy é um baterista formidável, mas nós três somos
herdeiros de Jo, Sid e Chick”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O espírito inovador manifestou-se desde a mais tenra
idade. Com apenas 15 anos, Louie montou um kit de bateria com dois bumbos e foi
um dos primeiros bateristas de jazz a fazer uso constante desse equipamento. Em
1941, Bellson venceu o Slingerland National Gene Krupa Contest, um concurso
nacional de bateristas que contou com a participação de cerca de 40 mil
candidatos. O prêmio lhe rendeu uma grande visibilidade e poucos meses depois,
o jovem foi contratado pelo bandleader Ted Fio Rito, cuja orquestra era atração
fixa no clube Florentine Gardens, em Los Angeles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, o garoto de apenas dezoito anos seria
convidado por Benny Goodman para integrar a sua famosa big band. Além dos
concertos e álbuns, a orquestra de Goodman era bastante requisitada no cinema e
Bellson teve a oportunidade de aparecer em diversos filmes ao lado do patrão. O
primeiro deles foi “The Powers Girl”, de 1942, estrelado por George Murphy e
que contava com Peggy Lee no elenco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Louie também pode ser visto em “The Gang’s All Here” (no
Brasil, “Entre a loura e a morena”), de 1943, que foi dirigido pelo lendário Busby
Berkeley e que tinha Alice Faye e Carmen
Miranda nos papéis principais. Em 1948, Bellson marcaria presença em outra
produção importante, “A Song Is Born” (no Brasil, “A canção prometida”),
estrelada por Danny Kaye e Virginia Mayi, com direção de Howard Hawks, ao lado
de jazzistas de peso, como, Louis Armstrong, Benny Goodman, Lionel Hampton, Tommy
Dorsey, Page Cavanaugh, Charlie Barnet e Benny Carter, entre outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A associação com o clarinetista, entretanto, seria
subitamente interrompida no final de 1943, por conta da convocação de Bellson
para o exército. Felizmente, ele não foi mandado para as frentes de batalha – o
mundo vivia as agruras da II Grande Guerra – e pôde continuar a tocar nas
orquestras das forças armadas. Em 1946, já de volta à vida civil, o baterista
pôde se juntar novamente à orquestra de Goodman. Seguiram-se, então, trabalhos
nas big bands de Tommy Dorsey, entre 1947 e 1949, e de Harry James, entre 1950
e 1951. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Do final dos anos 40 até meados dos anos 50, Bellson foi
um assíduo integrante da caravana “Jazz at the Philarmonics”, de Norman Granz,
tendo a oportunidade de tocar ao lado de gênios como Art Tatum, Oscar Peterson,
Dizzy Gillespie, Roy Eldridge e muitos outros. Sobre os concertos, Louie
recorda: “Nós tocávamos nos melhores teatros do país e os espetáculos duravam
no máximo duas horas e meia. Mas tocar por duas horas e meia com aqueles caras
equivalia a tocar cinco horas com outros músicos. Eu adorava aquilo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No final de 1951, Louie foi chamado para substituir Sonny
Greer na orquestra de Duke Ellington. Durante os quase três anos de associação
com o maestro, os dois desenvolveram uma sólida amizade e um intenso respeito
profissional. Ellington costumava dizer que Bellson “não é apenas o maior
baterista do mundo, mas o maior músico do mundo”. Composições do baterista,
como “Skin Deep” e “The Hawk Talks”, foram gravadas e incorporadas ao
repertório da big band.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A história desta última é bem curiosa. Louie compôs o tema
pensando em Harry James, cujo apelido era “The Hawk”. O trombonista Juan Tizol
gostou do que ouviu e sugeriu que Bellson mostrasse a sua composição ao patrão.
O baterista se mostrou cético com a proposta e conta o resto da história: “Eu
perguntei a Juan: ‘Você está louco? Você quer que eu mostre a minha música numa
orquestra em que os compositores são gênios como Duke Ellington e Billy
Strayhorn? <span lang="EN-US">De jeito nenhum!’. </span>Mas ao final, eu criei coragem, mostrei o tema a Duke e
ele acabou gravando. Duke me ensinou a escrever música, me ensinou a ser
original. Ele sabia tudo sobre comandar uma orquestra, sabia exatamente como
cada peça deveria soar, da sessão rítmica aos metais”.<span lang="EN-US"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1952, Bellson, que era o único músico branco da
orquestra de Ellington, casou-se com a atriz e cantora negra Pearl Bailey, em
Londres, assumindo também a direção musical de seus discos, shows e do programa
de TV que ela apresentou no final daquela década, na rede ABC, chamado “The
Pearl Bailey Show”. O casamento perduraria até a morte de Pearl, em 1990. Bellson
e Bailey estão entre os artistas que mais vezes se apresentaram na Casa Branca
e a marca do casal somente é superada pelo comediante Bob Hope. O casal morou
algum tempo na Inglaterra nos anos 50, por temer as reaçõess que um casamento
interracial pudessem despertar na preconceituosa sociedade norte-americana da
época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Como músico de apoio, o nome de Bellson pode ser lido nos
créditos de álbuns de centenas de artistas, como Count Basie, Della Reese, Woody
Herman, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Oscar Peterson, Dizzy Gillespie, Louie
Armstrong, Joe Pass, Ray Brown, Benny Carter, Art Tatum, Dizzy Gillespie, Gerry
Mulligan, Stan Getz, Hank Jones, Zoot Sims, Sonny Stitt, Milt Jackson, Clark
Terry, Eddie “Lockjaw” Davis, Lionel Hampton, James Brown, Sammy Davis Jr.,
Tony Bennett, Mel Torme, Joe Williams e muitos outros. Estima-se que o
baterista tenha participado de mais de mil gravações como sideman.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Além da extensa agenda como acompanhante, Bellson também
se envolveu em projetos de educação musical, ministrando oficinas e seminários
pelos Estados Unidos, e ajudou a desenvolver produtos para a fábrica de pratos
para bateria Zildjian Company. Em 1963 ele voltou a trabalhar com Duke
Ellington em várias ocasiões, sendo a primeira delas no musical “My People”, em
homenagem ao centenário da abolição da escravatura e no “The First Sacred
Concert”, de 1965, um concerto de música sacra descrito pelo maestro como “a
coisa mais importante que eu já fiz na vida”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1966 foi a vez de trabalhar novamente com Ellington,
desta feita na trilha sonora de “Assault on a Queen” (no Brasil, “Assalto em um
transatlântico”), aventura estrelada por Frank Sinatra e pela atriz italiana
Virna Lisi. No ano seguinte, Bellson gravaria para o selo britânico Studio 2 o
álbum “Repercussion”, onde divide os créditos com o baterista inglês Eric
Delaney. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Bellson tinha muitos admiradores no Reino Unido e realizou
diversos trabalhos ali. Em 1971 ele foi um dos participantes do concerto em
homenagem ao falecido baterista Frank King, realizado no Queen Elizabeth Hall,
em Londres, e que também contou com as participações dos formidáveis Kenny
Clare e Buddy Rich na bateria. Com arranjos e regência de Bobby Lamb, o
concerto foi gravado pelo selo Vocalion e disponibilizado em cd em 2011. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda na Terra da Rainha, ele gravaria outros discos, como
“Louie in London” (DRG, 1970), que conta com a participação do trompetista
Kenny Wheeler, “London Scene” (Concord, 1980), à frente de uma big band formada
por músicos ingleses e norte-americanos, “Live at Ronnie Scott’s” (Concord,
1980), gravado ao vivo no célebre clube londrino, e “The London Gig” (Pablo,
1982), outra vez comandando uma big band, tendo na sessão rítmica os
experientes George Duvivier (contrabaixo) e Frank Strazzeri (piano).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A obra de Bellson como líder está registrada em uma longa
e consistente discografia, espalhada por selos como Norgran, Verve, Roulette,
DRG, Nimbus, Fantasy, Telarc, Capri, Pablo e Concord. Entre seus músicos de
apoio, nomes consagrados como Blue Mitchell, Harry “Sweets” Edison, Frank
Rosolino, Nat Pierce, Don Menza, Clark Terry, Carl Fontana, Conte Candoli, Bill
Holman ou Snooky Young aparecem nos créditos ao lado de jovens em início de
carreira como Ted Nash, Pete Christlieb ou Dennis Chambers.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para a Concord, casa que o abrigou de 1974 até a segunda
metade dos anos 80, Bellson gravou aproximadamente dez álbuns, dividindo-se
entre a liderança de orquestras e de pequenos grupos. Neste último formato,
destaca-se o ótimo “Live at the Jazz Showcase”, gravado em outubro de 1987 e
que flagra o quarteto de Bellson durante uma temporada no templo do jazz de
Chicago. A banda é complementada por Don Menza (que se divide entre o sax tenor
e a flauta), Larry Novak (piano) e John Heard (contrabaixo).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A tempestuosa “Sonny Side”, bebop de autoria de Sonny
Stitt, abre o disco com o quarteto em estado de ebulição. A interação do líder
com os seus comandados é quase telepática, sobretudo com o veterano Heard, e
seu domínio da sintaxe bop é absoluto. Apesar de pouco conhecido, Novak se
mostra um acompanhante versátil e de grande desenvoltura. O sopro de Menza é
feroz, vigoroso, enfático, capaz de conciliar técnica e impetuosidade em igual
medida, e seus solos são harmonicamente desafiadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Duke’s Blues” é um tema de Bellson, composto em homenagem
ao ex-patrão Duke Ellington. Trata-se de um blues solene, dramático em algumas
passagens, especialmente durante as intervenções de Menza, cujas frases sinuosas
revelam um intérprete destemido e maduro. Os graves de Heard são profundos,
ressonantes e traduzem a influência de Oscar Pettiford em sua maneira de tocar.
A percussão de Bellson cria nuances imprevisíveis, merecendo amplo destaque sua
criativa utilização dos pratos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“3 P.M.” foi composta pelo líder, em parceria com o guitarrista
Remo Palmieri, um veterano dos primeiros tempos do bebop e hoje injustamente
esquecido. É uma balada charmosa, com uma linha de baixo delicadamente hipnótica
e um piano espirituoso, que se insinua pela melodia com leveza e graça. O
andamento de valsa e a estrutura minimalista do tema exigem uma postura quase
contemplativa por parte de Bellson. Com a flauta, Menza exibe uma sensibilidade
comovente e demonstra ter absorvido bem as lições de geniais predecessores como
Frank Wess ou Herbie Mann.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dick Gasparre, George Fragos e Jack Baker são os autores “I
Hear A Rhapsody”, standard que recebe um arranjo musculoso e francamente orientado
para o bebop. O ágil Novak se esmera em improvisos complexos e a exuberância do
seu toque deixa perceber a influência de Bud Powell em sua formação. O líder
brilha com intensidade solar, imprimindo uma levada inventiva e seus diálogos
com Menza, no estilo “pergunta e resposta” são arrebatadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em seguida, é a vez de “Walkin’ With Buddy”, outra
parceria de Bellson e Palmieri, desta feita prestando tributo a Buddy Rich. É
um tema sincopado, com ecos de blues e uma batida infecciosa, que evoca os
melhores momentos do soul-jazz dos anos 60. Menza tem uma de suas atuações mais
empolgantes, construindo frases nervosas, inquietas, cheias de efeitos. Louie é
dono de uma técnica soberba e domina seu instrumento como poucos, mas é incapaz
de resvalar pelo exibicionismo que, muitas vezes, contaminava as performances
de Rich.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Composta por Red Mitchell, a irresistível “Jam For Your
Bread” é o veículo mais que propício para que Heard exiba suas qualidades de
sólido acompanhante e fulgurante improvisador. Ao final do seu longo solo, é
possível ouvir os aplausos da platéia, extasiada diante de uma impecável
demonstração de apuro técnico. Novak não se intimida com as qualidades do
parceiro e também proporciona à audiência um belo exercício de improvisação. O
trabalho do líder com as escovas se notabiliza pela precisão cirúrgica e pelo dinamismo
de sua abordagem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Retirada da ourivesaria de Duke Ellington, a balada “Warm
Valley” é um momento sublime de encantamento, doçura e lirismo. Incorporando a
verve de um Ben Webster, Menza elabora frases de delicada textura e é o grande
responsável pelo alto grau de emotividade do tema, enquanto seus companheiros
de empreitada, generosamente, adotam uma postura discreta e reflexiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O arranjo de “Cherokee”, clássico de Ray Noble, é uma
apoteose de velocidade, potência e destreza, em especial por conta das
investidas furiosas de Menza e Novak, com destaque para as arrojadas linhas
harmônicas propostas pelo saxofonista e para a sua criatividade aparentemente
inesgotável. Bellson, por sua vez, mostra porque seu nome é sinônimo de
excelência. Ele não é um baterista particularmente agressivo e nem possui uma batida
que se caracterize pela opulência. Mas é intenso e vibrante como poucos, um
exímio criador de atmosferas rítmicas e um virtuose capaz de extrair da bateria
timbres e nuances sonoras surpreendentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Embora a crítica seja reticente em relação à maioria dos
álbuns de Bellson para a Concord, este disco é uma excelente oportunidade para que
o ouvinte se familiarize com o seu trabalho à frente de um pequeno grupo e
serve como uma amostra da sua versatilidade e do seu profundo conhecimento do
idioma jazzístico em todas as suas vertentes.
Muito justas, portanto, as palavras de Jane Alexander, presidente da
NEA, ao se referir ao baterista como “um talento colossal, que ajudou a
escrever a história do jazz”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Bellson se manteve em intensa atividade durante os anos 80
e 90, gravando com regularidade e excursionando pelo mundo, muitas vezes à
frente da sua própria orquestra, intitulada “Big Band Explosion”. Em 1987, durante
um evento da Percussive Arts Society, Louie apresentou o seu “Concerto for Jazz
Drummer and Full Orchestra”, peça escrita por ele especialmente para bateria e
orquestra. Posteriormente, a obra seria gravada pela Bournemouth Simphony
Orchestra. Em 1990, Bellson perdeu a esposa, vítima de uma insuficiência
coronariana. Dois anos depois, ele se casaria novamente, com a engenheira Francine
Wright Bellson, que se tornaria sua empresária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ao longo dos seus mais de sessenta anos como músico
profissional, Belson amealhou muitas homenagens. Uma das mais importantes foi o
título de “Duke Ellington Fellow”, concedido em 1977 pela prestigiosa Yale
University. Além disso, ele recebeu inúmeros doutorados honorários, concedidos
por instituições como a Northern Illinois University, em 1985, a Denison
University, de Ohio, em 1995, e a DePaul University, de Chicago, em 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É claro que, como qualquer ser humano, Bellson também
colecionou alguns fracassos. O mais retumbante deles foi o musical da Broadway intitulado
“Portofino”, para o qual compôs o score musical em 1958. Mesmo contando com o galã
Georges Guétary no elenco e com letras de Sheldon Harnick (do premiado musical
“Fiddler on the Roof”), o espetáculo ficou em cartaz apenas três dias, ante a
absoluta indiferença do público e da crítica especializada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nos anos 90, quando Buddy Rich sofreu uma grave crise na
coluna e precisou se afastar dos palcos e estúdios, chamou o velho amigo
Bellson para substituí-lo à frente da Buddy Rich Big Band. Bellson entregou-se
de bom grado à tarefa e durante alguns meses liderou a orquestra do amigo,
fazendo questão de dizer que aquela foi uma das maiores honrarias que já recebeu.
Outro motivo de orgulho foi o álbum “Louie and Clark Expedition”, onde divide
os créditos com o lendário Clark Terry e se reveza na bateria com os jovens
Kenny Washington e Sylvia Cuenca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Bellson recebeu o título de Jazz Master da National
Endowment for the Arts em 1994 e teve seu nome inscrito no Hall of Fame da
revista Modern Drummer e da Percussive Arts Society. Em 1998, ele foi
agraciado, juntamente com Roy Haynes, Elvin Jones e Max Roach com o “American
Drummers Achievement Award”, concedido pela Zildjian Company. Como educador musical, além de ministrar
oficinas e cursos, escreveu mais de uma dezena de livros didáticos. Ele também
foi homenageado pelo baixista Jay Leonhart, que compôs “The Louie Bellson Song”
em seu louvor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em março de 2007, Bellson foi escolhido para receber o
“Living Jazz Legends Award”, dado pelo Kennedy Center for the Performing Arts a
um seleto grupo de 36 artistas de jazz. Ainda naquele ano, em junho, recebeu
outra homenagem de grande relevo, desta feita por parte da American Society of
Composers, Authors and Publishers ao ter seu nome incluído na categoria de
Living Legend no ASCAP Jazz Wall of Fame, em uma cerimônia realizada no Lincoln
Center, em Nova Iorque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não é à toa que o respeitado crítico britânico Leonard
Feather assim se referia ao seu trabalho: “o que torna Bellson um baterista tão
especial é a sua formidável musicalidade. Ele também se destaca como um
compositor e arranjador inventivo, que transita pelo jazz e pela música erudita
com igual desenvoltura. Sua sonoridade é baseada em uma lógica peculiar, não se
limitando simplesmente percutir o instrumento, mas incorporando à sua batida o
dinamismo e a estrutura melódica de uma obra em progresso permanente”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Desde 2003 o baterista patrocinava o “Louie Bellson Heritage
Days”, uma semana inteira dedicada a reverenciar a sua música. O festival é
realizado todo mês de julho em Rock Falls, Illinois, cidade natal de Bellson e
além de concertos, são ministrados ali cursos e oficinas para jovens músicos. Louie
faleceu no dia 14 de fevereiro de 2009, em conseqüencia de cmplicações causadas
pelo Mal de Parkinson. Seu corpo foi enterrado no Riverside Cemetery, em
Moline, Illinois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">===========================</span><span style="font-family: Georgia; font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NTc2OTc1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NTc2OTc1LWE5NyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE1NzU0ODA7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NTc2OTc1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NTc2OTc1LWE5NyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE1NzU0ODA7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NTc2OTMwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NTc2OTMwLTRhYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE1NzU1MDM7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4NTc2OTMwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4NTc2OTMwLTRhYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDE1NzU1MDM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-89295924680606224032012-06-30T23:24:00.001-03:002012-07-03T11:51:52.443-03:00POEMA ÉPICO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-1mH-PC3viO4/T--03HAZzvI/AAAAAAAAA0E/44_CaItof0E/s1600/kenny+drew+sam+noto.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-1mH-PC3viO4/T--03HAZzvI/AAAAAAAAA0E/44_CaItof0E/s320/kenny+drew+sam+noto.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É o
Mar,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Por
certo é o Mar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
Mar de Camões<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
Mar de Pessoa,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É a
ele que me lançarei...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Haverei
de construir com minhas próprias mãos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
nau que me conduzirá aos confins do oceano mais profundo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Madeiras
e cordames e velas e metal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Fundidos
na estrutura hígida e flutuante<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Lançar-me-ei
ao Mar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sem
arroubos e nem temeridades,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Lançar-me-ei
ao Mar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sem
titubeios ou tergiversações...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Lançar-me-ei
ao Mar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Lançar-me-ei
ao mais desconhecido dos rumos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Tripulante
de mim mesmo,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Hóspede
das tempestades<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Refém
das calmarias<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Lançar-me-ei
ao Mar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não
temerei o escuro profundo,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
ignomínia dos selvagens<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
pusilanimidade dos ilhéus<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não
temerei a imensidão purpúrea<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
âncora é a raiz do navegante<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
raiz transportável, vinculante, demiúrgica<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Serão
os oceanos o meu domínio incontestável<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Todos
eles!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sou
herdeiro de Posseidon, irmão do hipocampo e do tritão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Minha
morada é o salitre<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
sargaço é fruto da minha semeadura<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
arrebol é meu norte e o plâncton, meu nutriente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Barlavento,
proa, calado, convés <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Flotilha,
velame, bombordo, timão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Tenho
a sintaxe náutica na ponta da língua<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E o
sal dos oceanos escorre-me pelos cabelos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
ir<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
ir ao encontro do meu destino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Retirai-me
os grilhões,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Retirai-mos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
ir que estou pronto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
construir a minha nau <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
singrar até os confins do oceano mais profundo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dai-me
a liberdade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Concedei-me
o Mar que é meu por direito<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
ir e alcançar o Mar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
Mar de Camões<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
Mar de Pessoa<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
Mar que é meu destino<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
percorrer os costões<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">As
íngremes falésias<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os
proeminentes arrecifes<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai
que os ventos inflem as velas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
ir <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Deixai-me
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Porque
só o Mar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ele,
e apenas Ele,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É
grande o bastante para acomodar a minha dor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">==========================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O trompetista Sam Noto nasceu no dia 17 de abril de
1930, em Buffalo, estado de Nova Iorque. Tendo estudado trompete desde a
infância e feito parte de diversas orquestras escolares da cidade natal, ele
começou a tocar profissionalmente aos 17 anos, em bandas de R&B da cidade
de Buffalo e seu entorno. Suas primeiras influências foram Fats Navarro, Dizzy
Gillespie e Miles Davis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em busca de melhores oportunidades profissionais,
ele se muda para a Califórnia no início da década de 50. Após cumprir o
circuito de clubes e tocar com alguns expoentes do West Coast Jazz, ele foi
descoberto pelo pianista e bandleader Stan Kenton, que o contratou em 1953. Noto
passou cinco anos na orquestra de Kenton e participou de gravações históricas,
como “Contemporary Concepts” (1955), “Kenton in Hi-Fi” (1956) e “Cuban Fire!”
(1956), todos pela Capitol Records. Sua primeira gravação como líder foi feita
no ano seguinte, também para a Capitol.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ele deixou o posto em 1958, para seguir carreira
como freelancer, exibindo em suas credenciais participações em álbuns e
concertos de jazzistas de peso, como Frank Rosolino, Anita O'Day, Claude
Williamson, Curtis Counce, Carl Fontana, The Hi-Lo's, Louie Bellson, Oscar
Peterson, Buddy Rich, Don Menza, Lennie Niehaus, Bud Shank, Bill Perkins, Bob
Fitzpatrick, Bill Catalano, Mel Lewis, Richie Kamuca, Charlie Parker e muitos
mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, excursionou pela Europa, com uma
banda liderada pelo baterista Louie Bellson e pela cantora Pearl Bailey. De
volta aos Estados Unidos em 1960, ele volta a tocar por alguns meses com
Kenton. Entre 1964 e 1965, foi integrante da orquestra de Count Basie, saindo
para montar o próprio clube, na sua cidade natal, chamado Renaissance, em 1966,
onde se apresentava todas as noites com seu grupo, do qual faziam parte os irmãos
Tom e Joe Azarello (respectivamente, contrabaixista e pianista), o saxofonista Joe
Romano e o baterista Al Cecchi. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O empreendimento não foi muito bem sucedido e ele
voltou a trabalhar exclusivamente como músico profissional, retornando à
orquestra de Basie em 1967. No ano seguinte, se muda para Las Vegas, onde atua
como trompetista nas orquestras de diversos cassinos, hotéis e casas noturnas.
Ali faz amizade com o lendário trompetista Red Rodney e com ele monta uma banda
que faria algum sucesso nos clubes de jazz da Capital do Jogo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durnte os anos 70, Noto teria uma rápida passagem
pelo “The National Jazz Ensemble”, cujo fundador e diretor artístico era o
baixista Chuck Israels. A orquestra, formada com o intuito de preservar a obra
e a memória de compositores dos primórdios do século XX, como Jelly Roll
Morton, Duke Ellington e Louis Armstrong, chegou a gravar alguns discos ao
longo daquela década e por ela passaram figuras do primeiro escalão do jazz,
como Bill Evans, Jimmy Knepper, Lee Konitz, Sal Nistico e o então jovem Tom
Harrell. Os arranjos ficavam a cargo de craques como Gil Evans, Hall Overton e
David Berger.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Noto permaneceria em Las Vegas até 1975, quando
recebeu uma ótima oferta de emprego em Toronto, no Canadá, como músico e
arranjador de uma rede de TV. No país vizinho, não demorou a ser reconhecido
pala comunidade jazzística e fez parte da orquestra do trombonista Rob
McConnell. Ao mesmo tempo, firma-se como um dos principais músicos do cast da
gravadora Xanadu, participando de dezenas de gravações naquela casa, sob a
liderança de craques como Al Cohn e Dexter Gordon. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Um dos pontos culminantes da parceria entre Noto e a
Xanadu está registrado no estupendo álbum “For Sure”, sob a liderança do
pianista Kenny Drew. As sessões de gravação foram realizadas nos dias 16 e 17
de outubro de 1878 e além do líder e de Noto, o grupo é composto pelo
saxofonista Charles McPherson, pelo baixista Leroy Vinnegar e pelo baterista
Frank Butler. Morando na Europa desde 1961, Drew aproveitou-se de uma rápida
passagem pelos Estados Unidos para gravar dois discos naquela ocasião: o já
mencionado “For Sure” e “Home Is Where The Soul Is”, em formato de trio e
também com Vinnegar e Butler na seção rítmica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A faixa-título abre os trabalhos na melhor tradição
do hard-bop, com McPherson entregando o primeiro solo de maneira energética e
articulada. A seguir, entra Noto, que se mostra um improvisador ousado e
fluente, um legítimo representante da escola de Kenny Dorham ou Blue Mitchell.
Seu sopro é febril, pulsante, cheio de vibrato e possui uma enorme extensão. Butler
é um baterista de enormes recursos, capaz de executar viradas rápidas e de
acrescentar uma dinâmica quase selvagem aos contextos em que atua. Como um
anfitrião generoso, Drew assume uma postura essencialmente rítmica, embora
durante o seu solo ele improvise com ferocidade e convicção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Logo em seguida é a vez da balada “Mariette”.
Obliqua e dissonante, ela guarda algum parentesco com as composições de
Thelonious Monk. Mostrando ser bastante versátil, Noto exibe grande domínio nos
andamentos mais lentos e usa a surdina para dar um timbre mais agudo ao seu
trompete. Suas frases são curtas, diferentes, por exemplo, das de um Miles
Davis, que preferia alongar as notas para criar climas mais sombrios. O dedilhado
de Drew, envolvente e acolhedor, cria uma atmosfera de puro lirismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Novamente o hard-bop dá o tom, agora em “Arrival”,
uma poderosa conjugação de riffs assobiáveis e batida infecciosa. A introdução
fica a cargo do voluptuoso Butler e, em seguida, os demais instrumentos se
agregam à bateria. O brilhantismo das intervenções de McPherson, um intérprete
sempre fogoso e instigante, e a enxurrada criativa de Noto, que se revela um
verdadeiro ás nos registros mais graves, são os principais destaques da faixa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Blues Wail”, um blues sincopado de autoria do
líder, possui uma levada contagiante, com uma marcação impecável de Vinnegar. A
abordagem do pianista, bastante ortodoxa no início, com notas espaçadas e uso
dos registros graves, se desenvolve em um crescendo e incorpora ao blues as
notas velozes e as harmonias transversas típicas do bebop. McPherson é um
improvisador astuto e tributário da mais nobre linhagem parkeriana. Seus solos
jamais são lineares ou previsíveis e seus diálogos com o trompetista, outro
músico exuberante e que também passa ao largo da obviedade, são dos mais
empolgantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A climática “Dark Beauty” talvez seja o tema mais
conhecido de Drew. Trata-se de uma balada sombria, dotada de uma beleza árida,
cuja melodia sofisticada e exótica guarda paralelo com as composições do
irrequieto Charles Mingus. O piano de Drew é pendular, bruxuleante e oscila
como a chama de uma vela. Ele e Noto, mais uma vez com o trompete assurdinado,
interagem com uma intimidade quase sobrenatural, de maneira a criar um
arcabouço melódico de contornos impressionistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O encerramento fica por conta da tórrida “Context”,
petardo sonoro de alta volatilidade. O hard bop direto e sem invencionices do
quinteto pega na veia, com uma melodia empolgante, citações a “Four”, de Miles
Davis, e formidáveis atuações de Drew, McPherson e Noto. A maior referência
aqui é o trabalho dos notáveis combos dos anos 50 e 60, especialmente os
quintetos de Horace Silver e de Max Roach/Clifford Brown e, óbvio, os Jazz
Messengers. Um disco que se alinha entre os mais relevantes dos anos 70 e um
verdadeiro marco na história de todos os envolvidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sam Noto também lançou, pela Xanadu, quatro álbuns
em seu próprio nome, ao longo da década de 70, nos quais se faz acompanhar por
sumidades como Barry Harris, Leroy Vinnegar, Sam Jones, Billy Higgins, Ronnie
Cuber, Monty Budwig e Jimmy Rowles. Ainda em 1978, Noto fez parte do grupo de
músicos da Xanadu que se apresentou no Festival de Montreux, cujo concerto foi
transformado em LP: “Xanadu at Montreux”. Ao lado do trompetista, estavam Dolo
Coker (piano), Ronnie Cuber (sax barítono), Sam Jones (contrabaixo), Frank
Butler (bateria), Sam Most (flauta) e Ted Dunbar (guitarra).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No final dos anos 70, Noto montou um grupo com o
baterista Joe La Barbera e seu irmão, o saxofonista Pat La Barbera, outro
expatriado norte-americano então vivendo e trabalhando no Canadá. O quinteto
costumava se apresentar com regularidade em clubes da região de Toronto e
Buffalo, bem como em festivais de jazz ao longo do território canadense. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durante toda a década de 80 o trompetista manteve-se
em constante atividade. Um dos momentos de maior repercussão naquele período
foi no álbum “Hip Pocket” (Palo Alto, 1981), sob a liderança do saxofonista Don
Menza (dobrando no alto e no barítono), e que foi gravado ao vivo no clube Carmello's. A sessão contou ainda com as
participações de Shelly Manne (bateria), Andy Simpkins (contrabaixo), Frank
Strazzeri (piano), Sal Nistico (sax tenor) e Carl Fontana (trombone).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda naquela década, Noto protagonizou um
eletrizante duelo com outro virtuose do trompete, o endiabrado Woody Shaw. Shaw
e o saxofonista Joe Henderson, que na época co-lideravam um grupo, foram
contratados para uma temporada de algumas semanas no clube Bamboo, em Toronto.
Ocorre que, às vésperas dos concertos, Henderson teve um impedimento e não pôde
cumprir a agenda. Noto foi chamado às pressas e ele e Woody reeditaram as
célebres batalhas de trompetes dos anos 40 e 50, como aquelas estreladas por
Fats Navarro e Howard MgGhee ou Roy Eldridge e Charles Shavers. Quem assistiu
àquelas apresentações, jamais esqueceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O enciclopédico John Lester, comandante em chefe do
blog Jazzseen, analisa o estilo de Noto nos seguintes termos: “Ele me lembra um
Clifford Brown ligeiramente bêbado, com aquele som encorpado e redondo,
rascante e doce, capaz de, em momentos imprevisíveis de lucidez, desferir
saraivadas de semifusas alucinadas do bocal de seu trompete. (...) Apesar de
ser um músico superior do bebop, Noto nunca recebeu o reconhecimento que merece”.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano 2000 o trompetista se mudou para Fort Erie,
Ontário, mas até hoje se mantém ativo, como músico de estúdio, compositor e
arranjador. Ele costuma se apresentar com seu quinteto em clubes de cidades
como Toronto, Buffalo e Nova Iorque. Sua última gravação como líder, “Now Hear
This”, foi feita em 1999, para o selo independente Supermono. No disco, o
veterano trompetista está à frente de um quinteto integrado por alguns dos
principais nomes do jazz canadense: o saxofonista Kirk MacDonald, o pianista Mark
Eisenman, o contrabaixista Steve Wallace e o baterista Bob McLaren.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">========================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-size: 19px;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDYyOTE4IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDYyOTE4LTgwNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDExMDg5Mzc7fQ==&autoplay=default" name="movie">
</param>
<param name="allowFullScreen" value="true">
</param>
<param name="allowscriptaccess" value="always">
</param>
<param name="wmode" value="transparent">
</param>
<embed wmode="transparent" height="170" width="422" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDYyOTE4IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDYyOTE4LTgwNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDExMDg5Mzc7fQ==&autoplay=default"></embed></object></span><span style="background-color: white; font-size: 14pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 19px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 19px;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDYyODg2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDYyODg2LTkwOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDExMDg5ODU7fQ==&autoplay=default" name="movie">
</param>
<param name="allowFullScreen" value="true">
</param>
<param name="allowscriptaccess" value="always">
</param>
<param name="wmode" value="transparent">
</param>
<embed wmode="transparent" height="170" width="422" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDYyODg2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDYyODg2LTkwOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzNDExMDg5ODU7fQ==&autoplay=default"></embed></object></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-32981455391028141532012-06-25T10:45:00.003-03:002012-06-25T10:45:49.816-03:00O PALADINO DAS CAUSAS NOBRES<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-_uHiYtD_VDc/T-hqPd2bI8I/AAAAAAAAAz4/OfoSQek0xcQ/s1600/clifford+jordan+bearcat.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="316" src="http://1.bp.blogspot.com/-_uHiYtD_VDc/T-hqPd2bI8I/AAAAAAAAAz4/OfoSQek0xcQ/s320/clifford+jordan+bearcat.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: 19px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Conhecida como Cidade dos Ventos, talvez a particularidade
de sua geografia possa explicar as razões pelas quais Chicago tenha produzido
uma quantidade impressionante de notáveis saxofonistas. De precursores como
Gene Ammons, Yusef
Lateef e Von Freeman
(os dois últimos ainda estão na ativa, apesar de nonagenários) passando por
músicos de gerações mais novas, como John Gilmore, Ira Sullivan, Johnny Griffin, Charles
Davis e John Jenkins,
todos parecem ter sido inspirados pelos ventos gelados que cortam a cidade e
quando resolvem soprar, o couro come pra valer!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nascido naquela cidade no dia 02 de setembro de 1931,
Clifford Laconia Jordan se inscreve nessa tradição com muita galhardia e um
imensurável talento. Estuda piano na infância, mas sem muita convicção - “Era
uma espécie de acordo compulsório, pois minha mãe queria que eu fosse pianista”,
como revelou em uma entrevista. Todavia, aos 13 anos, influenciado pela
sonoridade aveludada de Lester Young, ele decide trocar o teclado pelo saxofone
tenor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Apesar da troca de instrumentos, a mãe de Clifford o
estimulava e não apenas isso, o apresentava aos grandes nomes do jazz que
precederam – ou mesmo anteciparam – o bebop. Assim, o jovem apaixonado por
Charlie Parker, Bud Powell e Dexter Gordon foi levado a conhecer a obra de
precursores como Johnny Hodges, Erroll Garner e Coleman Hawkins.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O garoto fez todo o ensino médio na afamada DuSable High
School, e teve como colegas ou contemporâneos, os já citados Griffin, Gilmore e
Jenkins, além do futuro baixista Richard Davis. Naquele tempo, fazer parte da
banda da escola era sinal de prestígio e contava muitos pontos entre as
garotas. Ele recorda: “Ser músico era algo que dava status, todo mundo olhava
pra você. Com um sax nas mãos você podia fazer o que quisesse. Muita gente
queria fazer parte da orquestra da DuSable, mas o diretor sabia separar o joio
do trigo. Se ele percebesse que você não sabia tocar, ele expulsava você do
ensaio, imediatamente. Ele não admitia brincadeiras”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Concluído o ensino médio, suas primeiras experiências profissionais
foram em bandas de R&B da região, mas ainda em Chicago ele teve a
oportunidade de tocar com grandes nomes do jazz e do blues de passagem pela
cidade, como Max Roach, Dizzy Gillespie, Sonny Stitt e Willie Dixon. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Já estabelecido como um respeitado músico local, Jordan
aceitou o convite de Max Roach, para se juntar a seu quinteto, ocupando o lugar
de ninguém menos que Sonny Rollins. O novo emprego acarretou a mudança para
Nova Iorque, em 1957, e as oportunidades de trabalho se multiplicariam na nova
cidade. Ainda naquele ano, uma nova mudança e o saxofonista entra para o
badalado quinteto de Horace Silver, em substituição a Hank Mobley.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Silver havia sido o pianista do álbum de estréia de
Jordan, gravado em março de 1957 (“Blowing In From Chicago”, Blue Note), no
qual o saxofonista divide os créditos com o conterrâneo John Gilmore em um
eletrizante duelo de tenores, na melhor tradição daqueles protagonizados por
outras duplas formidáveis, como Gene Ammons e Sonny Stitt, Al Cohn e Zoot Sims
ou Johnny Griffin e Eddie “Lockjaw” Davis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A associação com a Blue Note renderia ainda mais dois
álbuns, todos de 1957: “Cliff Jordan”, onde o saxofonista está secundado por
Lee Morgan (trompete), Curtis Fuller (trombone), John Jenkins (sax alto), Ray
Bryant (piano), Art Taylor (bateria) e Paul Chambers (contrabaixo), e “Cliff
Craft”, onde lidera um quinteto integrado pelo trompetista Art Farmer, pelo pianista
Sonny Clark, pelo baixista George Tucker e pelo baterista Louis Hayes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dividindo-se entre o trabalho com Silver e a liderança de
seus próprios grupos, Jordan consolida seu nome como um dos mais confiáveis
músicos do hard bop, participando de gravações sob a liderança de Sonny Clark,
Sahib Shihab, Paul Chambers e Lee Morgan, entre outros. Sua performance no
álbum “Further Explorations by the Horace Silver Quintet” (Blue Note, 1958), é
impressionante, sobretudo por causa do contraste entre a sua sonoridade
musculosa e a abordagem mais lírica do trompetista Art Farmer, que também
participa da sessão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Algum tempo depois, ele vai trabalhar com o trombonista J.
J. Johnson, em 1959, permanecendo naquela banda até 1961. Uma das formações
daquele grupo, aquela que incluía o trompetista Freddie Hubbard, o pianista
Cedar Walton (que nos anos vindouros se tornaria um dos mais assíduos parceiros
de Jordan), o baixista Arthur Harper e o baterista Albert “Tootie” Heath, é
considerada por Johnson “a melhor banda que já liderei. Eu sempre tive vontade
de montar um grupo com três instrumentos de sopro”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após a sua saída do sexteto de J. J., Clifford monta um
quinteto com o trompetista Kenny Dorham. Naquele período, já havia iniciado a
sua parceria com alguns selos ligados à gravadora Fantasy, como Riverside e
Jazzland. O primeiro disco desta nova fase, gravado para a Riverside, foi
“Spellbound”, de 1960, e ali o piano fica a cargo do amigo Cedar Walton. Como
curiosidade, o disco foi produzido por Cannonball Adderley, que na época era
diretor artístico da gravadora e havia produzido álbuns de figuras importantes
como James Clay, Chuck Mangione, Budd Johnson e Dexter Gordon.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Gravado nos dias 28 de dezembro de 1961 e 10 de janeiro de
1962, o álbum “Bearcat” é um dos pontos altos na carreira fonográfica de
Jordan. Com produção de Orrin Keepnews, o disco foi lançado pela Jazzland e
conta com as participações de Cedar Walton no piano e dos pouco conhecidos
Teddy Smith (atuou com Horace Silver e Joe Henderson), no contrabaixo, e J. C.
