33 anos. Uma idade emblemática para a mitologia cristã. Imolação e sacrifício já marcaram a vida e a morte de um outro homem, muitos séculos antes daquele fatídico 19 de fevereiro de 1972. No caso de Lee Morgan, o fato mais intrigante é que ele não morreu por causa das drogas. A muito custo, havia conseguido se livrar do terrível vício da heroína, com o qual convivera por quase metade da sua curta existência. Um único tiro, certeiro como seus solos devastadores, encerrou a vida e a carreira do mais importante trompetista dos anos 60. A autora do disparo foi namorada Helen More e o local do sacrifício foi a porta do clube Slug’s, de Nova Iorque, onde Lee havia acabado de se apresentar.
Um destino tragicamente diferente daquele que o casal Otto e Nettie Morgan sonhou para o adorado filho caçula. O pequeno Edward Lee, nascido em 10 de julho de 1938, aprendeu os rudimentos da música com a irmã mais velha, Ernestine, cantora e organista de uma igreja de sua Filadélfia natal. Foi Ernestine quem lhe deu o primeiro trompete, um reluzente Martin, e o estimulou a freqüentar o curso de música da renomada escola Jules E. Mastbaum, onde estudaram, entre outros, Red Rodney e o fabuloso Buddy DeFranco. Discos, muitos discos, de Charlie Parker, Miles Davis e Dizzy Gillespie, ajudavam a compor o alegre ambiente familiar dos Morgan e a definir o futuro musical do jovem Lee.
Em 1954, teve aulas particulares com o mitológico Clifford Brown, com quem muitas vezes viria a ser comparado. Talentoso e bastante aplicado, Lee também era, nessa época, tremendamente arrogante. É famosa a história da jam em que o experiente Sonny Stitt deu uma lição no abusado trompetista, que teria dito ao lendário altoísta que tocaria a música que ele quisesse. O implacável Stitt tocou Cherokee em um tom extremamente difícil e altamente veloz. Morgan não conseguiu acompanhá-lo e, humilhado, passou vários meses sem aparecer nos clubes da cidade.
Nesse período de recolhimento, Morgan ensaiava com afinco e disciplina, depurando seu estilo e aperfeiçoando o seu fraseado. Em 1956, tocou algum tempo com Art Blakey, que se apresentava em um clube local, mas não obteve autorização da família para acompanhar o célebre baterista até Nova Iorque. Alguns meses mais tarde, Lee realizaria o sonho de qualquer jovem jazzista: foi aprovado em um teste para integrar a orquestra do ídolo Dizzy Gillespie e se tornou o mascote da companhia. O crítico Nat Hentoff sintetizou o efeito que a aparição de Lee causou no mundo do jazz:
“Todo ouvinte jazz teve algumas experiências tão surpreendentes que são, literalmente, inesquecíveis. Uma das minhas teve lugar durante uma temporada da orquestra de Dizzy Gillespie no Birdland, em 1957. Eu estava de costas para o palco, quando a banda começou a tocar “A Night In Tunisia”. De repente, um trompete se destacou na orquestra, com uma execução tão viva e brilhante que todas as conversas cessaram e aqueles de nós que estavam gesticulando ficaram estáticos, com as mãos estendidas a esmo. Após o impacto daquele trovão, eu me virei e vi que o trompetista era um jovem sideman da Filadélfia, chamado Lee Morgan.”
Lee deixou a big band de Dizzy Gillespie em 1958, quando, finalmente, integrou-se aos Jazz Messengers. Paralelamente, iniciaria uma prolífica carreira solo, gravando incessantemente para a Blue Note, não apenas como líder mas também como um dos mais assíduos acompanhantes da companhia fundada por Alfred Lion. Participou de sessões antológicas, ao lado de John Coltrane, Joe Henderson, Jackie McLean, Benny Golson, Art Farmer, Grant Green, Curtis Fuller, Clifford Jordan, Johnny Griffin, Gene Harris, Elvin Jones, Jimmy Smith, Wayne Shorter e Hank Mobley.
A saída dos Jazz Messengers foi traumática. Morgan e Bobby Timmons, o pianista da banda e compositor do seu maior sucesso, “Moanin”, foram sumariamente demitidos pelo patrão Blakey, por conta da completa incapacidade em cumprir suas respectivas obrigações para com o grupo. Corria o ano de 1961 e, poucos meses depois desse episódio Blakey foi atacado por um traficante, na porta do Apollo Theater. Como resultado da agressão, o trompetista perdeu alguns dentes e se exilou em Filadélfia por quase dois anos. De volta à ativa, a feérica “The Sidewinder”, lançada no álbum de mesmo nome em 1963, escancarou-lhe as portas do mercado fonográfico, tendo alcançado um honroso 25º lugar na parada pop e ficado entre os dez mais vendidos da parada de R&B.
Mas o sucesso comercial apenas era o reverso do pesadelo em que Morgan ainda chafurdava, por conta da terrível dependência da heroína. Até o início da década de 70, quando finalmente se livraria do vício, Morgan se submeteria a situações verdadeiramente degradantes, como fugir de restaurantes para não pagar a conta ou de vender nas ruas cópias de seus LP’s, que ele retirava da sede da Blue Note como uma espécie de adiantamento. Muitos anos antes desses episódios lamentáveis, quando ainda era uma promessa de dezenove anos, o trompetista deu ao mundo uma pequena amostra do seu incomensurável talento.
