Amigos do jazz + bossa

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

THE MODERN JAZZ QUARTET: MÚSICA COM ALMA E CÉREBRO


Era uma vez três músicos excepcionais que se conheceram na orquestra de Dizzy Gillespie e, por partilharem basicamente as mesmas idéias e concepções harmônico-musicais, resolveram fundar um combo jazzístico com forte influência da música erudita. Convidaram um amigo baixista, posteriormente substituído por outro de igual competência técnica, e o baterista original, que resolveu se mudar para a Europa, cedeu as baquetas para outro grande amigo. Com essa formação, o combo atravessa as décadas, apresentando sua inigualável mistura de bom gosto, elegância, sobriedade, arrojo e competência técnica. Essa é, em breves palavras, a história de um dos mais importantes pequenos grupos de todos os tempos: o Modern Jazz Quartet.


No final da década de 40, o pianista John Lewis, o vibrafonista Milt Jackson e o baterista Kenny Clarke tocavam juntos na orquestra de Dizzy Gillespie. A grande afinidade entre eles resultou na fundação do Modern Jazz Quartet, em 1951, com o estupendo Ray Brown assumindo o contrabaixo. Com uma sonoridade inovadora e bastante peculiar, o MJQ, com o seu sofisticado jazz de câmara, foi logo apelidado de “caixinha de música do jazz moderno”. O MJQ, além da excelência técnica de seus membros, sempre se destacou por valer-se de estruturas harmônicas típicas da música erudita, especialmente do barroco de Bach e Vivaldi, associadas a elementos da música negra tradicional, como os spirituals e o blues, além de percorrer com muita propriedade as mais diversas vertentes do jazz, como o swing, o cool e o bebop.


Em 1952 Ray Brown deixa o grupo e em seu lugar assume o discreto Percy Heath. Embora haja registros de diversas gravações, do final dos anos 40 até 1953, para selos como Prestige e Savoy, é certo que o primeiro álbum oficial do grupo é Django (1953), ainda com Clarke na bateria. Nesse álbum antológico, estão presentes os elementos que fizeram do MJQ um dos mais bem sucedidos e longevos combos do jazz – a começar pela acentuada utilização de elementos da música clássica. Além da música título, composta em homenagem ao guitarrista Django Reinhardt, fazem parte do álbum outros clássicos do repertório do MJQ, como "Delaunay's Dilemma" e “One Bass Hit”.


Em 1955, Kenny Clarke parte para a Europa e em seu lugar assume o refinado Connie Kay, cujo estilo minimalista casou-se perfeitamente com as idéias de Lewis, Jackson e Heath. Esses quatro homens, de temperamentos e formações musicais distintas, ainda iriam tocar juntos por mais de trinta anos e influenciar incontáveis gerações de jazzistas. Em 1974, a saída de Jackson provocou o fim do grupo, que se reuniu novamente em 1981 e permaneceu na ativa até o final da década de 1999, quando a morte do vibrafonista encerrou definitivamente a carreira da banda.


A concepção estética do MJQ, para além do aspecto musical, também se estendia à própria maneira do grupo se apresentar no palco, sempre envergando ternos bem cortados, num ambiente que lembrava mais a circunspecção de um Carnegie Hall do que a informalidade de um Minton’s. O rigor acadêmico da música erudita, todavia, jamais tolheu a criatividade dos integrantes do MJQ, cujo swing, embora contido, está presente em toda a sua obra. A aproximação com a música de George Gershwin, outro entusiasta da fusão entre a música clássica e o jazz, é algo bastante natural para o MJQ e a sua personalíssima interpretação do score de “Porgy And Bess” é, sem dúvida, um momento auspicioso na carreira do grupo.


Gravado para a Atlantic em junho de 1964 e abril de 1965, o magistral “The Modern Jazz Quartet Plays George Gershwin’s Porgy And Bess” é uma releitura contemplativa e altamente lírica de sete temas da célebre ópera dos Irmãos Gershwin, inspirada na peça de Dorothy Heyward. Embora seja bem menos conhecido que os geniais “Fontessa”, “Pyramid” e “Concord”, trata-se de um disco bastante representativo na carreira do MJQ, onde se pode perceber com clareza algumas das concepções orquestrais mais caras ao grupo.


A primeira composição é a icônica “Summertime”, interpretada de maneira quase reverencial, com destaque para as sutis texturas percussivas engendradas por Kay e para o vibrafone impetuosamente discreto de Jackson. Em “Bess, You Is My Woman”, o clima oscila entre a serenidade camerística da primeira parte e a swingante parte final, com uma esplendorosa marcação de Heath. Lewis faz discretas evocações a “Rhapsody In Blue”, a emblemática suíte de Gershwin, e também exercita o stride piano e o ragtime.