Moses (integrante do “New York Contemporary Five”, grupo ligado ao jazz de
vanguarda, onde atuavam Archie Shepp, John Tchicai e Don Cherry), na bateria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Bearcat” (homenagem a um amigo de infância de Jordan),
faixa de abertura composta pelo líder, é um hard bop vigoroso, embora seu
andamento não seja dos mais rápidos, que flerta com o soul jazz. Na execução
algo oblíqua do saxofonista há ecos de Coltrane e Wayne Shorter. Walton tinge
de blues a sessão e seus improvisos se caracterizam pela justaposição rigorosa
dos acordes, pelo brilhantismo das modulações e pela multiplicidade de timbres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Jordan assina cinco das sete faixas. A que vem em seguida
é “Dear Old Chicago”, emocionante homenagem à cidade natal, com andamento de
valsa e elementos harmônicos típicos do hard bop. Com atuações destacadas de
Walton, Moses e Smith na seção rítmica, todos seguros e confiantes, o espaço
para os solos fica praticamente todo reservado ao líder. Apesar da influência
primordial de Lester Young, a sonoridade de Clifford é mais próxima à de
saxofonistas como Sonny Rollins. Seu timbre é áspero, por vezes rascante, e seu
sopro é sempre volumoso e febril.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O único standard do disco é a fabulosa “How Deep Is the
Ocean?”, de Irving Berlin. A principal característica desta versão é a leveza,
presente sobretudo na abordagem relaxada de Jordan. Com um arranjo em tempo
médio e uma graciosa condução melódica a cargo de Walton, também responsável
por um dos solos mais encantadores do disco, a canção flui de maneira
espontânea, distante da atmosfera solene e até mesmo sisuda de outras interpretações.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A rápida “The Middle of the Block” é um tema fogoso,
agitado, eletrizante, indomável. O legado harmônico do bebop se faz sentir em
sua inteireza, não apenas por conta do dedilhado nervoso e inquieto de Walton,
mas, principalmente, por causa das endiabradas intervenções do líder. Seu
ataque é vigoroso, seu discurso é inflamado, seu fraseado é impecável e sua
dinâmica é notável. O quarteto é de uma coesão e de um entrosamento raros e o
trabalho de Moses é de grande impacto rítmico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“You Better Leave It Alone” é um blues progressivo e
inebriante, com uma percussão meio quebrada, que às vezes parece fora do tempo,
mas que só acrescenta personalidade ao tema. Walton injeta a furiosa energia do
R&B ao tema e seus diálogos com Moses são empolgantes. Jordan transita
entre a ortodoxia ancestral do blues e a efervescência do soul e do R&B com
ousadia e veemência. Smith tem amplo espaço para mostrar seus dotes de solista,
improvisando com volúpia e uma técnica exemplar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A balada em tempo médio “Malice Towards None” é uma
composição do trombonista Tom McIntosh. Mais uma vez, Moses adota uma abordagem
rítmica transversa, pouco usual e fortemente influenciada pelas estruturas
dissonantes do jazz de vanguarda. O contraste da percussão de Moses com o piano
acadêmico de Walton e com a placidez da marcação de Smith é um dos pontos altos
desta faixa, que conta ainda com uma exibição esplendorosa do líder. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Última faixa do álbum, “Out-House” é um soul jazz volátil,
que poderia perfeitamente fazer parte do repertório de um Cannonball Adderley. O
quarteto devende com entusiasmo o tema, construído à base de riffs infecciosos
e dotado de um groove capaz de chacoalhar até mesmo uma estátua. Fazendo a
síntese entre o lirismo de Lester Young e a impetuosidade de Coleman Hawkins,
Jordan traz uma sonoridade ora adstringente, ora aveludada, fazendo transições
entre graves e agudos com a autoridade de quem domina completamente o seu
ofício.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1963 Clifford volta a atuar com Max Roach e realiza
alguns trabalhos ao lado de Eric Dolphy, Clark Terry, Andrew Hill e do altoísta
Sonny Redd. No ano seguinte, Jordan e Dolphy voltariam a se encontrar, desta
feita no sexteto de Charles Mingus, que incluía, ainda, o trompetista Johnny
Coles, o pianista Jaki Byard e o baterista Dannie Richmond. Com esse grupo,
Mingus faz uma de suas mais importantes e aplaudidas excursões pela Europa, que
resultou em álbuns como “Mingus in Europe”, “Live in Oslo” e “Live in
Stockholm, 1964”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1965, Clifford assina com a Atlantic e em seu primeiro
trabalho pela nova gravadora, faz uma homenagem ao lendário bluesman Leadbelly,
no álbum “These Are My Roots”. Ainda naquela década, Jordan fez parte das
orquestras do cantor de R&B Lloyd Price e do soulman James Brown. Em 1967,
o saxofonista excursionou pela África e pelo Oriente Médio, juntamente com o
pianista Randy Weston, em uma turnê patrocinada pelo Departamento de Estado
Norte-americano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, Jordan criou o seu próprio selo, a
Frontier Records, por onde gravariam nomes consagrados do jazz, como Wilbur Ware,
Pharoah Sanders, Cecil Payne e Ed Blackwell, entre outros. Extremamente
politizado e engajado nas causas dos negros norte-americanos, Clifford sempre
procurou usar a música como meio de promover a inclusão social. No final dos
anos 60, foi marcante a sua ligação com entidades de apoio a jovens carentes de
Nova Iorque, como o Henry Street Settlement, a Bed-Stuy Youth in Action e o Pratt
Institute, onde deu aulas e ministrou diversas oficinas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1968, o saxofonista exerceu o cargo de diretor musical
do grupo de dança Dancemobile Performing Act, fundado no ano anterior pelo
coreógrafo colombiano Elco Pomare. Em 1969, Jordan decidiu se fixar na Europa,
por conta da escassez de trabalho que afligia os músicos de jazz em seu próprio
país. Ele fixou residência na Bélgica, com a mulher e a filha, e participou
intensamente do circuito europeu de festivais de jazz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No velho continente, chegou a tocar com o trompetista Don
Cherry e com o saxofonista Pheroah Sanders, conhecidos por suas ligações com o
free jazz. De volta aos Estados Unidos em 1971, Jordan realizou várias
apresentações ao lado do trio do pianista Cedar Walton, complementado pelo
baterista Billy Higgins e pelo baixista Sam Jones, formação de tamanha
excelência que era chamada de “Magic Triangle” pela crítica especializada da
época. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Clifford também enveredou pelas artes cênicas,
interpretando o papel do ídolo Lester Young no espetáculo musical “Lady Day: A
Musical Tragedy”, baseado na vida da diva Billie Holiday e encenado na Brooklyn
Academy of Music, em 1972. O roteiro e os diálogos foram escritos por Aishah
Rahman e o score musical ficou a cargo de Archie Shepp, Stanley Cowell e Cal
Massey. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A convivência com Shepp despertou novamente em Jordan o
interesse pelo jazz de vanguarda e no ano seguinte ele lançou, pelo selo
italiano Strata East, o elogiado “Glass Bead Games”, tendo como acompanhantes o
pianista Stanley Cowell e os velhos parceiros Billy Higgins e Sam Jones. Como
bem elucida o catedrático John Lester, “apesar das arriscadas aventuras
musicais que experimentou com músicos do free jazz, como Don Cherry, Clifford
nunca esqueceria suas sólidas origens no blues e no bebop, daí seu discurso
musical ter permanecido sempre acessível e sedutor”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os anos 80
flagraram Jordan trabalhando intensamente, acompanhando nomes como Dizzy
Gillespie, Kenny Clarke, Art Farmer, Philly Joe Jones, Wilbur Ware, Freddie
Redd, Carol Sloane, John Hicks, Richard Davis, David “Fathead” Newman, Dizzy
Reece, Tommy Flanagan, Jimmy Heath, Slide Hampton, Barry Harris, Mal Waldron e
Junior Cook, ao lado de quem gravaria o inspirado “Two Tenor Winner” (Criss
Cross Jazz, 1984). <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Integrou o quarteto “Eastern Rebellion”, ao lado do seu
fundador e velho parceiro Cedar Walton, e fez inúmeras excursões pela Austrália,
Japão e Europa, tocando em países como Dinamarca, Noruega, Áustria, Itália, Finlândia,
França e Suécia. No Velho Continente, apresentou-se ao lado de diversas
orquestras, como a Hamburg Radio Big Band, da Alemanha, a Metropole Orchestra, da
Holanda, e a UOMO New Music Jazz Band, da Finlândia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sempre a postos para defender as causas mais nobres, foi
um dos mais ativos membros da Jazz Foundation of América, entidade que se
notabilizou por prestar auxílio médico, ambulatorial e financeiro a músicos de
jazz em dificuldades. Também foi uma das atrações do concerto comemorativo da
independência do Senegal, em 1980, ao lado de Dizzy Gillespie e Kenny Clarke. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Quatro anos depois, recebeu o “BMI Jazz Pioneer Award”,
concedido pela poderosa BMI, sociedade que congrega compositores, produtores e
editores musicais dos Estados Unidos. Em 1990, aceitou um novo desafio: liderar
a orquestra do clube Condon’s, em Manhattan, atração fixa das segundas-feiras e
criada nos moldes da Thad Jones-Mel Lewis Orchestra, que durante anos animou as
noites do Village Vanguard naquele mesmo dia da semana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Clifford morreu nas dependências do Beth Israel Medical
Center, em Manhattan, Nova Iorque, no dia 27 de março de 1993, em conseqüência
de um câncer de pulmão. Sua contribuição para o jazz pode não ser tão
significativa quanto a de outros tenoristas, como Dexter Gordon, Sonny Rollins
ou John Coltrane, mas ele deixou um legado de integridade e dedicação às causas
da música, da cidadania e da inclusão social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não por acaso, sobre ele escreveu o crítico Robert Levin:
“Clifford Jordan toca com uma concepção imaginativa e vital. Ele é um músico consistente
e sua obra é das mais significativas. Ele está, sem dúvida alguma, entre os
saxofonistas tenores mais importantes do jazz moderno”. Boa parte dos seus
quase 40 álbuns como líder, distribuídos por selos como Vortex, Muse,
SteepleChase, Criss Cross, Bee Hive, DIW e Mapleshade ainda se encontram em
catálogo e merecem uma conferida<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">=======================</span><span style="font-family: Georgia; font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNTcyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNTcyLTliYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzYxNDEzODU7fQ==&autoplay=default"
name="movie">
</param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNTcyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNTcyLTliYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzYxNDEzODU7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNTQxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNTQxLTA5MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzYxNDE0MDY7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param name="allowFullScreen"
value="true">
</param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNTQxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNTQxLTA5MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzYxNDE0MDY7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-4170642233427974182012-06-18T07:43:00.002-03:002012-06-18T07:43:40.008-03:00LÁ VEM SEU CHINA NA PONTA DO PÉ!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-2G7eopHFyr4/T98GCt_tm8I/AAAAAAAAAzs/bn711taWpJE/s1600/Buck+Clayton+&+Buddy+Tate+-+Buck+&+Buddy.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-2G7eopHFyr4/T98GCt_tm8I/AAAAAAAAAzs/bn711taWpJE/s320/Buck+Clayton+&+Buddy+Tate+-+Buck+&+Buddy.jpg" width="318" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Existem
vários “elos perdidos” entre a herança legada por Louis Armstrong e a revolução
harmônico-melódica encarnada por Dizzy Gillespie. Certamente, o mais célebre
deles é o pequeno grande Roy Eldridge, o “Little Jazz”. Mas também há outros
candidatos a esse título, como Hot Lips Page e Jonah Jones. Outro trompetista
muito bem cotado nessa corrida é o genial Buck Clayton, a quem os críticos
britânicos Richard
Cook e Brian Morton, autores do “The Penguin Guide For Jazz Recording”,
qualificam de “uma síntese da história do trompete e dono de um tom brilhante,
com uma facilidade aparentemente ilimitada para a improvisação melódica”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Wilbur
Dorsey Clayton nasceu na cidade de Parsons, no Kansas, no dia 12 de novembro de
1911. Seu pai, Simeon Oliver Clayton, tocava trompete semiprofissionalmente e
foi com ele que o pequeno Buck recebeu as primeiras lições ao instrumento,
quando tinha apenas seis anos. Além de músico, Simeon era editor de um jornal
voltado para a comunidade negra, chamado “The Blade”, e pastor de uma igreja
batista. Sua esposa era professora e tocava órgão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Foi
acompanhando a mãe nas liturgias que o garoto mergulhou nas águas da música
negra americana, como o blues, o gospel e os spirituals. Na adolescência, o jovem
aprofundaria os estudos com Bob Russell, integrante da orquestra de George E.
Lee. Como todo jovem trompetista da época, o espelho pelo qual Clayton se
mirava era Louis Armstrong e o dixieland foi a base dos seus primeiros contatos
com o jazz. Mais tarde, agregou o talentoso Cootie Williams, um dos pilares da
orquestra de Duke Ellington, ao seu rol de influências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após
concluir o ensino médio, em 1929, Buck se profissionalizou e passou a tocar em
várias orquestras de baile do seu estado natal. Todavia, insatisfeito com os
rumos da carreira, em 1932 ele decidiu tentar a sorte em Los Angeles. Seu primeiro
emprego foi na banda de Earl Dancer, um produtor de espetáculos musicais que
também era comediante e cantor, mas Clayton também chegou a fazer parte, por um
breve período, da orquestra de Duke Ellington. Na Califórnia, ele aproveitou
para aperfeiçoar-se nos estudos musicais, sob a tutela de Mutt Carey. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Quando
a primeira versão de King Kong foi feita, em 1933, os agentes do estúdio RKO,
que produziu o filme, fizeram um grande recrutamento entre os músicos negros
que atuavam na região da Central Avenue, a fim de que atuassem como figurantes,
no papel de nativos da ilha onde o gorila gigante habitava. Clayton tentou a
sorte em um desses testes, mas foi rejeitado, porque tinha olhos verdes e sua
pele, segundo os agentes, não era suficientemente escura. O trompetista, em sua
autobiografia (escrita em 1986, em parceria com Nancy Miller Elliott),
comentaria o episódio com uma ironia certeira: “Eu era claro demais para ser
negro e negro demais para ser branco”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em
1934, ele foi contratado para montar uma orquestra de jazz em Xangai, na China.
A viagem e a própria vida no Oriente eram uma aventura grandiosa, mas Clayton
não fugiu ao desafio. Conseguiu arregimentar alguns músicos norte-americanos e
com eles partiu para a China. Com o nome de “Harlem Gentlemen”, a orquestra fez
um enorme sucesso no Canidrome Ballroom, em Xangai, que na época era uma
possessão francesa. Os motivos pelos quais Clayton optou por uma mudança de
vida tão radical permanecem particularmente obscuros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Alguns
historiadores afirmam que Buck aceitou essa proposta de trabalho por causa das
vantagens financeiras prometidas pelos produtores a ele e ao pianista Teddy
Weatherford, seu companheiro na empreitada. Outros defendem a tese de que o
verdadeiro motivo foi uma agressão sofrida pelo trompetista, por parte de alguns
soldados brancos que o teriam espancado covardemente. Farto da opressão e do
racismo, Clayton teria visto na oferta de trabalho uma excelente oportunidade
para deixar os Estados Unidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
certo é que durante os cerca de dois anos em que permaneceu no território
chinês, com direito a temporadas em cidades como Hong Kong e Taiwan, Buck
ajudou a popularizar o jazz naquele país e sua parceria com o compositor Li
Jinhui, um dos músicos chineses mais respeitados daquela época, é considerada
um marco na história da música popular chinesa. Clayton encontrou no Oriente o
respeito e o tratamento digno que lhe eram negados em seu próprio país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Consta
que um dos mais assíduos freqüentadores do Canidrome Ballroom era o general Chiang
Kai-shek, ex-presidente da República da China e futuro presidente da China
Nacionalista, instaurada na ilha de Formosa após a chegada ao poder dos
comunistas liderados por Mao-Tse Tung, em 1949. Embora tivesse uma carreira
sólida no Oriente, o trompetista foi obrigado a regressar aos Estados Unidos,
em 1936, por conta da iminência de uma guerra entre China e Japão (que seria
deflagrada em 1937, após a invasão japonesa à região da Manchúria). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">De
volta a Los Angeles, ainda em 1936, o trompetista atuou em algumas orquestras
de clubes locais, como o Sebastian’s Cotton Club e o Club Araby. No início do
ano seguinte, recebeu uma oferta de trabalho do bandleader Willie Bryant, mas
teria que se mudar para Nova Iorque. Durante a viagem, Clayton passou por Kansas
City e, naquela cidade, ele foi convidado por Count Basie para se juntar à sua
orquestra, atração fixa do Reno Club. Buck não pensou duas vezes e desistiu da
proposta anterior, ocupando, dessa forma, o lugar de Hot Lips Page, que havia
deixado o emprego poucas semanas antes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
máquina de swing de Basie ganhava uma de suas vozes mais poderosas e de maior
personalidade. E, além de excepcional instrumentista, Buck também era um
compositor inspirado e um notável arranjador. No final de 1937, o próprio Basie
acabou por se mudar para Nova Iorque com sua orquestra, graças ao sucesso que
seus discos faziam pelo país – e a contribuição do trompetista para esse salto
de popularidade é inegável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Clayton
teve, então, a oportunidade de tocar com algumas das mais legendárias figuras do
universo jazzístico da época, como Billie Holiday (que costumava dizer que Clayton
era “o homem mais bonito que já caminhou pela face da Terra”), Billy Eckstine,
Eddie Durham, Benny Goodman, Teddy Wilson e Lester Young, seu companheiro nas
hostes da orquestra de Count Basie. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
união com Basie perduraria até 1943, quando Clayton foi convocado para servir às
forças armadas. Embora os Estados Unidos estivessem mergulhados na II Guerra
Mundial, o trompetista não foi enviado para as frentes de batalha, sendo designado
para uma base próxima a Nova Iorque, Camp Kilmer, o que lhe possibilitava, nos
dias de folga, ir tocar na orquestra de outro grande bandleader da época, Sy
Oliver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Retornando
à vida civil em 1946, Clayton montou um pequeno grupo, com o qual se
apresentava regularmente no Café Society, e fez parte da banda do cantor Jimmy
Rushing, atração fixa do Savoy Ballroom. Além disso, ele complementava o
orçamento escrevendo arranjos para pequenos grupos, como o do guitarrista Howard
Alden, e para orquestras, como as de Benny Goodman, Harry James e do ex-patrão Count
Basie. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
partir daquele ano, Clayton se tornaria uma das figuras de maior destaque do
projeto Jazz at the Philharmonic, excursionando pelos Estados Unidos ao lado de
gênios como Lester Young, Roy Eldridge, Coleman Hawkins, Oscar Peterson, Buddy
Rich, Illinois Jacquet, Red Callender, Barney Kessel, Dizzy Gillespie e Charlie
Parker, sob o comando do produtor Norman Granz. São desse período as suas
primeiras gravações como líder, para o selo H. R. S. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em
1949, Clayton decide se estabelecer na Europa e fixa residência em Paris. Na
capital francesa, monta um grupo com o clarinetista Mezz Mezzrow e o pianista Earl
Hines, cujas gravações para o selo Vogue são consideradas clássicas. Foi a
partir delas que o crítico inglês Stanley Dance criou a expressão “mainstream
jazz”, a fim de definir aquela música que incorporava elementos do bebop e do
swing e que era, ao mesmo tempo, relevante do ponto de vista artístico e bem
sucedida do ponto de vista comercial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
tratamento dispensado pelo público europeu aos músicos de jazz deixou o
trompetista encantado. Em uma entrevista, ele chegou a declarar: “Eles te
tratam como um verdadeiro artista. Eles sabem tudo sobre você. Onde e quando
você nasceu, quando foram feitas as suas primeiras gravações, em que bandas
você atuou. Se duvidar, os fãs europeus sabem mais sobre a sua vida do que você
mesmo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Por
conta da receptividade, Clayton faria várias excursões pela Europa durante os
anos 50, quase sempre ao lado de Mezzrow. Em 1953, por exemplo, a dupla passou
pela Itália e ali teve a honra de dividir os palcos com ninguém menos que Frank
Sinatra. Em dezembro daquele ano, Buck iniciou uma série de álbuns para a
Columbia, com produção de George Avakian e John Hammond, curiosamente o homem
que, na década de 30, ajudou a orquestra de Count Basie a se tornar conhecida
nacionalmente. A associação perduraria até 1956 e essas gravações são
consideradas verdadeiras obras-primas pela crítica especializada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durante
suas temporadas européias, Clayton costumava gravar com sessões rítmicas
locais. Dentre essas gravações, destacam-se os discos para a Gitanes, de 1953
(ali, ele se fez acompanhar pelos franceses Michel de Villiers no sax tenor, Andre
Persiany no piano, Jean-Pierre Sasson na guitarra e Gerard Pochonet na bateria)
e de 1966, onde ele dividiu os créditos com o saxofonista Hal Singer e o cantor
Joe Turner (a sessão rítmica é formada por Bernard de Bosson, no piano, Mickey
Baker na guitarra, Roland Lobligeois no contrabaixo e Wallace Bishop na
bateria). Esses álbuns foram lançados em cd em 2007 e fazem parte da série Jazz
in Paris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Clayton
costumava se cercar de alguns dos maiores nomes do jazz em seus discos, como Charlie
Parker, Dexter Gordon, Kai Winding, J. J. Johnson, Joe Bushkin, Ruby Braff, Nat
Pierce, Coleman Hawkins, Trummy Young, Dickie Wells, Jo Jones, Mel Powell, Milt
Hinton e Sir Charles Thompson. Em 1955, Clayton fez uma ponta no filme “The
Benny Goodman Story” e, coincidentemente, dois anos depois, em 1957 depois
seria membro da banda do clarinetista, que era atração fixa do elegante clube
do Hotel Waldorf-Astoria, em Nova Iorque. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Buck
foi o responsável por uma das mais notáveis apresentações da edição de 1956 do Newport
Jazz Festival, à frente de uma banda co-liderada por ninguém menos que Coleman
Hawkins e J.J. Johnson. Em 1958, o trompetista foi uma das atrações da Feira
Mundial, realizada em Bruxelas, na Bélgica, onde atuou ao lado do veterano
Sidney Bechet. A década de 60 marca a parceria de Clayton com outros veteranos,
como o clarinetista Pee Wee Russell e o guitarrista Eddie Condon. Com o
primeiro, realizou diversas gravações e com o segundo excursionou pelo Japão,
Austrália e Nova Zelândia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Outra
parceria importante foi com o saxofonista Buddy Tate, outro egresso da big band
de Count Basie, ao lado de quem gravou dois álbuns para o selo Swingville (uma
subsidiária da Prestige Records). O primeiro deles, “Buck & Buddy”, foi
gravado no dia 20 de dezembro de 1960, com produção de Esmond Edwards e
engenharia de Rudy Van Gelder. No acompanhamento, os ótimos Sir Charles
Thompson (piano), Gene Ramey (contrabaixo) e Mousey Alexander (bateria).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para
abrir os trabalhos, o quinteto interpreta a inflamada “High Life”, composição
de Clayton que tem um pé no swing e outro no bebop. O piano febril de Thompson
faz uma soberba incursão pelo blues e pelo boogie woogie, resgatando a antiga
técnica stride, tão característica da década de 20. Trompete e saxofone
engendram diálogos eletrizantes, calcados em improvisos furiosos e em passagens
tecnicamente perfeitas. A percussão alucinada de Alexander e a condução precisa
de Ramey asseguram um suporte rítmico à altura da eloqüência harmônica de
Vlayton e Tate.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A
balada “When a Woman Loves a Man”, de autoria de Bernie Hanighen, Gordon
Jenkins e Johnny Mercer, tem uma atmosfera que remete aos anos 30, realçada
pelo sopro nostálgico do líder, que impõe uma sonoridade prenhe do mais puro
romantismo. O uso bem dosado da surdina chama a atenção para a sua
versatilidade e para a sua capacidade de explorar tanto os registros graves
quanto os agudos com igual perícia. Destaque para a abordagem comedida de
Alexander e para as sutilezas melódicas criadas por um inspirado Thompson. É a
única faixa de que Tate não participa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em
seguida, é a vez de “Thou Swell”, criação da dupla Richard Rodgers e Lorenz
Hart. O arranjo é sincopado e gracioso, resultando em uma execução leve,
ensolarada, na qual os músicos parecem tão à vontade quanto em uma animada jam
session. A abordagem de Clayton possui uma ferocidade inata, uma espécie de
vitalidade interior que inflama e entusiasma seus companheiros, como se os
conclamasse para uma batalha. Por sua vez, a levada de Thompson é despretensiosa,
sem floreios ou excessos. Imerso na tradição bop, o solo de Tate é de um
lirismo melodioso e, ao mesmo tempo, repleto de nuances harmônicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Executada
em um inebriante tempo médio, “Can’t We Be Friends?”, a composição mais
conhecida de Kay Swift e Paul James, recebeu um arranjo despojado. A luminosa
introdução fica a cargo de Clayton, que aqui volta a fazer uso da surdina, e
Ramey. Aos poucos, se juntam à dupla os demais instrumentistas, merecendo
atenção as luxuosas intervenções de Thompson. Os solos de Tate são construídos
com delicadeza e sua sonoridade, encorpada e vibrante, guarda alguma semelhança
com outros ilustres predecessores, em especial Ben Webster e Coleman Hawkins. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
blues “Birdland Betty” é o segundo tema composto por Clayton. Trata-se de um
formidável petardo sonoro, com direito a sopros em uníssono, contrabaixo
transitando sempre pelas regiões mais graves e um primoroso uso do stride piano
por parte de Thompson. Clayton extrai de seu instrumento sons límpidos, sem
arestas, mas dotados de uma lógica bastante complexa, enquanto Tate elabora uma
abordagem rascante, gutural, repleta de efeitos e com um acento algo primitivo.
É como se, ao dialogar, os dois velhos amigos traçassem uma analogia entre a
tradição e a modernidade, dicotomia que desde sempre impeliu o jazz a
ultrapassar as suas fronteiras histórico-cronológicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Kansas
City Nights” é uma homenagem de Buck aos momentos heróicos vividos ao lado de
Count Basie. Também é um blues, mas um pouco mais acelerado que o anterior, com
Thompson se esmerando nos agudos e pagando tributo aos mestres do blues daquela
cidade, em especial ao próprio Basie e ao grande Jay McShann. A polirritmia de
Alexander é infecciosa e Tate se mostra um habilíssimo blueseiro, capaz de
imprimir um indiscutível conteúdo emocional em suas frases. A pegada robusta de
Ramey e a destreza do líder para se manter sempre no registro médio do trompete
são detalhes que chamam a atenção do ouvinte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Uma
curiosidade sobre a sessão é relatada nas notas, escritas pelo crítico Joe
Goldberg: “As músicas foram gravadas em meio à pior tempestade de neve que Nova
Iorque já tinha visto nos últimos vinte anos. O baterista Mousey Alexander, por
exemplo, teve uma enorme dificuldade para chegar até o estúdio. Por conta dos
percalços, Buck não estava muito animado com o que poderia resultar de uma
gravação naquelas circunstâncias. Mas foi só os músicos começarem a tocar seus
respectivos instrumentos que o líder da sessão esqueceu os problemas. Num instante,
ele estava sorrindo e batendo os pés, reações que, certamente, vão ser as
mesmas de todos aqueles que ouvirem este disco”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os
anos 60 ainda reservariam muitas aventuras musicais a Clayton, como as
gravações com o lendário trompetista britânico Humphrey Lyttelton (“Buck
Clayton with Humphrey Lyttelton and His Band”, PID, 1964). Por causa de
problemas com o sindicato dos músicos da Inglaterra, as gravações tiveram que
ser realizadas na Suíça. Outro momento interessante na carreira de Clayton é o
álbum “Buck Clayton Meets Joe Turner” (Black Lion, 1966), onde ele divide a
liderança com o cantor Joe Turner. As gravações foram feitas em Zagreb, na
antiga Iugoslávia, tendo como acompanhantes músicos locais, com destaque para o
vibrafonista Bosko Petrovic.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em
1969, Clayton se apresentou no New Orleans Jazz Festival e, em seguida, foi
obrigado a se submeter a uma cirurgia nos lábios, que o deixou afastado dos
palcos e estúdios até 1972. Como conseqüência direta desse afastamento, Clayton
passou a se dedicar, integralmente, aos arranjos, além de iniciar uma prolífica
carreira como educador musical, no Hunter College, em Nova Iorque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span lang="EN-US">A <st1:place w:st="on">volta</st1:place>
às gravações se deu em grande estilo, com o álbum “A Buck Clayton Jam Session:
1975”, para o selo Chiaroscuro. </span>Liderando
uma big band composta por feras como o
trompetista Joe Newman, o trombonista Vic Dickenson, os saxofonistas Buddy
Tate, Buddy Johnson, Sal Nistico e Lee Konitz, Clayton está extremamente à
vontade e o disco é considerado um dos pontos altos de sua carreira
fonográfica. Além disso, conta com uma sessão rítmica de sonhos: Tommy Flanagan
no piano, Milt Hinton no contrabaixo e Mel Lewis na bateria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
trompetista fez uma longa excursão pelo continente africano, em 1977, a convite
do Departamento de Estado norte-americano. Dois anos depois, Clayton seria,
novamente, obrigado a abandonar o trompete, por conta de seus problemas com a
embocadura, voltando a se concentrar na composição e nos arranjos. Escreveu uma
autobiografia, intitulada “Buck Clayton’s Jazz World”, juntamente com Nancy
Miller Elliott, em 1986. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda
naquele ano, montou uma orquestra, que passou a se apresentar com habitualidade
nas dependências do Brooklyn Museum, cujo repertório era, essencialmente,
calcado em suas próprias composições. Clayton, obviamente, também ficou
responsável pelos arranjos e pela regência da big band, formada por músicos de
alto gabarito, como o saxofonista Joe Temperley, o trombonista Dan Barrett, o
guitarrista Howard Alden e o baterista Dennis Mackrell. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No
dia 08 de dezembro de 1991, Clayton faleceu, em Nova Iorque, em decorrência de
uma parada cardíaca. Tinha 80 anos e deixou um legado de mais de 100 composições
e inúmeros arranjos, escritos para os mais variados formatos. Calou-se, para sempre, a voz que o crítico britânico
Raymond Horricks afirmou, em certa ocasião, que “era capaz de construir frases que
pareciam cantar juntamente com a melodia”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">=================================<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4MzcwMjIwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4MzcwMjIwLWQ4YyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzk3MDIyNTc7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4MzcwMjIwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4MzcwMjIwLWQ4YyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzk3MDIyNTc7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4MzcwMTkxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4MzcwMTkxLTAyMSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzk3MDIyNzk7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE4MzcwMTkxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE4MzcwMTkxLTAyMSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzk3MDIyNzk7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-18727890765630887142012-06-14T16:51:00.001-03:002012-07-07T10:14:39.688-03:00...MENOS A LUÍZA E O RENÉ THOMAS, QUE ESTÃO NO CANADÁ!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-cbK2nmOk3W8/T9pAndfwSsI/AAAAAAAAAzg/6MKSXwCK8I8/s1600/Ren%C3%A9+Thomas+Guitar+Groove.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="316" src="http://2.bp.blogspot.com/-cbK2nmOk3W8/T9pAndfwSsI/AAAAAAAAAzg/6MKSXwCK8I8/s320/Ren%C3%A9+Thomas+Guitar+Groove.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os óculos de aros grossos davam a René Thomas um aspecto
grave e austero. Quem o via pela primeira vez podia imaginá-lo como um rigoroso
professor de física ou um compenetrado gerente de banco. Nada mais falso, pois
além de ser uma figura bem-humorada e até irreverente, Thomas era “um poeta da
guitarra, cujo temperamento, por vezes, chegava a ser deliciosamente errático”,
como bem definiu o crítico francês Alain Tercinet.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Esse guitarrista belga nasceu em Liége, no dia 25 de
fevereiro de 1926 (embora exista alguma controvérsia acerca do ano, havendo
alguns historiadores que afirmam que ele nasceu em 1927). De qualquer forma,
1926 foi um ano maravilhoso para o jazz, pois foi quando vieram ao mundo expoentes
como John Coltrane, Bud Shank, Miles Davis e outro grande nome do jazz belga, o
saxofonista Bobby Jaspar, que futuramente seria um grande amigo de Thomas e seu
parceiro em incontáveis aventuras musicais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Suas primeiras lições de guitarra foram recebidas quando
ele tinha dez anos, pelas mãos de um amigo italiano de sua irmã mais velha,
Juliette. Em pouco tempo, influenciado por Django Reinhardt, descobre o jazz e
apaixona-se perdidamente pelo estilo. Com apenas treze anos René já acompanhava
a cantora Maria Drom e o saxofonista Raoul Faisant. Em 1943 ele entra em um
estúdio pela primeira vez, em Bruxelas, quando integrava a orquestra do
acordeonista belga Hubert Simplisse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com a chegada das tropas norte-americanas à Europa,
durante a II Guerra Mundial, houve uma intensa troca de informações musicais e
a juventude de países como França, Inglaterra e Bélgica mergulhou de cabeça no
jazz. Sempre que possível, esses jovens fãs ouviam os famosos V-discs, com
gravações feitas por alguns dos maiores jazzistas da época e que eram
distribuídos no front europeu, a fim de entreter os soldados nos intervalos
entre os combates.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Quando ainda era um adolescente, Thomas teve a
oportunidade de tocar em uma gig com o ídolo Reinhardt. O veterano guitarrista
ficou tão impressionado com o talento do rapaz que lhe deu de presente uma foto
autografada, com a seguinte dedicatória: “Para o futuro Django”. Ao mesmo
tempo, o guitarrista ia apurando a sua técnica em jams com outros jovens
músicos belgas como os saxofonistas Bobby Jaspar e Jacques Pelzer (os três
formariam o primeiro grupo belga inteiramente voltado para o idioma do bebop,
os “Bop Shots”), o baixista Benoît Quersin, o vibrafonista Sadi Lallemand e o
pianista Francy Boland (que nasceu na Suíça, mas se mudou para a Bélgica com a
família logo após a II Guerra Mundial). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1950, René, Jaspar e Pelzer descobrem o cool jazz,
identificando-se, imediatamente, com as intrincadas harmonias criadas por
Lennie Tristano e seus seguidores, como os saxofonistas Lee Konitz e Warne Marsh
e o guitarrista Billy Bauer. Em 1952, com a morte do pai, René passa a
trabalhar na empresa da família, uma pequena fábrica de sacos de aniagem, mas
as perspectivas de uma vida burocrática o deixam bastante desconfortável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O espírito aventureiro e o amor pelo jazz impelem Thomas a
se mudar, no ano seguinte, para Paris, então considerada a capital européia do
jazz. Ali, o guitarrista iria se sentir em casa, pois muitos dos seus amigos
belgas, como Bobby Jaspar e Benoît Quersin, também estavam residindo na capital
francesa e ele não demorou a se adaptar ao movimentado cenário jazzístico
local, tornando-se um dos mais assíduos freqüentadores das jams que rolavam nos
clubes do bairro boêmio de St. Germain-des-Pres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">René tocou com músicos franceses, como os pianistas
Martial Solal, Henri Renaud e René Urtreger, os saxofonistas Guy Laffite, Serge
Monville e André Ross, os baixistas Jean Marie Ingrand e Pierre Michelot, os
bateristas Daniel Humair, Jean-Louis Viale e Pierre Lemarchand e o guitarrista
Sacha Distel. Também teve a oportunidade de acompanhar vários músicos
norte-americanos estabelecidos ou em visita à França, como Kenny Clarke, Chet
Baker e o também guitarrista Jimmy Gourley, que o apresentou ao trabalho de
Jimmy Raney. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O impacto das gravações de Raney, especialmente aquelas
feitas com Stan Getz, foi fundamental para que Thomas depurasse seu estilo e
adotasse uma nova abordagem. Seu fraseado passou a ser ainda mais fluido e
límpido, deixando um pouco de lado a influência de Django em sua forma de
tocar. Em abril de 1954 René grava o seu primeiro álbum como líder, para a
Barclay. Para a mesma companhia, gravaria o seu segundo LP, em março de 1956.
Quase 50 anos depois, os dois discos seriam relançados na série “Jazz in
Paris”, da Gitanes, reunidos em um único CD, “The Real Cat”, com uma impecável
qualidade sonora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Embora esses discos tenham despertado a atenção da
crítica, nenhum dos dois obteve vendagens expressivas, o que deixou Thomas
bastante frustrado. Além disso, seu grande amigo Bobby Jaspar havia se mudado
para os Estados Unidos e se fixado em Nova Iorque, fato que o encorajou a
tentar a vida na América do Norte. Seu destino seria, primeiramente, o Canadá,
onde sua irmã estava morando há algum tempo. Em abril de 1956 ele tomou um
navio rumo a Montreal, mas quando a embarcação parou em Nova Iorque, para fazer
alguns reparos técnicos, Thomas decidiu permanecer na Meca do Jazz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O belga causou sensação nos clubes da cidade e se
apresentou ao lado de alguns dos mais importantes músicos do período, como Stan
Getz, Miles Davis, J. R. Monterose, Jim Hall, Toshiko Akiyoshi, Zoot Sims, Al
Cohn, Tal Farlow, Jackie McLean, Jimmy Raney, Cecil Payne, Al Haig e Sonny
Rollins, com quem chegou a gravar e a excursionar pelos Estados Unidos. Rollins
ficou tão impressionado com a habilidade de Thomas que declarou à época: “René
é o maior guitarrista europeu em atividade e eu creio que mesmo nos Estados
Unidos seja quase impossível encontrar alguém tão talentoso”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Somente em 1958 é que Thomas aporta no Canadá, dividindo-se
entre Montreal e Quebec. Pesou nessa decisão a possibilidade de se comunicar na
língua francesa e também a proximidade com os Estados Unidos, o que lhe
permitia se apresentar com freqüência no país vizinho. Em pouquíssimo tempo
estava realizando concertos na Sociedade de Jazz de Montreal, à frente de um
trio formado pelo baixista Neil Michaud e pelo baterista Jose Bourguignon.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">René cumpriu uma extensa agenda de shows no território
canadense, além de ter feito diversos trabalhos para o rádio e a TV. Em
dezembro daquele ano foi contratado para ser atração fixa do Little Vienna, em
Montreal, e na qualidade de anfitrião costumava receber no palco do clube uma
infinidade de músicos importantes em turnê pelo Canadá, como Jimmy Giuffre, Jim
Hall, J. R. Monterose, Jackie McLean, Duke Jordan e o compatriota Toots
Thielemans. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Geralmente trabalhando no formato de trio, Thomas teve a
seu lado alguns dos principais nomes do jazz canadense, como os baixistas Stan
Zadak, Bob Rudd e Fred McHugh e os bateristas Pierre Beluse, Billy Osborn e
Billy Barwick. Em abril de 1960, o guitarrista volta a se reunir com o amigo
Bobby Jaspar, para gravar a trilha sonora do filme “La Femme Image”, dirigido pelo
cineasta e fotógrafo belga Guy Borremans, que na época também morava no Canadá.