O álbum se chama “Candy”, a gravação ocorreu em duas sessões distintas (dias 18 de novembro de 1957 e 02 de fevereiro de 1958) e os companheiros de jornada eram o pianista Sonny Clark, o baixista Doug Watkins e o incansável Art Taylor na bateria. O repertório é composto basicamente de standards, sendo que alguns merecem versões eletrizantes, como “Who Do You Love, I Hope”, de Irving Berlin, e “All At Once You Love Her”, de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein, na qual o trabalho de Watkins é nada menos que exuberante e os solos do líder são de uma complexidade técnica assombrosa.
A saborosa versão da canção-título é um momento sublime. Taylor exibe muito vigor na condução do ritmo e Morgan simplesmente desmonta e reconstrói o standard de Mack David, Alex Kramer e Joan Withney, com direito a solos altamente criativos. Na lânguida “Since I Fell For You”, de Buddy Johnson, o líder disseca todas as possibilidades harmônicas desta balada em forma de blues, onde o piano de Clark se encarrega de criar uma atmosfera doce e sedutora. Como curiosidade, as duas canções foram compostas em 1945.
Hard bop de excelente safra, com muito groove e altamente energético, é o mote da clássica “C. T. A.”, de Jimmy Heath, executada em tempo bastante acelerado, servindo de veículo perfeito para que o prodigioso trompetista de vazão à sua criatividade aparentemente inesgotável. Em mais uma balada irrepreensível, Morgan incorpora o fraseado delicado e lírico de Art Farmer para encantar o ouvinte, a bordo de uma emocionante releitura de “All The Way”, de Jimmy Van Heusen, em uma interpretação que merece o epíteto de “poema sonoro”. A cativante “Personality”, outra gema de Van Heusen, ganha uma roupagem encantadora, e sobre a performance do líder pode-se dizer que é ensolarada como um dia de verão.
Para além de todos os problemas com as drogas e de todos os percalços em sua carreira, Lee Morgan será sempre lembrado com uma das vozes mais originais do trompete, um músico extremamente criativo e um solista capaz de se expressar de maneira alucinante. Expandiu as fronteiras do jazz ao adicionar à sua receita fartas doses de soul, funk, R&B, tornando-o bastante viável do ponto de vista comercial, mas sem abrir mão da qualidade nem render-se a simples modismos.
O tiro disparado por Helen More, aparentemente inconformada pela iminência de perder o companheiro com quem vivera por quase quatro anos e que ajudara a sair do tormentoso pântano das drogas, deixou órfãos inúmeros fãs do mundo inteiro. Essa jornada de paixão, ciúmes e loucura ainda teria mais um capítulo: depois de assassinar Morgan, a tresloucada Helen deu cabo à própria vida. O jazz perdia um dos seus mais talentosos expoentes mas o seu delirante fabulário ganharia um novo mito – mais uma história de tragédia e violência, ódio e desvario, como tantas outras marcam as incontáveis lendas associadas ao jazz.
58 comentários:
É, essa passagem é pesada. Helen teve pena leve (ou não teve) por ter agido movida por forte emoção. Escrevi alguma coisa no meu sítio no dia 1º de janeiro de 2008: http://jazzigo.blogspot.com/2008/01/helena-de-lee-morgan.html
Lembro de ter lido um livro para a minha tese de doutoramento que descrevia o herói clássico grego como aquele que habita o limiar, ou o portal, que separa a cidade do campo selvagem - ele traz em si a consolidação da cidade mas também representa a mesma força que a destruirá. Alguns dos nossos heróis jazzistas trafegavam no fio da navalha: entre razão e loucura. Eles, com suas artes e suas vidas, nos mostram que o sentido da vida é paradoxal: beleza e horror parecem alimentar-se mutuamente.
Mestre Salsa,
Você foi fundo agora, hein...
Concordo - a força criadora que movia esses caras também os impulsionava para o abismo.
Abração!!!
Prezado ÉRICO CORDEIRO:
Bela postagem, belo disco !
Mais uma vez parabéns pela escolha de um músico ímpar.
No CJUB postei nos "Retratos" alguma coisa da biografia, bibliografia, filmografia e discografia desse gigante, que tão precocemente nos deixou mas, felizmente, nos legou discografia alentada.
Mesmo não sendo "outro" Clifford Brown", atingiu um nível musical como poucos.
Caro Érico,
Como sempre, você acertou na mosca. Congrats!
Segundo me contarem, abaladíssimo após o brutal assassinato de Lee Morgan, com quem tocava na ocasião, Hank Mobley passou três dias em estado letárgico sem falar, sem comer e sem dormir.
Uma curiosidade: na faixa "Ill Wind", do excelente CD "Cornbread",
Herbie Hancock copiou nota por nota a fantástica introdução que Horace Silver tocou em "Like Someone in Love", do sensacional CD "Art Blakey & the Jazz Messengers at the Café Bohemia".
Aliás, outros pianistas copiaram introduções de Silver, incluindo Red Garland.
Bom fim de semana e keep swinging,
Raffaelli
Mestres Raffaelli e Apóstolo,
É um excelente augúrio contar com as preciosas intervenções de duas pessoas tão abalizadas no assunto.
Uma vida curta, ceifada quando Lee, já liberto das drogas, se preparava para explorar novas sonoridades em sua carreira.
Quanto à
Mestre Raffaelli, achei a versão de Milestones de que você havia falado em oportunidade anterior - tenho em uma coletânea lançada pela Indie Records (Universal). A qualidade sonora não é muito boa, mas dá para ouvir (também não há informação sobre os músicos participantes).
Tenho essa música no tributo que o Joe Henderson prestou ao Miles, chamado So Near, So Far, com o Dave Holland, o John Scofield e o Al Foster - um álbum maravilhoso e nas notas são elencadas as datas das gravações originais, os álbuns e os músicos.
Milestones é de 47, em uma gravação para a Savoy, e conta com Miles Davis, Charlie Parker, John Lewis, Max Roach e Nelson Boyd.
