Amigos do jazz + bossa

domingo, 5 de julho de 2009

O APRENDIZ DE FEITICEIRO

Em 1979, depois de uma apresentação consagradora no Festival de Montreux, as pessoas só se referiam ao alagoano Hermeto Pascoal como “O Bruxo”. Um apelido bastante apropriado, já que, graças às suas alquimias sonoras, ele era, certamente, um dos três músicos brasileiros de maior prestígio no exterior. Complemente-se dizendo que os outros dois eram o maestro soberano Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, gravado por 9 entre 10 monstros sagrados do jazz, e o mega-produtor e arranjador Eumir Deodato, que na época vendia milhões de cópias de sua versão alucinante de “Assim Falou Zaratustra”, lançada em 1972, e produzia os discos de medalhões pop como Roberta Flack e Kool And The Gang.
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Desde o final da década de 60, Hermeto vinha tentando construir uma carreira internacional. A oportunidade veio com a participação no álbum “Live Evil”, de 1970, do então poderosíssimo Miles Davis. Tocar no disco do fundador e maior astro do fusion deu a Hermeto uma enorme visibilidade na cena jazzística. Mas nem tudo foram flores na convivência com o trompetista pois Miles, a fim de fazer jus ao título do álbum (algo como Maldade ao Vivo) e à sua péssima reputação, surrupiou duas canções do mago e jamais lhe deu o crédito: “Igrejinha” e “Nem Um Talvez”. A bem da verdade, esse episódio jamais atrapalhou o relacionamento dos dois, que continuariam amigos até a morte de Davis.

Com as portas escancaradas no seletíssimo mercado norte-americano de jazz, “O Bruxo” pôde gozar de uma autonomia raramente concedida a outros músicos brasileiros e teve total liberdade para fazer seus discos da forma que bem quis. Vieram, então, “A música livre de Hermeto Pascoal”, de 1973, o premiadíssimo “Slave Mass” (gravado nos Estados Unidos em 1976, ao lado de feras como Ron Carter, Raul de Souza e do velho amigo Airto Moreira, que o levou para os States em 1969) e o surpreendente “Ao vivo no Montreux Jazz Festival”, de 1979.

Todavia, se toda história tem seu começo, O Bruxo também teve os seus dias de aprendiz de feiticeiro. Recuando no tempo, é certo que os vizinhos da pequena Lagoa da Canoa deviam achar bastante estranho ver o pequeno e alvíssimo filho da Dona Divina e do Seu Pascoal brincando de tirar sons de abóboras e talos de mamona. A magia estava no ar, mas o contato com ela era fugidio – nada além de um passatempo lúdico, no meio da paisagem árida do sertão alagoano.

Em 1950, quando sua família se mudou para Recife, Hermeto já era capaz de cometer pequenos truques, ainda bastante amadores, mas que iam ficando cada vez mais interessantes à medida em que se aprofundava no maravilhoso universo da música. No final daquela década, já profissional, muda-se para o Rio de Janeiro, onde toca com o violinista Fafá Lemos e com a orquestra do maestro Copinha e em 1961 se transfere para São Paulo. Nesse período, amadurece a sua relação com a magia.

Apesar de autodidata, Hermeto tinha uma habilidade sobrenatural para tocar qualquer instrumento – violão, instrumentos de sopro, acordeão, contrabaixo e, sobretudo, piano. Na noite paulistana, dividia o piano com músicos que, em um futuro muito breve, se tornariam bastante conhecidos, como talentosíssimo César Camargo Mariano e o refinado Laércio de Freitas. Nos intervalos dos sets, trancava-se no banheiro para praticar outra de suas paixões: a flauta.

Foi no ambiente altamente musical da São Paulo dos anos 60 que nasceu a amizade com o percussionista Airto Moreira. Essa amizade iria redundar na criação do Sambrasa Trio, em 1964, ao lado do baixista Humberto Clayber, e do Quarteto Novo, em 1966, adicionando o violão energético de Heraldo do Monte e substituindo Clayber pelo não menos talentoso Théo de Barros. Com essa formação, o Quarteto Novo entraria para a história da música popular brasileira ao acompanhar Edu Lobo no célebre Festival da Record de 1967, vencido por ele com a extraordinária “Ponteio”.