O filme é considerado a primeira produção canadense independente e junto com
Thomas e Jaspar estão Freddie McHugh (contrabaixo) e George Braxton (bateria).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O ano de 1960 marca, também, a gravação de “Guitar
Groove”, o primeiro – e,
infelizmente, único – disco de Thomas nos Estados Unidos. Para a ocasião, ele
se cercou de músicos extremamente talentosos, como o jovem pianista Hod
O'Brien, o contrabaixista Teddy Kotick, o saxofonista J. R. Monterose e o
baterista Albert “Tootie” Heath. O álbum foi gravado em duas sessões distintas,
realizadas nos dias 07 e 08 de setembro, para a Jazzland, com produção de Orrin
Keepnews.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A exuberante “Spontaneous Effort”, de autoria de Monterose,
abre o disco e desde a sua introdução, a cargo de um encapetado Heath, o
ouvinte percebe que está diante de um tema da melhor linhagem bop. O fraseado
elegante de Thomas pontua o tema o tempo inteiro e seus solos são dinâmicos e
envolventes, com direito a uma bem-humorada citação ao hit “El Manisero”. Monterose
é um saxofonista hábil e de grandes recursos técnicos, e O’Brien, com pouco
mais de 23 anos, já se mostra um improvisador criativo e fluente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Ruby, My Dear” talvez seja a mais pungente composição de
Thelonious Monk e o arranjo elaborado pelo quinteto é ousado, chegando a tomar
algumas liberdades harmônicas, mas que não a descaracterizam, Ao contrário, apenas
realçam a beleza e o lirismo do tema. A abordagem aveludada de Monterose,
tributária da escola de Lester Young, e o dedilhado hipnótico do líder tornam a
versão uma das mais arrebatadoras já concebidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Monterose não participa de “Like Someone in Love”,
composta por Johnny Burke e James Van-Heusen. O quarteto executa a canção com
arrojo, desenvoltura, e uma levada em tempo médio irresistível. Os solos de
Thomas não são rápidos ou explosivos, pois ele mais se assemelha um artesão de
sons. Seus improvisos são sempre melodiosos, como se as notas fossem sendo
esculpidas com parcimônia e delicadeza. Kotick e Heath possuem uma abordagem
mais inflamada e não hesitam em despejar sobre o tema quantidades astronômicas
de histamina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“MTC” é a segunda composição de Monterose incluída no
disco e também se notabiliza pelo andamento rápido, pela exuberância rítmica e
pelos improvisos desafiadores, especialmente por parte do saxofonista e do líder
da sessão, cuja sonoridade cristalina se impõe mesmo nos tempos mais acelerados.
A seção rítmica tem uma atuação incisiva e pulsante, providenciando o alicerce
sonoro ideal para os diálogos fulgurantes entre saxofone e guitarra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Miles Davis comparece com a inebriante “Milestones”, cujo
arranjo se notabiliza pelas harmonias imprevisíveis e por uma atuação
devastadora de Heath. O baterista é vibrante, energético e contagia os demais
companheiros com seu entusiasmo. O sempre afiado Thomas engendra improvisos
complexos, esteticamente impecáveis, sem jamais perder de vista a linha
melódica, enquanto Monterose mantém uma abordagem solidamente lastreada no
melhor da tradição bop. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na única balada do disco, “How Long Has This Been Going On?”,
dos irmãos Gershwin, Thomas se apresenta secundado apenas pelo baixista e pelo
baterista. A bordo do trio, sua habilidade nos temas lentos se evidencia com
enorme autoridade. Seus arpejos são delicados e suas investigações da melodia,
minuciosamente trabalhadas, são repletas de texturas e sutilezas. O lirismo da
execução se completa com a sobriedade de Kotick e Heath, que aqui utiliza as
escovas com preciosa discrição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com uma introdução levemente temperada com um sabor
oriental, “Green Street Scene” é mais um petardo da lavra de Monterose.
Novamente em formação de quinteto, Thomas expõe suas qualidades de grande
criador de harmonias, de forma bastante fiel ao estilo cool que ele tanto preza.
Descrito por seus pares como um excepcional guitarrista, seu trabalho ainda permanece
em relativa obscuridade, embora esse álbum tenha predicados para figurar, com
louvor, entre os mais encantadores da década de 60. O crítico Scott Yanow, além
de atribuir nota máxima ao disco, não poupou elogios. Para ele, o líder “está
em ótima forma, criando uma sonoridade requintada, por vezes econômica, e um
sofisticado fluxo de tons. ‘Guitar Groove’ é, sem dúvida, o mais consistente
trabalho de Thomas como líder”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em março do ano seguinte, René recebe o “Jazz At Its Best
Award”, na categoria de melhor guitarrista, em um concurso promovido pela rádio
CBC, de Montreal. Em julho ele volta pela primeira vez à Europa, e não perde
tempo. Monta o International Jazz Quintet com os antigos parceiros Bobby Jaspar
no sax tenor e na flauta, René Urtreger no piano, Benoit Quersin no contrabaixo
e Daniel Humair na bateria. O grupo excursiona pela França e Bélgica, sempre
com ótima receptividade por parte do público.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em agosto, Thomas volta a Montreal e tem a honra de abrir
o famoso festival de jazz daquela cidade, juntamente com seu trio formado pelo
baixista Freddie Mac Hugh e o baterista Pierre Beluse. Apesar da carreira
consolidada no Canadá, ele decide retornar, em definitivo, à Europa,
dividindo-se entre a França e a Bélgica. Na terra natal, organiza um novo grupo
com Jaspar, desta feita completado por Maurice Vander (piano), Michel Gaudry (contrabaixo)
e Jean-Louis Viale (bateria). Face à incompatibilidade de agendas de seus
integrantes, a banda foi desfeita no final daquele mesmo ano, após uma bem-sucedida
temporada de três meses no clube Blue Note de Bruxelas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No início de janeiro de 1962, Thomas se reúne novamente a
Jaspar, Quersin e Humair, formando o International Jazz Quartet, que com essa
formação viaja para a Itália, a fim de realizar alguns shows naquele país. Mal os quatro aterrissaram em Roma e foram logo
convidados a acompanhar o astro Chet Baker em uma gravação. Realizada no dia 05
de janeiro para a RCA, a sessão resultou no disco “Chet Is Back”, que marca o
retorno do trompetista ao circuito jazzístico, após ter passado quase um ano
preso, em decorrência do consumo e porte de entorpecentes. Contando com a
adição do pianista italiano Amedeo Tommasi, o álbum é considerado uma
verdadeira obra-prima na discografia de Baker e o sexteto atinge um grau de
entrosamento quase telepático.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O guitarrista aproveitou a ocasião para participar da
trilha sonora do filme “Una Storia Milanese”, de Eriprando Visconti (sobrinho
do renomado Luchino Visconti), composta e executada por John Lewis e gravada no
dia 17 de janeiro. O álbum foi lançado pela Atlantic com seu título em inglês,
“A Milanese Story”, e também conta com as participações de Bobby Jaspar, Buster
Smith e Giovanni Tommaso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após a temporada italiana, o International Jazz Quartet segue
para a Inglterra, onde se apresenta no célebre Ronnie Scott's Club durante duas
semanas. Em março, Thomas e Jaspar voltam à Itália, para uma excursão com Chet
Baker, em uma banda que contava com Amedeo Tommasi no piano, Franco Mondini na
bateria e Giovanni Tommaso no contrabaixo. Com essa formação, o grupo se
apresentou em cidades como Livorno e Lucca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Thomas permaneceu na Itália por algum tempo tocando em
festivais como os de Bolonha e Modena. No primeiro, como acompanhante do
pianista Kenny Drew, cujo trio contava com o baixista Giovanni Tommaso e o
baterista Larry Ritchie. No segundo, René voltou a se apresentar com Chet Baker,
tendo como companheiros de banda Bobby Jaspar (sax tenor), Jacques Pelzer (sax
alto), Amedeo Tommasi (piano), Giovanni Tommaso (baixo) e Franco Mondini (bateria).
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">De volta à França, o guitarrista marcou presença no
Antibes Jazz Festival, agora a bordo de um trio com o organista Jimmy Smith e o
baterista Donald Bailey. Em outro festival realizado no território francês, o
de Comblain, ele se apresenta com o saxofonista Jacques Pelzer, o organista Lou
Bennett e o baterista Kenny Clarke. A parceria com Bennett seria uma das mais
prolíficas e nos próximos anos os dois trabalhariam juntos em incontáveis
ocasiões, inclusive no álbum “Meeting Mr. Thomas”, gravado para a Barclay em
março de 1963 e também disponível em CD na série “Jazz in Paris”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nas notas desse disco, Bennett fala um pouco do parceiro:
“Eu adoro o seu estilo. Ele tem algo de Django, mas assimilou uma porção de
coisas novas durante a sua temporada na América. Eu gosto muito da sua
sonoridade, que parece vir de um instrumento não eletrificado. Você pode ouvir
as cordas quando ele toca. Ele realmente sabe fazer a sua guitarra cantar,
parece que está tocando com um arco e não com uma palheta. René sabe criar
nuances sonoras e é, de fato, um músico muito especial”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em julho de 1968, Thomas cumpre novamente o roteiro dos
festivais de jazz italianos. O primeiro deles foi o Palermo Pop Festival, que
teve como atrações não apenas astros do jazz, como as orquestras de Duke
Ellington e Kenny Clarke-Francy Bolland, mas também da música pop, como Aretha
Franklin e os Rolling Stones. Como curiosidade, a brasileira Elza Soares
participou daquela edição do festival. Em seguida, René se apresentou no festival
de Pescara, desta feita como convidado do pianista Georges Arvanitas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Até o final da década, Thomas trabalharia exaustivamente,
apresentando-se pela Europa como líder de seus próprios grupos ou acompanhando
gente do gabarito de Sonny Criss, Jacques Pelzer, Ingfried Hoffmann, Rein De Graaff,
Lee Konitz, Charlie Rouse, Frank Dunlop, Kenny Drew, Paul Gonsalves e Lucky
Thompson. Concertos e festivais em países como Inglaterra, França, Alemanha, Holanda,
Bélgica, Espanha e Suécia eram uma constante na vida do guitarrista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">De meados de 1969 ao final de 1970, manteve um trio de grande
sucesso em Paris, juntamente com o organista Eddy Louiss e o baterista Kenny
Clarke (logo substituído por Bernard Lubat). De passagem por Paris, Stan Getz
assistiu a uma apresentação do grupo no Appolo Club e ficou chapado com o que
viu e ouviu, não hesitando em contratá-los. Chamou seu novo grupo de “European
Band” e com essa formação gravou, em março de 1971, o álbum ao vivo “Dynasty”
(Polydor), durante uma temporada no clube Ronnie Scott’s, em Londres. A
produção ficou a cargo de George Martin, famoso por haver produzido vários
álbuns dos Beatles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda naquele ano, Getz e seus comandados se apresentam no
Mexico Jazz Festival, na Cidade do México. Após a apresentação, foram todos jantar
na casa de João Gilberto, que naquele período desfrutava de um confortável
exílio mexicano. Durante o restante do ano, Getz excursiona pela Europa, permanentemente
acompanhado por Thomas, fazendo apresentações no Reino Unido, França, Bélgica,
Portugal, Holanda e Alemanha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1972, Getz desfez a “European Band” e Thomas seguiu seu
caminho, sempre trabalhando bastante. Tocou nos festivais de Utrecht, na Holanda,
e Altena, na Alemanha, juntamente com o antigo parceiro Jacques Pelzer. Ainda acompanhado
de Pelzer, René voltou em grande estilo à cidade natal, para se apresentar na
primeira edição do Liege Jazz Festival. Durante o festival de Laren, na
Holanda, reencontrou-se com o ex-patrão Sonny Rollins e os dois tocaram juntos,
após um hiato de quase quinze anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">René ainda tentou reeditar o trio com Eddy Louiss e
Bernard Lubat, em 1973, mas após uma breve temporada na Riviera Francesa, os
três decidiram se separar. O guitarrista voltou para Paris, montando um novo
grupo, agora com o pianista Raymond Le Senechal. No ano seguinte, reuniu-se mais
uma vez ao organista Lou Bennett, tendo Al Jones na bateria. Quando os três
excursionavam pela Espanha, Thomas sofreu um infarto fulminante, no dia 03 de
janeiro de 1975, na cidade de Santander. Tinha apenas 48 anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ao saber da morte do amigo, Jacques Pelzer teria
comentado: “René era o ouvido, o fogo, técnica, a idéia, a musicalidade. Um
guitarrista excepcional, com quem tive a honra de conviver e trabalhar por
quase 30 anos. Quantas recordações maravilhosas! Adeus, René Thomas, meu eterno
amigo”. Embora não tenha obtido em vida o reconhecimento à altura do seu
talento, sua influência permanece viva, de alguma maneira, no trabalho de nomes
como Larry Coryell, Joe Diorio, John McLaughlin e Philip Catherine, todos seus
fãs assumidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Toots Thielemans não foi menos econômico nos elogios. Para
ele, René “foi um músico inesquecível. Nós tocamos juntos poucas vezes, apenas
em jam sessions. Ele era capaz de criar um som encantador, misturando técnica e
emoção. Eu jamais esquecerei uma noite, no final dos anos 50, em que ele, que
na época morava no Canadá, pegou sua Gibson, ligou em um velho amplificador e,
por mais de meia hora tocou versões arrebatadoras de “Star Eyes” e “I’ll
Remember April”. Seu toque é uma referência compulsória para qualquer guitarrista.
Obrigado por tudo, René”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mas talvez o depoimento mais comovente tenha sido de Sacha
Distel, ele próprio um excelente guitarrista de jazz. Arrasado com a notícia da
morte de Thomas, ele revelou todo o seu carinho e sua admiração em poucas
palavras: “René, meu grande amigo! Meu amigo genial! Vida, música e guitarra.
Obrigado pelo fantástico concerto que você nos deu. Você certamente está
fazendo uma grande festa no céu com Wes e Django!”<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: 19px;">==========================</span>
<br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">PS.: Infelizmente, este álbum magistral se encontra fora de catálogo. Todavia, quem estiver no Rio de Janeiro pode facilmente encontrá-lo na Reco Records, a melhor loja de cds da Cidade Maravilhosa, afetuosamente administrada pelo querido Sérgio Sônico, personagem do recente livro "Rio Bossa Nova", do Ruy Castro. Basta ir ao calçadão do Leblon, na altura do Posto 12, e encomendar o seu exemplar - e de centenas de outras raridades do jazz e da bossa nova que ele tem em seu acervo. Milan e seu triciclo mágico estão lá todo domingo, a partir das 11:00 e além de ser um profundo conhecedor do jazz e da música em geral, ele também é um tremendo boa praça. Difícil vai ser comprar só um cd!</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Georgia; font-size: 14pt;">==========================</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3Mzc4NjkzIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3Mzc4NjkzLTVmNSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQxOTA4MDY7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always">
</param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3Mzc4NjkzIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3Mzc4NjkzLTVmNSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQxOTA4MDY7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3Mzc4NjY5IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3Mzc4NjY5LWY2MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQxOTA4Mzg7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode" value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3Mzc4NjY5IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3Mzc4NjY5LWY2MyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQxOTA4Mzg7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-18163131569404804812012-06-07T09:48:00.001-03:002012-06-07T09:48:43.485-03:00JOGANDO NAS ONZE<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-rM0v5gJ7im8/T9CjEojgQTI/AAAAAAAAAzU/cGbJmEnrD4s/s1600/jimmy+giuffre+easy+way.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-rM0v5gJ7im8/T9CjEojgQTI/AAAAAAAAAzU/cGbJmEnrD4s/s1600/jimmy+giuffre+easy+way.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Antigamente, no tempo em que os bichos falavam, havia o
chamado jogador polivalente, aquele que atuava em diversas posições do campo e
cumpria um monte de funções táticas diferentes. Talvez o mais célebre desses
jogadores tenha sido Paulo Isidoro, que despontou para o mundo do futebol no
Atlético Mineiro, vice-campeão brasileiro de 1977, em um time que tinha craques
como Reinaldo, Marcelo e Toninho Cerezo. Isidoro era, em sua origem, um
habilidoso ponta-de-lança, mas também atuava como meia armador, ponta direita
e, mais raramente, até como cabeça-de-área. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Espécie de xodó de Telê Santana, que o descobriu ainda nas
categorias de base do Atlético Mineiro, Isidoro foi um dos integrantes da
seleção que encantou o mundo na Copa do Mundo de 1982. Fez poucos jogos, porque
disputava posição com craques como Zico, Sócrates e Éder, todos no auge da
forma física e técnica. Em sua vitoriosa carreira, passou por times como Santos,
onde conquistou o Paulistão de 1984, Guarani e Grêmio, onde sagrou-se campeão
brasileiro em 1981.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Bom, se o jazz tem um músico polivalente, o seu nome é James
Peter Giuffre. Jimmy, para os íntimos. Duvida? Como intérprete ele dominava
toda a família dos saxofones, com especial predileção pelo tenor e o barítono,
e mais a flauta e o clarinete. Atuou em grandes orquestras do swing nos anos 40
e foi um dos precursores de pequenos grupos sem piano na década seguinte, uma
novidade para a época. Compositor, arranjador e educador musical, ele inscreveu
seu nome em praticamente todas as vertentes do jazz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Compôs e arranjou a célebre “Four Brothers” para a
orquestra de Woody Herman, que além de ter feito grande sucesso, ainda serviu
para denominar os quatro saxofonistas que atuavam na big band: Zoot Sims, Stan
Getz, Herbie Steward e Serge Chaloff. Outra composição sua, “The Train and The
River”, também fez bonito nas paradas de sucesso dos anos 50. Figura de proa do
chamado West Coast Jazz, Giuffre não hesitou em mergulhar de cabeça nas
enigmáticas águas do free jazz e seu álbum “Free Fall” (Columbia, 1962),
continua sendo, 50 anos depois de sua gravação, uma referência obrigatória dessa
vertente tão polêmica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para que se tenha uma idéia da sua importância, basta
conhecer a opinião do guitarrista Jim Hall, integrante do trio de Giuffre
durante boa parte da segunda metade da década de 50: “Eu provavelmente aprendi
mais com ele, em todos os sentidos, do que com qualquer outro músico com quem
toquei. Jimmy era um estudioso, um músico extremamente sério e dedicado. E muito
generoso. Ele possuía um senso de trio incomum, jamais reservando aos seus
parceiros um papel secundário de meros acompanhantes”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nascido no dia 26 de abril de 1921, em Dallas, no Texas,
Giuffre era filho de uma família de ítalo-americanos e desde cedo mostrou uma
aptidão incomum para a música. Seus primeiros passos foram dados na Dallas
Technical High School, onde, aos nove anos, iniciou-se nos estudos do
clarinete. Aos onze, já participava de concertos e recitais de música erudita
na cidade natal. Aos dezessete, já era um virtuose também ao sax tenor,
instrumento que habitualmente tocava em bandas e orquestras de baile da região
de Dallas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na mesma época, começou a freqüentar o curso de música da
North Texas State Teachers College, em Denton, onde teve como colegas craques
como o contrabaixista Harry Babasin e o guitarrista Herb Ellis, com quem
dividia o alojamento. Giuffre era um apaixonado pelas orquestras do swing e
tinha especial predileção pela big band de Jimmie Lunceford. Em 1942, em plena
II Guerra Mundial, Jimmy, já com o diploma nas mãos, se alistou no exército,
mas não chegou a entrar em combate.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dispensado no final de 1945, ele atuou em algumas
orquestras, como as de Boyd Raeburn, Red Norvo (com quem fez suas primeiras
gravações, em 1946, numa formação que incluía o notável Dexter Gordon), Jimmy
Dorsey e Buddy Rich. Em 1947 ele aportou na orquestra de Woody Herman, como
saxofonista, mas foi essencialmente por seu trabalho como arranjador e
compositor que ele se tornou conhecido no mundo do jazz. Seus arranjos pouco
ortodoxos ajudaram a big band a se firmar como uma das mais peculiares da
época, com uma sonoridade moderna e cheia de personalidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A convivência estendeu-se até 1949, quando Herman desfez a
orquestra. No ano seguinte, Jimmy se muda para Los Angeles, a fim de fazer o
mestrado na University of Southern California. Ali, conheceu o maestro e
compositor Wesley La Violette, que se tornaria uma de suas principais
referências não apenas musicais, mas também intelectuais. Culto, profundo
conhecedor da filosofia oriental e autor de diversos livros na área de teoria
musical, La Violette era também um respeitado poeta e sob sua orientação o
trabalho de Giuffre tornou-se ainda mais ousado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durante esse período, o saxofonista ingressa na banda de
Shorty Rogers, outro célebre aluno de La Violette, ao mesmo tempo em que passa
a tocar com freqüência no Lighthouse Café, Hermosa Beach. O local era uma
espécie de quartel-general do West Coast Jazz, e virtualmente todos os grandes
nomes do estilo passaram por seu palco. Um dos donos do clube era o baixista Howard
Rumsey, cuja banda, o Howard Rumsey's Lighthouse All Stars, congregava
portentos como Shorty Rogers, Shelly Manne e o próprio Giuffre, que além do
saxofone era responsável pelos arranjos e, eventualmente, por algumas
composições. Uma delas, “Big Boy”, feita em parceria com Rogers, chegou a fazer
algum sucesso nas paradas de jazz da época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1955, ainda na condição de membro da banda de Rogers,
apropriadamente chamada “Shorty Rogers and His Giants”, Giuffre deu uma nova
ênfase em sua busca por novos caminhos musicais. Sua estréia como líder aconteceu
naquele ano, com a gravação de “Tangents in Jazz” (Atlantic), cuja atmosfera
camerística, aliada à ausência do piano, mereceu muitos elogios por parte da
crítica especializada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Cada vez mais respeitado como compositor e arranjador, ele
também se consolidou como um disputado acompanhante, tendo participado de
gravações sob a liderança de sumidades como Gerry Mulligan, Maynard Ferguson, Buddy
DeFranco, Marty Paich, Shelly Manne (Jimmy participa do audacioso disco “The
Three and the Two”, gravado para a Contemporary em 1954), Charles Mingus, Herb
Ellis, John Lewis e Teddy Charles, entre outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ele então desfrutava da ótima repercussão de seu disco “The
Jimmy Giuffre Clarinet” (Atlantic, 1956), onde interpreta standards e
composições próprias, em formações inusitadas, incluindo uma faixa apenas ao
clarinete solo. Considerado ousado para a época, o disco incorporava
instrumentos pouco utilizados no jazz, como a celeste (a cargo do pianista
Jimmy Rowles), o oboé, o fagote e o clarinete baixo. A seu lado, alguns dos
mais brilhantes expoentes do jazz californiano, como Shelly Manne, Shorty
Rogers, Bob Cooper, Jack Sheldon, Bud Shank e Stan Levey, além do veterano
trompetista Harry “Sweets” Edison. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1957, Giuffre já havia deixado os Giants e formou um
quarteto com o pianista Jimmy Rowles, o baixista Red Mitchell e o baterista
Lawrence Marable. O grupo não durou muito tempo e deixou apenas um registro, o
álbum “Ad Lib”, para a Verve, gravado naquele mesmo ano. Logo em seguida, Jimmy
monta o seu primeiro trio, uma formação nada usual, que incluía o guitarrista
Jim Hall e o contrabaixista Ralph Pena, que futuramente daria lugar a Jim Atlas.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O grupo fez um considerável sucesso no circuito de clubes
de Los Angeles e logo estava gravando seus primeiros discos. A sorte deu uma
mãozinha e Giuffre foi um dos escolhidos para participar do programa televisivo
The Sound of Jazz. Levado ao ar pela rede CBS, o programa enfocava a história e
a evolução do jazz, levando aos estúdios veteranos como Count Basie, Coleman
Hawkins, Roy Eldridge, Milt Hinton e Rex Stewart e músicos da nova geração,
como Bob Brookmeyer, Mal Waldron e Nat Pierce.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Giuffre, acompanhado por Hall e Atlas, executou “The Train
and the River”, uma composição de sua autoria em que misturava jazz com folk e
uma pitada de blues, e o sucesso foi imediato. O tema passou um longo período
entre as mais executadas nas paradas de jazz e chamou a atenção do público para
o trabalho daquele jovem compositor, arranjador e que, além do sax tenor, ainda
era um ás na clarineta e no sax barítono. Além disso, durante as gravações do
programa, Jimmy pôde conhecer pessoalmente e tocar ao lado de ídolos como Pee
Wee Russell e Lester Young.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1958, uma nova e ousada reformulação do trio. Sai Atlas
e, em seu lugar, entra o trombonista Bob Brookmeyer. Inspirado pela música
contemporânea do compositor Aaron Copland, o grupo foi um dos destaques do Newport
Jazz Festival daquele ano. Uma frase atribuída a Stan Getz é mais do que
adequada para entender as concepções estéticas de Jimmy: “Um músico de jazz
deve ter quatro características essenciais: irreverência, bom gosto, coragem e
personalidade”. Em Giuffre e seus parceiros, tais características eram
abundantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Como uma trinca de missionários musicais e inspirados
pelos ideais da Geração Beat, Giuffre, Hall e Brookmeyer cruzaram os Estados
Unidos, a bordo de um furgão, se apresentando em todos os locais e para todas
as platéias dispostas a ouvir aquela sonoridade “repleta de elementos pastorais
e enriquecida com inflexões de blues”, na análise do crítico Ted Gioia. Essa
formação deixou dois registros, ambos gravados em 1958 para a Atlantic:
“Travlin’ Light” e “Western Suite”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, Brookmeyer deixa o grupo para se dedicar
a outros projetos musicais e Giuffre chama um baixista para se juntar a ele e a
Hall em sua nova incursão fonográfica: o excelente Ray Brown, então membro do
trio de Oscar Peterson. É exatamente com essa formação que Jimmy grava o
fabuloso “The Easy Way”. Nas notas do disco, gravado para a Verve nos dias 06 e
07 de agosto de 1959, o clarinetista (que aqui também toca saxes tenor e
barítono), informa que “o clima da sessão estava tão relaxado e as coisas
fluíam de maneira tão natural que o nome do disco só poderia ser esse”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E é exatamente “The Easy Way”, composta pelo líder no
intervalo entre as gravações, que abre o álbum, com a sua sofisticada
confluência de música erudita, blues, jazz e folk. O clima é reflexivo, remetendo
à música de câmera, com o clarinete de Jimmy atingindo timbres inusitados e,
por vezes, sombrios. A melodia tem algo de hipnótico, mas não segue um padrão
linear. Ao contrário, é oblíqua, dissonante, e o contraponto entre a sonoridade
volumosa do contrabaixo e o minimalismo da guitarra de Hall torna a audição uma
experiência transcendente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A originalidade do trio se revela em sua inteireza na
estupenda versão de “Mack The Knife”, de Bertold Brecht e Kurt Weill. O
arranjo, sofisticado e simples, dá à canção um inédito ingrediente lírico,
acentuado pelo sopro despojado de Giuffre. Hall está particularmente inspirado
e sua abordagem classuda e ao mesmo tempo econômica é uma prova irrefutável de
que é possível atingir a excelência usando poucas notas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em “Come Rain Or Come Shine”, de Harold Arlen e Johnny
Mercer, a interpretação do trio é etérea, repleta de pausas e intervalos inesperados
e recheada de momentos pungentes. Giuffre talvez seja o clarinetista mais
lírico do jazz, com uma verve onde técnica apurada e sensibilidade se misturam
na mesma medida. Brown conduz a marcação com habitual lucidez, mas deixa de
lado a pegada exuberante que é uma de suas principais características, para
adotar uma postura contemplativa e sóbria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Outro tema de Giuffre, “Careful” é um blues intrincado,
com harmonias heterodoxas e um clima abstracionista, que encontra algum
paralelo com o trabalho do Modern Jazz Quartet. A atuação de Hall talvez seja o
maior destaque individual, mas o que chama a atenção é o incrível entrosamento
dos três, que se entendem e se comunicam quase telepaticamente. A bordo do sax tenor,
o líder exibe a mesma destreza e a mesma capacidade de criar texturas sonoras
de rara beleza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na faixa mais agitada do disco, “Ray's Time”, o trio adota
uma postura descontraída, criando uma verdadeira atmosfera de jam session.
Composta por Giuffre em homenagem ao baixista da sessão, é um refinado blues em
tempo médio e o líder novamente utiliza o sax tenor. Embora seu andamento seja
mais rápido que o da maioria das faixas, não se espere aqui uma abordagem eletrizante
ou exibições gratuitas de virtuosismo. O tema se desenvolve com naturalidade,
mas sempre de maneira bastante fiel à lógica do cool jazz, uma estética baseada
na sobriedade, no bom gosto e na clareza de idéias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Parceria de Giuffre e Johnny Mercer, “A Dream” é
praticamente uma vinheta, com pouco mais de dois minutos, executada ao
clarinete, sem outro acompanhamento. Sua estrutura se aproxima bastante do
repertório erudito, com ecos de Igor Stravinsky e Bela Bártok, mas também
sinaliza em direção ao jazz de vanguarda, estilo que Jimmy abraçaria com fervor
e obstinação em um futuro bastante próximo. A fantasmagórica “Montage”, uma
inusitada parceria entre o clarinetista, Duke Ellington e Charles Mingus, segue
a mesma linha, inclusive no tempo de duração (não chega a dois minutos) e conta
com as presenças de Hall e Brown, em performances minimalistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Também composto pelo líder, “Off Center” é um tema
introspectivo, ondulante, com uma visível influência de Thelonious Monk. Os
diálogos entre Hall e Giuffre, novamente ao clarinete, são breves, quase
sussurrados, e pontuados de dissonâncias. Brown incorpora elementos do blues em
sua abordagem e seu dedilhado imponente e profundo soa como uma espécie de força
vital, autêntica e primitiva, incapaz de ser subjugada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O encerramento fica a cargo de “Time Enough”, mais uma
composição do líder. A bordo do sax barítono, Jimmy e seus homens compõem um
verdadeiro mosaico de timbres. A cadência rítmica imposta por Brown é notável e
os acordes preciosos de Hall, cheio de nuances e alternâncias harmônicas. Um
disco que foge aos cânones do mainstream e mostra um artista no auge maduro,
mas também inquieto, sempre pronto para trilhar novos caminhos e encarar
desafios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No final dos anos 50, Jimmy seria um dos professores da
cultuada Lenox School of Jazz, no Massachussets, onde estudou o profeta do free
jazz Ornette Coleman. É possível que a convivência com o aluno Coleman, que
mais tarde também seria professor daquela instituição, tenha tido algum impacto
nas futuras escolhas de Giuffre. Importante ressaltar que o pianista John
Lewis, que também dava aulas em Lenox e além de amigo de Giuffre tinha bastante
afinidade musical com o clarinetista, era um grande admirador das concepções
musicais de Ornette.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda em 1959, Jimmy participou das gravações de quatro
álbuns notáveis: “Cool Heat”, da cantora Anita O’Day, “Lee Konitz Meets Jimmy
Giuffre”, do saxofonista Lee Konitz (com participações de Warne Marsh, Ray
Brown e Bill Evans), “Sonny Stitt Plays Jimmy Giuffre Arrangements”, do
saxofonista Sonny Stitt, e “Herb Ellis Meets Jimmy Giuffre”, do guitarrista
Herb Ellis. Lançados pela Verve, os discos têm em comum os arranjos elaborados
por Giuffre e foram muito bem recebidos pela crítica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, Jimmy montou um novo trio, com o pianista
canadense Paul Bley e o jovem contrabaixista Steve Swallow. As investigações
harmônicas e melódicas anunciadas em seus trabalhos anteriores ganharam
contornos ainda mais radicais e o grupo mergulhou de cabeça jazz experimental.
Todavia, os dois primeiros trabalhos do trio, “Fusion” (1961) e “Thesis” (1962),
ambos gravados para a Verve, obtiveram pouca repercussão por parte do público e
da crítica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Já o mesmo não aconteceu com o terceiro, “Free Fall”,
gravado entre julho e novembro de 1962 e lançado pela Columbia, que embora
tenha sido virtualmente ignorado pelo público, foi saudado pelos críticos como
uma obra revolucionária. O disco possui uma atmosfera melancólica,
introspectiva, muito distante do trabalho mais agressivo de músicos como o
próprio Ornette Coleman, Archie Shepp ou Albert Ayler, guardando alguma
proximidade com a obra de compositores da vanguarda erudita, em especial com as
de Darius Milhaud e Karlheinz
Stockhausen.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Todavia, desencantado com a indiferença do público em
relação ao seu trabalho, Giuffre desfez o trio no ano seguinte. O crítico Thom Jurek
narra como foi melancólica a separação: “O disco trazia uma música extremamente
radical e ninguém, literalmente ninguém estava preparado para aquilo. O trio se
separou pouco tempo depois, após um concerto em um clube, no qual cada um recebeu
um cachê de apenas 35 centavos por um set”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em meados daquela década, Jimmy fez uma nova tentativa com
um trio nos moldes do anterior, agora com Don Friedman no piano e Barre
Phillips no contrabaixo. Novamente, houve algum reconhecimento por parte da
crítica mas bem pouca repercussão junto ao público, tanto que esse grupo sequer
chegou a gravar, limitando-se a apresentações em clubes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Foram dez anos sem gravar como líder e durante aquele
período Giuffre se concentrou no ofício de arranjador e compositor, embora
tenha feito alguns trabalhos com a bandleader Carla Bley. Também enveredou pela
educação musical, ministrando aulas de teoria musical, regência e composição em
instituições como a New York University, Rutgers University, Manhattanville
College, the Creative Music Studio, New School of Social Research e New England
Conservatory. <span lang="EN-US">Em 1969 lançou um livro, “Jazz phrasing and
interpretation: Aspects of jazz performance, analyzed for the player”, pela Associated
Music Publishers.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sua volta aos estúdios ocorreu em 1972, com o álbum “Music
for People, Birds, Butterflies and Mosquitos” (Choice). Naquela época Giuffre liderava
um novo trio, agora com o baixista Kiyoshi Tokunaga (mais tarde substituído por
Bob Nieske) e o baterista Randy Kaye, e havia desenvolvido enorme interesse
pela flauta baixo e pelo sax soprano. No final da década, com a adição do
tecladista Marc Rossi, além de utilizar em sua banda instrumentos
eletrificados, como o sintetizador e o contrabaixo elétrico, Jimmy enveredou
pela vertente fusion, lançando alguns discos pelo selo italiano Soul Note.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nos anos 80, ainda bastante envolvido com a educação
musical, Giuffre grava pouco, mesmo como sideman. A maior parte de seu trabalho
como compositor é direcionada a trilhas para o teatro, balé e comerciais de TV.
Em 1984, recebeu uma merecida homenage, ao ter seu nome inscrito no NARAS Hall
of Fame. A grande novidade daquele período foi a sua volta ao formato acústico,
com o lançamento de dois álbuns em duo com o pianista francês Andre Jaume:
“Eiffel: Live in Paris” (CELP, 1987) e “Momentum” (Hatology, 1988), ambos
bastante impregnados da estética free.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nos anos 90, Jimmy retoma a parceria com Paul Bley e Steve
Swallow, lançando o excelente “Fly Away Little Bird” (Sunny Side, 1992), que
embora contenha muitos elementos de livre improvisação, não é um trabalho
hermético ou pretensioso, com direito a belas versões de standards como “I Can't
Get Started”, “All the Things You Are”, “Sweet And Lovely” e “Lover Man”. Além
disso, com o relançamento em CD de “Free Fall”, as idéias propostas no disco
foram melhor compreendidas e ele finalmente despertou o interesse do público,
especialmente das novas gerações de fãs do jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1995 Giuffre foi diagnosticado como portador do Mal de Parkinson,
doença degenerativa que compromete gravemente os movimentos, e se afastou,
paulatinamente, dos palcos, estúdios e salas de aula. Ele se recolheu à sua
casa, em West Stockbridge, na área rural do Massachusetts, sob os cuidados da
esposa Juanita Giuffre. Jimmy faleceu no dia 24 de abril de 2008, na cidade de
Pittsfield, também em Massachusetts, a poucos dias de completar 87 anos, em
conseqüência de uma pneumonia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Seu legado ainda não foi completamente aquilatado pelos
estudiosos, mas é indiscutível que ele tenha escrito algumas das mais belas
páginas do grande livro do jazz. Sobre o seu envolvimento com o free jazz e a
livre improvisação, as palavras do crítico Ted Gioia exprimem com clareza e um
raro senso de oportunidade, o papel que coube a Giuffre no desenvolvimento
desse estilo: “Sua caminhada dentro do free jazz se assemelha às jornadas de
personagens como Huck Finn ou Phileas Fogg, nas quais as aventuras ao longo do
caminho são bem mais interessantes do que o destino final”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">=========================</span><span style="font-family: Georgia; font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDI2MzIwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDI2MzIwLWYzMCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ3NjY4ODk7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param name="allowFullScreen"
value="true">
</param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always">
</param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDI2MzIwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDI2MzIwLWYzMCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ3NjY4ODk7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDI2MzE0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDI2MzE0LTc0OSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ3NjY5MDM7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always">
</param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDI2MzE0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDI2MzE0LTc0OSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ3NjY5MDM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDI2MjczIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDI2MjczLWQzOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ3NjY5MTc7fQ==&autoplay=default"
name="movie">
</param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422" type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDI2MjczIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDI2MjczLWQzOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ3NjY5MTc7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-22381407395407394812012-06-01T14:14:00.000-03:002012-06-01T14:15:22.265-03:00FABULÁRIO GERAL DO DELÍRIO COTIDIANO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-LOJLEKOBZVo/T8j3_ECsQeI/AAAAAAAAAzI/dDfZzId8cAc/s1600/Dodo+Marmarosa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-LOJLEKOBZVo/T8j3_ECsQeI/AAAAAAAAAzI/dDfZzId8cAc/s1600/Dodo+Marmarosa.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: 19px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Dizem que sou louco por pensar assim<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Se eu sou muito louco por eu ser feliz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mas louco é quem me diz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E não é feliz, não é feliz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Se eles são bonitos, sou Alain Delon<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Se eles são famosos, sou Napoleão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mas louco é quem me diz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E não é feliz, não é feliz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Eu juro que é melhor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não ser o normal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Se eu posso pensar que Deus sou eu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Se eles têm três carros, eu posso voar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Se eles rezam muito, eu já estou no céu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mas louco é quem me diz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E não é feliz, não é feliz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Eu juro que é melhor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não ser o normal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Se eu posso pensar que Deus sou eu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sim sou muito louco, não vou me curar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Já não sou o único que encontrou a paz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mas louco é quem me diz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E não é feliz, eu sou feliz”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Composta por Arnaldo Baptista e Rita Lee, a “Balada do louco” fez um enorme
sucesso nas interpretações dos Mutantes e de Ney Matogrosso. A música discute
os conceitos de sanidade e loucura, de uma forma genialmente bem-humorada e exibe
uma visão de mundo que, à sua própria maneira, comprova a veracidade do antigo
ditado: “de médico e louco, todo mundo tem um pouco”. Ou ainda, à luz da
leitura caetana, de perto, meu amigo, ninguém é normal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Seria louco Dodo Marmarosa? Ou apenas mais um gênio incompreendido? O
certo é que este pianista nascido em Pittsburgh, no dia 19 de dezembro de 1925,
numa família de ascendência italiana, chegou a ser apontado, não poucas vezes,
como o mais legítimo sucessor do grande Art Tatum. Talvez por coincidência,
outro pianista bastante comparado ao lendário Tatum tenha sido Phineas Newborn,
outro grande nome do piano e cuja vida também foi marcada por problemas
psiquiátricos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O nome de batismo de Marmarosa era Michael, mas para o mundo do jazz
ele sempre foi conhecido pelo apelido que odiava: Dodo, que em italiano
significa pato, por causa do seu andar desajeitado e da cabeça desproporcional
ao corpo franzino. Na infância, iniciou-se nos estudos do piano, baseado em um
repertório exclusivamente erudito. O rigor nos estudos e a disciplina monástica
a que era submetido impediam-no de levar uma vida semelhante à dos garotos de
sua idade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ao invés de futebol ou basquete, Dodo praticava ao piano por horas
seguidas. Mestre Raffaelli conta que, na adolescência, que o jovem pianista,
para se distrair, “tocava ‘Two-Part Inventions’ de Bach aumentando gradualmente
o andamento até suas escalas alcançarem o dobro da velocidade medida pelo
metrônomo”. Pouco apto para a prática desportiva, socialmente inábil, tímido e
extremamente reservado, o adolescente tinha no piano a sua válvula de escape e
era ali, tocando o instrumento, que ele se comunicava com o mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nesse processo, o jazz se tornaria de capital importância na formação
musical e humana de Marmarosa. Apaixonado pelo estilo, ele foi aluno de Mary
Lou Williams e Earl Hines. Seu estilo, obviamente, era tributário de Art Tatum,
cujos solos era capaz de reproduzir à perfeição. Um dos seus poucos amigos na
juventude era o notável Erroll Garner, dois anos mais velho e que estudava na
mesma escola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Profissionalmente, a carreira do pianista se inicia em 1941, quando
sequer havia completado 16 anos, tocando na orquestra de Johnny “Scat” Davis.