Abração aos dois!
Boa Érico, gostei demais deste post e das músicas; se puder me mande essas que vc colocou no podcast.
Prezado Erico,
Lee Morgan é com certeza um dos Mestres do trumpete no jazz.
Com total dominio do vocabulario de bebop ele produziu muitos discos realmente bons,alguns excelentes,alem de maravilhosas participações nos "Jazz Messengers" e como sideman . No disco "Blue Train",de John Coltrane sua performance é historica,destaque para o solo em "Locomotion". A partir do meio da decada de 60, depois de"Sidewinder",sua produção é bem aquem da anterior. Essa incorporação do idioma do rhythm & blues se deu em total detrimento de seu maravilhoso vocabulario bop. Tanto em "Sidewinder" como em discos subsequentes ele tentava sair de sua praia e pra mim foi um esforço em vão,quase como uma auto-castração .Desse periodo ,60 e poucos pra frente seus discos estão cheios de blues-boogaloos onde ele não mostra a força e a vitalidade dos anteriores onde toca dentro da sua praia ,em que era Mestre: bebop,ou hard bop. Mais pra frente aventurou-se no jazz modal("At The Lighthouse",por exemplo) onde tambem não se deu bem,simplesmente não dominava essa linguagem.
Nos discos onde toca bebop ,como esse aqui que escutamos, o homem é um arraso total.Fluencia, criatividade e um maravilhoso fraseado que influenciou trompetistas do mundo todo.
Sugestão:
"The Cooker","Leeway" e "Standards",todos da Blue Note.
A biografia /discografia feita pelo amigo Apostolo e postada no CJUB é excelente e muito util para quem quiser conhecer melhor o legado do grande Lee Morgan.
Abraço
Caros Fig e Tandeta,
Parabéns ao primeiro pelos verdadeiros espetáculos na cidade maravilhosa. Te mando o disco daqui a pouco, ok?
Mestre Tandeta, os ddiscos que você citou estão entre os meus favoritos (incluo o Candy, o Indeed e o City Lights, todos excelentes).
Apesar de gostar bastante do Sidewinder, realmente não gosto tanto da produção do Morgan a partir do 65/66 - acho que ele pesou a mão no R&B e discos como Serachin For The New Land, Caramba e Rumproller não são tão bons quanto os anteriores.
Tem um disco muito bom dessa época, bastante diferente, chamado The Procrastinator, com o Bobby Hutcherson, que é muito bom, mas no geral acho esses discos meio repetitivos (embora não sejam ruins).
Grande abraço aos dois!
érico,
sempre atento e forte...espertíssimo álbum de mr.lee morgan.
concordo com master tandeta...prefiro mr.morgan na version bebop...embora meus trompetistas diletos tenham outra sonoridade(gosto pessoal).
esses caras são hardcore mesmo...pastourius,morgan...a arte está por um fio entre o trágico e o etéreo...c'est bizarre...rs
amplexossonoros e saudosos
obrigadão pelo post e texto excelente
Valeu, meu embaixador.
Grande abraço, do lado de cá do planeta!
Erico,desculpe mas vou dar uma pequena bronqueada,coisa de velho rabugento mesmo.
Pelo que vejo,e vi, existe uma
enorme atração e curiosidade pelos detalhes da vida pessoal dos musicos de jazz. Parece que quanto mais desgraçada for mais interessante se torna. Sei que existe um grande numero de musicos com historias tragicas : drogas,fracassos,abandono,doenças fisicas e mentais,desgraças de todo tipo. Sera que isso é mais importante que a musica ,a arte que eles fizeram? Seria muito mais interessante aproveitar o espaço para falar com um pouco mais de profundidade sobre a musica que eles fizeram .
Me desculpe a critica mas não é só aqui. Qual é o sentido de transformar blogs dedicados ao jazz em uma mistura de "Caras" com jornais popularescos,daqueles que se torce e sai sangue? Por mais bem escritos que sejam os posts, esse carater "desgracento" é excessivo. Estou exagerando, claro, na descrição("Caras" + "Meia-Hora" é realmente muito ruim) mas é pra voces verem o quanto de vida pessoal dos artistas é mostrado deixando pouco espaço para a musica.E essa tentativa de explicações filosoficas e/ou psicanaliticas só piora a situação. Repito que não é só nesse blog que aparece essa morbida curiosidade.
Mais musica e menos desgraças,por favor.
Espero que ninguem se sinta ofendido.
Abraço
Pô, descordo em GNG! Falar um pouco sobre a vida dos músicos, desgracenta ou não, mas que seja condizente com a realidade dos fatos é o que torna o músico ser humano, próximo de nós – próximo a mim pelo menos! Só falo por mim. Sem esses dados biográficos, as postagens seriam muito técnicas e os blogs seriam fechados somente ao gosto de uma meia dúzia de músicos e os teóricos.
A compreensão da obra de um artista passa pela vivência e experiências que o mesmo teve ao longo de sua vida. E esse blog está tão distante de coisas como Caras, Ricos & Famosos, como uma boa biografia de um Ruy Castro, sobre artistas importantes da Bossa Nova está, de uma matéria da Sônia Abrão ou do Leão Lobo, como assim?
Ô Seu Mr. Tandeta, não fique grilado.
Ocorre é que a proposta do blog é justamente levar um pouco da vida de cada músico, não com o intuito de despertar essa curiosidade mórbida, mas com a intenção de fornecer informações bibliográficas, dados sobre gravações, músicos com quem tocou, maiores influências, etc.
Claro que alguém com um histórico de vida tão trágico como o Lucky Thompson o que vai acabar sendo percebido é, exatamente, esse lado mais ddramático da vida do sujeito - porque isso é um fato bibliográfico.