Nesses anos de formação, quando ainda era um mago promissor, o Sambrasa Trio emerge como uma das mais marcantes experiências na carreira do Bruxo. Gravado em 1965, Hermeto toca, além do piano, flauta em algumas faixas. Clayber assume o baixo e, eventualmente, a harmônica. Esse álbum notável somente foi lançado em CD em 2005, pela Som Livre, graças a um primoroso trabalho de reedição conduzido pelo titã Charles Gavin, para a série Som Livre Masters. A qualidade de som é primorosa, graças à excelente remasterização, a cargo de Luigi Hoffer, o que permite uma audição prazerosa.

Um repertório que inclui clássicos da música brasileira de diversas épocas, como “A jardineira”, de Benedito Lacerda, e “Duas Contas”, de Garoto, até canções mais ligadas à bossa nova como “Aleluia”, de Edu Lobo e Ruy Guerra, e “Samba Novo”, de Durval Ferreira. Todos integrantes do trio comparecem com, pelo menos, uma composição própria cada. A primeira delas é “Sambrasa”, de Airto, que de logo apresenta suas armas em um solo devastador. O piano ondulante de Hermeto cria uma variação tão rica de harmonias que é difícil enquadrar essa canção. O trabalho de Clayber, cujo solo está entre os melhores do disco, tampouco ajuda em uma eventual classificação. É bossa, mas também é jazz. É samba e é maracatu. É brasileira, mas também universal. É mágica!

“Aleluia” recebe uma roupagem mais ortodoxa, bem de acordo com as estruturas melódico-harmônicas concebidas por Edu Lobo, mas ainda assim a genialidade dos músicos é perceptível em cada nota. O piano de Hermeto desliza suave em “Samba Novo”, bastante fiel ao arranjo original, mas as dissonâncias do aprendiz de feiticeiro e dos seus comparsas também se fazem presentes. O samba pede passagem na ótima “Clerenice”, de José Neto Costa (irmão de Hermeto), com ecos de Johnny Alf e um trabalho magistral do pianista. O arranjo de “Duas contas” é reverente e delicado ao extremo, como exige essa belíssima composição.

A harmônica de Clayber faz a introdução de “Nem o mar sabia”, de Menescal e Bôscoli, que é revirada do avesso pelo trio, num dos arranjos mais ousados do disco. Em seguida, é a vez da flauta de Hermeto dar à litorânea “Arrastão” um eletrizante sabor agreste, em outro arranjo bastante inovador e cheio de variações harmônicas – o solo do contrabaixista aqui é simplesmente antológico. Na única composição sua, “Coalhada”, um Hermeto nada linear flerta discretamente com os ritmos nordestinos, usando a sua maneira muito própria de ver e ouvir o xote e o baião.

Em “João Sem Braço”, de Clayber, é Airto quem exibe um domínio assombroso das possibilidades harmônicas do seu instrumento, com uma pegada vigorosa ao extremo. O set chega, em alguns momentos, a lembrar a psicodelia tão em voga das bandas de rock da época. “Lamento nortista” traz à baila, novamente, a riqueza do folclore nordestino, sobretudo graças à flauta de Hermeto. Fechando o disco, em altíssimo estilo e com um astral nas nuvens, a saborosa “Jardineira” merece um arranjo bastante jovial, realçando a faceirice da célebre marchinha e deixando o ouvinte com uma vontade quase incontrolável de aumentar o volume, arrastar os móveis para o canto da sala e fazer o carnaval – pena que dure só 1min56s!