Pouco tempo depois, Marmarosa já estava integrado à big band do baterista Gene
Krupa. Seguir-se-iam participações nas orquestras de Ted Fio Rito e Charlie
Barnet, ao lado de quem fez as suas primeiras gravações. Algumas delas, como “The
Moose”, “Strollin’” e “Skyliner”, realizadas em outubro de 1943, chamaram a
atenção do mundo do jazz por conta dos seus solos magníficos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Foi na orquestra de Barnet que ele conheceu e se tornou amigo de dois
jovens que estavam capitaneando a mais importante revolução da história do
jazz: Dizzy Gillespie e Charlie Parker, os gênios fundadores do bebop. Em novembro
de 1944, Marmarosa se agrega à big band do clarinetista Artie Shaw, onde
atuavam futuros astros do jazz como o saxofonista Herbie Steward (um dos
célebres “Four Brothers”) o guitarrista Barney Kessel e o trompetista Roy
Eldridge, seu conterrâneo de Pittsburgh.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sua próxima incursão em orquestras do Swing foi na de Tommy Dorsey, o
que o obrigou a se mudar para Los Angeles, em 1946. na cidade, a orquestra se
mantinha como uma das atrações do Cassino Gardens, de propriedade de Dorsey,
Harry James e Woody Herman, e tinha entre seus quadros luminares como Buddy DeFranco
e Buddy Rich. Há uma história hilária envolvendo Marmarosa e DeFranco, quando
os dois faziam parte da orquestra de Tommy Dorsey. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A big band deveria se apresentar em Saint Louis, mas os dois dormiram
além da conta e acabaram perdendo o trem que os levaria até a cidade, a cerca
de 500 milhas de onde eles estavam. Não havia outro trem naquele dia e ir de
carro, pelas péssimas estradas da região, era impossível. A solução foi alugar
um pequeno avião, para que pudessem chegar a tempo do concerto, que iria
acontecer naquela noite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ocorre que o piloto era mais louco que os dois músicos e depois de
algumas horas de vôo, aquele se vira para Marmarosa e informa: “Eu não sei
quanto a vocês, mas eu estou perdido”. A cândida sugestão do pianista foi:
“Então porque você não aterrissa e pergunta para algum guarda onde nós
estamos?”. Os três voaram por mais alguns minutos, mas como o combustível
estava no fim, foram obrigados a descer numa pista improvisada, em uma fazenda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda estavam a 200 milhas de Saint Louis, mas conseguiram uma carona
até a cidade. No entanto, quando chegaram no destino, o concerto já havia
terminado. Os dois foram para o hotel e, de manhã, prepararam o espírito para
enfrentar a ira de Dorsey, célebre pelo temperamento irascível. O líder se
aproximou dos dois, que já contavam com uma demissão, e falou: “Estou orgulhoso
de vocês, rapazes. Vocês fizeram tudo que podiam para chegar a tempo. Até
fretaram um avião! Isso me lembrou meus tempos de juventude. Vou lhes dar um
aumento de salário!”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Apesar do aumento de salário, o pianista estava bastante descontente
com a abordagem conservadora da orquestra de Dorsey. Já completamente integrado
ao movimento bop da Costa Oeste, ele pediu demissão do emprego e foi se juntar
à big band de Boyd Raeburn, considerada bem menos ortodoxa. O cenário musical
da Costa Oeste naquela época fervilhava de jovens talentos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Influenciados por Charlie Parker e Lester Young, então residindo em
Los Angeles, uma legião de jovens músicos transpunha o idioma bop, até então
associado às enfumaçadas noites de Nova Iorque, para as ensolaradas praias
californianas. Eram jovens como Dexter Gordon, Howard McGhee, Teddy Edwards,
Sonny Criss, Chico Hamilton, Buddy Collette e Charles Mingus, entre outros, que
davam os primeiros passos para a construção de um sotaque próprio, que mais
tarde seria batizado de West Coast Jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ao mesmo tempo em que formava seus próprios pequenos grupos,
primeiramente com Barney Kessel e, em seguida, com Lucky Thompson, Dodo complementava
o orçamento como pianista de estúdio da gravadora Atomic e como membro eventual
da banda do guitarrista Slim Gaillard. Após ouvir algumas gravações de
Marmarosa, feitas a partir de transmissões da rádio AFRS Broadcast, em 1947, Charlie
Parker convidou o pianista para se juntar a seu grupo, no lugar de Joe Albany. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O grupo de Parker, que na época era reforçado pela presença do amigo e
parceiro Dizzy Gillespie, era atração fixa do clube Berg’s. Graças ao
desempenho nos concertos, Marmarosa teve a honra de ser chamado por Bird para
participas de suas famosas gravações para o selo, onde foram registradas em
disco, pela primeira vez, preciosidades como “Relaxin’ at Camarillo” e “Ornithology”.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda em 1947, ele participou de vários concertos da série Jazz At The
Philarmonic, produzidos por Norman Granz, e do projeto Just Jazz, este produzido
por Gene Norman. Alguns dos concertos da série Just Jazz, realizados nos dias
27 e 29 de abril de 1947, no Civic Auditorium, em Pasadena, foram gravados pelo
selo Crown e mostram Dodo ao lado de Howard McGhee, Sonny Criss, Dexter Gordon,
Wardell Gray, Red Callender e Jackie Mills. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ele também recebeu da revista Esquire o prêmio de New Star of Piano,
em votação da crítica. Na época, Dodo era o responsável pelo piano do sexteto do
trompetista Howard McGhee, co-liderado pelo saxofonista Teddy Edwards, e que era
um dos mais respeitados pequenos grupos do cenário californiano. Com McGhee,
Dodo fez gravações históricas para a Dial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mestre Raffaelli nos esclarece sobre o valor desses registros: “as
faixas ‘Tone Paintings I’ e ‘Tone Paintings II’ foram gravadas sem intenção de
serem editadas comercialmente. Ambas antecipam as mudanças que logo ocorreriam
no jazz. São explorações de improvisações em série, sugerindo a extinção das
formas de 12 e 32 compassos de duração das composições, desenvolvidas por
Ornette Coleman e que levariam ao free jazz de John Coltrane e Cecil Taylor”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1948, Marmarosa fez as suas últimas gravações para a Dial, desta
feita liderando um trio que contava com o baterista Jackie Mills e com Harry Babasin
ao violoncelo. Pouco tempo depois dessas
gravações, a Federação Americana de Músicos decretou uma greve que duraria
meses e diversos músicos, Dodo inclusive, foram impedidos de trabalhar nos
estúdios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Desde a juventude, Dodo já demonstrava um comportamento errático e
pouco ortodoxo. Quando era membro da orquestra de Gene Krupa, em 1943, ele e o clarinetista
Buddy DeFranco, seu colega na banda, foram espancados por alguns marinheiros
que, erroneamente, imaginaram que os dois fossem desertores. Marmarosa foi
duramente atingido na cabeça e chegou a ficar em coma. Pessoas próximas ao
pianista desconfiam que o incidente tenha abalado, mais que a saúde física, a sua
própria sanidade mental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Houve, ainda, diversos outros incidentes na vida pessoal e profissional
de Marmarosa que evidenciam que ele não era um sujeito lá muito normal e que
era dado a praticar atos bastante excêntricos. Quando fazia parte da orquestra
de Charlie Barnet, ele uma vez atirou o piano de um balcão que ficava no
terceiro andar de um teatro, apenas para saber que som o instrumento faria ao
se espatifar no chão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Outro episódio revelador aconteceu quando Marmarosa fazia parte da
orquestra de Artie Shaw. Durante uma apresentação, o público pediu que a big
band tocasse “Frenesi”, um dos seus grandes sucessos. Shaw fez a vontade da
platéia que, não satisfeita, pedia bis. Mais uma vez, foi feita a vontade do
público e o set foi encerrado com “Frenesi”. Após o intervalo, a orquestra
volta ao palco e o público pede o quê? “Frenesi”, lógico! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Marmarosa se vira para o chefe e avisa: “Se eu tiver que tocar
‘Frenesi’ mais uma vez, eu desço do palco, pego meu carro e volto imediatamente
pra Pittsburgh”. Claro que Shaw levou a advertência na esportiva e, pela
terceira vez naquela noite, satisfez o desejo do seu público. Marmarosa, ao
ouvir os primeiros acordes de “Frenesi”, fechou a tampa do piano e,
simplesmente, cumpriu a ameaça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os problemas de saúde, no entanto, se agravavam a cada dia e, em 1949,
o comportamento de Marmarosa tornou-se absolutamente imprevisível, inclusive comprometendo
a sua vida profissional. Ele então decidiu retornar a Pittisburgh e, salvo por
participações esporádicas em concertos das orquestras dos antigos patrões Johnny
“Scat” Davis e Artie Shaw, se afastou completamente do jazz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1954, ele resolveu tentar a carreira militar e ingressou no
exército, mas a vida na caserna se revelou ainda mais devastadora para a sua
fragílima saúde mental. Após passar algumas semanas na detenção, por atos de insubordinação
e indisciplina, Dodo pediu baixa das forças armadas que, obviamente, não
impuseram qualquer tipo de obstáculo ao pedido. Mas os traumas da vida militar
foram demais para ele, que logo após a baixa ficou vários meses internado em um
sanatório.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Seguindo a máxima da Lei de Murphy, que diz que nada é tão ruim que
não possa ser piorado, a esposa de Dodo pediu o divórcio e ele se viu impedido
de ver as filhas. Vieram, então, novas e sucessivas internações em clínicas
psiquiátricas, além de tratamentos extremamente dolorosos e absolutamente
ineficazes, feitos à base de medicação pesada e eletrochoques. Somente em 1961
é que o pianista voltaria aos estúdios, com o elogiado “Dodo’s Back!”, lançado
pela Argo Records, com produção de Jack Tracy. A seu lado, o baixista Richard Evans
e o baterista Marshall Thompson.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, foi a vez do estupendo “Jug & Dodo”, um
verdadeiro clássico do jazz, que reúne dois dos mais bem dotados improvisadores
de todas as eras. Dividindo os créditos com o monumental saxofonista Gene
Ammons, Marmarosa aparece extremamente à vontade e com uma sonoridade
comparável à que exibia no final dos anos 40. O contrabaixista Sam Jones e o
baterista Marshall Thompson completam o time.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">As gravações foram feitas em Chicago, em maio de 1962 e o disco, originalmente
um LP duplo, deveria ter sido lançado no final daquele ano. No entanto, a
Prestige cancelou o lançamento e somente em 1972 o álbum viu a luz do dia. Uma
pena, porque se tivesse sido lançado logo após a gravação, o disco poderia ter
ajudado a recuperar a carreira do pianista. Ammons participa apenas de seis das
doze faixas, mas sua presença é luminosa em cada uma delas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A faixa de abertura é a pungente “Georgia”, de Hoagy Carmichael e
Stuart Gorrell, imortalizada na versão de Ray Charles. O saxofone de Ammons se
despe da sonoridade quase sempre robusta e exala doçura e mansidão, em uma
abordagem lírica e melodiosa. Dodo, como se fosse um artífice da ternura,
dedilha o teclado com idêntica sensibilidade, esculpindo frases delicadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O quarteto dá uma acelerada em “For You”, de Al Dubin e Joe Burke,
mergulhando com afinco na sintaxe bop. O que emerge do encontro desses dois
titãs são diálogos rápidos, frases cortantes e acordes enfurecidos. Ambos
possuem uma capacidade ilimitada de improvisar e são capazes de criar riffs
devastadores. Na retaguarda, Jones e, sobretudo, Thompson, propiciam um
alicerce rítmico dos mais poderosos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mantendo a temperatura elevada, é a vez de “You're Driving Me Crazy”, tema
de autoria de Walter Donaldson. Mais cadenciada que a anterior, mas não menos
vibrante, ela é um veículo mais que perfeito para as manifestações de
virtuosismo do par de líderes. Sempre articulados e evitando as armadilhas do
exibicionismo, os dois mestres se comunicam telepaticamente, dialogando com eloqüência
fulgurante. Marmarosa encharca o tema com fartas doses de blues e sua abordagem,
algo percussiva e por vezes dissonante, remete a Thelonious Monk. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A balada “Where or When” foi composta pelos craques Lorenz Hart e
Richard Rodgers. O arranjo feito pelo quarteto é sóbrio e enfatiza o aspecto
melódico do tema. Novamente, Ammons imprime à sua abordagem a marca da
sutileza. Notas alongadas e algum vibrato servem para abrilhantar a execução do
saxofonista. O acompanhamento é vaporoso, envolvente, com destaque para os
sofisticados acordes de Marmarosa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em “The Song Is You”, composta por Jerome Kern e Oscar Hammerstein, e
em “Just Friends”, de autoria de John Klenner e Sam M. Lewis, ouve-se apenas o
trio. Na primeira, o arranjo em tempo médio realça o encanto da melodia, que é
enriquecida por soluções harmônicas tipicamente bop. O sempre eficiente Sam
Jones impõe-se com uma marcação impecável e um senso de tempo primoroso. Na
segunda, pode-se perceber com clareza a fluidez da digitação do pianista e
algumas de suas principais características, muito bem descritas por José
Domingos Raffaelli: “o comando autoritário das escalas e os arpejos pulsantes”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Charlie Parker, antigo empregador de Marmarosa e símbolo máximo do
bebop, não poderia ficar de fora. Nesta gravação Bird está muito bem
representado pela emblemática “Yardbird Suite”. Os dedos ágeis de Dodo bailam
ao longo das teclas do piano, ora acelerando o andamento, ora diminuindo a
velocidade dos acordes, inserindo em algumas passagens elementos típicos do
blues. Thompson tem uma percepção rítmica bastante aguda, suas pausas são muito
bem colocadas e a sua comunicação com o pianista beira a perfeição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Novamente usando um arranjo mais acelerado que o habitual e uma inapelável
vocação bop, “I Remember You”, preciosidade de Johnny Mercer e Victor
Schertzinger, é executada com entusiasmo e muita histamina pelo trio. Ammons se
junta novamente aos seus parceiros, para a execução de “Bluzarumba”, tema de
sua autoria. É um bebop enviesado, com uma discreta acentuação afro-caribenha e
breves citações ao clássico “El Manisero”, merecendo destaque os solos de
Jones, um primor de inventividade, elegância e inteligência harmônica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dodo é o autor de “The Moody Blues”, tema cadenciado e que, apesar do
nome, não segue o típico andamento 4/4 do blues, embora não deixe de pagar
tributo ao estilo. Novamente sem Ammons, o pianista e seus comandados rompem a
ortodoxia do blues e investigam novas possibilidades harmônicas, ora inserindo
elementos de valsa na execução, ora explorando possíveis interações harmônicas
com os spirituals e o gospel. Com um fraseado límpido e um notável controle dos
registros graves, a faixa é um dos momentos mais empolgantes do disco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A dupla Lorenz Hart e Richard Rodgers volta à cena, agora com a cativante
“Falling in Love With Love”. À vontade nos andamentos rápidos, onde pode
explorar com maior ênfase a sua sonoridade volumosa, inflamada e cheia de
matizes. A proverbial versatilidade de Dodo, capaz de dialogar em qualquer
tempo ou andamento sempre em alto nível, se evidencia de uma maneira bastante
nítida e suas passagens dos registros graves para os agudos, sempre rápidas e
por vezes agressivas, evocam Art Tatum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para encerrar os trabalhos, a faixa escolhida foi “The Very Thought of
You”, do maestro Ray Noble. Canção que se tornou conhecida, sobretudo, graças à
elegante interpretação de Nat King Cole, a balada permite a Dodo, novamente em
trio, que construa uma sofisticada tapeçaria harmônica. Sua abordagem, recheada
de arpejos e passagens de elevada complexidade técnica, se aproxima do estilo
dos pianistas do swing, mais notadamente Teddy Wilson, por sinal uma de suas
primeiras e mais importantes influências. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Um disco exemplarmente belo, além de ser um importante registro da
arte de um pianista tão importante mas tão pouco reconhecido. A edição em cd,
feita pela Original Jazz Classics, tem como atrativos duas faixas bônus, os
takes alternativos de “Yardbird Suite” e de “Falling in Love With Love”. Como
ressalta Leonard Feather nas notas de apresentação, um disco que apresenta
Marmarosa “não como ele poderia ter sido, mas como ele, efetivamente, era.
Infelizmente, a gravação foi realizada em um período no qual havia muito pouca
gente disposta a ouvi-lo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após a gravação deste disco, Marmarosa ainda passou alguns anos em
Chicago, fazendo shows esporádicos em clubes da cidade, como o Jazz Showcase, o
Pink Poodle e o Swing House. Em meados da década de 60 ele retornou à cidade
natal e chegou a tocar com alguma freqüência no Midway Lounge, onde havia trabalhado
nos anos 50. No entanto, com o agravamento de seus problemas de saúde, ele, novamente,
desapareceu da cena musical. Desta vez, para sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A última apresentação de Marmarosa em público foi feita no Colony
Restaurant, em Pittsburgh, em 1968. Depois disso, ele perambulou por
instituições psiquiátricas da cidade e arredores, até chegar ao V. A. Medical
Center, em Lemington, um distrito de Pittsburgh, onde passaria o restante de
seus dias. Ali, Dodo costumava entreter médicos, enfermeiros, pacientes e
visitantes, tocando o piano do hospital.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nos anos 90, o nome do pianista voltou à tona, brevemente, graças a uma
notícia falsa sobre sua morte, publicada no jornal inglês “The Guardian”, em
1992. O mais curioso é que o repórter do jornal havia ligado para a casa da
irmã de Dodo, onde ele estava morando na época, a fim de localizá-lo para fazer
uma entrevista. Avesso a badalações, o arredio pianista, que havia, ele
próprio, atendido ao telefonema, simplesmente disse ao repórter: “Infelizmente,
ele não vai poder atender, pois morreu ontem”. A notícia foi publicada e,
posteriormente, desmentida. Uma verdadeira “barriga”, como se diz no jargão
jornalístico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda naquela década, o pesquisador Robert Sunenblick descobriu alguns
tapes caseiros do pianista, com gravações inéditas dos anos 50, nas quais ele
está acompanhado pelo contrabaixista Danny Matri e pelo baterista Henry Sciullo
na maioria das faixas. O resultado pode ser conferido no cd “Pittsburgh, 1958”,
lançado pela Uptown em 1997 e traz, ainda, três faixas gravadas em um programa
de rádio de 1962, consideradas as últimas gravações oficiais do pianista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Doente e esquecido, Dodo Marmarosa morreu aos 76 anos, no dia 17 de
setembro de 2002, em conseqüência de um infarto. Nas palavras do pesquisador
Sylvio Lago, ele foi um pianista de “recursos técnicos excepcionais, tanto na
velocidade dos tempos como na variedade das expressões. Sua técnica era feita
pelo equilíbrio das duas mãos, com a direita exprimindo a linguagem do bebop,
além de longos desenhos em single note, isto é, tocando uma nota de cada vez”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">=============================</span><span style="font-family: Georgia; font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTE1MjU3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTE1MjU3LTYzYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzA1NTQ0NzM7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTE1MjU3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTE1MjU3LTYzYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzA1NTQ0NzM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTE1MjAwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTE1MjAwLTFmNSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzA1NTQ0OTc7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always">
</param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTE1MjAwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTE1MjAwLTFmNSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzA1NTQ0OTc7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTE1MTg0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTE1MTg0LTNkOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzA1NTQ1MDk7fQ==&autoplay=default"
name="movie">
</param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode" value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTE1MTg0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTE1MTg0LTNkOSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzA1NTQ1MDk7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<br />Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com29tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-42033278361525003442012-05-27T16:43:00.000-03:002012-05-27T16:43:04.492-03:00SOBRE HERÓIS E TUMBAS<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-zG1thuHDE8Y/T8KDpkIRxGI/AAAAAAAAAy8/mykitoVooB0/s1600/jj+johnson.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-zG1thuHDE8Y/T8KDpkIRxGI/AAAAAAAAAy8/mykitoVooB0/s1600/jj+johnson.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não é exagero dizer que James Louis Johnson é o inventor
de uma verdadeira escola dentro do jazz. Trombonista, compositor, arranjador e
bandleader, ele, praticamente sozinho, transpôs as novas possibilidades
harmônico-melódicas propostas pelo bebop para o seu instrumento,
modernizando-lhe a sonoridade e elevando-lhe a um inédito paradigma técnico.
Antes dele, o trombone era um instrumento quase anacrônico, cuja utilização era
inequivocamente reservada aos grupos de dixieland e orquestras do swing. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Assim como Parker no sax alto, Gillespie no trompete ou
Bud Powell no piano, o trombonista, mais conhecido no meio jazzístico por seu
apelido, J. J. Johnson, passou a ser fonte de inspiração e modelo para,
virtualmente, todos os músicos que o sucederam, como Curtis Fuller, Carl
Fontana, Slide Hampton, Julian Priester, Benny Powell, Bob Brookmeyer, Steve
Turre, Conrad Herwig, e o nosso Raul de Souza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ele nasceu no dia 22 de janeiro de 1924, na cidade de
Indianápolis, estado de Indiana. Sua educação musical começou cedo. Aos nove
anos já recebia as primeiras lições de piano, dadas pela mãe, a pianista
amadora Nina Johnson. Seu pai, o reverendo James Horace Johnson, era pastor da
igreja metodista e um homem extremamente severo e disciplinador. O contato com
a música, além do aprendizado em casa, se dava, essencialmente, por meio das
canções gospel cantadas na igreja comandada pelo pai.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">J. J. estudou na Crispus Attucks High School e ali travou
contato com o jazz. Graças à idolatria por Lester Young, ele, aos treze anos,
decidiu se tornar saxofonista, optando pelo sax barítono. Menos de um ano
depois, e já influenciado pela sonoridade de precursores como Jack Teagarden,
Dickie Wells, Lawrence Brown, Trummy Young e J. C. Higginbotham, Johnson abandonou
o saxofone para se dedicar ao trombone, instrumento que haveria de consagrá-lo
e que ele, apesar das atribulações da vida futura, jamais abandonaria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sua primeira experiência profissional foi na banda de
Clarence Love, no ano de 1941, pouco depois de haver concluído o ensino médio. No
ano seguinte, foi contratado pelo bandleader Snookum Russell, cuja orquestra
tinha como destaque absoluto o excepcional trompetista Fats Navarro, de quem se
tornaria um grande amigo e que seria o primeiro músico a lhe mostrar uma
concepção mais moderna e arrojada do jazz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sobre a influência de Navarro, um músico apenas quatro
meses mais velho, Johnson declarou: “Naquela época ele já era um músico
completo e tocava em um nível elevadíssimo, enquanto eu era apenas um iniciante”.
Também naquela época, J. J. foi apresentado à música de Fred Beckett,
integrante da orquestra de Lionel Hampton e considerado um dos primeiros
trombonista a adotar uma abordagem mais moderna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após a sua saída da orquestra de Russell, Johnson retornou
à cidade natal. Desempregado e com poucas perspectivas profissionais, ele foi
trabalhar em um restaurante, como lavador de pratos. Sempre que podia, no
entanto, participava de gigs em clubes da cidade e uma de suas apresentações
foi vista pelo cantor Earl Coleman, que o recomendou para uma vaga na orquestra
de Benny Carter. Antes, porém, o trombonista foi submetido a uma audição pelo
saxofonista, conhecido por ser extremamente rigoroso na seleção de seus
músicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Aprovado com louvor, J. J. passou a fazer parte da big
band de Carter em 1942. As primeiras gravações do trombonista foram feitas naquela
orquestra, com destaque para o seu primeiro solo, em “Love for Sale”, durante
uma sessão realizada em outubro de 1943, para a Capitol. Também foi ali que Johnson
começou a escrever os seus primeiros arranjos. A partir de 1944, ele passou a
ser uma presença constante nos concertos do projeto Jazz at the Philharmonic,
realizados sobretudo em Los Angeles, com produção do incansável Norman Granz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A convivência com Benny foi um grande aprendizado e J. J.
teve como colegas de banda, em suas diversas formações, gente do naipe do
baterista Max Roach, do trompetista Freddie Webster e do baixista Curly
Russell. Johnson costumava dizer que Carter “foi o músico mais impressionante
com quem já trabalhei”, mas a parceria acabou em 1945, após J. J. sofrer uma
agressão, por motivos raciais, depois de uma apresentação da orquestra em uma
casa noturna em Los Angeles. A separação foi amigável, tanto que ele deixou em
poder de Benny todos os arranjos que havia escrito para a orquestra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Entre 1945 e 1946, o trombonista integrou a máquina de
swing de Count Basie, que na época vivia uma espécie de encruzilhada criativa.
Tanto é que durante os poucos meses passados ali, Johnson participou de
pouquíssimas sessões de gravação. Após deixar Basie, J. J. passou algumas
semanas na orquestra de Woody Herman, até ser contratado por Dizzy Gillespie,
cujo quinteto era um dos mais requisitados nos clubes da célebre Rua 52, em
Nova Iorque. Foi ali que Johnson aperfeiçoou a sua técnica e moldou sua própria
maneira de traduzir a sintaxe bop.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O patrão Gillespie ficou encantado com a abordagem
proposta por Johnson e percebeu que estava diante de algo completamente novo. O
trompetista declarou em uma oportunidade: “Eu sempre acreditei que o trombone poderia
ser tocado de uma maneira diferente, que um dia alguém ia inventar um novo
jeito de tocar esse instrumento. E Johnson é esse homem”. Apesar do bom
relacionamento entre os dois, o trombonista deixou Dizzy no ano seguinte, para trabalhar
com Illinois Jacquet, seu ex-companheiro na orquestra de Basie. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ao mesmo tempo, J. J. começou a organizar seus próprios
grupos e realizar gravações como líder. Por seus conjuntos da época passariam
sumidades como os bateristas Shadow Wilson e Max Roach, os saxofonistas Sonny
Stitt e Sonny Rollins e os pianistas Bud Powell e Hank Jones. O trombonista
pode ser ouvido em várias gravações de Charlie Parker, realizadas em dezembro
de 1947, para a Dial Records. Essas sessões foram as primeiras lideradas por
Bird, após o seu longo e traumático período de internação no Camarillo State
Mental Hospital.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1949, tendo deixado a banda de Jacquet, J. J. montou um
sexteto co-liderado por ninguém menos que Stan Getz e Fats Navarro. Embora
tivesse sido bem recebido pelo público e tocasse com regularidade nos clubes da
Rua 52, especialmente no Three Deuces, o grupo foi desfeito pouco depois. Ainda
naquele ano, é digna de registro a participação do trombonista no célebre
noneto de Miles Davis, que deu ao mundo o precioso “Birth of the Cool”, um dos
álbuns mais influentes da primeira metade dos anos 50.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Johnson chegou a participar dos Metronome All-Stars, no
início dos anos 50, fez alguns trabalhos com o trompetista Kenny Dorham e, em 1951,
co-liderou uma banda com o baixista Oscar Pettiford e o trompetista Howard
McGhee. O grupo excursionou pela Ásia, apresentando-se em bases
norte-americanas no Japão e na Coréia. De volta aos Estados Unidos, J. J.
excursionou com o “Jazz Inc.”, banda que reunia nomes como Miles Davis, Zoot
Sims, Milt Jackson (revezando-se no vibrafone e no piano), Percy Heath e Kenny
Clarke, cujos shows eram produzidos pelo lendário radialista e apresentador
Simphony Sid. O grupo não obteve a receptividade esperada, apesar dos talentos
envolvidos, e foi rapidamente desfeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">As ofertas de trabalho começaram a se reduzir
drasticamente, motivo pelo qual Johnson se viu obrigado a trabalhar como
inspetor de projetos da Sperry Gyroscope Company, uma fábrica de equipamentos militares
com sede em Long Island. Foram dois anos de trabalho na companhia, conciliando,
na medida do possível, o emprego formal com gigs e gravações, incluindo algumas
sob a liderança de Miles Davis, como “Miles Davis, Vol. 2” (Blue Note, 1953) e
o clássico “Walkin” (Fantasy, 1954). J. J. também desenvolveu uma estreita
colaboração com o pianista francês Henri Renaud, então morando em Nova Iorque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Somente em 1954, graças a uma iniciativa do produtor Ozzie
Cadena, da Savoy Records, o trabalho de Johnson voltou a receber o merecido
destaque. A proposta era arriscada: montar um grupo com uma sessão rítmica e
dois trombonistas, no caso J. J. e Kai Winding. Nascia o “Jay and Kai Quintet”,
um dos pequenos grupos mais interessantes daquela década e que causou verdadeiro
furor no universo jazzístico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Antes do estrondoso sucesso do quinteto com Winding,
Johnson, ainda na condição de empregado da Sperry, lançou um álbum que tem um
lugar especial no coração dos seus fãs. Trata-se do formidável “The Eminent J.
J. Johnson – Volume One”. Gravado no dia 20 de junho de 1953, para a Blue Note,
o disco apresenta uma verdadeira constelação: Clifford Brown no trompete, Jimmy
Heath nos saxes tenor e barítono, seu irmão Percy no contrabaixo, John Lewis no
piano e Kenny Clarke na bateria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com seus riffs poderosos e sua melodia contagiante,
“Capri” é um tema de autoria do saxofonista Gigi Gryce e abre o disco. O esmero
de Johnson na articulação das frases é visível mesmo nos tempos mais acelerados
e seu domínio do idioma bop é absoluto. O toque de Heath é fluido, sumamente
fiel às concepções parkerianas, e seus duelos com o instigante Brown são de
tirar o fôlego. Clarke é um dínamo em fúria e contrapõe-se à discrição e à
solidez da dupla John Lewis e Percy Heath, cujo entrosamento vinha sendo
forjado no então nascente Modern Jazz Quartet.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Johnson é o destaque incontestável de “Lover Man”,
clássico de Roger “Ram” Ramirez, Jimmie Davis e Jimmy Sherman. O trombonista,
cujo sopro é sempre cálido e aconchegante, constrói passagens melodiosas e de
beleza singular, sempre com enorme bom gosto, refinamento e emotividade. O
breve solo de Lewis, límpido e gracioso, mas também de grande conteúdo
emocional, é uma resposta das mais eloqüentes àqueles que o acusam,
injustamente, de ser um intérprete excessivamente cerebral. As intervenções de
Jimmy Heath e Brown são parcimoniosas e elegantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Turnpike” é o único tema do líder e quem merece os
maiores encômios é o endiabrado Clifford Brown. Com sua pegada agressiva e
desafiadora, quase insolente, ele exige dos companheiros uma entrega e uma
vibração em igual medida. Johnson e Jimmy Heath, que aqui utiliza o sax
barítono, mantém a excelência técnica em níveis estratosféricos e respondem às
provocações do trompetista com ataques igualmente alucinantes. Digna de nota
também é a vigorosa contribuição de Lewis, cuja postura revela um intérprete
destemido e um investigador profundo das entranhas harmônicas do bebop.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Lewis, contribui, ainda, com a intrincada “Sketch 1”, uma
balada em tempo médio que remete a seus sofisticados trabalhos à frente do MJQ.
O pianista também se encarrega pelo belíssimo arranjo, com Jimmy Heath mais uma
a bordo do sax barítono e Brown fazendo uma rara utilização do trompete com
surdina. O sexteto acelera o andamento na segunda metade da faixa e aqui é a
vez de Johnson chamar para a si a responsabilidade, encantando o ouvinte com
seu sopro caloroso e intenso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em “It Could Happen to You”, de James Van Heusen e Johnny
Burke, Johnson exibe mais uma vez suas qualidades de fabuloso intérprete de
baladas. As presenças de Brown e Jimmy Heath são discretas, sóbrias, quase
pontuais, e as atenções se voltam exclusivamente para o líder da sessão, que
brilha com uma plenitude solar. O acompanhamento comedido de Lewis, a percussão
minimalista de Clarke e a hipnótica condução de Percy fazem desta faixa a mais
lírica e pungente do disco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Harold Arlen e Ted Koehler são os autores de “Get Happy”,
cuja levada infecciosa faz dela uma das preferidas pelos jazzistas. A melodia
possui as características inflamáveis que a aproximam do bebop e a versão do
sexteto é caudalosa, pulsante, com amplo espaço para os solos exuberantemente
ferozes de Johnson, Jimmy e Brown. Lewis alia sua técnica soberba à vitalidade
de um iniciante e improvisa com inteligência e empolgação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Um álbum indispensável em qualquer discoteca de jazz e que
traz como um atrativo a mais três faixas-bônus, com takes alternativos de
“Capri”, “Turnpike” e “Get Happy”. Além disso, o disco que teve, originalmente,
Doug Hawkins na engenharia de som, é um dos raríssimos casos em que o mago Rudy
Van Gelder aceitou fazer a remasterização para o lançamento em cd, em 2001, o
que garante uma primorosa qualidade sonora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Voltando à parceria entre Jay e Kai, os dois realizaram
centenas de apresentações em clubes e festivais pelo mundo, além de diversos
discos para selos como Savoy, Bethlehem, Prestige, Columbia e Atlantic, sempre
com grande aceitação por parte da crítica e do público. Pelos grupos dos
trombonistas passariam luminares do porte do guitarrista Billy Bauer, dos
pianistas Bill Evans e Dick Katz, dos baixistas Charles Mingus e Paul Chambers
e dos bateristas Kenny Clarke e Osie Johnson. Mas a fórmula havia se desgastado
e os dois decidiram se separar em 1956.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">De qualquer maneira, os dois continuaram amigos e se
reuniriam várias vezes nos anos vindouros. Em 1958, excursionaram pela Europa,
em 1960 gravaram o excepcional álbum “The Great Kai & J. J.”, para a
Impulse!, e entre 1968 e 1969 gravaram dois discos para a CTI. Johnson e
Winding também podem ser ouvidos no excelente “Sassy Swings Again” (1967), o
último álbum de Sarah Vaughan para a Mercury Records, que também traz
participações de gigantes como Clark Terry, Charlie Shavers e Joe Newman.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Apesar de ser um sujeito reservado e discreto, Johnson era
muito bem-humorado. Reza a lenda que depois de uma performance do poeta e
escritor Jack Kerouac, um dos precursores da literatura beat e apaixonado por
jazz, no Village Vanguard, os dois passaram horas conversando. Em um dado
momento, Kerouac, que era amigo de monstros como Zoot Sims e Al Cohn e
raramente andava sem uma reserva amazônica de uísque, disse ao atento interlocutor:
“Na verdade, eu gostaria de ser músico, sabe? Acho que eu seria um grande
saxofonista”. Sem perder a compostura, o fleumático J. J. respondeu: “É mesmo? Não
sei porquê, mas acho que você tem mais jeito de trompetista”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Johnson também era um homem bastante determinado. Foi um
dos músicos que mais combateram o chamado “cabaret card”, espécie de
autorização dada pela polícia de Nova Iorque para que os músicos pudessem tocar
na cidade. Esse sistema era francamente restritivo ao livre exercício da
profissão e freqüentemente era usado como mecanismo de coação, pois era
necessária a sua renovação periódica. Thelonious Monk, por exemplo, passou
vários anos sem poder se apresentar nos clubes de Nova Iorque porque o seu “cabaret
card” foi cassado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Desde o final da década de 40 Johnson se encontrava
virtualmente impedido de tocar em clubes de Nova Iorque, porque seu próprio “cabaret
card” havia sido arbitrariamente cassado. Durante muito tempo ele conseguiu
driblar a vigilância policial, e para isso contava com a boa vontade dos donos
dos clubes. Além do mais, embora fosse um músico de sucesso – durante uma
excursão à Suécia, por exemplo, ainda nos tempos do quinteto com Winding, ele
havia levado vinte mil pessoas a um espetáculo ao ar livre – seu cachê era
relativamente modesto para um artista de sua envergadura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O próprio J. J. relatou ao crítico Ira Gitler que os donos
dos clubes ficavam surpresos com o valor do cachê cobrado por ele. Consta que
um desses proprietários, durante uma temporada em um estado do Meio-Oeste,
teria lhe dito: “Mas como é possível um artista do seu nível cobrar tão pouco?