Mas não se trata de uma exploração sádica desses fatos, que são expostos apenas para que o eventual leitor saiba um pouco mais da vida desses grandes músicos.
Quanto à parte musical propriamente dita, o que escrevo são as minhas impressões sobre um determinado álbum, sem a pretensão de doutrinar ninguém, mesmo porque me falta a necessária capacidade técnica.
É o olhar de um leigo, isto é, de alguém que não possui formação em teoria musical e que extrai as suas impressões a partir da audição desses discos. Tanto que todos os discos postados são discos de que gosto bastante, embora às vezes nem sejam os mais incensados por crítica e público.
Também há resenhas em que quase não se fala sobre a vida pessoal do artista, como o Grappelli ou o próprio Booker Ervin, prá ficar nos mais recentes.
Há outros, como o Duke Jordan, que são um exemplo de superação e de amor à arte, sem qualquer conteúdo digamos "Caras".
Mas é essa a intenção - humanizar um pouco o artista, mostrá-lo como alguém de carne e osso e cujo sofrimento, muitas vezes, é transposto para a música que faz. Em um solo de Parker ou de Powell há muito da dor e do sofrimento por que esses grandes gênios passaram.
Pergunto: é possível falar sobre Art Pepper ou Chet baker sem tocar na terrível experiência com as drogas que esses artistas viveram?
De qualquer forma, a sua crítica é mais que válida, mas não concordo com ela - pelo menos a minha percepção dos fatos não coincide com a sua.
Mas é para isso que servem os comentários, para que possamos divergir, dialogar e aprender com os outros, não é verdade.
De minha parte o JAZZ + BOSSA tem sido um aprendizado e tanto, sobretudo pelo convívio com pessoas como você, os mestres Raffaelli, Apóstolo, Salsa, Lester, Edú, Pituco, entre tantos outros que honram o blog com suas presenças.
Um fraterno abraço!
Mr. Sonic Boy,
Concordo com você - estava postando o comentário acima quando você colocou o seu.
A intenção não é fazer algo "Caras" ou "Notícias Populares", mas apenas humanizar esses grandes músicos e trazê-los mais para perto do leitor, fazê-lo ver que a vida desses caras, muitas vezes, era bastante difícil, enfrentando problemas como preconceito racial, pobreza, doença, drogas e, ainda assim, sendo capazes de produzir beleza em estado puro.
Pô, e valeu a citação a Ruy Castro - é muita areia pro meu modesto caminhãozinho, mas me deixou todo orgulhoso - pelo menos não tô puxando muito por lado da Sônia Abrão e do leão Lobo.
Abração!!
Abração!!!
érico,
o que curto em tuas postagens...além do texto escorreito...são esses dados pessoais,passagens estóricas e curiosidades que desmitificam os ditos geniais e geniosos do jazz.
por tudo que se diz de mr.miles, caráter e coisa e tal...continuo fâzão e respeitando sua música e se possível propalando às outras gerações.
e concordo também que os blogs de jazz com explanações técnicas apenas, limitaria o acesso de leigos interessados de outra forma pelo jazz...por exemplo.
o que não quer dizer, que a idéia do sr.tandeta não seja interessante...um blog com wokshops e análises de pautas(scores) etc e tal...taí a sugestão.
é isso aí,
cada cabeça uma sentença...e vamo qui vamo.
amplexossonoros
Grande Pituco,
Vi muita coisa boa lá no seu blog hoje pela manhã e deixei uns recados prá você - o Sônico já tinha falado alguma coisa sobre a Ellen Oléria e ela é bem bacana mesmo!
Pois é, o JAZZ + BOSSA tem uma abordagem mais informal, sem se prender a questões técnicas e dando uma panorâmica também sobre a vida desses grandes jazzistas.
Agora a idéia de um blog maais técnico, com explicações sobre aa construção de determinado solo, de determinada composição, seria muito legal, inclusive disponibilizando trechos das músicas, etc.
Grande abraço!!!
Entendo até certo ponto a preocupação do sr. Tandeta. Lembro-me, quando adolescente, como a moçada incensava Hendrix por ele ter morrido como morreu. O risco é achar (e a meninada achava isso) que a piração é condição sine qua non para se fazer arte (isso está no imaginário popular). E a coisa não acontece assim, definitivamente. Discordo de outro aspecto: até agora não percebi nenhuma tentativa, aqui nesse espaço e em outros que regularmente visito, tentativas de explicar via filosofia ou psicanálise a arte e a desgraça de um artista em particular (algo como diagnóstico selvagem da personalidade do artista?). Acho, contudo, difícil negar que tudo que se faz nesse mundinho cão resume-se em tentativas de dar sentido à existência. E esse sentido sempre será "contaminado" pela experiência do músico/artista, como bem frisou Érico. Inclusive aqueles (nem sei se ainda existem, mas já existiram) que querem a arte com aura de pureza, isenta dos males do mundo.
Mestre Salsa,
Infelizmente, dentro do jazz, muita gente boa entrou nessa de achar que Parker, Powell e outros só conseguiam fazer o que fizeram por conta de aditivos químicos - no rock há quem pense o mesmo.
Uma idéia prá lá de equivocada e os cartésimos Horace Silver e Clifford Brown estão aí para provar o equívoco dessa tese.
Explicações filosóficas e psicanalíticas sobre a vida e a obra dos grandes jazzistas passam ao largo deste blog, não porque não seria uma abordagem interessante, mas porque falta ao autor das resenhas a necessária formação intelectual. Fica aí a sujestão aos herdeiros de Freud e Aristóteles!!!
Abração!