O aprendiz de feiticeiro jamais interrompeu seu aprendizado mágico. Cruzou o mundo infinitas vezes, apresentou-se para platéias de todas as latitudes e se tornou um reverenciado bruxo da música. Todavia, nunca deixou de ser o menino franzino, de pele imaculadamente branca e imaginação sem limites que, esgueirando-se do inclemente sol sertanejo, perambulava pela caatinga em busca de qualquer objeto cujo som pudesse se transformar em melodia. Foi exatamente ali, sob o olhar benevolente das musas, que o pequeno feiticeirinho começou a longa jornada que o levaria a desvendar o segredo de todos os acordes do universo.

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PS.: Post dedicado ao amigo Figbatera, grande instrumentista (certamente fã de Airto) e embaixador do JAZZ + BOSSA nas Minas Gerais.

28 comentários:

Celijon Ramos disse...

É isso aí. Hermeto é profusão de sons e sentidos. Que bom que atendeste ao chamamento do Figbatera e a homenagem a ele com este artigo é de grande merecimento. O texto é uma paginação muito boa da carreira do mágico, ressaltando esse disco do Sambrasa Trio. Está presente nele toda a inventividade e a agilidade desses grandes artistas brasileiros. Ponteio, do nosso Edu Lobo, para mim é uma melhores obras prá violão e é linda. É tem sobre essa música o fato curioso de que Airto Moreira ter utilizado na percussão uma queixada de burro que dá a sonoridade seca, cortante e linda na música, e quem,aliás, lhe lhe muito trabalho para conseguir. O músico dono da queixada só aceitava lhe alugar o ionstrumento e Airto queria ficar com a tal queixada. E foi uma confusão...Que bom que inauguraste resenhas de nossos bons jazistas. Com certeza há espaço para Eumir Deodato, o próprio Airto que também gravou com Miles, Laurindo de Almeida, o múltiplo e fantástico Moacir Santos, Luizinho Eça,João Donato, Dom Um Romão e sei lá quantos mais.
Ah, aproveite a inspiração pelo tema e leia, se ainda não o fez, aquela tese sobre Sambajazz que lhe enviei que é muito boa sobre esse período.

Abração meu compadre!

Celijon Ramos disse...

Bom, vamos à errata:
É PRA e não prá.
E QUEe e não e quem.
Fico contente com apenas um LHE, portanto, desconsidere o outro, tá.
É INSTRUMENTO. Sem comentários.
Deve haver mais erros. mas o que seria do mundo sem eles.

Um grande dia!

pituco disse...

érico,
grande postagem...piramidal

hermeto pascoal...é um negócio musical imenso...desde sua genialidade,composições,performances,shows...até pelos feras que passaram e tocaram com ele.

nos u.s.a.,também participou do álbum tide(jobim'71)tocando flauta transversal em 'tema jazz'...aquele sopro tão peculiar e percussivo do bruxo...é um dos momentos mágicos do disco.

certa feita,o airto declarou em uma entrevista que o quarteto novo iria se apresentar em um programa de tevê, mas o produtor não queria o hermeto pq era albino...a galera resolveu recusar o trabalho,mas o próprio hermeto convenceu-os ao contrário,aceitando a exigência da produção...o bruxo não é bruxo à toa...

tive uma banca acústica,aqui, no ínício dos anos 90...a gente abria nossas gigs com um dos temas do hermeto...são jorge.

curti pacas o post homenageando essa entidade musical.

abraçsonoros e saudosos
namaste

Érico Cordeiro disse...

Caros Celijon e Pituco.
A porteira está aberta. É aquele negócio: onde passa um boi...
Já separei uns Donatos, uns Meireles, alguns Paulos (Moura) e um Vítor Assis Brasil.
Tide e Wave, do maestro soberano também estão na listinha de futuras resenhas.
Que bbom que vocês gostaram. Confesso que a partir de meados da década de 80 deixei de acompanhar a carreira do Hermeto - seus discos ficaram "experimentais" demais.
Não consigo "entender" o seu célebre "Concerto n° 4 para porco, galinha e facas Guinsu" (rs, rs, rs...) e depois que ele inventou de pôr um discurso de Collor de Melo em um disco, eu dei um stop total!
Mas esse período de meados dos anos 60 até o início dos anos 80 é muito legal. O cara é gênio e toca tudo mesmo.
Abração a ambos!