“My Man's Gone Now”, com um arranjo pungente e encantador, permite a Jackson uma execução vigorosa e ágil, que serve como um perfeito veículo para que o maior vibrafonista do bebop possa exibir todo o seu virtuosismo. Em mais um momento antológico, a balada “I Love Porgy” recebe uma leitura carregada de lirismo e espontaneidade – é novamente Jackson o responsável pela atmosfera altamente emotiva da faixa.


A vibrante bateria Kay, cheia de efeitos percussivos, conduz as inúmeras variações no andamento de “It Ain’t Necessarely So”, originalmente um blues, se torna absolutamente irreconhecível, graças à destreza e inventividade dos quatro. Na faixa mais arrebatadora, “There's a Boat Dat's Leavin' Soon for New York”, impera a dicotomia “reflexão x intuição” e o incessante diálogo entre Jackson e Lewis expõe a tensão que há por trás da atmosfera aparentemente relaxada do MJQ e ajuda a fazer deste um álbum irrepreensível.


Embora tenha recebido algumas críticas por sua fórmula supostamente europeizada e por sua abordagem excessivamente formal, o MJQ sempre manteve intacta a sua integridade artística. Nunca abriu mão suas intrincadas concepções estilísticas, sem que essa complexidade implicasse em hermetismo – ao contrário, a banda sempre foi bastante receptiva a outros estilos e formas de expressão musical. Gravou tanto composições de Bach, Rodrigo e de Villa-Lobos como de Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Thelonious Monk, e contou com a participação, em seus discos, de tanto de grandes nomes do jazz, como Jimmy Giuffre, Sonny Rollins, Phil Woods, Freddie Hubbard e Laurindo de Almeida quanto de orquestras e quartetos de cordas.


A música do MJQ é certamente elaborada e complexa, mas não abre mão da improvisação e passa ao largo da previsibilidade. O seu sucesso se deve ao perfeito equilíbrio entre o romantismo de Jackson e o cerebralismo de Lewis, um contraponto que sempre marcou as gravações e apresentações do conjunto e que jamais permitiu que a sua música fosse árida ou desprovida de swing. A vibrante interpretação das composições dos irmãos Gershwin é a prova mais veemente das inumeráveis qualidades da banda. Música para a alma, feita com o cérebro – ou música para o cérebro, feita com a alma.

47 comentários:

edú disse...

Érico, meu irmão, desculpe, mas é impossível ignorar.Por isso é ,sobretudo, necessário excelente humor no jazz.Há pouco tempo li uma entrevista de um iletrado se afirmando como um dos maiores especialistas brasileiros de jazz.Agora , nessas chamadas q vc generosamente coloca para destacar os blogs de jazz tem um jazz de câmera (nokia, pentax ou rolefeflex como a canção do Jobim e do Newton Mendonça).

edú disse...

Corrigindo, para o exercicio da boa informação "roleflex".

edú disse...

Prezado Érico,

fui consultar até um suplemento escrito pelo Gary Giddins pela ocasião da passagem dos 40 anos do MJQ.Na realidade, o primeiro disco oficializado é o Sonny Rollins with the Modern Jazz Quartet de 1952 e o segundo MJQ :Modern Jazz Quartet /Milt Jackson Quintet de 1953.O Django é o terceiro, de 1954.Todos pelo selo Prestige.Em 1974 o MJQ e Miles Davis se apresentaram no Teatro Municipal de São Paulo.Enquanto Miles , quase consensualmente , promoveu uma das piores performances da história daquela casa de espetáculos – preconizando sua aposentadoria ,por oito anos, ocorrida meses mais tarde.O MJQ recebeu uma celebração de palmas de mais de 12 minutos consecutivos da platéia de quase duas mil pessoas em pé.Segundo um amigo presente, foi a primeira vez na vida que suas mãos doeram de tanto bater palmas na ovação final para um artista em um espetáculo.A TV Cultura de São Paulo tem as imagens no arquivo para comprovar o fato.

Érico Cordeiro disse...