Eu estava disposto a pagar o dobro para ter você em meu clube”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durante um processo movido por ele contra o Departamento
de Polícia de Nova Iorque, seu depoimento, prestado no dia 14 de maio de 1959, foi
fundamental para a futura abolição dessa restrição absurda. Conhecido no meio
musical por sua seriedade, profissionalismo e cultura, J. J. impressionou o
juiz da causa, Jacob Markowitz, que aceitou seus argumentos e lhe concedeu um “cabaret
card” permanente, em um julgamento que acabou servindo como precedente para que
outros músicos obtivessem o mesmo benefício. Uma das testemunhas arroladas por
Johnson no processo foi o apresentador de TY Steve Allen, que comandava um dos
programas de maior sucesso da época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com o fim da parceria com Winding, Johnson formou uma
série de pequenos grupos, cuja principal característica era a excelência
técnica dos seus comandados. Figuras da estirpe dos saxofonistas Bobby Jaspar e
Clifford Jordan, do cornetista Nat Adderley, do baixista Arthur Harper, do
trompetista Freddie Hubbard, dos pianistas Wynton Kelly, Tommy Flanagan e Cedar
Walton e dos bateristas Elvin Jones e Albert “Tootie” Heath foram alguns dos
nomes que tocaram em suas bandas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O trombonista gravou álbuns com Stan Getz (“Stan Getz and
J.J. Johnson at the Opera House”, Verve, 1960) e André Previn e excursionou com
Miles Davis no início dos anos 60. A partir daí, cansado da estafante rotina de
viagens e concertos, passou a priorizar o trabalho como arranjador e
compositor. Além disso, como confessou ao crítico Ira Gitler, queria poder dar
mais atenção à família, especialmente aos filhos adolescentes, Kevin e William,
que na época davam seus primeiros passos na música. Curiosamente, nenhum deles
optou pelo trombone. O primeiro escolheu a bateria e o segundo, o saxofone
tenor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O intérprete Johnson gravou relativamente poucos álbuns
como líder durante aquele período, com destaque para “J. J.’s Broadway” (Verve,
1963). Já o compositor Johnson manteve uma agenda sempre movimentada. Uma de
suas composições, “Poem for Brass” foi incluída na compilação “Music for Brass”,
de 1957, organizada por Gunther Schüller, um dos maiores entusiastas da chamada
Third Stream, corrente jazzística que incorporava elementos da música erudita. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O tema chamou a atenção de John Lewis, que no final da
década de 50 também era o diretor artístico do Festival de Monterey, e o
pianista encomendou a Johnson algumas composições na linha da Third Stream. O
resultado veio sob a forma de duas peças extensas e sofisticadas, “El Camino
Real” e “Sketch for Trombone and Orchestra”, apresentadas por J. J. ao público
na edição de 1959 do festival. As influências mais visíveis nesses trabalhos
são de compositores eruditos como Maurice Ravel e Paul Hindemith.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1961 foi a vez de “Perceptions”, suíte em seis
movimentos, executada pela primeira vez durante o First International Jazz
Festival, realizado no ano seguinte, em Washington, D. C., tendo Dizzy
Gillespie como principal solista. Outra obra de grande importância na carreira
de Johnson foi “Rondeau for Quartet and Orchestra”, gravada pelo Modern Jazz
Quartet, com a participação de uma orquestra de cordas e uma sessão de sopros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1965 Johnson gravou, em Viena, na Áustria, a sua
composição “Euro Suíte” ao lado de uma orquestra regida pelo maestro Friedrich
Gulda. Em 1968, Johnson compôs a suite “Diversions” para a American Wind
Symphony, orquestra baseada emPittsburgh. Ao mesmo tempo, desenvolvia uma
bem-sucedida carreira como compositor de jingles para publicidade e trabalhou
como consultor técnico da Marc Brown Associates – MBA Music, Inc. Naquela
companhia, suas sugestões foram bastante úteis para que Robert Moog
desenvolvesse sua principal invenção, o sintetizador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1970, a convite de Quincy Jones, Johnson trocou a
tranqüilidade de Teaneck, Nova Jérsei, pela vida frenética em Los Angeles, na
Califórnia. Ali, compôs ou arranjou trilhas sonoras para o cinema e a TV,
destacando-se filmes como “Across 110th Street”, “Trouble Man” (com Marvin
Gaye), “Cleopatra Jones”, “Top of the Heap” e “Willie Dynamite” e séries como “The
Mod Squad”, “Starsky & Hutch”, “Barefoot in the Park”, “Mike Hammer”, “The
Big Easy”, “Future Cop”, “Travels with Flip” e “The Six Million Dollar Man”, sendo
que muitas delas fizeram grande sucesso, especialmente a última, estrelada por
Lee Majors. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Embora tenha lançado alguns discos como líder nos anos 70
e 80, e tenha participado de gravações ao lado de Count Basie e Al Grey,
Johnson se manteve afastado dos palcos por praticamente quinze anos,
excetuando-se duas turnês pelo Japão, em 1977 e 1982, e uma excursão à Europa,
em 1984. Durante sua temporada californiana, ele também fez parte da Coconut
Grove Orchestra, sob a liderança de Sammy Davis Jr. e da orquestra do programa televisivo
de Carol Burnett.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Somente em novembro de 1987, novamente estabelecido em
Indianápolis, é que Johnson retornaria ao mundo do jazz e o fez com enorme
apetite. Montou um quinteto formado pelo saxofonista Ralph Moore, pelo pianista
Stanley Cowell, pelo baixista Rufus Reid e pelo baterista Victor Lewis, com o
qual realizou uma temporada de grande sucesso no Village Vanguard, em Nova
Iorque, seguida por uma turnê que englobou boa parte dos Estados Unidos, Europa
e Japão. No ano seguinte, novamente durante uma temporada no Village Vanguard,
gravou dois álbuns ao vivo, com um repertório composto por standards, lançados
pelo selo Antilles. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em agosto de 1988, outro momento marcante em sua carreira.
Juntamente com o velho amigo Stan Getz, Johnson reuniu mais de 15 mil pessoas
em um concerto no Grant Park, em Chicago. No final daquele ano, durante uma
excursão pelo Japão, sua esposa Vivian sofreu um sério AVC e perdeu boa parte
dos movimentos. Durante os três anos seguintes, Johnson se dedicou
exclusivamente à esposa, cancelando todos os compromissos profissionais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com a morte da esposa, em 1991, ele retornou,
paulatinamente, às atividades. Naquele mesmo ano, gravou um álbum em homenagem à
falecida esposa “Vivian” (Concord, 1992). Naquele mesmo ano conheceu Carolyn
Reid, que se tornaria sua segunda esposa. Gravou para selos como Verve, Pablo e
BMG, participou de discos de Wynton Marsalis, Steve Turre e Abbey Lincoln e foi
indicado ao Grammy em diversas categorias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Atuou como artista residente em várias instituições de
prestício, como a Kentucky State University, a Harvard University e o Oberlin
College. Sua última apresentação ao vivo, realizada em novembro de 1996, foi,
justamente, em uma instituição de ensino: um concerto no William Paterson
College. Em 1997 lançou seu último álbum, “The Brass Orchestra” (Verve), que
contou com as participações de craques como Jimmy Heath, Slide Hampton, Jon
Faddis, Wayne Shorter e Don Sickler.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Depois disso, preferiu permanecer em casa, em
Indianápolis, trabalhando exclusivamente como compositor e arranjador.
Respeitado e querido no meio musical, colecionou honrarias, como a inclusão do
seu nome no Down Beat Hall of Fame, em 1995, um doutorado honorário concedido
pela Indiana University, em 1988, e em 1996 foi a vez de receber o título de Jazz
Master, dado pela National Endowment for the Arts (NEA).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O trombonista escreveu dois livros, “J. J. Johnson
Collection: Trombone” e “Exercises and Etudes for the Jazz Instrumentalist”,
com as transcrições de seus solos e arranjos, ambos publicados pela editora Hal
Leonard. Em 2000 foi lançada a sua biografia, “The Musical World of J. J.
Johnson” (Scarecrow Press), escrita por Joshua Berrett e Louis Bourgois III. Naquela
época, todavia, ele já sofria os efeitos de um devastador câncer de próstata, cujo
tratamento não foi capaz de curar. O trombonista preferiu acabar com o
sofrimento, suicidando-se com um tiro na cabeça, no dia 04 de fevereiro de
2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sua morte foi um choque para a comunidade musical e o seu
funeral foi acompanhado por dezenas de músicos de jazz, como Larry Ridley, Max
Roach e Jimmy Heath. Durante os serviços fúnebres, Slide Hampton apresentou um
arranjo de “Lament”, à frente de um naipe de nove trombones, elaborado
especialmente para homenagear o falecido amigo e grande inspirador. Entre os executantes,
estavam Steve Turre, Robin Eubanks e Phil Ranelin. Composições de sua lavra,
como “Wee Dot” e a própria “Lament”, permanecem até hoje como standards do
jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para o amigo Jimmy Heath, J. J. “foi o maior trombonista
da minha geração. Ele usava o trombone de uma maneira revolucionária, fazendo
as notas deslizarem suavemente e era capaz de falar a linguagem do bebop com
clareza e precisão extremas. Depois que ele surgiu, todo mundo queria imitá-lo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Steve Turre, um dos seus mais talentosos discípulos,
resumiu a importância de Johnson para o desenvolvimento do idioma jazzístico: “J.
J. fez com o trombone a mesma coisa que Charlie Parker fez com o sax alto. Ninguém
tocaria da forma como se toca hoje se não fosse o seu pioneirismo. Ele foi um
mestre do trombone, o mestre definitivo do século XX. E sua importância não se
resume ao intérprete, pois ele também foi um dos maiores compositores e
arranjadores da história do jazz”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">=======================</span><span style="font-family: Georgia; font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzU3NDk2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzU3NDk2LWRlMCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQwMDc3Mjk7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzU3NDk2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzU3NDk2LWRlMCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQwMDc3Mjk7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzU3NDgyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzU3NDgyLTZkNSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQwMDc3NTM7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen" value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzU3NDgyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzU3NDgyLTZkNSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQwMDc3NTM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzU3NDY5IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzU3NDY5LTdhNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQwMDc3NjU7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzU3NDY5IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzU3NDY5LTdhNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQwMDc3NjU7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com29tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-50479277576002547052012-05-19T10:45:00.001-03:002012-05-19T10:45:51.503-03:00A CIDADELA DOS MALDITOS<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-4QsgoquovQo/T7ej7aZkVyI/AAAAAAAAAyw/phm_4UM5wcQ/s1600/charles+persip.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-4QsgoquovQo/T7ej7aZkVyI/AAAAAAAAAyw/phm_4UM5wcQ/s1600/charles+persip.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Quanto tempo um homem é capaz de esperar,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Até que descubra que mudança alguma irá acontecer?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Até que perceba que as estrelas morrem a cada manhã?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Até que renuncie às noites intermináveis de suor e medo?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Quanto tempo um homem é capaz de clamar<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Diante dos altares mudos e impiedosos?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os sulcos no seu rosto são tudo o que lhe restou<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A face urdida pelo arado do tempo<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Esculpida pela foice amarga da desilusão<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">É o resultado de uma semeadura regada com lágrimas<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O gesto suave da admiração, o refúgio do amor casto e seguro,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Não passam de recordações lamentosas e vadias<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os anjos, aqueles reverentes hóspedes celestes,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Se esqueceram de cobrar o tributo terreno<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">E as preces, eclipsadas pelo pó, de nada valeram<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O suspiro do vento espalha ao longe as misérias daquele
homem<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Seus pensamentos são confusos e desobedientes<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os campos não dão frutos, apenas rama exaltada indigna<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Acabaram-se os passeios pela cidade<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ela feneceu e também as suas amabilidades,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Abandonada à própria sorte, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A cidade é como a mulher que traz no ventre <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Um inquilino indesejado e sórdido<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O que ontem era o abrigo da virtude e da harmonia,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A cartografia acolhedora de toda a sorte de afetividades,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">É hoje um antro negro de morte e devassidão<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os trabalhadores desapareceram, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Assim como o estalajadeiro, o médico e o tabelião<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O boticário, as lavadeiras e o bedel<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Sumiram as carpideiras e não há ninguém para chorar pelos
mortos<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Pedintes e prostitutas caminham a esmo pelas ruas silenciosas<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Maldizem a sorte, mas não têm força para fugir dali<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os monarcas coroados abdicaram ao trono<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">E, como espectros insidiosos, desvaneceram na bruma<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os templos faustosos de outrora prostraram-se <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">À sombra da hera maligna e dos espinhos taciturnos<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A terra infértil se opõe ao plantio<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">E o campo verde transformou-se em um alagadiço pútrido<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os grãos dourados esturricaram e viraram fuligem<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O capim verdejante é uma guirlanda de urtigas<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Adeus esplendor, adeus colheitas, adeus humano chão<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O vento anárquico chicoteia a pele<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A luz febril faz as cores desmaiarem em cinza<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">É um novo Sol que surge a cada manhã,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Um Sol que não aquece, mas queima<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Um Sol que não ilumina, mas ofusca<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O homem perdeu a si mesmo e também a sua fé <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A esperança é uma falácia rústica e desabrigada<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Uma mentira ignóbil, contada sem esmero ou convicção<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Acabou-se o labor glorioso e digno, a faina angelical
diária<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os tempos sombrios caminham com imperturbável zelo,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Não se ouvem os cânticos dos homens e seus sotaques virtuosos<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ah! Morte benfazeja e terna! Mãe gentil e atenciosa, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Que não se verga à opulência dos brasões ou das linhagens <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Dá àquele homem o sono agradável do esquecimento,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Confirma-lhe os presságios da brevidade elementar<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Concede-lhe o mais precioso dos tesouros,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Que vale mais que o diamante reluzente, que a opala e o
rubi<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Pacifica o coração de teu filho, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Preenche-lhe aquela região vazia<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Sê para ele o canto do pássaro, o êxtase amoroso e
tranqüilo<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Sê para ele o vôo coordenado e ordeiro, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Transporta-o até o espaço brilhante<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Leva embora o apego confuso e improdutivo<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Nada pode ser mais exasperador para escravo <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Do que ter os olhos livres para ver o que jamais
desfrutará<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Eu vi a montanha sonolenta se vergar <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">E descobri que não há liberdade sem rendição <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Eu senti o hálito de Tanatos e rezei em seu louvor <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Frustrei-me em meu propósito, mas percorri todos os ciclos,
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ah! Morte benfazeja e terna! Mãe gentil e atenciosa, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Que não se verga à opulência dos brasões ou das linhagens <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Dá àquele homem o sono agradável do esquecimento,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Confirma-lhe os presságios da brevidade elementar<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Concede-lhe o mais precioso dos tesouros,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Que vale mais que o diamante reluzente, que a opala ou o
rubi<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Outorga àquele homem de rosto amarfanhado, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Que há milênios não passa do eu de um hoje perpétuo,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A pausa eterna e indeclinável, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A interrupção simétrica do ultraje,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O repouso digno e reparador,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A quem não mais suporta <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O desconsolo impávido de uma alma baldia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">============================<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Charles
Lawrence Persip tem uma extensa folha de ótimos serviços prestados ao jazz e
participou de incontáveis gravações, ao lado de alguns dos maiores nomes do
estilo, como Sonny Stitt, Lee Morgan, Dinah Washington, Melba Liston, Sonny
Rollins, Kenny Dorham, Archie Shepp, Zoot Sims, Harry “Sweets” Edison, Phil
Woods, Red Garland, Mal Waldron, George Russell, Gil Evans, Randy Weston, Don
Ellis, Cannonball Adderly, Benny Golson, Oliver Nelson, Eric Dolphy, Irene
Krall, Roland Kirk, Gene Ammons, Curtis Fuller, Clarck Terry e muitos outros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">No entanto, jamais obteve um reconhecimento, por parte de
crítica e público, proporcional a seu talento. Baterista de grandes recursos
técnicos e dono de uma pegada vibrante, ele nasceu no dia 26 de julho de 1929,
em Morristown, mas foi criado em Newark, ambas no estado de Nova Jérsei. Desde muito
cedo ele demonstrou enorme aptidão musical e consta que aos três anos já dava
os primeiros passos na bateria, sempre apoiado pelos pais, Francis Persip e
Doris Mary.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Quando ingressou na West Side High School, em Newark, tudo
o que o garoto queria era fazer parte do time de futebol americano. Mas a
música acabou falando mais alto e ele participaria de diversas bandas e
orquestras colegiais, até a conclusão do ensino médio. Recebeu aulas
particulares de um dos mais renomados bateristas da região, chamado Al
Germansky, e durante cerca de dois anos Charlie freqüentou a Hartt School of
Music, em Nova Jérsei. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Todavia, ele foi obrigado a abandonar os estudos para se
dedicar à carreira profissional, em 1951. Seus primeiros empregos foram em
bandas locais de R&B e naquela época seu maior ídolo era Shadow Wilson. Durante
uma jam com Dizzy Gillespie, Persip conheceu o grande Kenny Clarke, considerado
um dos pais da bateria do bebop, que também estava presente naquela sessão.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Clarke se afeiçoou ao garoto e se tornou uma espécie de mentor
do jovem baterista, apresentando-o à nata dos músicos de Nova Iorque e
dando-lhe preciosos conselhos, tanto do ponto de vista técnico como no que diz
respeito à condução de sua carreira. Naquela época, Persip despontava como uma
das grandes promessas da bateria e foi depurando o seu estilo em gigs com
monstros como Walter Davis Jr., Hank Mobley, James Moody, Benny Green, Sahib
Shihab, J. J. Johnson e Charlie Parker.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1953, Charlie ingressou na banda de Tadd Dameron,
deixando-a no final daquele ano para tocar com Dizzy Gillespie. O baterista foi
um dos mais assíduos colaboradores de Dizzy naquele período, trabalhando tanto
na big band quanto nos vários pequenos grupos liderados pelo trompetista. A
parceria durou até 1958, quando Persip assumiu o posto no quinteto de Harry “Sweets”
Edison. Ao mesmo tempo Persip se tornava um dos mais requisitados músicos de
estúdio de Nova Iorque, razão pela qual foi obrigado, novamente, a interromper
os estudos musicais formais, desta feita na Juilliard School of Music.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Após uma rápida passagem pelas bandas de Bill Potts, com
quem gravou o elogiado “The Jazz Soul of Porgy and Bess” (United Artists,
1959), e de Jerome Richardson, que na época era uma das atrações fixas do
Birdland, o passo seguinte foi trabalhar na orquestra de Harry James, onde
aportou por indicação de Buddy Rich. Tratava-se de uma das poucas big bands
remanescentes da Era do Swing que ainda se mantinha em atividade regular. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O ano era 1959 e Charlie foi obrigado a se mudar para Las
Vegas, onde James era uma das mais disputadas atrações nos cassinos, hotéis e
casas noturnas da cidade. Apesar da ótima remuneração, Persip não se sentia à
vontade ali, tocando um repertório que muito pouco tinha a ver com as suas
concepções musicais. Ele recorda o que sentiu durante aquele período: “Eu
estava ganhando um bom dinheiro, mas do ponto de vista artístico percebia que
aquele trabalho não me acrescentava muita coisa”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O baterista então pediu dispensa da banda e retornou a
Nova Iorque, no final daquele ano. Desta feita, com o firme propósito de montar
o seu próprio grupo. Para isso, arregimentou alguns jovens músicos que
despontavam no cenário novaiorquino: o trompetista Freddie Hubbard, o pianista
Ronnie Matthews, o saxofonista tenor Roland Alexander e o contrabaixista Ron
Carter. Deu à banda o nome de “The Jazz Statesmen” e com essa formação gravou
seu primeiro álbum como líder.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Trata-se do excelente “Charlie Persip and The Jazz
Statesmen”, gravado para o selo Bethlehem no dia 02 de abril de 1960. Por causa
de compromissos profissionais assumidos anteriormente, Hubbard teve que se
ausentar do estúdio e não pôde participar de todas as cinco faixas do álbum,
sendo substituído em uma delas pelo também jovem e talentoso Marcus Belgrave. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A abertura fica a cargo de “Sevens”, tema musculoso, de
autoria de Alexander, que entabula diálogos ensandecidos com Hubbard. A
cumplicidade nas trocas de compassos, os improvisos furiosos, a volatilidade
que emana dos solos, o domínio técnico exemplar, tudo se soma para dar à
execução aquela espécie de brilho que somente acontece em combos extremamente
entrosados. Ressalte-se, por fim, as vigorosas intervenções do líder, dono de
uma levada realmente irresistível.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">No único standard do disco, “The Song Is You”, de Jerome
Kern e Oscar Hammerstein II, o quinteto apresenta um arranjo em tempo ultra rápido.
Com uma base perfeita, proporcionada por Carter e Matthews, os outros três
podem se dedicar com maior ênfase aos solos e às improvisações, sempre
arrebatadoras. Influenciado por John Coltrane e Sonny Rollins, Alexander possui
um estilo robusto e agressivo, preferindo transitar pelos registros mais graves
do seu instrumento. Persip se empolga e se a sua performance tiver que ser
descrita em um único adjetivo, este seria: vulcânica.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O blues “Right Down Front” é uma composição de Sarah
Cassey e aqui o trompete fica por conta de Belgrave, que não se mostra nem um
pouco intimidado, e a permuta não traz qualquer prejuízo à coesão do grupo. A
ênfase com que Carter vibra as cordas do contrabaixo dá um toque de crueza e
profundidade à execução. O líder
constrói uma ancoragem rítmica pulsante, avassaladora, em franco contraste com
a abordagem de Matthews, cujo piano impõe um verniz de refinamento e
sofisticação ao tema.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Com Hubbard de volta ao posto, é a vez de “Soul March”,
mais uma contribuição do versátil Alexander. O andamento marcial, a sonoridade
opulenta e o indisfarçável apelo ao blues em algumas passagens fazem desta uma
das mais empolgantes faixas do álbum. O maior destaque individual talvez seja
Persip, que exibe uma profusão de recursos rítmicos, uma energia aparentemente
inesgotável e uma voracidade impressionante. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Para fechar o disco, o tema escolhido foi “The Champ (A
Suite in Six Movements)”, de autoria do ex-patrão de Persip, Dizzy Gillespie.
Trata-se, como o próprio título sugere, de uma longa suíte de quase dez
minutos, que percorre diversas vertentes do jazz, incluindo o bebop, o hard bop
e o soul jazz, com passagens significativas pelo blues. A atmosfera e os
andamentos variam, indo do explosivo ao sombrio, do refinado ao primitivo, com
amplo destaque para a percussão endiabrada, por vezes quase tribal, de Persip.
Um álbum que dignifica qualquer discoteca de jazz e que serve como amostra do
talento de alguns jovens que, em pouco tempo ajudariam a renovar a linguagem
jazzística com sua ousadia e competência.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ainda em 1960, Persip foi contratado por Billy Eckstine e
acabou se tornando, além de baterista, diretor musical da banda do cantor, que
somente se encerraria em 1973. Ao longo da década de 70, iniciou e desenvolveu
um prolífico trabalho como educador musical, dando aulas em instituições de
Nova Iorque, como o Jazzmobile Inc. e a New School for Jazz and Contemporary
Music (onde trabalha até hoje, na qualidade de Professor Associado).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Persip é um grande contador de histórias e muito
bem-humorado. Certa vez, Elvin Jones, seu grande amigo, estava bastante ansioso
antes das gravações de “My Favorite Things”, um dos álbuns mais importantes de
John Coltrane, porque não dominava, com a necessária segurança, o andamento em
3/4. Persip rememora: “Eu e Elvin éramos grandes amigos. Um dia ele me falou de
uma gravação que faria com Coltrane, onde um tema era em um andamento em 3/4.
Então ele me perguntou: ‘Como é que você consegue tocar isso? Eu não sei tocar
essa droga!’ Eu fiquei um pouco chocado, pois Elvin era um baterista
excepcional e de grande capacidade técnica. Eu dei algumas dicas a ele e se você
escutar ‘My Favorite Things’ vai perceber que ele aproveitou direitinho as
dicas que eu dei”, diz às gargalhadas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1980, formou o “Superband”, uma big band com orientação
francamente bop, cujo primeiro álbum, homônimo, foi gravado naquele ano para o
selo Stash. Era a primeira vez que Persip entrava em um estúdio como líder,
após um hiato de vinte anos. O segundo disco “In Case You Missed It” (1984) e o
terceiro, “No Dummies Allowed” (1987), foram gravados para o selo italiano Soul
Note.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O grupo, agora com o nome de “Supersound”, ainda gravaria
mais um álbum, “Intrinsic Evolution”, uma produção independente, bancada pelo
próprio baterista em 2008, por intermédio do selo CDBY. Pelas diversas formações
da big band passariam nomes hoje consagrados, como os saxofonistas Gary Smulyan
e Bob Watson, o pianista Gary Dial e o trompetista Jack Walrath.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Persip também se arriscou na literatura didática, tendo
lançado o livro “How Not to Play Drums: Not for Drummers Only” (Second Floor
Music, 2003), cujo título bem-humorado faz uma provocação a determinado tipo de
músico mais preocupado em exibir sua capacidade técnica do que propriamente em tocar.
Como exemplifica o próprio Charlie: “Eu gosto de solar, mas acredito que o solo
tenha que ter um sentido rítmico e melódico. Muitos solos de bateria começam e
terminam como meras demonstrações de técnica, e não como uma expressão da
musicalidade do seu autor”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Charlie continua na ativa, juntando-se a um seleto grupo
de bateristas octogenários, como Roy Haynes, Chico Hamilton e Jimmy Cobb. Ainda
faz shows com regularidade, dá aulas e grava sempre que é convidado. De olho no
futuro, mas sem deixar de se emocionar com os feitos do passado: “Eu gosto de
falar sobre o que eu estou fazendo neste momento e dos meus planos para o
futuro. Um dos motivos pelos quais eu não gosto de falar muito do que fiz é
porque muitas das pessoas com quem trabalhei já se foram. Mas os jovens sempre
querem saber sobre aquela época, e às vezes é doloroso, para mim, falar de
amigos queridos que eu jamais verei novamente”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">========================</span></span><span style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDM3MjAwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDM3MjAwLWE5ZCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ4NTExOTg7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDM3MjAwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDM3MjAwLWE5ZCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ4NTExOTg7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDM3MTQ2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDM3MTQ2LTY3YiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ4NTEyMTM7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always"
allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDM3MTQ2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDM3MTQ2LTY3YiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQ4NTEyMTM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-81341490767054642292012-05-14T06:51:00.001-03:002012-05-14T06:51:25.588-03:00O FEIJÃO E O SONHO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LvFMD0W98Hw/T7DVdxZ5hmI/AAAAAAAAAyk/ItEJlal_Yzs/s1600/coleman+hawkins+fly.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-LvFMD0W98Hw/T7DVdxZ5hmI/AAAAAAAAAyk/ItEJlal_Yzs/s1600/coleman+hawkins+fly.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É difícil crer que alguém
conhecido como “Feijão” pudesse ser um homem sensível e de hábitos refinados.
Com um apelido desses, o mais provável é que o sujeito fosse um homem rude,
ainda mais quando se sabe que ele recebeu essa alcunha por conta do seu apetite
insaciável por prosaicos feijões. Mas todos os que conviveram com o nosso
querido “Feijão”, ou melhor, “Bean”, são unânimes em louvar a sua polidez, a
sua elegância no falar e no trajar e sua cordialidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os músicos com quem tocava eram
os primeiros a reconhecer as suas qualidades. Para o pianista Sir Charles
Thompson, que fez parte de sua banda nos anos 40, “Bean” era “um homem culto e
extremamente elegante”. Era também bastante generoso no pagamento dos cachês e
não foram poucos os ex-integrantes de sua banda que o apontaram como um
excelente patrão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Bem, mas afinal de contas quem é
esse tal “Bean” e qual a importância dele para o jaz? Ora, o tal “Bean” é
ninguém menos que Coleman Randolph Hawkins, um dos pais fundadores do jazz e,
sem dúvida alguma, um dos seus principais estetas. Sua importância? Durante um
concerto, o cantor Jon Hendrics assim o apresentou à platéia: “Este é Coleman
Hawkins, o homem para quem Adolphe Sax inventou o saxofone”. Precisa dizer mais
alguma coisa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Hawkins nasceu no dia 21 de
novembro de 1904, em Saint Joseph, no estado do Missouri. Sua família, ao
contrário do que sucedia com a maioria dos negros da época, tinha uma ótima
situação financeira e o garoto jamais passou necessidade. Pôde estudar em boas
escolas, como a Topeka High School, e, um luxo para um jovem negro naquele
tempo, também freqüentou uma escola de música, o Washburn College, em Topeka,
no estado do Kansas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dono de uma musicalidade inata,
Hawkins era capaz de ler partituras e tocava piano (começou aos cinco anos),
violoncelo (aos sete) e, aos nove, saxofone C-Melody, uma espécie de híbrido
entre o alto e o tenor. Apesar de desejar que o filho se direcionasse para uma
carreira menos instável que a de músico profissional, os pais de Hawkins sempre
o apoiaram em suas decisões. Inclusive quando ele, aos 17 anos, decidiu
ingressar na orquestra de Jesse Stone. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Pouco depois, chamaria a atenção
da cantora Mamie Smith, que o contratou para tocar no seu grupo, chamado “Jazz
Hounds”. Ali, Hawkins trabalharia ao lado de outro gigante do jazz, o
clarinetista e saxofonista soprano Sidney Bechet. Na banda de Smith, onde
permaneceu até meados de 1923, o jovem participou de suas primeiras gravações e
adotou, em caráter definitivo, o saxofone tenor, em substituição ao C-Melody.
Seu próximo emprego foi na orquestra de Wilbur Sweatman, mas a permanência ali
foi breve.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em janeiro de 1924 o saxofonista
foi contratado pelo bandleader Fletcher Henderson e se mudou para Nova Iorque.
Um dos seus companheiros na big band era ninguém menos que Louis Armstrng,
outra figura seminal na história do jazz. “Bean” e “Satchmo”, mais velho e bem
mais experiente, se tornariam amigos e o jovem saxofonista aprendeu bastante
com o parceiro trompetista. Outra influência bastante importante para a
depuração da sonoridade de Hawkins foi o pianista Art Tatum, que conheceu no
final daquela década. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Coleman se tornaria, com o
passar dos anos, um dos esteios sonoros da orquestra de Henderson e, depois da
saída de Armstrong, seu solista mais notável. Foram dez anos de vivência conjunta
e durante aquele período ele ajudou a tornar o saxofone popular no universo
jazzístico, a ponto de “rivalizar e, posteriormente, superar o trompete como o
mais iconográfico dos instrumentos do jazz”, conforme ensina o respeitado Gary
Giddins.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Embora fosse um músico
respeitado, Hawkins pouco se arriscava fora da big band de Henderson. Entre
suas raríssimas gravações feitas sem a orquestra, destacam-se as realizadas em
1929, ao lado dos “Mound City Blue Blowers”, onde tocavam craques como Eddie
Condon, Gene Krupa e Jack Teagarden. Outro grupo paralelo, onde o saxofonista
também atuou com alguma constância, foi o “McKinney Cotton Pickers”, liderado
pelo baterista William McKinney e que tinha em sua formação o pianista James P.
Johnson, o saxofonista Benny Carter e o trompetista Sidney De Paris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com a chegada dos anos 30, ele
consolidou-se como “a voz dominante do saxofone e, apesar do surgimento de
contemporâneos como Charlie Holmes, Johnny Hodges, Frank Trumbauer e Jimmy
Dorsey, todos seguiam Hawkins”, nas certeiras palavras do crítico inglês
Richard Cook. Como músico de apoio, Hawk, outro dos seus apelidos, fez algumas
gravações com Henry “Red” Allen, para o selo ARC, e Benny Goodman, para a Columbia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Roberto Muggiati explica que a
partir do início da nova década Coleman “evoluiu para o estilo que se tornaria
típico do sax tenor: um timbre robusto, cheio de vibrato, notas em cascata,
mais ligadas, praticamente soldadas uma à outra – dentro da característica mais
elástica do instrumento – e uma tendência de improvisar menos dentro da melodia
(como um Louis Armstrong) e mais sobre os acordes, a seqüência harmônica do
tema, antecipando o bebop”. Até o aparecimento de Lester Young, que surgiu com
um estilo mais aveludado e uma abordagem menos incisiva, Hawkins era o
principal paradigma dos tenoristas do jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A parceria com Fletcher seria
rompida em 1934, quando o saxofonista recebeu uma excelente oferta de trabalho.
O problema é que ele teria que se mudar para Londres. O ano era 1934 e Hawkins não
titubeou ao aceitar o convite para se juntar à orquestra de Jack Hylton. No
Velho Continente, Coleman dividiu os palcos com grndes músicos europeus, como Django
Reinhardt e Stephane Grappelli, e compatriotas residentes ou de passagem por
lá, como Benny Carter e Bill Coleman.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Hawkins era tratado como um
astro na Europa e percorreu o continente realizando concertos durante os cinco
anos em que viveu por lá. Somente em 1939, face à iminência da III Guerra
Mundial, ele voltou aos Estados Unidos. Não demorou a causar uma pequena
revolução no jazz, com a sua célebre gravação de “Body and Soul”, feita para a
Bluebird naquele mesmo ano e que apresenta um dos mais belos solos de saxofone da história do
jazz. O sucesso da gravação foi tão grande, que lhe rendeu o título de
“Saxofonista do ano” da revista Downbeat e o inspirou a tentar novos vôos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, com a
popularidade em alta, Coleman arriscou-se na complicada tarefa de comandar a
própria big band, mas o resultado, do ponto de vista financeiro, foi ruinoso.
Ele então decidiu liderar apenas grupos pequenos e estabeleceu-se como atração
fixa em vários clubes da Rua 52, em Nova Iorque. O jazz passava por sua mais
importante revolução, que começaria silenciosamente em um pequeno clube do
Harlem chamado Minton’s Playhouse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Coleman percebeu a força
criativa dessa nova música, chamada bebop, e o extraordinário talento dos seus
inventores, notadamente Charlie Parker e Dizzy Gillespie. “Bean” foi um dos
primeiros músicos da velha escola a assimilar as inovações harmônicas e
rítmicas provocadas pelo bebop e atuou e gravou com muitos dos seus expoentes.
Inclusive com Parker e Dizzy, naquela que é considerada a primeira gravação
oficial do bebop, em 1944. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Por seus grupos passaram, entre
outros, portentos como Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, Don Byas, Oscar
Pettiford, Miles Davis, Max Roach, Howard McGhee, J. J. Johnson, Idrees
Sulieman e Fats Navarro, todos intimamente ligados ao bebop. O saxofonista
também foi um dos participantes mais assíduos dos concertos promovidos por
Norman Granz no projeto “Jazz at the Philharmonic”, entre 1946 e 1950.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Transitando entre a modernidade
e a tradição, Coleman realizou concertos e gravações históricas ao lado de
músicos que, como ele, eram oriundos do swing. Foi o caso de suas apresentações
ao lado de Henry “Red” Allen e Roy Eldridge na edição de 1957 do Newport Jazz
Festival. Outro momento soberbo naquela década é o album “Coleman Hawkins
Encounters Ben Webster”, também de 1957 e gravado para a Verve, que conta com
as participações de Oscar Peterson (piano), Herb Ellis (guitarra), Ray Brown (contrabaixo)
e Alvin Stoller (bateria).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na sua extensa discografia, um
álbum merece todos os encômios e mostra, melhor que qualquer outro, as
qualidades que fizeram dele um ídolo tanto para os fãs do swing quanto do bebop
e do hardbop. Produzido por Orrin Keepnews e gravado nos dias 12 e 15 de março
de 1957, para a Riverside, “The Hawk Flies High” traz o veterano o saxofonista
à frente de um hepteto formidável: J. J. Johnson no trombone, Idees Sulieman no
trompete, Hank Jones no piano, Barry Galbraith na guitarra, Oscar Pettiford no
contrabaixo e Jo Jones na bateria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Chant” abre o disco com uma
energia furiosa. Composta por Hank Jones, é bebop de primeiríssima qualidade,
com solos empolgantes, improvisos desafiadores e carradas de swing. O líder
mostra as qualidades que fizeram dele a principal influência de Dexter Gordon,
John Coltrane e Sonny Rollins, alguns dos seus mais legítimos herdeiros
musicais. Outro que tem uma atuação infernal é Pettiford, que extrai do
contrabaixo, um instrumento eminentemente rítmico e de uma sonoridade limitada
pelos tons graves, harmonias e timbres repletos de texturas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A fogosa “Juicy Fruit” é um blues
acelerado de autoria de Sulieman, cuja performance aqui é uma das mais notáveis
em toda a sua carreira. Ele consegue sustentar uma nota por quase dois minutoa,
sem claudicar ou sair do tom, numa fabulosa exibição de fôlego e técnica.
Johnson também tem momentos fulgurantes e o seguro Jo Jones é um poderoso
sustentáculo rítmico. O sopro de Hawk é viril, incisivo, rascante, impetuoso e,
virtualmente, arrebatador. Destaque também para o dedilhado fleumático e para
as notas impecáveis do sempre elegante Hank Jones.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Composta por William Smith, a
balada em tempo médio “Think Deep” possui um portentoso alicerce de blues. A
sonoridade volumosa de Hawk e sua tonalidade imponente são uma espécie de
conclamação. Impossível deixar de ouvir os seu majestoso chamado e Johnson e
Galbraith respondem da maneira mais garbosa possível. O volátil Sulieman,
excelente intérprete de blues, acrescenta um pouco de pimenta a essa mistura
fascinante e suas intervenções são realmente explosivas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Único standard do álbum, “Laura”
é fruto da parceria entre David Raksin e Johnny Mercer e a versão do grupo é
simplesmente grandiosa! Com uma abordagem plácida e uma sonoridade que não
perde a eloqüência, Hawkins é a imagem da doçura. Como já havia feito com “Body
and Soul”, também aqui a versão do saxofonista se sobrepõe em um novo patamar
de excelência. Destaque também para a impactante participação de Johnson, outro
formidável intérprete de baladas, com seu discurso melódico aveludado e
citações emocionantes de “Tenderly”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Hardbop de ótima procedência,
“Blue Lights” foi composta pelo grande – e subestimado – Gigi Gryce. A
introdução fica a cargo do eletrizante Galbraith, logo seguido por um solo de
enorme riqueza tonal do sempre surpreendente Sulieman. Tingida de blues e com
uma levada infecciosa, a faixa ainda apresenta um Pettiford devastador, não
apenas como esteio rítmico, mas também como solista de raro talento. O líder e
Johnson trocam frases enérgicas, serpenteantes e inesperadas, dentro da melhor
tradição bop.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Sancticity” é a única
composição de autoria do líder incluída no disco e resgata a espontaneidade dos
heróicos tempos do swing. Rápido e vibrante, o tema poderia facilmente figurar
no repertório de Count Basie. A pulsação é ininterrupta, com uma seqüência de
solos – Johnson, Hawkins, Sulieman e Hank Jones – de tirar o fôlego e deixar
extasiado qualquer amante do jazz. Se existe um álbum indispensável na longa
discografia de Hawkins (e, para dizer a verdade, bem poucos não o são) é este! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No terço final da década de 50, Coleman
assinou com a Prestige, por onde lançou uma série de ótimos álbuns, como “Hawk
Eyes” (1959), “At Ease with Coleman Hawkins” (1960) e “The Hawk Relaxes”
(1961). Sempre atento às novas linguagens do jazz, Hawk, às vésperas de
completar 60 anos, também se rendeu às dolentes harmonias da bossa nova, tendo
gravado o ótimo “Desafinado” para a Impulse, em 1962, com direito a versões de
“O pato”, “Um abraço no Bonfá” e “Samba de uma nota só”. Seu lado mais
tradicional o impeliu a gravar com os contemporâneos Pee Wee Russell (“Jam
Session in Swingville”, Prestige, 1961) e Duke Ellington (“Ellington”, Impulse,
1962).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O intrépido Hawkins jamais temeu
desafios, razão pela qual aceitou dividir os créditos do fantástico “Sonny
Meets Hawk” com o discípulo Sonny Rollins, que, juntamente com John Coltrane,
era o mais importante e influente tenorista dos anos 60. O encontro histórico
foi gravado em 1963, para a RCA Victor, e a sessão rítmica era composta por
músicos bem mais jovens que “Bean”, alguns deles bem conhecidos por suas
ligações com o jazz de vanguarda: o pianista Paul Bley, os baixistas Henry
Grimes e Bob Cranshaw e o baterista Roy McCurdy.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os problemas com o álcool,
todavia, começaram a cobrar-lhe um alto preço e, a partir de 1965 ele
praticamente se viu obrigado uma aposentadoria compulsória. Seus últimos anos
foram de solitária reclusão, uma terrível ironia do destino para o homem que
compôs “Stuffy”, um dos temas mais alegres do jazz. O sopro forte e voluptuoso
de Hawkins se calaria para sempre no dia 19 de maio de 1969, por conta de
complicações decorrentes de uma pneumonia e da cirrose hepática. Seu corpo foi
enterrado no Woodlawn Cemetery, no Bronx, em Nova Iorque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os críticos não hesitam em
louvar o talento de Hawkins e nem em reconhecer o seu gênio criador. Mas as
melhores e mais apropriadas palavras sobre ele não foram proferidas por um
crítico e sim por um músico, o saxofonista francês Alix Combelle: “Era como uma
catedral. Saía uma tal potência daquele instrumento, uma qualidade, um veludo,
um volume... A gente tinha a impressão de que Hawkins estava lá dentro!