Salsa disse...

Ê, mundão véi sem porteira. Essa história do produtor foi f###. E as coisas parecem não ter mudado. Ainda hoje, para a mídia, só as popozudas e os bobs merecem divulgação.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Salsa, folgo em vê-lo!
Esse fato realmente aconteceu - Salvo engano eram shows promovidos pela Rhodia, associados a desfiles de moda, com o cantor Geraldo Vandré e o Quarteto Novo. Hermeto chegou a ficar de fora de diversas apresentações, sobretudo na TV, porque seria, na opinião dos sábios executivos, "muito feio".
E os "bonitinhos" continuam por aí, cantando (?!?!?) abominações do tipo "tira o pé do chão"...
Tom Zé fez o incensado "Estudando o samba". Eu acho que vou me dedicar a fazer o mais modesto "Estudando o aaarghxé".
Encafifa-me o sentido da letra da canção (vá lá...), composta (?!?!) por um certo Bell, auxiliado pelo senhor Wadinho Marques.
Dentre os seus primorosos versos, destaco: "Ele não monta na lambreta,
Ele não monta na lambreta,
Ele não monta na lambreta..."
Pergunto-lhe, ó meu caro neobucólico-urbanóide, do alto de sua sabedoria poético-musical: o que significam tais versos? Qual o sentido oculto que se esconte por trás de tais palavras? O que realmente quiseram nos dizer esses bardos com sua instigante prosopopéia?
Recuso-me a crer que aquelas sábias palavras signifiquem apenas e tão-somente "ele não sobe na motocicleta" ou "ele não se sobrepõe no motociclo" - deve haver um contexto subliminar que eu, e meus parcos dotes cognitivos, não consigo decifrar.
Ajude-me nessa empreitada!!!!!!!
Aos viajantes do JAZZ + BOSSA, a resposta mais criativa ganha um berimbau de quatro cordas e uma possante Nimbus 2000.
Abração!

Sergio disse...

Essa história de "produtor de tv não aceita albino" ficaria o fino da bossa nos EUA: Nem preto, mulato, nem tão branco demais - só os normais.

Sobre a história da Rhodia, talvez maiores esclarecimentos estejam AKA "Brazilan Octopus":

http://www.allbrazilianmusic.com/br/resgate/resgate.asp?Nu_Materia=1181

Vou passar o desafio da canção(?!?)do Bell. Assim, a seco, sem, no mínimo, umas 5 latinhas, ficou puxado pra mim.

Érico Cordeiro disse...

Seu Mr. Sônico,

Ia ser complicado pro nosso bruxo se nos States tivesse uma galera com esse pensamento: "Não pode entraar - você é branco demais!!!"
Ia ser um troço muito louco.
Abração!

pituco disse...

érico,
teu prêmio...o berimbau...lembrou-me uma estória hilária com músicos brasucas poracá...

o percussionista afirmou com orgulho que precisou estudar 10 anos pra poder tocar o berimbau...imediatamente,o contrabaixista retrucou...então vou precisar de quarenta anos pra poder tocar o meu instrumento?...rs

abraçsonoros

Érico Cordeiro disse...

Grande Pituco,
Eu até gosto do som do berimbau, em alguns contextos, como bem faz o Naná Vasconcelos e o grande Papete (maaranhense que tocou com grandes nomes, como Paaulinho da Viola, Toquinho, Paulo Jobim, etc).
Não curto muito uma certa folclorização do instrumento.
E essa história é muito engraçada.
Mas você ainda não disse qual o significado do originalíssimo verso desses grandes herdeiros de Homero...
Abração!

Edinho disse...

Érico,
Abração ! Como sempre, resenhas maravilhosas sobre o jazz , faltava a bossa do Bruxo ... Agora não falta mais ! Precisamos lembrar sempre , sobre as pratas da casa, sejam as que usam o gogó ou arrasam no instrumental . Valeu!
Edinho

Érico Cordeiro disse...