Devo ter lido em algum sítio, espera-se, confiável que Benny Golson é outro caretão de carterinha - a provar o equívoco da tese. Se a informação não corresponder a verdade, ao menos, acabo de descobrir que o mesmo (nascido em 1929) está de disco novo na praça, lançado em janeiro de 2009: New Time, New 'Tet. Álbum esse que já estou correndo atrás.
Esse seu Mr. Sônico não perde tempo - êta cabra arretado de porreta!!!!
Gosto demais do Golson (tenho a caixa do Jazztet da Mosaic e vários discos como líder, inclusive um em homenagem a Miles Davis chamado I Remember Miles, que é maravilhoso.
Vale muito a pena.
Abração, Sonic-boy!
A respeito de toda celeuma surgida aqui nos comentários, concordo com a equilibrada opinião do nosso amigo SALSA. Permitam-me fazer minhas as suas palavras.
ps:Érico, já recebi e baixei as músicas. Gratíssimo por sua atenção e gentileza.
ps2: Tandeta, vc já viu a foto do seu trio no meu blog? Puxa, vc precisa aparecer e dar suas "marretadas" por lá. rs...
Mestre Fig, fique à vontade.
Vou te mandar o Golson, muito bacana mesmo.
Abração!!!
Mas, na empolgação natural, afinal Golson talvez seja um nome ainda não citado aqui, acabaste não me tirando a dúvida, mr. Érico: mr. Benny, ainda em atividade aos 80, é mesmo figurinha carimbada na lista dos caretões convictos?
Caros amigos,
acho possivel, muito possivel,falar sobre um artista e não sobre a vida pessoal do artista. Acho que ficou claro.
No jazz ha inumeros super doidões que deixaram um legado musical maravilhoso.Charlie Parker seria o maior exemplo ,ninguem foi mais doidão nem mais genial. O que perpetua um artista é sua obra e não sua vida.
Não vou ficar dizendo como o blog deve ser escrito,isso fique bem claro. Se venho aqui é porque gosto,e muito.
Concluindo:
É possivel falar de musica sem ser em linguagem tecnica. Não venho aqui esperando encontrar analises tecnicas ou transcrições. Isso em encontro em outros sites. Aqui é outro papo. São duas coisas diferentes. Igualmente interessantes, ambas muito educativas.
Abraço
Caros Sérgio e Tandeta,
Acho que a abordagem sobre os aartistas aqui tratados privilegia a obra, embora trate de alguns aspectos de sua vida pessoal - acho legal esse tipo de informação e, a rigor, mesmo em guias como o Penguin e o Allmusic existem essas notas biográficas, para situar o momento histórico, as influências, etc.
Também procuro dar uma romantizada, para quebrar um pouco o formato, daí porque tenho postado alguns contos ou quase contos, como no caso do Duke Jordan, do Grappelli, do Jackie McLean e do - inclusive, estou com um pequeno conto, onde traço um paralelo entre uma luta de boxe fictícia e o grande Hank Mobley (conhecido como o Campeão Mundial dos Pesos-Médios).
De qualquer modo, a música sempre será o mais importante.
E seu Mr. Sônic, só o Mestre raffaelli para lhe dar essa informação. Vamos aguardar a sua manifestação sobre o assunto (te mandei o I Remember Miles via Pando, deve estar chegando).
Um fraterno abraço.
Bem, sobre a discussão colocada, creio que Tandeta tem razão em muitos sentidos.
Não é que os artigos escritos no blog dêem relevância aos infortúnios dos músicos e isso passe a ser o mais importante. Claro que não. Érico escreve seus ricos textos mesclando o poder de criação de cada artista às situações singulares de cada um dos músicos. Acho isso boa Literatura, elegância, inteligência e descrição aproximada da realidade dos artistas.
No entanto, para mim, é mais um problema do leitor que glamoriza o mundo do jazz e faz disso seu alimento, quase sua razão de admirar o mundo da produção do jazz, que, antes de tudo, é absolutamente música. Não raro lêem-se expressões do tipo " ouvir aquela música... e o vinho que acompanhava era".... Ora nos EUA se tomava e se toma é uísque. O vinho jamais foi a bebida preferida, muito menos dos jazzistas. Só para citar um exemplo nítido da glamorização do mundo do jazz que não condiz com a realidade.
Há sim uma "simpatia" em muitos comentários por esses aspectos de destruição e morbidez a tornar os músicos que sofreram esses percalços em semi-heróis. Ao final o que sobrevive é obra, sua música.
Já foram citados outros exemplos, mas me lembrei que Dave Brubeck que não sofreu nem imolou ninguém. Há dúvidas, todavia, de que sua obra seja magistral? Bem, e sobre o Parker já foi comentado.
Benny Golson encontra-se em franca atividade aos 80 anos de idade participando de filmes como Terminal (em 2004) de Steven Spielberg - onde representou a si próprio - como recriando o Jazztet em seu novo grupo com o trompetista Eddie Henderson,o trombonista Steve Davis e o baterista Carl Allen.Sua presença e freqüente em festivais de jazz e passagens pelos melhores clubes de NY.Os discos mais recentes estão sendo lançados pela Concord.No repertório atual desse novo grupo os compositores Chopin e Verdi “abandonam a casaca” e assumem jazz.
Celi e edú, muito obrigado pela presença.
Concordo com você, compadre. Os fatos estão postos, mas a leitura que se faz deles ou a associação do infortúnio com uma certa inclinação à genialidade parece mais afeita a quem lê e cria essa "fantasia" do que propriamente ao artista.
Ótima lembrança do magnífico Brubeck, objeto de futura postagem.
E o Golson é fantástico - bom saber que ainda atua!!!!
Abração!!