Geralmente, há uma separação entre o solista e o instrumento, mas, no caso
dele, parecia que o som saía do próprio homem”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">=========================</span><span style="font-family: Georgia; font-size: medium;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTk5ODg1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTk5ODg1LTJjNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzY5ODg1ODU7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTk5ODg1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTk5ODg1LTJjNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzY5ODg1ODU7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTk5ODI3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTk5ODI3LTAxNyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzY5ODg2MzM7fQ==&autoplay=default"
name="movie">
</param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2OTk5ODI3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2OTk5ODI3LTAxNyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzY5ODg2MzM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-5136325760550308112012-05-07T07:42:00.003-03:002012-05-07T07:42:59.427-03:00SWING GERMÂNICO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-hxQeU3CYW4U/T6em8WACuZI/AAAAAAAAAyY/x56ZNPaCn0I/s1600/andre+previn+king+size.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-hxQeU3CYW4U/T6em8WACuZI/AAAAAAAAAyY/x56ZNPaCn0I/s320/andre+previn+king+size.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Provavelmente, bem poucos fãs de jazz se dariam ao
trabalho de sair de casa para assistir a uma apresentação de um sujeito chamado
Andreas Ludwig Priwin, ainda mais sabendo que o dito cujo é alemão, não é
mesmo? Imagine a seguinte cena. Na porta do Shelly Manne’s Hole, do Lighthouse
Café ou do Haig’s, alguns dos clubes mais importantes da Costa Oeste, uma placa
indicando: “Hoje, às 20:00, show com Andreas Ludwig Priwin e seu trio”!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Nada animador, não é mesmo? Acontece que as aparências enganam
e o senhor Andreas Ludwig não apenas era capaz de abarrotar qualquer clube em
que tocasse como também foi, durante os anos 50 e 60, um dos mais populares
pianistas do jazz. Seus discos, gravados para RCA, Contemporary e Columbia,
estavam sempre entre os mais vendidos da parada jazzística e ao longo da sua
mais que prolífica carreira ele receberia, entre dezenas de outros prêmios,
quatro Oscars e dez Grammys. Claro que, para isso, o fato dele ter trocado o
pomposo nome Andreas Ludwig Priwin para o mais simples André Previn deve ter
ajudado bastante, não é mesmo? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Esse verdadeiro gigante da música do século XX nasceu no
dia 06 de abril de 1929, em Berlim, em uma família de origem judaica. Sua mãe
era a dona de casa Charlotte Epstein e seu pai o advogado Jack Priwin, um
apaixonado por música e pianista amador, que se proclamava parente distante do
compositor Gustav Mahler. Andreas foi uma criança-prodígio. Aos seis anos já
era capaz de executar algumas peças ao piano e aos sete ingressou no rigoroso
Berlin Royal Conservatory. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Tudo se encaminhava para que o garoto desenvolvesse uma
sólida e confortável carreira na música erudita em sua terra natal, mas a
situação política alemã daquele período era dramática. Governado por um tirano
ensandecido chamado Adolf Hitler, o país sucumbiu, vertiginosamente, ao apelo
totalitário do nazismo e Hitler empreendeu uma furiosa perseguição aos
comunistas, homossexuais e, sobretudo, aos judeus, responsabilizados por todos
os malogros econômicos por que passava a Alemanha.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A família Priwin foi obrigada a fugir da Alemanha em 1938,
estabelecendo-se na França. Na capital francesa, o jovem pianista ainda teve
tempo de estudar no não menos prestigioso Conservatoire de Paris, antes de ser, novamente, obrigado a
se refugiar em outro país, no ano seguinte. É que com a eclosão da II Guerra
Mundial, a França capitularia frente às forças germânicas e, em pouco tempo, a
situação dos judeus residentes no território francês se tornaria igualmente
perigosa. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">André, nome que adotaria nos Estados Unidos, seus pais e
seu irmão mais velho, Steve, se mudaram para a Califórnia, fixando residência
em Los Angeles. Um tio de seu pai, chamado Charles Previn, era diretor musical
da Universal Studios e foi através dele que André começou a travar seus
primeiros contatos com o jazz. Suas primeiras influências foram,
respectivamente, Art Tatum e Nat Cole. O amálgama de dois estilos tão
diferentes deu a Previn uma característica bastante pessoal, sendo capaz de
dedilhar o teclado com a exuberância e a velocidade do primeiro, sem abrir mão
do refinamento e da leveza tão caros ao segundo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O pai, que na Alemanha podia proporcionar à família uma
vida confortável, teve que trabalhar como professor particular de piano, pois
seu inglês ia pouco além do básico. André recorda aqueles tempos difíceis: “Meu
pai não podia exercer a advocacia, por causa da barreira da língua. Eu só
percebi, bem mais tarde, que ele foi um verdadeiro herói. Saiu da Alemanha sem
um centavo no bolso, não falava uma palavra de inglês, tinha uma família para
sustentar e, ainda assim, conseguiu superar todos os obstáculos. O que ele fez
foi realmente heróico. Ele era um homem extraordinário”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1943, Previn se naturalizou cidadão norte-americano e
enquanto fazia seus estudos regulares na Beverly Hills High School, mantinha
uma exaustiva rotina de treinamento e estudos de piano clássico, sob a tutela
de Joseph Achron e do celebrado Mario Castelnuovo-Tedesco. Em 1946 o pianista
montou um dueto com o flautista Richard M. Sherman, que chegou a fazer algumas
gravações para pequenos selos como a Monarch Records e a Sunset Records. Em
1948, ele começou a sua longa relação com os estúdios de Hollywood, atuando,
sobretudo, como arranjador e seu primeiro emprego foi na então poderosa MGM.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Entre 1950 e 1952, o pianista foi obrigado a interromper a
carreira musical para servir às forças armadas. Longe de ser um período de
inatividade musical, sua permanência no exército lhe permitiu uma intensa troca
de informações musicais com outros músicos. Além disso, foi ali que ele pôde
conhecer melhor o trabalho de gênios como Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Bud
Powell e se aprofundar nas harmonias desafiadoras do bebop.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ao fim do serviço militar, Previn retornou a Los Angeles e
dedicou-se a uma vertiginosa rotina de trabalho. Ao mesmo tempo em que se
consolidava como um requisitado arranjador na MGM, atuava como pianista
freelancer, orquestrava e regia orquestras de gravadoras como RCA, Decca, Verve
e Columbia e se apresentava como concertista erudito. Como arranjador ou
pianista, seu nome pode ser lido nos créditos de álbuns de gente do quilate de
Ella Fitzgerald, Mel Tormé, Frank Sinatra, Shorty Rogers, Russ Freeman e Barney
Kessel, entre outros <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Além de tudo isso, Previn ainda encontrava tempo para participar
um soberbo trio de jazz, sob a liderança do baterista Shelly Manne e com a
participação do baixista Leroy Vinnegar. Foi a bordo dessa formação que Previn
iniciou a sua prolífica associação com a gravadora Contemporary, cujo ponto de
partida foi o álbum “Shelly Manne & His Friends”, de 1956.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ainda naquele ano e também com Manne como líder, o trio
grava o magistral “My Fair Lady” (1956), que faz uma releitura jazzística do
célebre musical da Broadway, cujo score foi composto por Alan Jay Lerner e
Frederick Loewe. O trio passou por algumas modificações. A primeira delas foi a
saída de Vinnegar, substituído pelo não menos talentoso Red Mitchell, ocasião
em que o grupo passou a se chamar “André Previn and His Pals”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Foi essa a formação usada para gravar dois outros discos
baseados em musicais da Broadway: “Gigi” (abril de 1958), também da dupla Lerner
& Loewe, e “Pal Joey” (outubro de 1958), dos geniais Richard Rodgers e
Lorenz Hart. Ambos foram muito bem acolhidos por crítica e público, mas o trio
sofreu outra baixa, pois logo após a gravação desse LP, seria a vez de Manne
deixar o grupo, para se dedicar apenas ao seu quinteto, o “Shelly Manne &
His Men”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O período na Contemporary foi
marcado por vários excelentes álbuns, mas um deles se destaca por sua qualidade
superior: o maravilhoso “King Size!”. Gravado em Los Angeles, no dia 26 de
novembro de 1958, com produção de Lester Koenig, o disco se alinha entre as
obras mais brilhantes do pianista na seara jazzística. No acompanhamento, dois
dos mais requisitados e competentes músicos da Costa Oeste, o velho parceiro
Red Mitchell e o baterista Frankie Capp, a quem coube a difícil tarefa de
substituir Manne.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A clássica “I'll Remember
April”, de Buddy Johnson, Don Raye e Gene DePaul, foi escolhida para a abertura
dos trabalhos. Com um andamento rápido e vibrante, a faixa permite que André
expresse toda a sua reverência por seu primeiro ídolo, Art Tatum, adotando uma
postura incisiva ao teclado, despejando as notas com uma velocidade assombrosa,
mas sempre de maneira concatenada e lúcida. Mitchell é infalível na marcação e
empolgante nos solos, enquanto Capp se mostra um baterista ágil e de grande
perspicácia rítmica, sendo particularmente notável a sua habilidade com os
pratos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O blues “Much Too Late”, de
autoria do líder, é denso, pesado, com uma pegada bastante tradicional e um
clima sombrio, opressivo, quase lancinante em algumas passagens. É também a
mais longa faixa do disco, com quase dez minutos de emotividade em estado bruto
e a intimidade e a reverência de Previn para com o estilo, nascido nas
pantanosas entranhas do Rio Mississipi, são comoventes. O contrabaixo opulento
de Mitchell, sempre transitando pelos registros mais graves, ajuda a tornar a
audição uma experiência próxima do sobrenatural.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A atmosfera muda radicalmente
com a ensolarada versão de “You’d Be So Nice To Come Home”, deliciosa iguaria
sonora da lavra de Cole Porter. O acabamento melódico refinado, a técnica
soberba, a perícia na elaboração das harmonias, enfim, todas as qualidades de
um grande executante se revelam por inteiro na abordagem do pianista. Previn já
era, então, um músico completamente maduro do ponto de vista artístico, na
plenitude da sua criatividade e, mais que isso, é um intérprete sensível e de
um irrepreensível apuro estético. Seus parceiros na empreitada dignificam o
papel de coadjuvantes, jamais tentando ofuscar o líder, embora tenham, eles
próprios, espaço suficiente para brilhar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Em “It Could Happen To You”, uma
composição de </span><span style="font-family: Georgia;">James
Van Heusen e Johnny Burke</span><span style="font-family: Georgia;">, o trio opta por um arranjo delicado e impõe ao
tema um clima etéreo e um andamento mais lento que o habitual. Se na primeira
faixa Previn adotou o estilo exuberante de Tatum, aqui ele paga tributo a outro
ídolo, Nat Cole, de quem tomou emprestado o bom gosto e a elegância. Utilizando
as escovas com discrição e sobriedade, Capp se revela um valoroso herdeiro da
linhagem de bateristas sofisticados, cujo representante mais notável talvez
seja o fleumático Connie Kay, do Modern Jazz Quartet.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O seminal “Low And Inside” é o
segundo blues de André incluído no álbum. Intenso, mas um pouco mais cadenciado
que o primeiro, ele se caracteriza por uma ênfase maior no aspecto rítmico e
por uma sonoridade mais crua. A percussão marcial de Capp, as intervenções
petrificantes de Mitchell e o piano fantasmagórico de Previn formam uma unidade
sonora coesa, de grande personalidade e completamente imersa na tradição do
blues, não apenas do ponto de vista estritamente melódico e harmônico, mas,
sobretudo, no que diz respeito à atitude dos músicos, cujas interpretações
parecem se originar diretamente das profundezas da alma de cada um deles.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O disco é encerrado com uma
brilhante versão de “I'm Beginning To See The Light”, parceria entre Duke
Ellington e um de seus mais fiéis colaboradores, Johnny Hodges.
Cronologicamente ligado ao swing, o tema ganha um irresistível tempero bop, com
direito a improvisações desconcertantes, trocas alucinadas de compassos e
diálogos enfurecidos entre Previn e seus comandados, especialmente o endiabrado
Capp. Estimulado pela atmosfera de jam session, Mitchell elabora alguns dos
solos mais eletrizantes do disco, ao mesmo tempo em que constrói um precioso
arcabouço harmônico que valoriza ainda mais as interpretações dos seus
companheiros. Um álbum realmente indispensável e, felizmente, disponível em cd,
graças à iniciativa da OJC.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Depois dele, Previn ainda gravaria mais alguns discos,
como líder, pela Contemporary, sendo que alguns deles foram integralmente
dedicados a obras de compositores como Jerome, Vernon Duke e Harold Arlen.
Também acompanharia cantoras como Dinah Shore, em 1960, Doris Day, em 1961, e Julie
Andrews, em 1966. Ainda nos anos 60, ele trocou a Contemporary pela Columbia,
mas seus discos de jazz lançados pela nova gravadora são, qualitativamente,
bastante inferiores, embora tivessem ótimas vendagens.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Além disso, ele mergulhou de cabeça no universo das
trilhas sonoras e passou a priorizar a música erudita, gravando álbuns com
obras de compositores como Mozart, Poulenc e Shostakovich. Deixou a estabilidade
do emprego na Metro-Goldwyn Mayer para trabalhar como freelancer, em 1961, e
não se arrependeu. Seja como regente, arranjador, concertista e compositor,
Previn era um dos nomes mais disputados por estúdios de cinema, TV, orquestras
e gravadoras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ele conta porque decidiu abrir mão da estabilidade de um
ótimo emprego, para perseguir outros objetivos: “Na MGM eu sabia que teria
trabalho o ano inteiro e tinha a segurança de um salário fixo ao final do mês.
Mas eu era muito ambicioso, musicalmente falando, para me contentar com aquilo.
Eu confiava no meu talento e era nisso que eu queria apostar. Mas eu também não
gostaria de ser rotulado com aquele estereótipo do maestro arrogante e
egocêntrico. Na verdade, você tem que ter a percepção de que a música é muito
maior do que você. Ter essa consciência impede que a pessoa se torne
deslumbrada com o próprio sucesso”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1967, Previn assumiu a direção musical da Houston
Symphony Orchestra, em substituição a John Barbirolli. No ano seguinte, uma
mudança radical: o maestro foi convidado para ser o primeiro regente da London
Symphony Orchestra, o que o obrigou a se mudar para a Inglaterra. Então casado
com a atriz Mia Farrow, André morou primeiramente em Londres e, em seguida, em
uma aprazível casa de campo nos arredores de Surrey. O casal teve seis filhos,
três deles adotados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Durante o seu período na Inglaterra, ele se tornou
conhecido do grande público por apresentar o seu próprio programa televisivo, o
“André Previn’s Music Night”, pela BBC. O jazz e as trilhas sonoras para o
cinema ficaram em segundo plano. André elaborou apenas a trilha de um filme, “Jesus
Christ Superstar”, e isso porque o diretor era o seu grande amigo Norman
Jewison. Desde 1976, ele conciliava o cargo de regente da orquestra londrina
com a direção musical da Pittsburgh Symphony Orchestra, nos Estados Unidos.
Cansado da rotina estafante, em 1979 ele deixou a London Symphony Orchestra e
retornou aos Estados Unidos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">André permaneceria à frente da Pittsburgh Symphony
Orchestra até 1984. Logo em seguida, seria a vez de assumir o posto de
principal regente da Royal Philharmonic Orchestra, cargo que ocupou de 1985 a
1988. Ainda em 1985, Previn foi contratado como diretor musical da Los Angeles
Philharmonic, dividindo a regência com os maestros Kurt Sanderling, Simon
Rattle e Esa-Pekka Salonen. A associação com a orquestra californiana foi
encerrada em 1989, por conta de divergências artísticas com Ernest Fleischmann,
empresário e administrador da filarmônica.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Na década de 90, Previn se reaproximou do universo
jazzístico, mesmo não abrindo mão do seu trabalho na seara erudita. Gravou três
álbuns para a Telarc, tendo Ray Brown no contrabaixo e na guitarra,
revezando-se, os ótimos Joe Pass e Mundell Lowe. Também acompanhou a cantora
lírica Kiri Te Kanawa em suas incursões pelo repertório da grande canção
americana. Outro destaque nesse retorno é o belo álbum “We Got It Good and That
Ain't Bad: An Ellington Songbook” (Deutsche Grammophon, 1999), em dueto com o
contrabaixista David Finck e totalmente dedicado à obra de Duke Ellington. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1998, Previn compôs a sua primeira ópera, “A Streetcar
Named Desire”, baseada na peça de Tenesee Williams e com libreto escrito por
Philip Littell, cuja estréia mundial ocorreu na San Francisco Opera House. Em
2007, seria a vez de “Brief Encounter”, com libretto a cargo de John Caird e
baseada na peça “Still Life”, do dramaturgo inglês Noël Coward. “A Streetcar
Named Desire” foi apresentada foi apresentada na França, Suíça, Alemanha,
Itália e Japão e recebeu o “Grand Prix du Disque”, o mais importante prêmio
musical francês.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Aliás, prêmios são um capítulo à parte na vida de Previn. Além
dos Oscars e dos Grammys, ele é detentor do “German Cross of Merit”, dado pelo
governo alemão, do “Glenn Gould Prize”, concedido pelo governo do Canadá. Ele
também recebeu o “Lifetime Achievement Awards” de instituições como o Kennedy
Center, a London Symphony Orchestra, a gravadora Gramophone Classic, além de um
“Grammy Lifetime Achievement Award”, dado pela Recording Academy. Também ostenta
o pomposo título de “Sir”, concedido pela Rainha Elizabeth II, em 1996.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Suas composições foram gravadas por grandes nomes da
música erudita, como os violinistas Itzhak Perlman e Anne-Sophie Mutter, o
violinista Vladimir Ashkenazy, o violoncelista Yo-Yo Ma, as sopranos Kathleen
Battle e Barbara Bonney, a mezzo-soprano
Janet Baker, o tenor Anthony Dean Griffey e o contrabaixista Roman Patkoló. Previn
atuou como regente convidado, em concertos e gravações, de orquestras como a Boston
Symphony Orchestra, a New York Philharmonic, a Vienna Philharmonic, a NHK
Symphony Orchestra, a Oslo Philarmonic, a Leipzig Gewandhaus Orchestra, a Dresden
Philharmonic, e Czech Philharmonic e incontáveis outras. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Entre suas obras no âmbito da música clássica, destacam-se
a sinfonia “Four Outings”, o “Concerto para Violino e Contrabaixo”, a “Sonata
para Clarinete e Orquestra” e o “Concerto para Harpa e Orquestra”. Em 2009,
durante as comemorações do seu aniversário de 80 anos, o Carnegie Hall promoveu
uma série de quatro concertos, enfocando os mais diversos aspectos de sua
carreira como intérprete, compositor e arranjador.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Aos oitenta e três anos, o maestro continua na ativa,
trabalhando intensamente. Ele odeia novas tecnologias, como internet e
telefones celulares, mas sua aversão mais evidente é quanto à espetacularização
da música erudita e a estratégias de marketing que são feitas para criar e
promover “fenômenos” como o violinista Nigel Kennedy e o pianista Lang Lang,
cujos concertos se notabilizam pelo aspecto teatral. Sobre o pianista chinês,
Previn é enfático: “Aquilo é um circo, sabe? Porque ele não senta no piano e
simplesmente toca? Ele é um pianista fenomenal, mas eu não consigo assisti-lo
um minuto sequer. Ele provavelmente vai ser um fenômeno passageiro, pois as
pessoas vão cansar de tanta encenação”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Separado de Farrow desde o final dos anos 70, Previn
mantém uma ótima relação com a ex-mulher e a admiração por ela e por seu
engajamento em causas sociais é evidente: “Ela viaja para lugares como Darfur
com a naturalidade de quem vai até Nova Jérsei. Ela tem feito um excelente
trabalho nesses países”. Um dos filhos do casal toca guitarra em uma banda de
rock e o pai não esconde o orgulho: “Ele escolheu a guitarra porque esse é um
instrumento que eu não domino. </span><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia;">Não posso culpá-lo. </span><span style="font-family: Georgia;">Ele toca em um grupo meio obscuro,
mas é muito bem sucedido. Quando eu falo bem-sucedido, quero dizer que ele toca
muito bem e ama aquilo que faz. Isso é o verdadeiro sucesso”. Desde 1982 ele
está casado com a artista plástica e designer Heather Hales.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">=======================</span><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NTMzNDU5IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NTMzNDU5LTAxZCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzU2MjY0MzU7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NTMzNDU5IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NTMzNDU5LTAxZCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzU2MjY0MzU7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NTMzNDMxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NTMzNDMxLWFlMCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzU2MjY0NTM7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NTMzNDMxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NTMzNDMxLWFlMCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzU2MjY0NTM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-78298564632577364612012-04-25T07:48:00.000-03:002012-04-25T07:57:14.004-03:00O JAZZ + BOSSA COMPLETA TRÊS ANOS NO AR. PARTICIPE DO NOSSO DESAFIO E GANHE UM DVD!<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Caros amigos do Jazz + Bossa,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É com enorme satisfação e uma boa
pontinha de orgulho que informo a todos que o blog completa, neste dia 25 de
abril de 2012, três anos no ar. Durante esse tempo, fizemos inúmeros amigos no
Brasil e pelo mundo, conhecemos um monte de gente bacana e pudemos compartilhar
com pessoas maravilhosas o amor pela música e pelo jazz. Portanto, só posso
agradecer o carinho e a participação de todos vocês aqui no jazzbarzinho. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E como já é praxe, o Jazz + Bossa
lança o seguinte desafio, como parte das comemorações do seu aniversário: a
primeira pessoa que acertar três das cinco questões propostas abaixo receberá,
em casa e sem qualquer despesa de envio, o excelente dvd, novinho em folha e
lacrado, “Milt Jackson And Ray Brown ‘77”, gravado ao vivo no Festival de
Montreux. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">1 – Qual o nome do livro e do
autor de onde foi extraído o excerto abaixo? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Quando Parker tinha trinta anos,
o cenário do jazz devia parecer-lhe uma espécie de salão musical de espelhos,
porque todos que pretendiam ser modernos copiavam uma parte do seu estilo em
cada instrumento de jazz. ‘L’oeuvre de ce genial improvisateur’, escreve o
brilhante André Hodeir, ‘est l’expression la plus parfaite du jazz moderne’.
Tal como Louis Armstrong em 1930, Parker dominava o campo todo em 1950. De
fato, a amplitude e a riqueza de sua invenção eram tamanhas que decorreram dois
estilos mais ou menos opostos da sua maneira de tocar. Nenhum músico até agora
teve capacidade para absorver tudo de Parker, muito embora alguns hajam adotado
certos aspectos do seu estilo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Pois Parker possuía a compreensão
harmônica e a técnica deslumbrante de Gillespie, e mais um senso rítmico que
parece ser mais sofisticado do que o afro-cubano e que contudo permanecia
honestamente enquadrado na tradição do jazz. Várias frases melódicas
improvisadas por Parker, bem como as mais avançadas harmonias em que elas se
baseavam, se tornaram clichês no jazz de 1950; isso ocorreu inclusive nos
arranjos das bandas comerciais para dança”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">2 – Quem é o músico que aparece
na foto abaixo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-lDc2iJS2zbw/T5fWGitrc5I/AAAAAAAAAyE/sGL8DlrpmCc/s1600/III+concurso+-+foto+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-lDc2iJS2zbw/T5fWGitrc5I/AAAAAAAAAyE/sGL8DlrpmCc/s320/III+concurso+-+foto+1.jpg" width="299" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">3 – Qual o nome do livro e do
autor de onde foi extraído o excerto abaixo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Quando o desafio à velha ordem
chamado ‘bebop’ surgiu, ninguém, principalmente entre os seus executantes,
teria dado crédito à idéia de que era uma proposta comercial. Tratava-se
simplesmente de algo revolucionário, aparentemente com uma sonoridade pouco
atraente, e tocado, habitualmente, a uma velocidade que não permitia dançar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O bebop evoluiu de uma forma
quase clandestina em meia dúzia de locais. Todos os seus expoentes eram de raça
negra e havia uma certa dimensão racial envolvida na experiência. Os músicos
negros há muito tempo estavam conscientes de que o seu fraseado – os seus
‘lichs’ e ‘riffs’ – e as suas composições tinham sido apanhadas pelos músicos
brancos, e tinham visto essas bandas brancas, muito inferiores, tornarem-se
comercialmente bem sucedidas. Um dos objetivos do bebop era criar uma música
que o homem branco não pudesse roubar. Embora as origens raciais do jazz nunca
tivessem sido completamente determinadas, o facto de o bebop ser uma inovação
negra é indesmentível”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">4 – Quem é o músico que aparece
na foto abaixo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNNcUAXgfG-3fWyYan-cXZ0hRc6358rnMvx652Kx8evbKN_dKZP6Sg0XTtNHTK2t-vvvmfo7vBDVOMeczjxfpHnldL5u4R1SSko3P2i7W-bNWC4h26wrcaNWoeHWOqWa2guj84yogMGi8/s1600/III+concurso+-+foto+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNNcUAXgfG-3fWyYan-cXZ0hRc6358rnMvx652Kx8evbKN_dKZP6Sg0XTtNHTK2t-vvvmfo7vBDVOMeczjxfpHnldL5u4R1SSko3P2i7W-bNWC4h26wrcaNWoeHWOqWa2guj84yogMGi8/s320/III+concurso+-+foto+2.jpg" width="320" /></a></div>
<o:p><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">5 – Quem é o(a) pianista que toca
na faixa postada abaixo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><object height="94" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDg4NjcwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDg4NjcwLTRiMiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUzMTE0MTI7fQ==&autoplay=default"
name="movie">
</param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param>
<param name="wmode" value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="94" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3NDg4NjcwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3NDg4NjcwLTRiMiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUzMTE0MTI7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">==========================<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A regra é clara: O primeiro que acertar
três das questões acima ganha o dvd. Mas a resposta tem que estar totalmente correta,
ok? Assim, no caso dos trechos reproduzidos, é necessário que o leitor acerte o
nome livro e do respectivo autor para que a questão seja considerada válida.
Boa sorte a todos e que comece o desafio!!!!!</span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com56tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-45017608262985642202012-04-22T11:28:00.000-03:002012-04-25T07:50:03.469-03:00QUANDO O APITO DA FÁBRICA DE TECIDOS...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Fe-rVZyjUfo/T5QVQSjkiKI/AAAAAAAAAx8/kX0GP2f_mX4/s1600/Raul+de+Souza(Bossa+Eterna).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Fe-rVZyjUfo/T5QVQSjkiKI/AAAAAAAAAx8/kX0GP2f_mX4/s1600/Raul+de+Souza(Bossa+Eterna).jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: 19px;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A música brasileira deve muito à Fábrica de Tecidos Bangu,
também conhecida como Tecelagem Bangu. Fundada em 1889 no famoso subúrbio do
Rio de Janeiro, a fábrica tinha o pomposo nome de Companhia Progresso Industrial
do Brasil. A imponente chaminé de quase 60 metros de altura podia ser vista
mesmo a grande distância e após a sua instalação, Bangu tornou-se um
movimentado bairro, com estação de trem, escolas (uma delas construída pela
própria fábrica), hospitais, igrejas e até um clube de futebol, o Bangu
Atlético Clube.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A tecelagem foi construída em padrão inglês, com a fachada
dos prédios exibindo aqueles charmosos tijolinhos da Terra da Rainha. Ao redor dela,
foi uma vila operária, cujas casas também possuíam as fachadas com tijolinhos. A
fábrica possuía creche para os filhos das operárias e um moderno ambulatório,
onde eram prestados os primeiros socorros em caso de acidente. Também possuía
jardins no estilo europeu e lagos artificiais. As trocas de turno eram anunciadas
por uma poderosa sirene, que podia ser ouvida a quilômetros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O cantor Mário Reis, por exemplo, era filho de um dos
maiores acionistas da empresa e jamais teve os problemas financeiros que
afligiam a grande maioria de seus colegas músicos. Contemporâneo de Mário, o
genial Noel Rosa se inspirou no estridente apito da fábrica de Bangu para criar
a imortal “Três apitos”. Como se não bastasse, a indústria ainda possuía uma
afamada orquestra, integrada por operários e por moradores do bairro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Pois foi ouvindo, e depois integrando, essa orquestra que
um dos nossos mais formidáveis músicos iniciou a sua longa e riquíssima
carreira musical. Nascido no dia 23 de agosto de 1934 e batizado com o nome de João
José Pereira de Souza, ele foi criado nas ruas de Bangu, apesar de ter vindo ao
mundo no bairro do Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O primeiro
instrumento a que se dedicou, ainda na infância, foi o pandeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O pai era pastor presbiteriano e costumava levar o garoto
aos cultos da sua igreja, via de regra, animados por um conjunto musical
integrado por alguns fiéis. Ali, o pequeno João aprendeu os rudimentos da
flauta, do trompete, do saxofone e da tuba, instrumento que tocava na orquestra
da Tecelagem Bangu. Ele tinha 16 anos e era considerado um verdadeiro prodígio
do instrumento, mas ingressou na fábrica primeiramente como tecelão,
juntando-se à orquestra poucos meses depois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Apesar da habilidade do jovem, a tuba era um instrumento
pesado e bastante incômodo. Por esse motivo, nosso herói mudou para o trombone
de válvulas e, logo em seguida, para o trombone de vara, instrumento que o
acompanharia pelo mundo afora. Dono de um talento quase sobrenatural, João era
um freqüentador assíduo do programa de calouros de Ary Barroso, que lhe deu o
nome artístico: Raul de Souza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O veterano compositor e apresentador dizia que João José
não era nome de trombonista e como já havia um outro Raul no pedaço (o lendário
Raul de Barros), Souza passou a ser conhecido no meio musical como Raulzinho.
Começou a atuar profissionalmente nas gafieiras cariocas na primeira metade dos
anos 50 e logo em 1957 foi eleito “Músico do Ano”, juntamente com o saxofonista
Case, em eleição feita pelo crítico Paulo Santos em seu programa de jazz na
Rádio MEC, do Rio de Janeiro. Até então, já havia acompanhado figuras de peso,
como Elizeth Cardoso, Altamiro Carrilho e Agostinho dos Santos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Apesar do prestígio, as incertezas da vida musical o
impulsionaram para a vida militar e ele se alistou na Aeronáutica. Destacado
para Curitiba, foi integrante da banda da Base Aérea do Bacacheri. Na capital
paranaense, além de fazer muitos amigos, como o jovem jornalista Roberto
Muggiati, o escritor Dalton Trevisan e o futuro cineasta Sylvio Back, Raul
protagonizou um episódio dos mais insólitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Muggiti conta que certa noite, após uma apresentação na
Boate Tropical, Raul, com o inseparável trombone a tiracolo, resolveu parar às
margens de um lago no Passeio Público para pensar na vida. Ali havia alguns
pedalinhos e o músico entrou em um deles, indo parar no meio do lago. Começou,
então, a tocar o seu instrumento e um búfalo que estava na margem do lago ouviu
aquele som e se aproximou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O animal chegou bem perto do pedalinho e ficou ali,
inebriado, com aquela serenata inesperada. Por volta das seis da manhã, Raul
terminou o concerto e voltou para casa. Antes, encostou em um bar, onde os
boêmios da cidade costumavam amanhecer, e anunciou à perplexa assistência:
“Hoje encontrei o meu melhor amigo: um búfalo”. É claro que ninguém levou a
sério a história e todo mundo pensou que Raul tivesse tomado umas duas a mais!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dispensado da aeronáutica em 1963, o trombonista passou um
período em São Paulo, tocando em bares e casas noturnas como o Juão Sebastião
Bar e a Baiúca. No ano seguinte, voltou ao Rio de Janeiro e logo estava tocando
nos grupos dos pianistas Luiz Carlos Vinhas e Sergio Mendes. Com este último,
fez as suas primeiras viagens aos Estados Unidos e Europa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para complementar o orçamento, Raul também fazia parte da
Orquestra Carioca, ligada à tradicional Rádio Mayrink Veiga e onde também
atuavam o alagoano Hermeto Pascoal e o gaúcho Radamés Gnattali, este
responsável pelos arranjos da orquestra. Em 1965, gravou o primeiro álbum como
líder, “À vontade mesmo”, para a RCA-Victor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Raul era um dos mais assíduos freqüentadores das jam
sessions que aconteciam no famoso Beco das Garrafas, em Copacabana. Em boates
como Bottles, Little Club e Bacarat, músicos do gabarito de Tenório Júnior,
Milton Banana, Antônio Adolfo, Otávio Bailey, Edison Machado, Paulo Moura, Dom
Salvador, Durval Ferreira, Sérgio Barrozo, Robertinho Silva, Otávio Bailey, Dom
Um Romão, Luiz Eça, Chico Batera, Edson Maciel, Sérgio Mendes, Aurino Ferreira,
Hélcio Milito, J. T. Meireles e outros, criavam o poderoso samba-jazz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O panorama musical brasileiro começa a mudar à medida em
que a ditadura militar instaurada em 1964 endurece e começa a perseguir
qualquer um que ousasse criticar o regime. Além disso, com a chegada de
compositores que também eram cantores, como Gilberto Gil, Chico Buarque, Edu
Lobo, Caetano Veloso, Sidney Muller e outros mais, a música instrumental foi
ficando sem espaço na mídia, nas gravadoras e até mesmo nas casas noturnas, seu
mais tradicional reduto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ainda assim, Raul se mantém em atividade regular no país.
Toca com Milton Nascimento e em 1966 faz a sua segunda viagem à Europa,
acompanhando o pianista Luís Carlos Vinhas. Raul permaneceu em Paris por quase
um ano, trabalhando na boate Elephant Blanc e no célebre clube Blue Note, em
Paris. Uma noite, ninguém menos que Kenny Clarke, um dos pais da bateria do
bebop, apareceu para assistir à apresentação do trombonista, se empolgou e
acabou dando uma canja. Souza também trabalhou algum tempo na orquestra do o
Cassino de Monte Carlo, no luxuoso principado europeu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No ano seguinte, já de volta ao Brasil, Raul ingressa no
RC-7, banda que acompanha Roberto Carlos, o artista mais bem pago do país, e
faz uma ponta no filme “Roberto Carlos em ritmo de aventura”. O trombonista
ainda gravaria mais um disco no Brasil, em 1969, à frente do grupo instrumental
Impacto 8 (“International Hot”, selo Equipe, com participações de, entre
outros, Oberdan Magalhães e Robertinho Silva) mas o reconhecimento foi pífio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após passar algum tempo na banda de Gilberto Gil, Raul
decide fazer as malas e se mudar para o México naquele mesmo ano, passando cerca
de três anos em Acapulco. Em 1972, ele resolve tentar a sorte nos Estados
Unidos e se estabelece em Los Angeles. Com a ajuda de músicos brasileiros ali
residentes, como Sérgio Mendes, Flora Purim e Airto Moreira, o trombonista vai,
pouco a pouco, conquistando o seu espaço no concorrido mercado norte-americano.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não demorou a ficar amigo do também trombonista Frank
Rosolino e em pouco tempo estava tocando e gravando com a nata dos músicos de
jazz. <span lang="EN-US">Figuras do calibre de Sonny Rollins, Freddie Hubbard,
George Duke, Lionel Hampton, Hubert Laws, Sarah Vaughan, Stanley Clarke, Ron
Carter, Cal Tjader, Chick Corea, Jimmy Smith e incontáveis outros. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Raul participou das gravações do álbum “Casa Forte”, de Flora
Purim e de “Identity”, de Airto, que tinha como convidados especiais os craques
Egberto Gismonti, Herbie Hancock e Wayne Shorter. Por intermédio de Airto, Raul
conheceu e se tornou amigo de feras como Richard Davis, Jack DeJohnette, Cannonball
Adderley e J. J. Johnson, seu ídolo desde os tempos do Beco das Garrafas. Os
quatro participariam do primeiro álbum norte-americano de Raul, “Colors”
(Milestone, 1974), que teve produção do próprio Airto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O sucesso do álbum abriu-lhe as portas para o circuito de
festivais internacionais de jazz, tendo participado de alguns dos mais
tradicionais deles, como os de Montreux e Monterey. Em 1976 Raul assinou com a Capitol
Records e seus dois primeiros álbuns pela nova casa, “Sweet Lucy” e “Don't Ask
My Neighbors”, contaram com a produção do pianista George Duke. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Raul passou algum tempo em Boston estudando na afamada
Berklee School of Music, mas não se demorou por lá, voltando a residir em Los
Angeles poucos meses depois. Em 1978, ele foi uma das atrações do Festival de
Jazz de São Paulo, apresentando-se em duo com seu amigo Frank Rosolino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">No álbum seguinte, Duke foi substituído por Arthur Wright
e o resultado, “Til Tomorrow Comes” (1979), foi decepcionante. Tentando pegar
carona na onda Disco que varria o planeta, Raul abandonou completamente o jazz.
Ainda assim, o disco foi um fiasco de vendas e acarretou o seu desligamento da Capitol.
Sem emprego e com poucas perspectivas nos Estados Unidos, Raul, que já havia
sido eleito pela New York City Jazz Magazine um dos cinco melhores trombonistas
do jazz de todos os tempos, decidiu voltar para o Brasil no início dos anos 80.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Dividindo-se entre o Rio de Janeiro e São Paulo, Raul
chegou a gravar alguns discos, como “Viva Volta” (produção independente de
1986, bancada pelo empresário Romualdo Zanoni, que criou próprio selo “Inverno e Verão”, para lançar
por ele espetáculos gravados ao vivo em suas casas noturnas, incluindo aí
craques como Zimbo Trio, Dick Farney e Titi Madi) e “A Arte do Espetáculo”
(RGE, 1992), mas a repercussão foi praticamente nula. Raul também atuou em
gravações de nomes como Gilberto Gil, Toninho Horta, Djavan, Maria Bethânia,
Lisa Ono, Taiguara, João Donato e Tom Jobim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Somente em 1998 é que consegue chamar alguma atenção para
o seu trabalho como líder, ao lançar o disco “Rio” (Mix House / Eldorado), em
parceria com o trombonista norte-americano Conrad Herwig. O trabalho da dupla
foi comparado pela crítica especializada ao de outra famosa dupla de
trombonistas: J. J. Johnson e Kai Winding. Naquele mesmo ano, Raul decide se
mudar para a Europa, estabelecendo-se em Paris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Desde então, Souza tem se mantido em intensa atividade,
passando pelo menos seis meses por ano em nosso país. Além das realizações
musicais propriamente ditas, Raul também pode se orgulhar de haver inventado um
instrumento singular, o Souzabone, um trombone eletrificado e composto por
quatro válvulas, uma a mais que o tradicional trombone valvulado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ele compôs, juntamente com o pianista Guilherme Vergueiro,
a trilha sonora do documentário “Lost Zweig”, de 2002, com direção de Sílvio
Back e foi o grande homenageado do Chivas Jazz Festival, em 2004. No ano
seguinte, retornou ao Brasil para lançar o álbum “Elixir”, gravado com o seu
quarteto em 2004 e lançado aqui pela Tratore, e para participar do lançamento
do documentário “Viva Volta”, dirigido pela cineasta Heloísa Passos, que recria
a trajetória pessoal e artística de Raul. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O ano de 2006 marca a reunião do trombonista com a
gravadora Biscoito Fino e o primeiro fruto dessa parceria pode ser ouvido no CD
“Jazzmin”, eleito Melhor Cd Instrumental do Ano de 2007 pela revista “Jazz +”.