Grande Edinho,
Obrigado pela calorosa presença.
É isso aí. Em breve outros brazucas virão.
Um grande abraço!!!

Salsa disse...

Prezado Érico,
Há algum tempo comentei com amigos sobre esse assunto. Acreditamos que há um concurso cujo vencedor será aquele que escrever (?) a letra mais idiota de axé e adjacências e conseguir vender mais discos. A parada está dura.

Érico Cordeiro disse...

Salsa,
Esses caras são gênios. Vendem milhões de discos, lotam shows, faturam milhões de reais usando um vocabulário de, quando muito, umas 20 palavras, boa parte delas sem uma única consoante.
E o malsinado calypso? Consegue ser ainda mais bizarro. Alguém consegue me dizer o que é e para que serve aquela cidadã oxigenada que grasna pavorosamente pelos canais de TV, em um bailado (?!?!) estrepitosamente vulgar e esteticamente tão belo quanto uma matilha de hienas devorando um apodrecido cadáver de gnu?!?!
Confesso que há uns 17/18 anos, quando as gloriosas duplas "Leandro e Leonardo" e "Xitãozinho e Xororó" surgiram, cantando em falsete as pérolas "Pense em mim" e "Cabelo no paletó", eu vibrei.
Pensei cá com meus botões, seguindo uma lógica que hoje percebo totalmente equivocada: "Pronto, chegamos ao fundo do poço. Daí não é mais possível descer. A tendência da música brasileira agora é retomar o seu bom caminho"
Não podia ter quebrado a cara de forma mais acachapante. De lá prá cá o panorama só piorou. O poço era, na verdade, uma pequena subsidiária das Fossas Marianas e hoje creio, desesperançoso, que ainda há muito a descer. E tome Bonde do Cachorrão, Axé, Pagode, Calypso, Sertanejo Universitário (duas palavras aparentemente inconciliáveis), Funk, Popozudas, e outras atrocidades.
É um talento assombroso o desses cidadãos!!!! Canhestros sim, ignorantes idem, mas com os bolsos forrados de grana. A estética do feio rules!!! Viva a boçalidade!
Enquanto isso Johnny Alf passa por sérias dificuldades, em um ostracismo quase total.
Ainda bem que ainda há alguns oásis de lucidez, alguns visionários que conseguem escapar da caverna platônica e contemplar o sol. Que possamos partir alguns grilhões e trazer à luz mais algumas pobres almas!!!!
Abração.

Sergio disse...

http://www.4shared.com/file/116336971/bf2c4b8b/Horace_Parlan__Pannonica__1981.html

Aí está, meu bom Érico. 1ª etapa da promessa cumprida.

Já já te trago a 2ª.

Érico Cordeiro disse...

Valeu Mr. Sônico!
Abração!!!!!

Sergio disse...

H. Tapscott:

http://www.4shared.com/account/file/116346648/54a13bc1/Horace_Tapascott__In_New_York__1979.html

Não perca seu tempo agradecendo, amigo. O som é pra ser compartilhado.

Mas... tô só de olho (rs!), até hoje, mais de uma sumana, o amigo ainda não foi buscar minha compilation autoral do Fossa. O link tá zeradão lá. Pensas o q? Controle máximo. Era Big Brother até na hora de ver se os presentes são aceitos de bom grado...

Tou zoando, Érico, mas se não baixares e reservares um lugar especial, com tanta música pra ouvir ou esqueces ou o link perde a validade.

Hoje ouvi na caminhada da Lagoa... À tardinha, paisagem melancólica invernal... E agora posso afirmar com segurança q pra mim está bem boa! Porram, vossa opinião importa e muito. Perdoe a insistência.

figbatera disse...

Puxa, Érico, muito obrigado pela dedicatória e parabéns pela bela postagem.
Claro que eu nunca vou enjoar de ouvir jazz; só "provoquei" vc pq sei que de sua "cartola" pode sair muita coisa como essa com que vc nos brindou.