Érico (usando a conta Google do filho mais velho!!!)
érico,
valeô a visita e comentários lá no blog...arigatôdegozaru...rs
sr.tandeta,
fiquei interessado por esses blogs e/ou sites com postagens mais técnicas de jazz?...poderia me repassar os links, por favor?...aliás,tens algum blog?
abraçsons desse lado de cá
érico,
só agora vi meu blog aqui linkado...valeô,signori...obrigatô
o barato outros está lá também.
viva a grande rede linkando informações e pessoas.
amplexossonoros
Sugestão : http://beblogjazz.zip.net/
Aí seu Mr. Pituco-san,
A rede funcionando e espalhando boas idéias e sites maneiros - uma dica do Mr. Edú.
Também vou dar uma checada.
Um abração aos dois!!!!
Caro Érico
Declaro-me culpado! Sou um fofoqueiro do jazz. Que Mr. Tandeta me perdoe :-) Porque fui à procura de mais uns pormenores sobre a morte de Lee Morgan.
A arma do crime era por vezes usada por Morgan como meio de persuasão para conseguir alguns dos pagamentos das actuações da banda. Na discussão que precedeu o tiro fatal More disse "You know I have a gun" e Morgan respondeu "Yeah, but I got the bullets". Porque era hábito um dos dois transportar a arma descarregada e o outro as munições.
More saiu do clube para apanhar um táxi. Nevava, e nenhum táxi parou.
Ela voltou ao clube e foi então que o alvejou. Se um táxi tivesse parado... Porque More dispunha de balas sem Morgan o saber.
O DVD de Art Blakey e os Jazz Messengers na série Jazz Icons traz-nos um concerto de 30 de Novembro de 1958, na Bélgica, com Golson, Morgan, Timmons e Merritt. Soberbo! Se tiver oportunidade dê uma espreitadela.
Saudações lusitanas.
Grande Fisherman,
Mais detalhes sobre a terrível noite de 19 de fevereiro de 1972 e uma pergunta: e se algum táxi tivesse parado?
Será que alguma força teria demovido a apaixonada Mrs. More do seu intento?
Jamais se saberá. Mas ficaram as centenas de gravações de Morgan, para nos dar alento.
Quanto ao DVD, confesso a minha ignorância.
Tentarei encontrá-lo por cá.
Um fraterno abraço e peço-lhe autorização para incluir esse trecho da história (que também desconhecia) em uma futura atualização da postagem!!!!
ops,
valeô a dica sr.edu...
já frequento o blog do daniel nakamura(muito bom e competente)
é que não há atualizações frequentes no guitarx assim como nas postagens do blog...rs
de qualquer maneira, obrigadão.
tem esse site aqui também...
ainda não explorei tudo, mas parece bacanudo.
http://www.jazzbossa.com/
evoéssonoros
Querido Erico, parabéns pelo bel elenco que tem em casa, para realizar o seu filme suecado...
Quanto a esse povo "artista" gostaria de saber porque a maioria sempre teve tanto problema com drogas etc. Como se, para ser genial, fosse preciso isso. Gostaria de uma lista de artistas brilhantes e geniais que não chafurdaram nas drogas, sejam elas quais forem. Será que dá pra fazer uma lista?
Beijos
Caros Pituco e Valéria,
Valeu a presença.
Pituco-san, o blog jazzbossa é muito bacana - prá quem tem um mínimo de conhecimento de teoria musical deve ser muito proveitoso e informativo.
Também tem uma relação de discos de jazz muito legal, indo do swing ao free.
Pois é, Valéria, aqui é "Party All The Time"!!!!
Acho que no jazz há muitos músicos que não embarcaram nas drogas - Horace Silver, Clifford Brown, Dave Brubeck. Outros, como Coltrane e Sonny Rollins tiveram um envolvimento bem intenso mas conseguiram se livrar - o Sonny até hoje encanta platéias no mundo inteiro.
Tem aquela velha frase, acho que é de Baudelaire, que diz que o caminho dos excessos leva ao palácio da sabedoria. Não sei se é verdade, mas a sedução dos excessos é muito grande, às vezes irresistível. Daí porque tanta gente embarcou e ainda embarca nessa.
Um fraterno abraço aos dois!!!
"O negocio é dar dois,
o negocio é dar dois,
e esse papo furado ,podemos deixar pra depois(que o negocio é dar dois)"
Samba do antigo bloco "Charme Da Simpatia " do bairro de Santa Teresa,no Rio. Isso ha quase 30 anos atras.Continuo a dar 2 e ta tudo certo.
Amplexos fumegantes
Caro HYJ,
Santa Teresa é o máximo. Lembro das fabulosas rodas de choro que assistia, extasiado, da janela do peqaueno apartamento da minha tia-avó Tonica, nos idos dos anos 80.
E que charme o bondinho.
Bom, então deixemos de papo furado "que o negocio é dar dois".
Seja bem vindo e amplexos fumegantes!!!
Érico,
Saudades . Estou adorando cada vez mais as suas resenhas. Depois de longo e tenebroso inverno, de volta não para falar do Lee Morgan pois o Sergio , Salsa , Fig e outros já falaram por mim .Só digo que essa fase dele é ótima ... Recebi o seu pando e ainda estou curtindo ele . Quanto ao emeio do Sr. Golson o Mr. Pando não quis me deixar abrir dizendo que contem erros ... Sera´que dá pra mandar de novo ?
Abraços sonoros ,
Mr. Edinho,
Folgo em vê-lo.
Vou mandar novamente agora mesmo.
Um grande abraço e fique intimado a comparecer sempre, ok?
Caro Erico,
ouvir jazz saboreando um belo baurete é a melhor coisa do mundo.