Dois anos depois, viria ao mundo, pela mesma gravadora, o excepcional “Bossa
Eterna”. As gravações foram feitas ao longo do mês de março de 2008, no Rio de
Janeiro e o disco surgiu da necessidade de Raul “mostrar como se toca o samba
para a rapaziada jovem, para a garotada depois poder improvisar do seu jeito”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">À frente de um quarteto de peso, com João Donato no piano,
Luz Alves no contrabaixo e Robertinho Silva na bateria, o trombonista exibe o
seu estilo crepitante e cheio de energia. A primeira faixa, “Bossa Eterna”,
composição de sua autoria, é um animado samba jazz, altamente dançante,
temperado com inflexões tipicamente jazzísticas, mas sem abrir mão da sonoridade
vibrante das gafieiras. Robertinho Silva é um monstro e sua percussão, repleta
de alternâncias rítmicas, empresta um colorido todo especial ao tema. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A seguir, vem a sincopada “Só por Amor”, parceria das
menos conhecidas de Vinícius de Moraes e Baden Powell. A sonoridade de Raul é
encorpada, cheia de vibrato e seus graves são repletos de modulações.
Robertinho, mais uma vez, realiza um trabalho impecável, agora usando a famosa
técnica do samba no prato, popularizada pelo grande Edison Machado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Fim de Sonho” é uma típica composição de João Donato.
Levada de bossa nova com pitadas de jazz, bolero e ritmos afro-caribenhos, e
uma pujança rítmica contagiante. O sopro líder é uma mistura de malandragem e
técnica apurada e o contraste entre a abordagem mais solta de Raul e as
refinadas harmonias de Donato são capazes de enfeitiçar o mais cético dos
ouvidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O clássico pré-bossa nova “Balanço Zona Sul”, de Tito
Madi, recebe um arranjo alegre, bastante assentado no samba de gafieira, mas
com elementos, aqui e ali, do jazz, especialmente nos improvisos. A verve de
Raul é sempre espontânea e seus acordes elásticos são a prova mais
incontestável de que há mais pontos de contato entre as antigas gafieiras da
Praça Tiradentes e os clubes da Rua 52 do que ouvinte menos atento pode captar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Raul presta uma bela homenagem ao seu parceiro João Donato
e constrói um tema bastante fiel ao estilo do pianista em “A La Donato”. É uma
bossa nova turbinada, com direito a solos imprevisíveis por parte de Raul, que
aqui manuseia o seu Souzabone com uma competência absurda, e de Donato. Este,
por sua vez, retribui a gentileza com a ensolarada “Malandro”, samba jazz
dolente e ritmado, onde brilha a levada segura de Luiz Alves e o sopro opulento
de Souza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A estonteante “Nuvens” é um dos temas mais belos da música
instrumental brasileira. Composta por Durval Ferreira e Maurício Einhorn, já
foi gravada por luminares do jazz como Cannonball Adderley e Paquito
D’Rivera. A versão do álbum figura, sem nenhuma dúvida, entre as mais belas já
realizadas em qualquer época, com a adição da gaita sublime de Einhorn. O
diálogo entre o gaitista e o trombonista é enternecedor e, durante os pouco
mais de cinco minutos da faixa, o ouvinte é transportado para um universo
mágico de beleza e encantamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Lugar comum” é uma parceria de Donato e Gilberto Gil.
Canção praieira e de melodia simples, ela ganha uma nova dimensão harmônica
pelas mãos do quarteto. Raul apresenta mais um tema de sua autoria, “Pingo
d’água”, com sua introdução que flerta com as dissonâncias do free jazz, em um
diálogo com Robertinho Silva que lembra as investigações de John Coltrane e Rashied Ali no experimental “Interstellar Spaces”
(Impulse, 1967). O
tema propriamente dito navega pelas águas caudalosas do samba jazz, com destaque
para a percussão infecciosa de Robertinho e para as mirabolantes acrobacias do
imprevisível Raul, mais uma vez a bordo do Souzabone.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A faixa de encerramento é “Bonita”, de Tom Jobim. O título
da canção diz tudo sobre sua melodia e suas harmonias. Mais ainda sobre a
execução impecável do quarteto. O lirismo jobiniano se mantém intacto, mesmo
com um andamento pouco mais acelerado que o habitual, graças, sobretudo, ao
dedilhado delicado e sereno de Donato. Robertinho Silva explora com argúcia o
parentesco entre a bossa nova e o samba tradicional, enquanto Raul tece uma equilibrada
teia melódica, na qual convivem de modo fraterno a sofisticação harmônica do
jazz e a jovialidade do nosso samba.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sobre o disco, o crítico Roberto Muggiati escreveu: “Impossível
rotular sua música. Samba? Choro? Jazz? Talvez um samba mitológico, dentro da
sua cabeça (como aquele dentro da cabeça de João Gilberto), uma espécie de
jazzfieira, ele que gravou pela primeira vez com Altamiro Carrilho e a Turma da
Gafieira. Ou, atando as duas pontas da sua carreira fonográfica, e incorporando
o verdadeiro achado que é o título de seu último CD — e da sua composição que
abre o disco — a ‘Bossa Eterna’ de Raul de Souza”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Casado com a francesa Yolaine, Raul se divide entre a França
e o Brasil. Em 2008, participou do Amazonas Jazz Festival e da Virada Cultural
de São Paulo, além de ter excursionado pelo país com turnê Circular BR, comemorativa
aos seus 55 anos de carreira, acompanhado pelo trio do gaitista Gabriel Grossi.
Outro encontro marcante foi o concerto realizado em abril de 2009, ao lado da Orquestra
Jovem Tom Jobim, no Memorial da América Latina, em São Paulo, tendo Raul e o
saxofonista Hector Costita como solistas convidados, sob a regência de Roberto
Sion.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A vontade de desbravar novos caminhos e de levar a sua
música aos quatro cantos do mundo levou Raul a aceitar o convite para se
apresentar, em 2006, festivais de jazz como o da Ilha da Reunião, nos confins
do Oceano Índico, no PopKomm Musik Festival, em Berlin, no Cartaghe Jazz
Festival e no Tabarka Jazz, ambos na Tunísia, e no Ete Jazz Festival, em
Genebra. A seu lado, os jovens músicos curitibanos Jeff Sabagg no piano, Glauco
Solter no contrabaixo, Endrigo Bettega na bateria e Mario Conde na guitarra,
que o haviam acompanhado nas gravações de “Jazzmin”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Raul reconhece que o panorama musical do país é menos
hostil à música instrumental do que há alguns anos atrás. Em sua opinião: “O
cenário melhorou no Brasil, mas ainda há muito a melhorar. Precisamos descobrir
gente nova. O músico brasileiro é diferente. Aqui, nossa música é feita em
compasso 2/4, lá, a deles é em 4/4. A gente consegue se virar na deles, mas
eles não conseguem tocar bem a nossa”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">========================<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDgzMjU1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDgzMjU1LTk2NyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUxMDQyOTg7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDgzMjU1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDgzMjU1LTk2NyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUxMDQyOTg7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDgzMjI3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDgzMjI3LTllMyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUxMDQzMTM7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param name="allowscriptaccess"
value="always">
</param>
<param name="wmode"
value="transparent">
</param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDgzMjI3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDgzMjI3LTllMyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUxMDQzMTM7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDgzMjAyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDgzMjAyLTBmMiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUxMDQzMjY7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param>
<param
name="allowFullScreen"
value="true"></param>
<param
name="allowscriptaccess" value="always"></param>
<param
name="wmode" value="transparent"></param>
<embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MDgzMjAyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MDgzMjAyLTBmMiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzUxMDQzMjY7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-35363972180883870612012-04-18T10:24:00.001-03:002012-04-19T07:58:01.659-03:00A LUTA CORPORAL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-fbflY-FDH3Y/T47AB1D--cI/AAAAAAAAAx0/yJO_6n8oOeQ/s1600/George+Coleman+At+Yoshis.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-fbflY-FDH3Y/T47AB1D--cI/AAAAAAAAAx0/yJO_6n8oOeQ/s1600/George+Coleman+At+Yoshis.jpg" /></a></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Fosse um boxeador, George Edward Coleman provavelmente seria um peso-pesado capaz de rivalizar com lendas do porte de Joe Frazier, Muhammed Ali ou seu xará George Foreman. Como preferiu ganhar a vida tocando saxofone, e não trocando socos em um ringue, jamais saberemos se ele realmente seria capaz de levar à lona esses gigantes. Mas uma coisa é certa: se existe alguém capaz de simbolizar a expressão “sonoridade musculosa” ao sax tenor, este alguém, certamente, é Coleman.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Esse gigante dos palcos é mais uma cria de Memphis, no Tennessee, onde nasceu no dia 08 de março de 1935. Começou a se envolver com a música no comecinho dos anos 50 e sua turma era composta de sujeitos como o trompetista Booker Little, os saxofonistas Frank Strozier, Hank Crawford e Charles Lloyd, o baixista Jamil Nasser e os pianistas Phineas Newborn Jr. (o mais velho da turma e espécie de guru da rapaziada) e Harold Mabern. Quase todos estudavam na Manassas High School.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Outro jovem aspirante ao estrelato que andava com essa galera do barulho era o future Rei do Blues B. B. King, que em 1952 convidou o jovem saxofonista, então com 17 aninhos, para se juntar à sua banda. Ao mesmo tempo, George tornava seu nome conhecido no circuito do R&B ao elaborar arranjos para artistas como Ray Charles (como em “Lonely Avenue”, “Drown in My Own Tears” e “I Got a Woman”) e The Moonglows.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Coleman iniciou-se nas artes do sax alto aos quinze anos, profundamente influenciado por Charlie Parker. O amor pelo jazz o fez deixar de lado sua outra paixão, o futebol americano. Ele relata como foram seus anos de formação: “Minha primeira inspiração foi Charlie Parker. Ele foi, provavelmente, o mais talentoso e criativo músico da história do jazz. Eu tive a oportunidade de ouvir um monte de grandes músicos na minha juventude. Stan Getz tinha um som super popular e tocava bastante nas jukeboxes. Dizzy também rolava nas jukeboxes naquela época. Eu praticava esportes, mas gostava mesmo era de música. No meu último ano, desisti de futebol e me direcionei apenas ao jazz”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1953 Coleman passa a se dedicar exclusivamente ao sax tenor, instrumento que o tornaria conhecido e reverenciado no meio jazzístico. Em seu fraseado, percebem-se ecos de Dexter Gordon, Gene Ammons, Frank Foster e Wardell Gray, suas novas e profundas influências. Após quase quatro anos de prolífica convivência musical, ele deixa a banda de King e, juntamente com o amigo Booker Little, se muda para Chicago, cidade que possuía uma das cenas musicais mais efervescentes da época.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na Cidade dos Ventos, George toca com luminares do calibre de Gene Ammons, Johnny Griffin, John Gilmore, Von Freeman, Junior Mance, Eddie Higgins, Wilbur Ware e Ira Sullivan. Também foi membro do grupo do baterista Walter Perkins, chamado “MJT + 3”. Sua desenvoltura nas gigs locais coloca seu nome em evidência e ele passa a usufruir do status de astro em ascensão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1958, outro baterista, o badalado Max Roach, convidou Coleman para se juntar a seu quinteto, numa formação que incluía, ainda, o trompetista Kenny Dorham (logo depois substituído por Booker Little), o pianista Eddie Baker e o contrabaixista Bob Cranshaw (que daria lugar a Art Davis). Além da maior visibilidade e participação em álbuns antológicos como “Deeds, Not Words” (Riverside, 1958), o trabalho com Roach acarretou em nova mudança de domicílio para o saxofonista, que agora iria levar seu talento para a Meca do Jazz.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1959, George deixou o grupo, para integrar o octeto do trombonista Slide Hampton e atuar como freelancer. Nessa qualidade, tocou com feras como Howard McGhee, Jimmy Smith, Lee Morgan, Frank Strozier, Curtis Fuller, Eddie McFadden, Kenny Burrell, Donald Bailey, Ron Carter, Jimmy Cobb e outros. Na banda de Hampton, George integrava um poderoso naipe de metais, juntamente com o líder, o trombonista Julian Priester, o velho amigo Booker Little e o novato Freddie Hubbard, então uma promissora revelação do trompete.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">George se manteve na banda de Hampton, com quem fez sua primeira viagem à Europa, até 1962 e reputa ao trombonista o mérito de lhe haver estimulado a veia de compositor e arranjador. Após a saída do grupo, se integrou à banda do organista Wild Bill Davis, mas um telefonema de outro Davis, o Miles, seduziu o saxofonista. O ano era 1963 e fazer parte da banda do então poderoso Miles era o sonho de onze entre dez jovens jazzistas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Coleman ingressa em um período de transição. Miles estava remodelando a sua banda, em busca de algo completamente novo, e aquele enérgico saxofonista de Memphis lhe causou a melhor das impressões. Não é à toa que, por um breve período, agregou ao seu sexteto outros dois jovens amigos de Coleman, o altoísta Frank Strozier e o pianista Harold Mabern.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Estes não ficaram muito tempo com Miles, que aboliu o sax alto e manteve apenas o tenor na sua formação. Quando finalmente achou os músicos que estava procurando – Herbie Hancock no piano, Ron Carter no contrabaixo e Tony Williams na bateria – Davis voltou a ficar na crista da onda e confirmou-se, mais uma vez, como uma das vozes mais influentes do jazz.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Coleman pode se orgulhar de ter participado de verdadeiras obras-primas do jazz, como “Quiet Nights” (1962), “Seven Steps to Heaven” (1963), “Four & More” e “Miles Davis in Europe” (ambos de 1964) e “My Funny Valentine” (gravado em 1964, mas lançado apenas no ano seguinte), todos para a Columbia. Invariavelmente, a sua sonoridade robusta e cheia de personalidade roubava a cena.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em meados de 1964, George deixa a banda, sendo substituído por Sam Rivers que, por seu turno, daria lugar, ainda naquele ano, a Wayne Shorter. Todavia, ele não passou muito tempo desempregado e logo após a sua saída, o saxofonista ingressou na banda do lendário Lionel Hampton. Quanto ao tempo que passou com Miles, as lembranças são bastante positivas: <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Eu não quero parecer arrogante ou presunçoso, mas sinto que fui bastante importante para o grupo, durante aquele período. E que realmente dei o melhor de mim em todas as apresentações e nos cinco álbuns que gravei com Miles. Foi uma experiência agradável e que me trouxe muito conhecimento, da mesma forma que aconteceu com todos os grandes músicos com quem trabalhei, incluindo Max Roach”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Coleman também marca presença em um dos mais importantes álbuns dos anos 60, o formidável “Maiden Voyage” (Blue Note, 1965), sob a liderança do seu ex-companheiro Herbie Hancock. Ao lado deles, os dois outros integrantes da sessão rítmica de Miles, Ron Carter e Tony Williams, e mais o estupendo Freddie Hubbard no trompete. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Como sideman, participa de outro projeto de grande relevo, desta feita tendo Chet Baker como líder, em uma série de cinco álbuns gravados para a Prestige. Conhecidos como “Chet Baker’s Prestige Sessions”, os discos (“Smokin’”, “Groovin’”, “Comin’ On”, “Cool Burnin’” e “Boopin’”) foram gravados entre os dias 23 e 25 de agosto de 1965 e são alinhados entre os melhores trabalhos do trompetista na tumultuada década de 60. No acompanhamento, estão o pianista Kirk Lightsey, o contrabaixista Herman Wright e o baterista Roy Brooks.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1966, George pede dispensa da orquestra de Hampton para se dedicar a seus próprios projetos. Além de montar grupos à sua imagem e semelhança, ele também continua a ser um requisitado acompanhante e registra participações em concertos e discos de sumidades como Tete Montoliu, Elvin Jones, Charles Mingus, Clark Terry, Horace Silver, Betty Carter, Chet Baker, Shirley Scott, Charles McPherson, Richie Beirach, Cedar Walton. Como líder, lança seus álbuns por selos como Verve, Muse, Charly, Timeless, Absord, Evidence, Birdology e Telarc.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durante os agitados anos 60, o saxofonista também militou incisivamente na luta pelos direitos civis, aproximando-se do casal de atores Ruby Dee e Ossie Davis, dois dos mais destacados ativistas da causa negra. O cinema, diga-se de passagem, é uma das grandes paixões de Coleman, que além de participar das trilhas de diversos filmes, ainda fez pontas em alguns deles. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Foi o caso de “Sweet Love, Bitter” (de 1967, dirigido por Herbert Danska e estrelado por Dick Gregory), baseado na vida de Charlie Parker, cuja trilha foi composta por Mal Waldron e Charles McPherson. Mas ele ainda participaria de outras produções futuramente, como a ficção científica “Freejack”, de 1992, com Emilio Estevez, Mick Jagger e Anthony Hopkins no elenco, ou em “Preacher’s Wife”, de 1996, com Denzel Washington e Whitney Houston nos papéis principais, além de ter aparecido rapidamente em um episódio da série “The Bill Cosby Show” na década de 80. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A partir da década de 70, Coleman inicia uma bem-sucedida carreira de educador musical, ministrando aulas, palestras e oficinas em instituições e órgãos de prestígio como a Juilliard School of Music, a New School University, a Long Island University, a New York University, o Chicago Department of Cultural Affairs e a Mannes School of Music, entre outras. Entre seus ex-alunos há figuras de relevo, como David Sanborn e Eric Alexander.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sua discografia como líder é bastante concisa, mas seus poucos discos primam pela excelência. Nada do que Coleman lança é irrelevante ou de qualidade mediana. É o caso do formidável “At Yoshi’s”, gravado ao vivo no célebre clube californiano, durante uma temporada realizada em agosto de 1987. Ao lado do saxofonista, os veteranos Harold Mabern (piano), Alvin Queen (bateria) e Ray Drummond (contrabaixo).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para abrir os trabalhos, a escolhida foi “They Say It's Wonderful”, graciosa balada de Irving Berlin. A canção fisga o ouvinte desde os primeiros acordes e a delicada introdução, a cargo de Mabern e Coleman, antecipa o que virá em seguida: uma execução lírica, magnética, emocionante. A sonoridade encorpada do saxofonista transmite, simultaneamente, calor e placidez. Vale a pena prestar atenção no longo e apaixonado solo de Drummond.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Imortalizada na voz de Billie Holiday, “Good Morning Heartache”, de Dan Fisher, Ervin Drake e Irene Higginbotham, recebe um arranjo comovente. As frases de Coleman são viscerais, dotadas de um romantismo quase cortante. O suporte dado pela sessão rítmica é dos mais compactos, com destaque para o dedilhado límpido e discretamente assentado no blues de Mabern e para as sutilezas percussivas de Queen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Laig Gobblin’ Blues” é um tema do próprio Coleman, que se inspirou no soul jazz sessentista de craques como Stanley Turrentine ou Eddie Harris. O blues está presente, na levada ressonante de Queen e Mabern, que se responsabilizam por algumas das mais eletrizantes trocas de compassos do disco. A potência sonora do líder é exposta em toda a sua plenitude, seu ataque é rápido e viril, repleto de influências de tenoristas como Dexter Gordon, Sonny Rollins e John Coltrane.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A infecciosa “Io” é uma composição do pianista Paul Arslanian, que faz uma deliciosa mistura de hard bop, R&B, soul e calipso. A bateria de Queen conduz o ritmo com energia contagiante, enquanto o líder despeja suas notas fulgurantes com entusiasmo e uma certa crueza. Dando uma aliviada na temperatura, “Up Jumped Spring”, de Freddie Hubbard, é um blues que incorpora elementos de valsa. Os ornamentos harmônicos de Mabern são pura elegância, enquanto o líder, cuja abordagem aqui é mais polida e menos rascante, dá uma aula magna de fluência e habilidade técnica.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Segundo tema de autoria do líder, “Father” é uma balada em tempo médio, com uma melodia adorável, embalada em um arranjo dos mais charmosos. A interpretação de George é um misto de volúpia e lirismo, capaz de produzir matizes sonoros delicados e, em seguida, criar harmonias quase guturais. O luxuriante acompanhamento de Drummond, sempre volumoso e cheio de personalidade, também merece ser ouvido atentamente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Soul Eyes” é uma das composições mais conhecidas do pianista Mal Waldron e a versão do quarteto é espetacular. São quase dezesseis minutos de uma soberba viagem sonora, com direito a uma marcante citação de “It’s Easy to Remember”, de Lorenz Hart e Richard Rodgers. Mabern, particularmente, tem uma atuação inesquecível, destacando-se pela limpidez de sua digitação, pela clareza de suas idéias e pela sofisticação de sua abordagem. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Um disco excepcional, que traz um Coleman em seu apogeu criativo e que recebeu do site Allmusic 4,5 estrelas. O crítico Michael G. Nastos, ao comentar o álbum escreveu: “O lançamento de uma gravação de George Coleman é um evento instantâneo. Embora ele tenha se mantido bastante ocupado, gravando, escrevendo arranjos e, especialmente, ensinando, os fãs têm tido poucas oportunidades de ouvir seus discos como líder. É especialmente emocionante ouvi-lo ao vivo, em um concerto realizado no então recém inaugurado Yoshi’s, em Oakland, Califórnia, e perceber que ele está no auge de sua capacidade técnica, trazendo à tona uma impressionante gama de idéias harmônicas”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Embora não tenha tido a mesma visibilidade que outros saxofonistas oriundos dos grupos de Miles Davis – como John Coltrane, seu antecessor, ou Wayne Shorter, seu sucessor – obtiveram, Coleman tem recebido uma merecida atenção por parte da crítica especializada e por parte de seus colegas jazzistas. Em 1979 recebeu o New York Jazz Award, dado pelo New Jazz Audiences, associação que congrega músicos, historiadores e críticos de jazz de Nova Iorque. Em 1997, foi a vez do Lifetime Achievement Award, concedido pela Jazz Foundation of America.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A sua Memphis nativa já lhe prestou alguns emocionantes tributos. Em 1992, o prefeito fez a Coleman a entrega simbólica das chaves da cidade, em reconhecimento ao seu valioso trabalho como intérprete e educador musical. Alguns anos antes, George havia sido o artista homenageado do Beale Street Music Festival, que é realizado ali, anualmente, desde 1978.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O imponente Coleman ainda realizou alguns trabalhos como modelo, aparecendo em campanhas publicitárias veiculadas em revistas como Ebony Magazine e Travel and Leisure. Em 2002 particpou do album “Four Generations of Miles”, ao lado de Ron Carter, Jimmy Cobb e Mike Stern, lançado pela Chesky Records. Ele também pode ser ouvido em álbuns recentes de Bobby Hutcherson, Joey DeFrancesco e Ahmad Jamal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">George raramente gosta das coisas que grava, porque, ao ouvir o resultado, sempre acha que poderia melhorar alguma coisa. Em uma entrevista, falou sobre o seu proverbial perfeccionismo: “Quando ouço uma gravação minha, em 90 por cento dos casos me sinto descontente com aquilo que toquei. Eu sempre acho que poderia ter adotado outra harmonia, que devia ter modificado um acorde em particular ou que poderia ter estudado um pouco mais a melodia, para desenvolvê-la melhor”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Atualmente, o saxofonista se encontra semi-aposentado e só sai de casa para participar de projetos muito especiais ou quando o pagamento é bastante compensador. Em uma entrevista recente, ele disse: “eu realmente cheguei a anunciar a minha aposentadoria, mas apareceram alguns trabalhos bastante lucrativos e eu acabei reconsiderando. Não sou mercenário, mas o dinheiro é um fato da vida e temos que lidar com ele para viver”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para Richard Cook, Coleman é um dos maiores tenoristas surgidos nos últimos 50 anos, sumamente inventivo e dono de uma sonoridade bastante particular. Segundo o crítico britânico, “seu som grandioso e a sensação de placidez que ele transmite, mesmo no calor de uma improvisação inflamada, são características que o tornam um saxofonista diferenciado”. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após tanto tempo na estrada, George mantém intacto o amor pelo jazz, especialmente quando se apresenta fora do seu próprio país: “Quando viajo à Europa ou ao Japão eu sinto o apreço do público e vejo como as pessoas ali nos recebem com carinho. Em cidades como Roma, Viena, Berlin, Londres ou Tóquio recebemos um tratamento melhor do que nos Estados Unidos. Ali eu consigo perceber que o jazz está vivo e muito bem. Porque o jazz é uma música muito especial, feita para pessoas especiais”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">====================<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NzIyNTQxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NzIyNTQxLTZmYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMjg0NDk3NzY7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param name="allowscriptaccess"
value="always"></param><param name="wmode"
value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NzIyNTQxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NzIyNTQxLTZmYyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMjg0NDk3NzY7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14pt;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NzIyNDcwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NzIyNDcwLTM3OSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMjg0NDk3OTQ7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param><param name="wmode"
value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE2NzIyNDcwIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE2NzIyNDcwLTM3OSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMjg0NDk3OTQ7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-5775036961166367402012-04-13T08:28:00.000-03:002012-04-13T08:28:04.058-03:00O DEMÔNIO DO MEIO-DIA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-dzvYZkZpgMs/T4gNawkavoI/AAAAAAAAAxk/QIq-Nl7FL2g/s1600/don+sleet.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-dzvYZkZpgMs/T4gNawkavoI/AAAAAAAAAxk/QIq-Nl7FL2g/s1600/don+sleet.jpg" /></a></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não há nem sombra das flores alegres e pomposas<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Que iluminavam as manhãs com seu olor<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">É como se elas, de repente,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Tivessem se arrependido de despertar<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E preferissem sucumbir ao frio e à escuridão<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Certa madrugada, as flores simplesmente deixaram de brotar<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E cada botão fechado era um pequeno túmulo escarlate...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem as fortunas dos homens,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem suas orações<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem seus gritos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Puderam trazer de volta o colorido das flores<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Depois, foi a vez das estrelas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Aquelas pequenas faíscas celestes<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Que aqueciam a escuridão do firmamento com seu brilho tímido,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Era como se as estrelas tivessem caducado,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Era como se tivessem cerrado os olhos por toda a eternidade<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem as fortunas dos homens,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem suas orações<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem seus gritos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Puderam iluminar novamente as noites cataclísmicas<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Depois foi a vez do Sol<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A matriz essencial da vida<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A temperança calorosa que a tudo invade <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com o esplendor inescusável de sua luz<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Certa manhã, fazia escuro na hora em que o Sol costumava nascer<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E o escuro fez-se assim para sempre.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A penumbra tornara-se a antítese eterna da alvorada<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O parto sombrio e desesperador de uma noite interminável<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A recusa improrrogável do elemento mais vital<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem as fortunas dos homens,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem suas orações<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nem seus gritos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Puderam demover o Sol do seu intuito de recolher-se<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Desde então, tem sido dessa maneira...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não há mais flores, nem estrelas, nem Sol<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Não somos mais capazes de distinguir os dias das noites<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mas persistimos, ainda<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Teimosos e irredutíveis,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Obsessivos e infatigáveis.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ao longe, muito longe,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Às vezes algum de nós vê uma luz pálida<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A tremeluzir, frágil e bruxuleante,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sob o peso da imensidão crepuscular<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Aí então sorrimos e damo-nos as mãos<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E pensamos, embora não o digamos,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Que a perícia do demônio<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Haverá de sucumbir um dia <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Pelas mãos impávidas da perseverança<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">===========================<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O trompetista Donald Sleet despontou no final dos anos 50 como um dos mais promissores talentos do hard-bop. Branco em um universo dominado por músicos negros como Miles Davis, Clifford Brown e Art Farmer, Sleet conjugava o intimismo do primeiro, a ferocidade do segundo e a sonoridade delicada do terceiro. Seus primeiros trabalhos como sideman foram registrados em 1959, nos discos “Like Soul!” <span lang="EN-US">(World Pacific Jazz), da cantora Gloria Smyth, e “Lenny McBrowne and the Four Souls” (Riverside), do baterista Lenny McBrowne.<b><o:p></o:p></b></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Don, como era chamado em casa, nasceu em Fort Wayne, estado de Indiana, no dia 27 de novembro de 1938. Ainda na infância, mudou-se com a família para a cidade de San Diego, na Califórnia, onde iniciou os estudos de piano clássico aos nove anos, tendo o pai como primeiro professor. O patriarca dos Sleet era diretor musical da La Mesa Spring Valley School e a música fazia parte da rotina da família. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na adolescência, Don resolve trocar o piano pelo trompete e estudou por cerca de um ano com o trompetista Buddy Childers, egresso das orquestras de Stan Kenton, Tommy Dorsey e Woody Herman. O garoto também fez parte da orquestra da escola onde cursou o ensino médio, a Helix High School, e de uma orquestra integrada apenas por jovens da região de San Diego, a Civic Youth Orchestra.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Aos 18 anos, Sleet já havia se tornado membro efetivo da San Diego Symphony. Além da música erudita, o jovem mostrava-se bastante interessado pelo jazz. Seus primeiros ídolos e maiores influências foram Clifford Brown, Maynard Ferguson, Kenny Dorham, Chet Baker e Miles Davis. O amor pelo jazz levou-o se juntar à San Diego State University Jazz Ensemble, orquestra conduzida e dirigida pelo vibrafonista Terry Gibbs. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Ao mesmo tempo, Don montou um sexteto com alguns amigos da cidade, e o grupo costumava ensaiar na sala de estar da casa do trompetista, onde havia um piano sempre afinado. Entre os integrantes da banda estavam o pianista Mike Wofford e o baterista John Guerin, dois músicos que, futuramente, teriam currículos bastante respeitáveis no universo jazzístico.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O baixista Howard Rumsey, um dos proprietários do The Lighthouse, tradicional clube localizado em Hermosa Beach, Los Angeles, assistiu a uma apresentação dos rapazes de Sleet e os convidou a se apresentar ali, aos domingos. A banda venceu duas edições seguidas do Easter Week Jazz Festival, promovido por Rumsey no próprio Lighthouse, em 1956 e 1957, e o trompetista recebeu calorosos elogios da revista Down Beat, em 1956.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Participando de gigs na região de San Diego e Los Angeles, Sleet montou um quinteto em 1958, que atuava com bastante freqüência em clubes como o Snookies, o Shelly's Manne Hole, o Jazz City e o Beacon Inn. O grupo costumava abrir para estrelas do jazz em turnê pela Califórnia, como os Jazz Messengers de Art Blakey e a cantora Billie Holiday. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1960, após uma rápida passagem pela orquestra de Stan Kenton, o jovem de apenas 22 anos fez parte dos Howard Rumsey Lighthouse All-Stars, mas naquele período o grupo já não desfrutava do prestígio que havia tido nos anos 50. Não obstante, o trompetista estava tocando cada vez melhor e a sua evolução musical deve-se, em boa medida, aos estudos de harmonia e improvisação com Daniel Lewis e com o grande Shorty Rogers. Ainda naquele ano, Don voltou a tocar com Lenny McBrowne, tendo participado das gravações do álbum “Eastern Lights” (Riverside).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1961, o produtor Orrin Keepnews, do selo Jazzland, buscava desesperadamente um substituto para seu astro Chet Baker, que cumpria pena de oito meses em Lucca, na Itália, por porte de narcóticos. Ele viu em Sleet, jovem e com pinta de galã de cinema, a oportunidade de lançar no mercado o “Novo Chet Baker”. E o melhor de tudo é que o sujeito tocava uma barbaridade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Keepnews se empenhou pessoalmente na produção e convocou alguns dos melhores músicos da época para acompanhar a jovem promessa do trompete. No piano e na bateria, nada menos que 2/3 da cozinha de Miles Davis: Wynton Kelly e Jimmy Cobb. No contrabaixo, o também jovem mas muito experiente Ron Carter, que no futuro também seria integrante dos grupos de Miles. E no sax tenor o brilhante Jimmy Heath. O álbum, chamado “All Members”, foi gravado no dia 16 de março de 1961, em Nova Iorque. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para abri-lo, a faixa escolhida foi a incinerante “Brooklyn Bridge”, parceria entre o saxofonista Clifford Jordan e a bandleader Carla Bley. Embora criado, musical e geograficamente, na Costa Oeste, a abordagem e o fraseado de Sleet se irmanam aos de seus colegas da Costa Leste, fazendo lembrar craques como Blue Mitchell e Kenny Dorham. Ao lado de um bopper de grandes recursos como Heath, o trompetista se mostra ainda mais afiado, soltando frases curtas e agressivas, mas sempre muito bem concatenadas. Destaque para o notável trabalho de Carter com o arco, uma de suas muitas especialidades.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“Secret Love” é uma composição de Paul Francis Webster e Sammy Fain e a interpretação do quinteto é leve e relaxada. A cadência irresistível imposta por Cobb, as harmonias estimulantes propostas por Kelly e a marcação inabalável construída por Carter formam uma formidável base para os solos hipnóticos de Heath e Sleet, cuja sonoridade robusta e energética guarda alguns pontos de convergência com a de Clifford Brown. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A seguir, é a vez de “Softly, As in a Morning Sunrise”, de Oscar Hammerstein e Sigmund Romberg. Mais uma vez, as atenções se voltam para o saxofonista e para o trompetista. O sopro do primeiro é tranqüilo, fluido, técnico, quase cerebral. O do segundo é nervoso, intuitivo, selvagem, absolutamente visceral. Entre um e outro, a ancoragem rítmica inteligente, o domínio harmônico irretocável e as improvisações tecnicamente irrepreensíveis de Kelly tornam esta uma das faixas mais memoráveis do disco.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O trompetista contribui com uma única composição original, “Fast Company”, hard bop certeiro e empolgante, levemente tingido de blues. A introdução explosiva de Cobb anuncia a elevação da temperatura e os desempenhos de Kelly, Heath e do líder apenas confirmam o conteúdo inflamável do tema. Mais uma vez utilizando o arco, Carter é o responsável por um dos solos mais envolventes e bem elaborados da sessão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Terceiro standard do disco, “But Beautiful” é uma balada de autoria de James Van Heusen e Johnny Burke e o quinteto se sai muito bem em contextos mais calmos. Heath não tem dificuldade para criar uma atmosfera cálida, vaporosa, e seu sopro quase sem vibrato lembra a abordagem de Lester Young. Por seu turno, Sleet adota uma postura contemplativa, se mostrando capaz de enveredar pelos temas românticos com um lirismo digno dos seus ídolos Chet Baker ou Art Farmer. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A faixa que dá nome ao álbum é uma composição de Heath, um blues acelerado, com um refrão pegajoso e uma melodia empolgante. O sopro do trompetista flui com nitidez e veemência, enfatizando os registros médios do trompete, evitando os agudos mais estridentes. Kelly é um exuberante intérprete de blues e suas intervenções são sempre surpreendentes. O autor do tema conserva o clima tórrido, conjugando a impetuosidade de um novato com a excelência técnica de um veterano.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para encerrar, o quinteto escolheu a labiríntica “The Hearing”, mais um tema composto por Clifford Jordan. Embora não seja propriamente uma ruptura em relação à ortodoxia do hard bop, é sem dúvida a faixa mais ousada do álbum, do ponto de vista harmônico, e, de algum modo, antecipa as inovações que, poucos anos depois, Wayne Shorter iria agregar ao quinteto de Miles Davis. Também aqui Sleet mostra maturidade e desenvoltura e seus diálogos com Heath se pautam pela eloqüência quase solene e pelas linhas melódicas imprevisíveis.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Um disco irretocável, de um músico que poderia ter figurado, sem nenhuma dúvida, no panteão dos grandes nomes do jazz. Ou, como declarou o produtor Orrin Keepnews: “Don tinha talento suficiente para tocar com os músicos da primeira divisão. Esse disco mostra que ele, indiscutivelmente, estava pronto para isso. E no estúdio, em momento algum houve qualquer dúvida sobe quem era o líder da sessão”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Após sua única gravação como líder, Sleet mergulhou na obscuridade. Um dos poucos trabalhos dignos de registro foi no álbum “My Fair Lady with the Un-Original Cast”, sob a liderança do baterista Shelly Mane, gravado em 1964, para a Capitol. Problemas com drogas, o temperamento arredio e a escassez de ofertas de trabalho contribuíram para que ele jamais obtivesse a visibilidade e o reconhecimento que seu talento prenunciava. Em meados da década de 60 ele chegou a ser internado em uma instituição para dependentes químicos, o célebre Synanon, em Santa Mônica, na Califórnia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Pelo final dos anos 60 e ao longo da década seguinte, ele sobreviveu à base de trabalhos esporádicos, apresentando-se em pequenos clubes de cidades como Chicago e Nova Iorque, para onde se mudou, em busca de novas oportunidades profissionais. Durante o começo dos anos 70, Don fez parte da banda do tubista Ray Drapper, cuja formação incluía o jovem saxofonista tenor Ernie Watts.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Seu irmão, o baterista David Sleet, quatro anos mais novo, conta que apesar das dificuldades, Don jamais abriu mão de suas concepções artísticas: “Ele era extremamente comprometido com o jazz e chegava a recusar trabalhos musicalmente inferiores. Ele jamais aceitou tocar em batizados ou casamentos, ainda que o pagamento fosse bom”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Sobre a gravação com Sleet, Jimmy Heath, anos mais tarde, deu alguns detalhes ao jornalista Mark Myers, do site Jazz Wax: “Eu não o conhecia, mas ele fez questão de me chamar. Eu acho que Orrin ajudou na escolha dos músicos e tudo transcorreu muito bem. Don realmente sabia tocar. Sabia mesmo. Ele não chegava a ser um músico excepcional, mas era muito bom”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A vida difícil de músico freelancer e o envolvimento cada vez mais intenso com as drogas cobraram um alto preço de Sleet. Seu irmão conta que, muitas vezes, ele se viu obrigado a empenhar o seu trompete para pagar contas ou comprar comida, agravando ainda mais a sua penúria, pois sem instrumento não conseguia convites para tocar. Em um depoimento emocionado, o David recorda a intensa luta de seu irmão para se reerguer: “Apesar de tudo, ele jamais se afastou daquilo que mais amava, o jazz. Don era tão talentoso que eu sempre tive a esperança de que um dia as pessoas iriam descobri-lo e valorizá-lo”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Para Howard Rumsey, Sleet “tinha um estilo parecido com o de Shorty Rogers. Ele não era de falar muito, mas quando falava era agradável e muito entusiasmado. Ele poderia ter ido muito além, mas os problemas com as drogas o desviaram do caminho e ele morreu muito novo. Eu gostaria que ele tivesse gravado mais. Don poderia ter sido um dos maiores músicos da Costa Oeste”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O crítico Ira Gitler, que escreveu as notas do disco, também fez algumas observações sobre o trompetista: “Don tocava com músicos de primeira linha quando eu o conheci, em Nova Iorque. Eu recordo que ele era um sujeito tranqüilo, gentil e um pouco reservado. Eu havia escrito algumas palavras elogiosas na apresentação do disco e ele ficou bastante grato. Don possuía uma qualidade especial: ele era autêntico”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Don Sleet morreu na casa onde morava, em Los Angeles, no dia 31 de dezembro de 1986, em decorrência de um câncer no sistema linfático. Ele vinha lutando contra a doença há cerca de três anos, até que finalmente sucumbiu. O irmão relata como foi dolorosa a perda: “A morte de Don me deixou arrasado. Eu sempre fui otimista quanto à sua recuperação e tinha certeza de que ele conseguiria dar a volta por cima e retomar a carreira”. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Amigos de Sleet, como os trompetistas Jack Sheldon e Conte Candoli, prestaram-lhe a última homenagem, tocando em seu funeral, realizado em um cemitério de Hollywood. Até hoje David conserva, e exibe orgulhoso, um exemplar original do LP “All Members”, autografado pelo irmão. A dedicatória é singela, mas muito tocante: “Para o melhor irmão do mundo”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">========================<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNjQ1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNjQ1LWQ0YSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQzMTU5NDk7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param