Acho que não devemos perder nosso tempo tentando interpretar o que quiseram dizer com "ele não monta na lambreta"; esses compositores(?) são tão "profundos" que nós nunca vamos alcançar o misterioso significado de sua intrigante poesia.

Continuemos, pois, com o nosso jazz, nossa bossa, bossajazz, sambajazz e baratos afins!
Abração mineiro.

Érico Cordeiro disse...

Caros Fig e Sérgio,
Valeu a presença.
Seu Sônico, desculpe o mau jeito. Vou providenciar a baixa agorinhajá! Simplesmente esqueci!!!!!
Mr. Fig, que bom que você gostou - e acho que você tem razão: é muita profundidade para as nossas pobres cabecinhas.
Abraços!

Anônimo disse...

Amigo Érico,

Este tema, "Song for My Father", é mesmo dedicado ao meu Pai, que perdi faz quase um ano.
E o Horace faz um interpretação excelente, do meu modesto ponto de vista.

Um abraço do lado de cá.

Érico Cordeiro disse...

Caro Miguel,
Prazer em recebê-lo deste lado do Atlântico.
Lamento bastante a perda do seu pai - de onde ele está, certamente sente muito orgulho do excelente trabalho do filho, educando os nossos ouvidos e chamando a nossa atenção para obras tão belas quanto Song For My Father!
Creio que a homenagem do Horace Silver é emocionante em qualquer contexto, um presente que conjuga técnica e sentimento.
Um afetuoso abraço!!!!

Sergio disse...

Érico, já te respondi o emeio.

Vi q baixou o "fossa", por favor,é sério: não tenha pressa em ouvi-lo, só pedi q baixasse logo pra não esqueceres ou perder o link. Gostaria q ouvisse com calma, quando estivesse realmente disposto, pq estou pensando em repostar aquela história/ texto do "Fossa Perfumada" no sônico com essa coletânea ilustrando. Então ainda dá pra melhorar. Vi alguns defeitos ou tlvz seja preciosismo meu, sei lá - não quero correr risco nenhum de te influenciar. Vamos ver o q o álbum te dirá. Mas, repito, sem a mínima pressa. Só tome o cuidado de guardar o arquivo em algum lugar q não o deixe esquecer dele, falou?
Grato/Abraços.

Érico Cordeiro disse...

Valeu, Mr. Sônico.
Já vou passar prá um cd e ouvir.
Juro que te dou o feedback.
E aquela história é muito louca - vale uma repostagem!!!!!
Abração!
PS.: E o Maslov?

Sergio disse...

Ué, sobre o Malov te respondi por emeio. Tem a história do rapidshare tbm, então tá tudo lá.

Valeu, tomara q o CD agrade, mas critique o q nem tanto agradar. O negócio é ficar bom de verdade!

John Lester disse...

Certa vez ouvi Hermeto tocando cuíca no Central Park. Nevava.

O que seria de nós sem os loucos?

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Vou dar uma lida, Mr. Sônico! E também voi dizer o que achei do cd que ouço neste exato momento.

Mr. Lester,
prazer em vê-lo. Que privilégio!!! Ver o Bruxo assim de pertinho - e tocando cuíca!!!
Acho que sem os loucos, pelo menos sem determinado tipo de louco, o mundo seria bem chatinho.
Um caloroso abraço a ambos.

edú disse...