Parabens pelo blog.
Amplexos fumegantes.
Caramba! Rapaz...vc escreve demais... e em boa qualidade. Mas quero apenas registrar o que observo.... em vc....e que acho muito singular: sua capacidade de curtir música verdadeiramente...de ter uma devoção e encantamento... a ponto de trazer o encanto da música para o texto. Teu texto tem alma de música...
Isso faz diminuir a dor de um Maranhão que só é horrores!
Parabéns!!!
Táxi por táxi, Bill Evans entrou no dele amparado nos braços do contrabaixista Marc Johnson( marido da pianista Eliane Elias) e saiu do veículo para o preenchimento do atestado de óbito.Vou conferir a dica.Obrigado.
Eu conhecia e já o tinha adicionado aos meus favoritos.È um excelente espaço de cunho mais técnico na teoria musical.Uma importante contribuição.Em São Paulo existe uma pequena escola dedicada ao ensino da técnica do jazz para os instrumentistas adicionada com um curso teórico de dois meses.Chama-se New Jazz e tem aulas em carga horária de duas vezes por semana - nessa determinada disciplina.Recentemente abriram um pequeno jazz club para proveito dessas experiências didáticas num espaço de efetiva participação e demonstração tanto do ensinado, como do aprendido.
Caros HYJ, Chico e Edú,
Valeu pela presença e um seja bem-vindo especial ao meu amigo Chico Araújo, o Imperador de Itapecuru e adjacências.
O grande lance do blog é poder dialogar, aprender, fazer amigos e trocar informações, como as que o grande Edú sempre apresenta.
Quem sabe um dia eu não consiga fazer um curso com o pessoal do New Jazz - a vontade é grande!!!
Um fraterno abraço aos três.
No fim e ao cape, a observação/lembrança de "Caras" contrinuiu muito também para dar uma sacudida nessa Morgan-postagem. Até aquele momento Lee Morgan contava com 8, 9 comentários e era isso sim que não podia acontecer!
Lhe digo, Érico e aos demais, que preferia, pelo lado dramatúrgico da história, a versão anterior que havia lido no prestigiado Clube do Jazz: “Quando Morgan morreu aos 33 anos e já tinha o seu lugar na história do jazz. Uma namorada de muito tempo, Helen More, o assassinou com um tiro, NO PALCO do “Slug”, um nightclub de New York, no dia 19 de fevereiro de 1972. Depois de cometer essa barbaridade, More deixou o nightclub, voltou para casa e se suicidou com um tiro no coração.”
Ora, matar o seu amor com um tiro no palco e depois suicidar-se com outro no coração!, amigos, é canção de amor demais pra mim. Um baita precedente praquela afirmativa que virou até minissérie global, “Quem ama não mata”. Como assim? - diria Hellen More... E se alguém aqui se confessou fofoqueiro, me confesso também: me amarro num folhetim! E em que uma boa história dessas, cheia de versões controversas, atenta contra a obra de um gênio?... É discutível.
Mr. Sonic-boy,
Cá prá nós e que ninguém nos ouça (ou leia) - também adoro um folhetim, sobretudo quando os personagens são multidimensionais, não aquela coisa esquemática e previsível!!!!
Abração!!!
O considerado Apóstolo incluiu Morgan numa das series "Retratos" no blog Cjub.O endereço para apreciação desse exemplar trabalho é http://charutojazz.blogspot.com/search?q=lee+morgan
A respeito do particular fato, peço sua licença para reproduzir ,com o devido crédito, suas palavras."Lee Morgan faleceu com 33 anos, assassinado no dia 19/fevereiro/1972 por sua ex-companheira Helen Moore, com a qual havia vivido por praticamente 05 anos e com quem havia rompido o relacionamento. Lee apresentava-se na ocasião com seu quinteto no “Slugs Club”, em Manhattan e, entre 02 “sets” discutiu seguidamente com Helen no balcão do bar, tudo presenciado por testemunhas entre as quais e em especial pelo baterista Billy Hart; ela decidida a reatar o relacionamento e ele decidido à não reconciliação; ela saiu do clube e ele subiu ao palco para o “set” final, onde tocando o último tema da noite foi surpreendido com o retorno de Helen que retirou um revolver calibre 32 da bolsa e disparou seguidamente em Lee, ferindo-o de morte".
Por minha conta,num palco do jazz, nada poderia ser mais operistico o bastante.Helen tinha doze anos a mais q Lee.O ministério da Saúde sempre adverte q relacionar-se com mulheres mais vividas exige maior exercício no “jogo de cintura”.Caro Èrico, já estive na iminência de matricular-me nesse curso algumas vezes.A vontade é mutua.
Caro Edú,
Embora o assassinato durante um set, em pleno palco, tenha um conteúdo bem mais dramático, e essa versão seja bastante divulgada, os detalhes permanecem obscuros.
Boa parte dos relatos que li dão conta de que os tiros foram disparados na porta do Slug's. De qualquer forma, uma grande tragédia.
E a Helen More devia ser daquelas mulheres altamente passionais, capazes, literalmente, de tudo. Haja jogo de cintura.
Abração!!!!
Mulheres e drogas, nenhum artista vive sem elas.
Grande abraço, JL.
Caros companheiros,
Metendo a colher no assunto, permitam-me relatar os motivos que levaram Helen a assassinar Lee Morgan.
Lee e Helen viveram juntos por vários anos. Ela era 14 anos mais velha que Lee, por isso era extremamente ciumenta, vigiando-o sempre que podia. Mais tarde Lee conheceu outra moça, com quem começou a namorar e, em pouco tempo, decidiu casar ela. Nesse sentido, após comunicar a Helen sobre sua decisão, deixou-a para morar com a futura esposa.