name="allowscriptaccess" value="always"></param><param
name="wmode" value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNjQ1IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNjQ1LWQ0YSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQzMTU5NDk7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNjAxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNjAxLTM0NSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQzMTU5NzE7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param name="allowscriptaccess"
value="always"></param><param name="wmode"
value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzUzNjAxIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzUzNjAxLTM0NSI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzQzMTU5NzE7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-91944484456470202232012-04-07T08:56:00.000-03:002012-04-07T08:56:02.645-03:00Ô MÃE, ME EXPLICA, ME ENSINA, ME DIZ O QUE É FEMININA?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-CmZmw48eDAA/T4ArFH4dORI/AAAAAAAAAws/Y_F4jENtI9U/s1600/hazel+scott+relaxed.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="313" src="http://3.bp.blogspot.com/-CmZmw48eDAA/T4ArFH4dORI/AAAAAAAAAws/Y_F4jENtI9U/s320/hazel+scott+relaxed.jpg" width="320" /></a></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span style="line-height: 21px;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Uma mulher forte, determinada, corajosa, bonita e extremamente talentosa. Assim pode ser definida a atriz, cantora, ativista política, compositora e pianista Hazel Dorothy Scott, uma das figuras mais importantes – e, infelizmente, bem pouco lembrada nos dias de hoje – na luta pelos direitos civis, especialmente durante as décadas de 40 e 50. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Nascida no dia 11 de junho de 1920, em Port of Spain, Trinidad e Tobago, sua família emigrou para os Estados Unidos em 1924, fixando residência em Nova Iorque. O pai, Thomas Scott, era inglês de Liverpool e um respeitado professor universitário em Trinidad e Tobago, e permaneceu no país quando Hazel, sua mãe e sua avó materna, Margarth, emigraram.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Desde a mais tenra infância, a pequena Hazel demonstrou uma aptidão incomum para as artes, especialmente para a música. Sua mãe, a pianista Alma Long Scott, mantinha uma banda formada exclusivamente por mulheres e algumas vezes a grande Lil Hardin-Armstrong, pianista e primeira mulher de Louis Armstrong se apresentava com as garotas. A casa da família costumava receber a visita de grandes músicos como Art Tatum, Lester Young e Fats Waller, e foi nesse ambiente que o amor de Hazel pela música cresceu e se solidificou.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Considerada uma menina prodígio, aos seis anos Hazel já dava os primeiros passos no trompete e no piano clássico. Aos oito, ganhou uma bolsa de estudos na prestigiosa Juilliard School of Music. Embora as regras da escola exigissem a idade mínima de 16 anos para o início dos estudos, sua performance no “Prelúdio em Sol Menor”, de Rachmaninoff, deixou Oscar Wagner, responsável pela seleção dos alunos, impressionado. Graças ao empenho pessoal de Wagner, a escola abriu uma exceção e aceitou Hazel em seu corpo discente.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1936, ele começou a carreira profissional como pianista da orquestra da rádio Mutual Broadcasting System. A garota era considerada uma celebridade nos meios musicais de Nova Iorque e chegou a se apresentar, várias vezes, no Roseland Dance Hall, acompanhando a orquestra de Count Basie. Além disso, ela manteve durante algum tempo o próprio programa de rádio, na WOR.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em 1938, participa do seu primeiro musical, “Cotton Club Revue”, seguindo-se os espetáculos da Broadway “Sing Out the News” (1939) e “The Priorities” (1942), todos muito bem recebidos pelo público. Entre 1939 e 1943, Scott manteve-se como atração fixa do Café Society, interpretando jazz, blues, standards e temas do repertório erudito, tendo sido uma das pioneiras da mistura entre jazz e música clássica, criando um estilo conhecido como “swinging the classics”. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Seu espetáculo “From Bach to Boogie-Woogie” ficou quase dois anos em cartaz naquele clube, sempre com muito sucesso de público. Além de composições de Bach, peças de Chopin, Liszt, Mozart e Rachmaninoff eram vertidas para o idioma jazzístico, com competência e refinamento. Os discos em 78 rotações gravados por ela com esse repertório, para selos como Signature e Decca, vendiam aos milhares, tornando seu nome conhecido em todo o território dos Estados Unidos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A crítica, ainda bastante refratária a qualquer diálogo entre o jazz e a música erudita, não via com bons olhos esse tipo de irreverência, que, de alguma maneira, antecipava em quase uma década as investigações harmônicas concebidas por gente como Dave Brubeck e The Modern Jazz Quartet e sua “Third Stream”. A revista Time, por exemplo, publicou o seguinte: “Enquanto outros pianistas de jazz assassinam a música erudita, Hazel Scott comete, no máximo, um incêndio criminoso”.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Apesar do mau humor da crítica, não demorou muito para que o talento de Hazel fosse descoberto por Hollywood. Ela participou de filmes como “I Dood It” (MGM, 1943), “Broadway Rhythm” (também para a MGM, de 1944, onde contracena com a extraordinária Lena Horne, sob a direção de Vincente Minelli), “The Heat’s On” (Columbia Pictures, 1943, estrelado pela lendária Mae West), “Something to Shout About” (Columbia Pictures, 1943) e “Rhapsody in Blue” (Warner Bros, 1945). Na seara erudita, Hazel realizou concertos no prestigioso Carnegie Hall, em 1941 e 1943.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durante aquele período, conheceu o pastor Adam Clayton Powell, Jr., um militante da causa negra que viria a se tornar o primeiro afro-americano eleito para o Congresso. Os dois se casaram em 1945 e, segundo o jornalista Mike Wallace, o casamento foi um evento muito badalado: “Ambos eram estrelas, não apenas no âmbito da comunidade negra, mas também entre os brancos. O casamento dos dois foi um fato extraordinário”.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Orgulhosa de suas origens e bastante engajada politicamente, Hazel foi uma das primeiras artistas negras a se recusar a tocar para platéias segregadas. Na época era comum que brancos e negros se sentassem em espaços separados nos teatros e clubes e ela simplesmente não tocava em locais que adotassem essa prática. Dizia a pianista: “Porque deveria aceitar o fato de que alguém venha assistir ao concerto de uma negra e se recuse a sentar ao lado de outro negro como eu?”.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span style="line-height: 115%;">A nossa heroína foi também a primeira artista negra a ter o seu próprio programa de TV, “The Hazel Scott Show”, cuja primeira edição foi ao ar, por uma pequena emissora, a pioneira DuMont Television Network, no dia 03 de julho de 1950. O programa teve vida curta, devido à falta de anunciantes, e sua última edição foi apresentada no dia 29 de setembro daquele mesmo ano. </span><span style="line-height: 115%;">A DuMont, considerada a primeira emissora comercial do mundo, criada em 1946, não teria vida longa e encerraria suas atividades em 1956.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">As posições políticas de Scott e sua intensa luta contra a segregação racial lhe valeram o ódio do senador ultraconservador Joseph McCarthy. Paranóico e autoritário, McCarthy iniciou uma verdadeira cruzada contra todo e qualquer cidadão suspeito de possuir algum tipo de ligação ou simpatia com os movimentos de esquerda. O Macartismo, que perdurou de 1950 a 1956, promoveu uma verdadeira caça às bruxas, só que ao invés do obscurantismo da Idade Média, os processos com falsificação de provas, ameaças, invasão de privacidade e chantagens de todo tipo eram praticados em pleno século XX, naquela que é considerada a maior democracia ocidental.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Pois foi contra essa verdadeira máquina de moer reputações que a corajosa Hazel Scott se posicionou. Ela não teve medo de enfrentar o Macartismo, um dos períodos mais sombrios da história recente dos Estados Unidos, e um marco simbólico do que pode acontecer a uma sociedade subjugado pelo medo e pela histeria, onde os cidadãos, docilmente, abrem mão de suas liberdades e de seus direitos civis, em nome de uma pretensa segurança nacional. Após ser acusada de realizar concertos em entidades consideradas simpatizantes do comunismo, Hazel se dispôs a depor no Comitê de Atividades Anti-Americanas, comandado por McCarthy. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O depoimento foi dado no dia 22 de setembro de 1950 e ela encerrou o seu discurso histórico, com as seguintes palavras: “Eu gostaria de terminar fazendo um pedido a este comitê. Que ele realmente se interesse em proteger aqueles americanos que, honesta, sadia e desinteressadamente se esforçam para aperfeiçoar este país e para assegurar que as garantias constitucionais, de fato, façam parte de nossas vidas. Os atores, músicos, artistas, compositores e todos os homens e mulheres das artes estão ansiosos para servir ao nosso país, que precisa de nós mais do que nunca. Nós não podemos e nem devemos ser anulados pelas calúnias, cruéis e mesquinhas, feitas por homens pequenos”.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Mesmo com uma vida extremamente movimentada, Scott não abandonara o jazz. Ao contrário, dividia-se entre Nova Iorque e Washington, onde o marido, congressista, residia, e se apresentava com freqüência em teatros e auditórios dessas cidades. Em comum acordo com o marido, que além de deputado era pastor, Hazel evitava apresentações em clubes e boates. De qualquer maneira, seus trios eram integrados por músicos de primeira linha, como os bateristas Bill English e Rudie Nichols e os baixistas Martin Rivera e Charles Mingus.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E foi exatamente pela gravadora de Mingus, a independente Debut Records, que a pianista gravou aquele que é considerado seu melhor álbum: “Relaxed Piano Moods”. Contando com o próprio Charles Mingus no contrabaixo e o não menos genial Max Roach na bateria, o disco foi gravado no dia 21 de janeiro de 1955, nos estúdios de Rudy Van Gelder, responsável pela engenharia de som.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A faixa de abertura é a doce “Like Someone in Love”, balada de autoria de James Van Heusen e Johnny Burke, que aqui é executada com um charmoso acento camerístico e com uma nítida influência de Teddy Wilson, reconhecido por Hazel como a sua maior influência. Também são perceptíveis no fraseado de Scott ecos da música erudita, especialmente de compositores franceses modernos, especialmente Erik Satie e Claude Debussy.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em seguida, mais uma balada, “Peace of Mind”, composta pela pianista. Curioso notar que suas composições, embora firmemente assentadas na tradição do jazz, conservam uma estreita ligação com o universo erudito, especialmente no que toca ao rigor na escolha dos timbres e à preocupação com a hierarquia das tonalidades. Mingus e Roach, dois dos mais completos virtuoses do jazz, não demonstram o menor constrangimento em assumir uma postura discreta, quase minimalista e que realça o brilhantismo da execução de Hazel.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">J. J. Johnson contribui com uma de suas composições mais conhecidas, a lindíssima balada “Lament”. Mingus adota aqui uma postura mais incisiva, ritmicamente desafiadora, sombria e pouco linear. Suas intervenções contribuem para dar ao tema uma atmosfera densa, em flagrante contraste com a abordagem fluida e mais centrada na melodia da líder. Roach trafega entre esses dois pólos e sua notável habilidade percussiva representa o ponto de equilíbrio e coesão.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A animada “The Jeep Is Jumpin’” é um tema de autoria de Duke Ellington, em parceria com seus fiéis escudeiros Billy Strayhorn e Johnny Hodges. Hazel e seus comandados dão uma aula de swing e habilidade técnica, acelerando os andamentos, executando pausas inesperadas, elaborando improvisos inquietos e empolgantes. A sintaxe bop se faz presente com bastante eloqüência, sobretudo graças aos alucinantes ataques de Roach.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O blues “Git Up From There”, também de autoria de Hazel, vem a seguir e o resultado é extasiante. Mingus expõe a sua pegada vigorosa, sempre buscando os registros mais graves do contrabaixo, enquanto Roach subverte o andamento do blues com uma levada nada ortodoxa, mostrando porque é um dos mais versáteis e originais bateristas da história do jazz. Scott é uma intérprete soberba e seu piano produz uma sonoridade volumosa, encorpada, visceral, impactante sob o ponto de vista técnico e, mais ainda, sob o ponto de vista emocional.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“A Foggy Day”, clássico dos irmãos Gershwin, recebe um arranjo ousado, num andamento supersônico, que exige do trio um amplo domínio dos meandros do bebop. Scott se mostra à altura da excelência dos parceiros e seu ataque é vibrante, sem hesitações ou reservas. A vitalidade de Mingus e a astúcia de Roach, perfeitos como sempre, não intimidam a líder e seus improvisos se impõem pelo brilhantismo técnico e pela complexidade harmônica.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O álbum encerra com uma deliciosa versão de “Mountain Greenery”, composta por Richard Rodgers e Lorenz Hart em 1926, para o musical “The Garrick Gaieties”. Aqui a canção é executada em um contagiante tempo médio. Scott injeta no tema um indisfarçável tempero de blues, enquanto Mingus elabora uma marcação opulenta. A crueza da percussão de Roach e seus timbres exuberantes merecem ser ouvidos com bastante atenção.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O disco foi relançado, no formato de cd, pela Original Jazz Classics e como bônus traz takes alternativos de “Git Up From There” e “Lament”. É uma ótima amostra do talento, da criatividade e da altivez de uma mulher que contribuiu imensamente para a afirmação da cultura afro-americana, sem ter feito qualquer concessão ao estabilishment. Para além das virtudes pessoais da autora, a excelência do disco é atestada por sua inclusão no seleto rol de gravações qualificadas pela National Public Radio como “Basic Jazz Record Library”. A pianista gravaria apenas mais um disco depois desta sessão, “Round Midnight”, para a Decca, em 1957.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Hazel e Powell se separaram em 1956 e no ano seguinte, cansada de lutar contra a segregação e o racismo, a pianista decide ir morar na Europa, fixando-se em Paris. Ali, chegou a trabalhar no cinema (ela aparece no filme “Le Desordre et la Nuit’’, de 1958, dirigido por Gilles Grangier e estrelado por Jean Gabin) e manteve uma agenda bastante ocupada, apresentando-se em clubes de toda a Europa. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Em seu apartamento, localizado às margens do Rio Sena, eram comuns as visitas de intelectuais e artistas então expatriados ou em visita ao Velho Continente, como o escritor James Baldwin, o fotógrafo Richard Avedon, o crítico Leonard Feather, o ator Anthony Quinn e os músicos Quincy Jones, Mary Lou Williams, Dizzy Gillespie, Count Basie e Max Roach, entre outros. Lester Young, seu grande amigo, costumava freqüentar o apartamento e os dois passavam horas escutando o disco “Only The Lonely”, de Frank Sinatra. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Durante seu exílio auto-imposto, Hazel voltou a casar-se, com o clarinetista italiano Enzio Bedin, 15 anos mais novo. Além das diferenças culturais e da idade, o ciúme doentio de Bedin acabou por minar a relação, que durou apenas dois anos. A um amigo comum, o clarinetista desabafou: “Hazel é uma Maserati e eu mal consigo dirigir um Fiat”.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Hazel retornou aos Estados Unidos em 1967, mas jamais voltaria a gozar do prestígio e do antigo sucesso. Continuou a se apresentar em Nova Iorque, especialmente no clube do Milford Plaza Hotel, onde seria atração fixa até praticamente o fim da vida. Ao mesmo tempo, deu prosseguimento à carreira de atriz, fazendo pequenos papéis em novelas e seriados de TV como “The Bold Ones: The New Doctors” (NBC, 1969) e “One Life to Live” (ABC, 1973). <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E se havia algo que a deixava amargurada era a falta de reconhecimento por parte da comunidade negra. Em uma entrevista de 1968, ele declarou à Ebony Magazine: “Eu tenho muitas reservas aos chamados ‘Novos Negros’, pois acho que esse movimento surgiu tarde demais. Eu gostaria de saber onde eles estavam – é claro que muitos vão dizer que ainda não tinham nascido, mas seus pais sim – há vinte e cinco anos, quando eu enfrentei todo tipo de preconceito para realizar o meu trabalho, quando fui chamada de tudo o que se possa imaginar. Me chamavam de Joana D’Arc Negra, de comunista, de radical profissional, de apologista da raça negra. Diziam que eu usava a cor da minha pele como uma bandeira. Então, eu não posso ficar sentada, ouvindo as pessoas dizerem que nada foi feito antes da chegada desses ‘Novos Negros’ e seus cabelos enormes”.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A brava Hazel Scott sucumbiu ao câncer de pâncreas, no dia 02 de outubro 1981, nas dependências do Mount Sinai Medical Center, em Nova Iorque. Seu corpo foi enterrado no Flushing Cemetery, no bairro de Queens, o mesmo onde repousam gênios do jazz como Louis Armstrong, Johnny Hodges, Charlie Shavers e Dizzy Gillespie. Três anos antes, em 1978, ela recebeu a última grande homenagem, ao ter seu nome inscrito no “Black Filmmakers Hall of Fame”.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">================================<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzM5NTk0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzM5NTk0LTYwOCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzM3OTg5NjI7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param
name="allowscriptaccess" value="always"></param><param
name="wmode" value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzM5NTk0IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzM5NTk0LTYwOCI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzM3OTg5NjI7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzM5NTcyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzM5NTcyLTZmNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzM3OTg5ODA7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param><param name="wmode"
value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzM5NTcyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzM5NTcyLTZmNiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzM3OTg5ODA7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzM5NDg2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzM5NDg2LTIwYiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzM3OTkwMDE7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param name="allowFullScreen"
value="true"></param><param name="allowscriptaccess"
value="always"></param><param name="wmode"
value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MzM5NDg2IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MzM5NDg2LTIwYiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzM3OTkwMDE7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-3394842302928607105.post-66554505728909724552012-04-02T00:09:00.000-03:002012-04-02T00:09:04.076-03:00MODERNO? NÃO, APENAS ETERNO!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-dkD12gyujjY/T3kYBQ7N6ZI/AAAAAAAAAwg/qfqbUOZ29Hs/s1600/Red+Norvo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-dkD12gyujjY/T3kYBQ7N6ZI/AAAAAAAAAwg/qfqbUOZ29Hs/s1600/Red+Norvo.jpg" /></a></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">As primeiras orquestras de jazz surgiram no final do século XIX e início do século XX, em Nova Orleans. Nessas bandas, os instrumentos mais utilizados eram o piano, a corneta, a clarineta, a tuba, o trombone, o banjo e a percussão, geralmente feita por meio de uma prosaica tábua de lavar roupa. Com o advento do swing, bem poucos se mantiveram na linha de frente do jazz. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A corneta, a tábua de lavar roupa, o banjo e a tuba foram substituídos por instrumentos mais versáteis, como o trompete, a bateria, a guitarra e o contrabaixo, respectivamente. Outros, como a clarineta, continuaram a ter espaço durante a Era do Swing, mas com o advento do bebop foram praticamente relegados ao segundo plano. Curioso é o caso do saxofone, que aos poucos foi se consagrando como o mais típico dos instrumentos do jazz, rivalizando com o trompete.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O xilofone, o vibrafone e a marimba são instrumentos de percussão que pertencem à mesma família. Nenhum deles fazia parte das bandas e orquestras precursoras do jazz. Sua incorporação ao universo jazzístico deveu-se, em boa medida, ao trabalho desenvolvido por um notável instrumentista chamado Kenneth Norville. Se esse nome não soa familiar à maioria dos fãs do jazz, o apelido poderá ajudar a identificar melhor o personagem: Red Norvo.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Kenneth nasceu na cidade de Beardstown, estado de Illinois, no dia 31 de março de 1908. O pai era ferroviário e pianista amador e o garoto costumava viajar com a família nos célebres barcos que cruzavam o rio Mississippi, onde eram comuns as apresentações de pioneiros do jazz como o saxofonista Frankie Trumbauer e o lendário cornetista Bix Beiderbecke. Numa dessas viagens, quando ia visitar seus irmãos mais velhos, que estudavam no estado do Missouri, Red assistiu, pela primeira vez, a uma apresentação com um xilofone.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Aquele instrumento era diferente de tudo o que ele já tinha visto ou ouvido. A sonoridade hipnótica, a forma como ele era tocado, usando mallets (baquetas especiais, com a cabeça revestida de feltro) ao invés das escovas e baquetas tradicionais, a perfeita integração com os outros instrumentos, tudo isso deixou o garoto fascinado. Reza a lenda que ele vendeu um pônei de estimação e, com o dinheiro apurado, comprou o seu primeiro instrumento, uma marimba, cuja sonoridade é bastante semelhante à do xilofone.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Autodidata, Red passou a acompanhar espetáculos de vaudeville, a partir de 1925, fazendo parte de uma banda chamada “The Collegians”. Uma das apresentações do grupo foi assistida pelo bandleader Paul Whiteman, então um dos mais poderosos nomes do showbizz norte-americano, que não hesitou em contratar o rapaz para a sua orquestra, então vinculada à rádio NBC, de Chicago, onde era uma das atrações mais populares da programação.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Com a popularidade em alta, o caminho natural para Whiteman era Nova Iorque, capital cultural e econômica do país. Norvo seguiu o patrão nessa mudança e na nova cidade, não demorou a despertar o interesse dos produtores fonográficos. Já naquela época, ele se dividia entre a marimba, o xilofone e o vibrafone, instrumento inventado em 1927 e cujas primeiras gravações foram feitas por Lionel Hampton, em outubro de 1930, sob a liderança de Louis Armstrong. Uma das faixas gravadas naquela ocasião, “Memories of You”, foi um grande sucesso de vendas e chamou a atenção do meio jazzístico para aquele curioso instrumento.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">As primeiras gravações de Norvo como líder foram feitas em novembro de 1933, para a Brunswick Records, com produção de Jack Kapp: “Knockin’ on Wood” e “Hole in the Wall”. Ainda naquele ano, em uma nova sessão, Norvo gravou um tema de Bix Beiderbecke, “In a Mist” e, aproveitando-se da ausência de Kapp no estúdio, uma composição sua, chamada “Dance of the Octopus”, que tinha uma estrutura harmônica complexa e era diferente de tudo o que estava sendo feito naquele período. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Nesta segunda sessão, o Norvo (que na oportunidade tocava marimba) estava acompanhado por Artie Bernstein no contrabaixo, Dick McDonough na guitarrra e Benny Goodman no clarinete baixo. Ao ouvir o resultado da gravação, especialmente a faixa composta por Norvo, Kapp ficou possesso e demitiu o vibrafonista da gravadora, sob o argumento de que ninguém iria querer ouvir aquela música tão estranha. Curiosamente, o 78 RPM contendo “Dance of the Octopus” foi lançado comercialmente e mantido em catálogo até o final da década de 30.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1934, Norvo montou um pequeno grupo, que era atração fixa de clubes de Nova Iorque, como o Hickory House e o Famous Door. Entre 1934 e 1935, ele fez diversas gravações para a Columbia e para a Decca, onde se reencontrou com o produtor Jack Kapp, mas desta vez a convivência entre os dois foi pacífica e o vibrafonista teve liberdade para gravar o que desejasse. Uma dessas gravações, “I Surrender Dear”, feita em setembro de 1934, com acompanhamento do pianista Teddy Wilson, do clarinetista Artie Shaw e do saxofonista Charlie Barnet, alcançou boas posições nas paradas de sucesso.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1936, Norvo montou a Swing Orchestra e seu trabalho, finalmente, começou a ser reconhecido pelo grande público. Além do vibrafone, outros atrativos da orquestra eram os arranjos do trompetista Eddie Sauter e os vocais de Mildred Bailey, esposa do vibrafonista. Os dois se casaram em 1930 e eram conhecidos no meio musical como “Mr. & Mrs. Swing”. O casal promovia festas em sua casa, em Forest Hills, Nova Iorque, que costumavam ser um verdadeiro ponto de encontro de músicos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Alguns dos seus freqüentadores mais habituais eram a cantora Bessie Smith, o pianista Fats Waller, o clarinetista Artie Shaw e os trompetistas Red Nichols e Bunny Berigan. As festas de Bailey e Norvo foram importantes para a história do jazz porque foi durante uma delas que Benny Goodman montou o seu o grupo que, logo em seguida, evoluiria para o seu célebre quarteto. Após uma animada jam session com o pianista Teddy Wilson e o baterista Gene Krupa, Goodman encontrou os músicos de que precisava para montar o seu combo. Alguns meses mais tarde, Lionel Hampton se juntaria aos três e o resto é história.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Durante o terço final da década de 30, as gravações da orquestra de Norvo, feitas para selos como ARC, Brunswick, Vocalion e Columbia são consideradas das mais refinadas de toda a Era do Swing. Em 1938, pelo menos dois temas gravados pela orquestra de Norvo chagaram ao primeiro lugar da parada pop: “Please Be Kind” e “Says My Heart”, ambas com Mildred nos vocais.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Entre os músicos que passaram pela orquestra, destacam-se os nomes do pianista Ralph Burns, do trombonista Ed Bert, do saxofonista Russell Procope e do trompetista Charles Shavers. Apesar de divorciados em 1942, Mildred e Norvo continuaram amigos e ainda fariam diversas gravações ao longo da década de 40. A cantora morreria no dia 12 de dezembro de 1951, em conseqüência de um ataque cardíaco.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">As dificuldades econômicas, a carência de músicos (muitos deles estavam sendo convocados para lutar na II Guerra Mundial) e o declínio do swing, impuseram duras perdas às orquestras e boa parte delas teve que ser desfeita. Norvo não foi uma exceção e ele se viu obrigado a desmontar a sua big band em 1943. No ano seguinte, juntou-se ao grupo de Benny Goodman, para ocupar o lugar de outro gigante, Lionel Hampton, e daí por diante fixou-se apenas no vibrafone.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em janeiro de 1944, Norvo foi um dos integrantes do chamado “Esquire All-Stars”, grupo integrado, anda, pelos trompetistas Louis Armstrong e Roy Eldridge, pelo pianista Art Tatum, pelo contrabaixista Oscar Petitford e pelo trombonista Jack Teagarden. A apresentação, realizada nas dependências da prestigiosa New York’s Metropolitan Opera House, é considerada um dos marcos simbólicos na história do jazz, pois assim como ocorrera com o concerto de Benny Goodman no Carnegie Hall alguns anos antes, significava que o jazz havia rompido, definitivamente, as barreiras entre o erudito e o popular.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Norvo foi, ao lado de Coleman Hawkins e Buddy Johnson, um dos poucos músicos de sua geração a compreender a revolução do bebop e a apoiar os seus líderes. Em junho de 1945, quando ainda fazia parte do sexteto de Benny Goodman, ele liderou algumas gravações para a Comet, chamando para acompanhá-lo ninguém menos que Charlie Parker e Dizzy Gillespie. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Ele recorda: “Bird e Diz eram palavrões para os músicos da minha geração. Mas o jazz sempre evoluiu e os anos 40 trouxeram consigo uma verdadeira revolução. Bird e Diz estavam propondo coisas novas e excitantes e eu tinha muita convicção de que eles estavam no caminho certo”. Na sessão, os demais acompanhantes eram o saxofonista Flip Philips, o pianista Teddy Wilson, o baixista Slam Stewart e o baterista J. C. Heard.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1947, Norvo deixa a banda de Goodman e após uma rápida passagem pela orquestra de Charlie Barnet, vai trabalhar com o bandleader Woody Herman. Além disso, faz gravações como acompanhante, em álbuns de Billie Holiday, Dean Martin, Dinah Shore, Frank Sinatra e outros mais. Então casado com Eve Rogers, irmã do trompetista Shorty Rogers, Norvo se muda, naquele mesmo ano, para a Califórnia, onde chega a fazer alguns trabalhos para o cinema e a TV.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">No início de 1949 ele deixa a orquestra de Herman e, de volta a Nova Iorque, monta um quarteto com o pianista Dick Hyman, o guitarrista Mundell Lowe e o clarinetista Tom Scott, mas apesar dos talentos envolvidos, o trabalho da banda não obteve o sucesso esperado. Norvo retorna à Califórnia no mesmo ano e decide montar um trio, chamando para acompanhá-lo dois jovens e talentosos músicos: o guitarrista Tal Farlow, que foi contratado por indicação de Lowe, e o baixista Red Kelly, logo substituído pelo fenomenal Charles Mingus, que na época se dividia entre a música e um emprego nos correios.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">As gravações do trio feitas para a Savoy não custaram a chamar a atenção da crítica especializada e embora não provocassem abalos sísmicos nas paradas de sucesso, eram consumidas por um público numeroso e fiel. De acordo com o catedrático Luiz Orlando Carneiro, esse grupo “representou para o jazz então moderno o que o trio de Benny Goodman foi para o swing”. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Em 1951 Mingus se desliga do trio, a fim de tocar seus próprios projetos, e foi substituído pelo estupendo Red Mitchell, que, de acordo com o insuspeito Ray Brown era, juntamente com Oscar Pettiford, um verdadeiro gênio do contrabaixo. Em 1953 é a vez de Farlow deixar o posto, cedendo o lugar ao não menos talentoso Jimmy Raney.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">E foi com essa nova formação, apresentando Jimmy Raney na guitarra e Red Mitchell no contrabaixo, que o vibrafonista gravou, para a Fantasy, um dos seus mais preciosos trabalhos, o formidável “Red Norvo Trio”. As gravações foram feitas em março de 1954, nos estúdios United Sound Services, em Detroit, com produção de Marvin Jacobs. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">“Bernie’s Tune” de Jerry Leiber, Bernard Miller e Mike Stoller, é uma das músicas mais emblemáticas do West Coast Jazz. A gravação feita por Gerry Mulligan no ano anterior deu ao tema o status de standard do jazz e ele já foi gravado por gente como Phil Woods, Terry Gibbs, Frank Morgan e Buck Clayton, entre outros. A versão do trio é quase camerística, com Mitchell garantindo o suporte rítmico e Raney caprichando nos improvisos. O líder tem uma abordagem moderna, alinhada com a sintaxe bop e bem mais próxima do discípulo Milt Jackson que do contemporâneo Lionel Hampton.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">“J9 Hate K9”, do pianista Hal Overton, é um tema rebuscado do ponto de vista harmônico e o trio elabora uma versão ousada e inventiva. Mitchell tem mais espaço para os solos, a guitarra de Raney soa melodiosa como de hábito e Norvo cria frases complexas, percutindo as teclas do vibrafone com dois mallets em cada mão, o que dá uma idéia de profundidade e robustez, como se fossem dois instrumentos sendo tocados ao mesmo tempo.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A interpretação de “Out of Nowhere”, de autoria de Johnny Green e Ed Heyman, não traz grandes surpresas no que se refere às investigações harmônicas, mas a rejuvenesce, do ponto de vista melódico, dando à canção, composta em 1931, um saudável ar de contemporaneidade. A discreta tintura de ritmos latinos, a pegada vigorosa de Mitchell e o elegante fraseado de Norvo merecem ser ressaltados.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">“Crazy Rhythm”, composição de Irving Caesar, Gus Kahn e Joseph Meyer, também se beneficia da orientação moderna do trio, sendo que aqui o trio adiciona à faixa fartos elementos do bebop. Raney é particularmente feliz em suas frases e embora não seja tão veloz quanto Farlow, é mais equilibrado na estruturação dos andamentos. Norvo, impecável, transita entre as charmosas inflexões do swing e as inspiradas incursões pelos caminhos mais ariscos do bebop.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">A indefectível “Prelude to a Kiss”, de Duke Ellington e Irving Mills, tantas vezes gravada, parece ser aquele tipo de standard que clama por ser deixado em paz. O trio, no entanto, consegue fazer uma leitura absolutamente original, elaborando um clima onírico e fluido, próximo da vertente conhecida como Third Stream, da qual o Modern Jazz Quartet talvez seja o principal representante. Na versão de Norvo e seus homens, tudo é delicadeza e introspecção, onde se percebeem com nitidez ecos da escola impressionista, tão em voga nos primórdios do século XX. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Composta por Raney, “Puby la Keg” é a mais agitada do disco e, certamente, a que possui a maior quantidade de elementos bop em seu DNA. Não obstante, não se trata, propriamente, um tema expansivo, frenético, como são as composições de Charlie Parker ou Dizzy Gillespie. Norvo é um esteta de sonoridades, que procura sempre impor um timbre diferente ou criar alguma nuance incomum, e mesmo nos andamentos mais rápidos ele não abre mão de propor, ainda que tangencialmente, algum tipo de reflexão. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">“Ev'rything I've Got (Belong to You)” é uma composição algo obscura de Richard Rodgers e Lorenz Hart, composta em 1942 para o musical “By Jupiter”, um dos menos conhecidos da dupla. O apuro melódico e o bom humor dos compositores estão presentes na interpretação de Norvo, que recria a atmosfera dos cabarés dos anos 20 com charme e uma pitada de nostalgia. As intervenções de Raney são refinadas, e os acordes são construídos com uma sofisticada precisão.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Cole Porter não poderia ficar de fora e a faixa escolhida foi “Just One of Those Things”, que encerra o disco. Norvo rememora os primórdios de sua carreira, com uma interpretação em clima de vaudeville, com direito a um tratamento rítmico-harmônico que se aproxima do ragtime. O contraste fica por conta da abordagem de Raney, completamente imersa nos cânones do jazz moderno, traduzindo-se em improvisos nervosos, inquietos e desafiadores.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O restante da década foi de trabalho ininterrupto, com direito a excursões à Europa com Benny Goodman. Durante uma temporada em Las Vegas, recebeu um convite do próprio Frank Sinatra, que então era atração fixa do Sands Hotel, para integrar sua banda, tendo como companheiros craques como o trompetista Bill Harris e o flautista Sam Most, em 1959. Em 1959, Norvo e seu quinteto participaram de uma extensa turnê pela Austrália, acompanhando o Sinatra. Os demais membros da banda eram Bill Miller (piano), John Markham (bateria), Red Wooten (contrabaixo) e Jimmy Wyble (guitarra)<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O resultado da excursão australiana pode ser ouvido no álbum “Frank Sinatra with the Red Norvo Quintet: Live in Australia” (Blue Note, 1959, mas lançado comercialmente apenas em 1997), considerado um dos pontos altos da carreira de Sinatra, tendo recebido a cotação máxima no site Allmusic. Norvo também atuou na orquestra do programa televisivo “The Dinah Shore Chevy Show”, do final dos anos 50 até o comecinho da década seguinte.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">O vibrafonista trabalhou na trilha sonora do filme “Ocean’s 11” (no Brasil, “Onze homens e um segredo”), de 1960, estrelado por Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr. e Peter Lawford, com direção de Lewis Milestone. Norvo e seu quarteto acompanham Dean Martin em “Ain't That a Kick in the Head?”, um grande sucesso da época, na companhia da orquestra de Nelson Riddle, responsável pela condução e pelos arranjos. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Os anos 60 também são marcados por diversas viagens à Europa e por uma nova associação com o velho amigo Benny Goodman, entre 1968 e 1969. Somente naquela década, o veterano vibrafonista decidiu investir no aprendizado musical formal, estudando harmonia e composição com Wallace Wesley La Violette, renomado compositor e regente estabelecido na Califórnia e que teve entre seus alunos figuras de proa como Shorty Rogers e Jimmy Giuffre.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Durante os anos que se seguiram Norvo se manteve em atividade regular. Fez incontáveis temporadas em clubes e casas noturnas de Denver, Palm Springs, Las Vegas e Lake Tahoe, apresentou-se em vários festivais de jazz ao redor do planeta e tinha uma predileção pelo clube Rainbown Room, em Nova Iorque, onde sempre dava um jeito de se apresentar, quando estava na cidade. Também fez uma série de shows com o clarinetista Peanuts Hucko, com excelente receptividade por parte do público. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">No final dos anos 80, o vibrafonista sofeu um AVC e foi obrigado a se aposentar. Ele faleceu no dia 6 de abril de 1999, em sua casa, na cidade de Santa Monica, Califórnia, devido a uma parada cardíaca. Seu legado continua vivo, não apenas nos inúmeros discos gravados, mas sobretudo, por conta do seu pioneirismo, deixando o caminho aberto para sucessores como Milt Jackson, Cal Tjader, Gary Burton e John Locke.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Homem afável e de uma modéstia comovente, Norvo também nos legou preciosas lições de vida. Uma das mais comoventes foi dada durante um entrevista dos anos 70: “O jazz tem sido muito generoso comigo. Na verdade – e eu reconheço isso humildemente – o jazz talvez tenha me dado muito mais do que eu mereço. Eu nunca fui obrigado a fazer algo que não tivesse vontade. E sempre me diverti muito fazendo o que faço. A razão pela qual o jazz continua me encantando talvez seja essa: eu amo tocar e me divirto muito fazendo isso”. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">============================</span> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Bem, amigos do Jazz + Bossa, espero que vocês tenham curtido a brincadeira de 1º de Abril. Eu me diverti muito escrevendo esse "post" e lendo os comentários. É bom dar uma descontraída de vez em quando, mas agora voltemos ao nosso querido jazz, porque senão corro o risco de ser detonado pelo furioso Predador e seu gatilho atômico. Grande abraço a todos e chega de "beijo no coração", não é mesmo?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">============================</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MTIyMjMzIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MTIyMjMzLTNkMyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzMzMzMyNjU7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param
name="allowscriptaccess" value="always"></param><param
name="wmode" value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MTIyMjMzIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MTIyMjMzLTNkMyI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzMzMzMyNjU7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MTIyMTk3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MTIyMTk3LTQxZiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzMzMzMyODk7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param
name="allowFullScreen"
value="true"></param><param
name="allowscriptaccess"
value="always"></param><param name="wmode"
value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always"
allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MTIyMTk3IjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MTIyMTk3LTQxZiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzMzMzMyODk7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><object height="170" width="422"><param
value="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MTIyMTIyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MTIyMTIyLTE1ZiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzMzMzMzMDc7fQ==&autoplay=default"
name="movie"></param><param name="allowFullScreen"
value="true"></param><param name="allowscriptaccess"
value="always"></param><param name="wmode"
value="transparent"></param><embed
wmode="transparent" height="170" width="422"
type="application/x-shockwave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"
src="http://www.divshare.com/flash/audio_embed?data=YTo2OntzOjU6ImFwaUlkIjtzOjE6IjQiO3M6NjoiZmlsZUlkIjtzOjg6IjE3MTIyMTIyIjtzOjQ6ImNvZGUiO3M6MTI6IjE3MTIyMTIyLTE1ZiI7czo2OiJ1c2VySWQiO3M6NzoiMjI4NDM4NiI7czoxMjoiZXh0ZXJuYWxDYWxsIjtpOjE7czo0OiJ0aW1lIjtpOjEzMzMzMzMzMDc7fQ==&autoplay=default"></embed></object><o:p></o:p></span></div>Érico Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/01274185216381402049noreply@blogger.com29