Uma das melhores resenhas, certamente, da curta e promissora carreira desse afetivo blog.Prezado Èrico, peço permissão para colocar somente algumas “notas de rodapé” devido a feliz coincidência ter tido contato pessoal com a maioria(senão a totalidade) das pessoas relacionadas.Hermeto garantiu popularidade e fama na noite paulistana nos anos sessenta tocando na boate Stardust.Seu jeito peculiar(quebrando genialmente tudo) de tocar um bolero,uma rumba, um samba – não impedia q os casais requebrassem os quadris confortavelmente na pista daquela casa noturna.O dono, Hugo, era amigo de longa data de meus avõs.Era um judeu enorme e atlético, metido a galã ,já passando da meia idade, q lembrava – guardando as devidas proporções – Gary Grant.Hugo era o sujeito q se dava bem com todo mundo do meio artístico : o chamado boa praça.Chegou a sentar no piano de uma boate em Paris e dedilhar a quatro mãos com Oscar Peterson.Segundo testemunhas me relataram, Peterson se assombrou com o tamanho das mãos de Hugo – maiores q de Oscar.E Peterson – além da virtuosidade – era reconhecido pelas abrangentes extensões q fazia no teclado do piano.Conheci o Humberto Clayber no inicio dos anos 90 quando um amigo pediu-me para pegar um curso por correspondência e uma gaita num endereço q ,por feliz coincidência, ficava no quarteirão acima do lugar em q morava.Nem sabia q era o dito professor, quando abre a porta do apartamento e aparece o sujeito de poucas palavras perguntando se havia trazido o cheque do curso e da compra do instrumento.Então associei a imagem e a pessoa : era o ex contrabaixista do Som Três de César Camargo Mariano e do Sambrasa.Clayber ficou mais reconhecido como harmonicista q fazia malabarismos em apresentações na televisão.Tocando harmônicas de vários tamanhos e timbres q viajava sonoramente em diversos ritmos musicais.Foi uma das mais protocolares e infelizes experiências q tive com um musico na vida.Sua insistência antipática de q qualquer consulta ou recurso q meu amigo necessitasse envolveria recursos monetários colaborou pra essa desagradável lembrança.Levando-me a inibir qualquer tentativa de papo sobre música e carreira.Para finalizar, o disco mais desafiador e instigante de Hermeto - na minha opinião - chama-se Solo .Trata-se de um exercício ,num piano de cauda, de diversos temas em forma de álbum duplo de vinil.Seus direitos pertencem a cantora Luciana Souza em razão de ter sido gravado e lançado pelo selo de seu pai - o falecido maestro Walter Santos - Som da Gente.Como Luciana é uma pessoa de razão e tem outros interesses na vida, fora o primeiro disco de Nelson Ayres(por vontade dele) jamais veio a publico em forma de cd algo daquele catalogo - o melhor da musica instrumental brasileira dos últimos quarenta anos.Coloco essa previa para relatar um fato.Ao final de sua apresentação no primeiro Festival São Paulo Montreux em 1978, Hermeto foi levado a convite de diversos músicos estrangeiros q participavam do Festival para a boate 150 no Hotel Macksoud Plaza.Lá se estenderia uma “jam” entre eles.Hermeto sentou ao piano e tocou sua versão solo, naquele sacrossanto espaço, de "All the things you are" por cerca de 30 minutos.Quando todos os músicos bestificavam-se tamanha quantidade de desenhos harmônicos q o mestre havia criado ao piano,abandonou abruptamente seu lugar buscando outros instrumentos para prosseguir o tema.O pianista mais próximo assumiu posto quando, inesperadamente, retirou seus dedos sobre as teclas com um ligeiro grito.Elas fervem(they burn) – foi sua justificativa.Desculpe se me alonguei.Abraço.

Érico Cordeiro disse...

Caramba, Edú.
Você tem história, meu amigo!!! É o Raffaelli da nossa geração - assisitiu ou conviveu de perto todos os músicos que atuaram em nossa época (além do conhecimento enciclopédico, da excelência do texto e do amor incondiccional pela música).
Que bom é poder privar da sua amizade e da sua companhia virtual - sempre inteligente e cheio de informações importantes!!!!
Quer dizer que o grande baixista Clayber era um "mala"? Que coisa.
O ambiente de São Paulo dos anos 60 era muito efeverscente - as boates, a bossa nova paulista (maravilhosa!!!), o samba-jazz, o Paramount, o Juão Sebastião Bar. Foram tantos os artistas que começaram ou se estabeleceram como músicos de respeito naquele período tão rico!!!!
Hermeto é um louco maravilhoso - constrói e desconstrói a melodia, inventa harmonias inusitadas, é genial.
Um afetuoso abraço e, por favor, esteja sempre por aqui!!!!

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