A partir dessa separação, Helen perseguiu-o de todas as formas propondo-lhe voltar a viverem juntos. Cansado do assédio dela, Lee tentava esquivar-se, não atendia telefone e, quando atendia, reiterava que nada mais queria com ela. A situação foi ficando insustentável e Helen, como mulhere ciumenta e desprezada, só pensava em reconciliar-se, sempre procurava-o, sem sucesso. Naquela fatídica noite, ela foi ao Slug's tentar a última cartada. Cercou Lee na entrada do clube insistindo na reconciliação. Irritado e zangado com sua persegiição, ele disse que nunca mais o procurasse porque casaria na semana seguinte. Ela voltou à seu apartamento para pegar a arma, partindo incontinente ao clube, onde, pela última vez, pediu que reconsiderasse e voltasse pára casa com ela. Ainda mais revoltado e nervoso, Lee disse que desaparecesse de vez e nunca mais o procurasse. Aí ela descarregou seu ódio com o revólver, matando-o instantaneamente.
Esse foi o relato de Ira Gitler na revista Jazz Forum, da qual fui o correspondente no Brasil durante 12anos, quando então encerrou sua atividade.
Keep swinging,
Raffaelli
Combinação prá lá de explosiva, não é mesmo Seu Mr. Lester?
Sinceramente, não sei qual das duas tem o maior potencial de letalidade - Shakespeare já dizia que a fúria do inferno não se compara à de uma mulher desprezada(rs, rs, rs)!!!!!
Mestre Raffaelli, tenho ouvido bastante um disco chamado Dedication!, do Duke Pearson, o qual será objeto de postagem futura. Ali atua um trombonista fantástico, chamado Willie Wilson, sobre quem não há maiores informações disponíveis, a não ser que faleceu em 1963 e que ficou conhecido como “The Forgotten Trombonist”.
Você já ouviu falar dele - fiquei verdadeiramente encantado com esse prodigioso músico, mas não achei nada dele.
Ouvi falar de um filme sobre o Hampton Hawes (outro músico com uma vida bastante conturbada), mas a história do Morgan é um roteiro de cinema pronto e acabado - já posso até ver o talentoso Don Cheadle (de Hotel Ruanda e Traffic) interpretando o papel do trompetista - já pensaram??
Abraços
Essa é para o Pituco-San e quem mais estiver interessado:
http://www.larrysimprovpage.com/
É um site dedicado a parte tecnica e musical do jazz. Ha outros mas esse eu acho pratico e dinamico,tem transcrições e lições curtas muito boas. Depois me diga o que achou.
Erico
tragedias ,com sangue,ciume ,morte etc,atraem muitas pessoas,mesmo aquelas ditas "sensiveis" e de gosto refinado.
Quanto a afirmação de Mr. Lester eu concordo totalmente.
Abraço
Érico,
Willie Wilson foi amigo de infância de Duke Pearson, em Atlanta, cidade natal deles. Não sei se ainda é vivo. É (ou foi) um ótimo trombonista, mas como não saiu de Atlanta, não ficou conhecido. Tenho "Dedication" ainda no velho LP original (Prestige) e gosto muito.
Não sabia da existência do filme sobre Hampton Hawes. By the way, neste fim de semana ouvi os CdD do trio de Hawes e vários do Wardell Gray nos quais Hawes brilha intensamente.
Keep swinging,
Raffaelli
Pô, amigo mister, se há um álbum que posso colocar como o number one responsável por essa minha real aproximação do jazz, esse álbum chama-se "Praire Dog" do Duke Pearson. E o cara que me aplicou chama-se John Lester - fê-lo sem querê-lo, claro – não o culpem, por favor. Mas há uma postagem lá pelos 2006 ou 7 de "Praire Dog" no Jazzseen, podem conferir. Acho que vou até recordar reouvindo o disco já já. Então, no aguardo de vossa próxima post/abordagem de Duke.
E mais uma vida trágica vem aí a reboque.
Finalizando o enredo com as informações precisas do ilustre Mestre Raffaelli o teor da novela da vida real aproxima-se - agora - das celebres canções da dupla de “jazzeiros”(sic) Zezé de Camargo e Luciano(rs,rs,rs).Don Cheadle trabalhou em Boggie Nights de Paul Thomas Anderson diretor de Ouro Negro (melhor filme americano q assisti nos últimos dois anos) é , na minha opinião , o maior talento da sua geração. O post a respeito de Duke Pearson no Jazzseen é http://jazzseen.blogspot.com/2007/08/amor-fati.html
Aí, Seu Mr. Edú,
A matéria-prima das músicas desses caras é exatamente essa: amores brutos, temperados com desfechos digamos "galhudos". E o Paulo Vanzolini estava certo: cenas de sangue num bar da Rua 52...
Mestre Raffaelli, infelizmente, pelo que pude encontrar na internet, o Wilson faleceu em 1963 - uma apena pois o sujeito mandava muitíssimo bem.
Pois é, Seu Mr. Tandeta, os gregos já tinham sacado essa atração por temas perigosos - Édipo Rei já conta com seus quase dois mil e quinhentos anos. E o que dizer do pobre Otelo, o Mouro de Veneza, cuja caraminhola foi de tal modo manipulada pelo pérfido Iago que ele acabou por mandar a sua amada Desdêmona desta para melhor.
E o nosso Machado, com a sua Capitu, de olhos oblíquos e dissimulados?
É, temas como traições, sangue e violência são mesmo muito sedutores.
E Mr. Sonic-boy, vi a postagem no jazzseen e o disco me interessou bastante. Uma hora dessas eu faço uma graça lá no Amazon.
Abraços fraternos aos quatro!!!
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