Aí, Seu Mr. "Eagle Eye" Edú,
Atento a todos os detalhes - nada lhe escapa, não é meu caro!
Mas é isso aí, errinhos de digitação, não é mesmo?
E o marco inicial da discografia do MJQ é confuso - há registros sob o nome MJQ desde o início da década de 50.
O Django foi gravado em três sessões - 25/06/1953, 23/12/54 e 09/01/55.
O disco com o Sonny Rollins também foi gravado em três sessões: 17/01/1951, 17/12/51 e 07/10/53.
o Milt Jackson / MJQ foi gravado em 22/12/1952 (MJQ) e 16/06/54 (Milt, com Horace Silver, Henry Boozier e mais Kenny Clarke e Percy Heath).
Sob o ponto de vista da cronologia, sua observação está perfeita.
Mas há um certo consenso de que o primeiro álbum exclusivamente do MJQ seja mesmo o Django.
Há muitas outras gravações até anteriores - tenho um cd da séria Quadromania, em nome do Milt Jackson, mas são sessões do MJQ de fato, que tem registros da década de 40!!!
Mas como esses dois discos (anteriores, cronologicamente falando) são "partilhados" com Sonny Rollins e Milt Jackson, acho que o mais correto é considerar mesmo o Django como o primeirão (eu coloco o do Sonny Rollins como se fosse um disco deste em minha "organizada" estante - rs, rs, rs).
Anyway, 12 minutos de aplausos, em um Teatro lotado por duas mil pessoas dizem muito sobre a competência desse quarteto, não é mesmo?
Um fraterno abraço!!!!!

pituco disse...

érico san,
pyramid-al...curto pacas o modern jazz quartet...vibraphones e pianos são instruemntos percussivos...rsrsrs...swing garantido,né?!

abraçsons pacíficos
ps.tô sendo convocado pro café agora...a patroa tá ouvindo jazz pacas poraqui...rs

José Domingos Raffaelli disse...

Prezado Érico,

Constatar sua espantosa vocação e facilidade para redigir resenhas (não gosto dessa palavra para designar apreciações/críticas musicais, mas ela é utilizada por uma grande maioria) alentadas) sobre CDs é reiterar seguidamente a qualidade e a perspicácia em apreciar e detectar em todos os sentidos sua vocação de crítico e estudioso e profundo conhecedor do idioma jazzístico e seus intérpretes.
A constância das suas colaborações destacam cada vez mais sua vocação inata para transmitir com rara elegância de estilo toda essência musical das suas análises.

Como termina a letra de "I got rhythm", WHO COULD ASK FOR ANYTHING MORE?"

Cabe-me, mais uma vez, tão-somente
cumprimentá-lo por seus trabalhos em pról da nossa querida "música dos músicos".
Meu fraternal amplexo,
Raffaelli

P.S. Fiquei curíosíssimo em saber quem poderá ser o "iletrado" que se arvora em grande crítico conhecedor de jazz aludido pelo Edú.

Érico Cordeiro disse...

Maravilha!
Abrir a caixa de comentários e deparar com os queridos Pituco e Raffaelli é prenúncio de um ótimo dia!!!
Obrigado pelas presenças e fico honrado com as palavras cfetuosas. O MJQ foi um dos meus primeiros contatos com o jazz - uma matéria sobre a banda na extinta revista Bizz, há mais de 20 anos, despertou meu interesse e o Django foi um dos meus primeiros LPs de jazz.
De lá prá cá a paixão só fez aumentar e esse disco postado é um dos meus preferidos (ao lado do próprio Django, do Fontessa e do Concord)!!!
E, caro Mestre Raffaelli, minha curiosidade também é grande. Tomara que o caro Edú dê pelo menos, as iniciais do "intelequituáu"!!!!
Abraços fraternos aos dois!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

Mais uma vez e como já se tornou hábito saudável, PARABÉNS ! ! !
Músicos e música mais que bem escolhidos para sua magnífica resenha.
Por favor, não é correção, que não me agrada corrigir ciscos esquecendo minhas traves: CONNIE KAY (em alguns trechos de sua resenha aparece KEY e em outros KAY, possivelmente digitação afetada pelos 1x2 mais recentes, que em nada atrapalham o retorno).
Efetivamente constam do "Milt Jackson - La Ronde Suite" da Quadromania, algumas faixas com o MJQ, mas da década de 50 ( a mais antiga de 24/08/1951 com "Mr. Clock" na bateria).
Nosso estimado EDÚ lembrou de um dos maiores concertos que já presenciei: o MJQ no Municipal de São Paulo em 1974 (Miles uma "desgraça"), com um soberbo desempenho merecidamente reconhecido por um público nobre, empolgado e aplaudindo em pé demoradamente. Noite de gala no Municipal, para nunca mais esquecer.

Érico Cordeiro disse...

Caro Apóstolo,
Seja muito bem-vindo e obrigado pelas palavras gentis. Quanto aos errinhos de grafia, vou providenciar a retificação imediatamente.
E que espetáculo esse, não? Inesquecível para todos os que ali compareceram!!!
E os 2 x 1 foram um pequeno percalço - a contagem regressiva continua (mas sem Alex Teixeira, servindo a Seleção Sub-20, deu uma complicadinha).
Abraços fraternos!

Paul Constantinides disse...

erico
som impecavel
vibraphone elegante
acompanhamento sensato
como se ve / ouve
apenas em bandas de jazz
e as vezes num som do pink floyd..kk
mas de fato
adoro o som q rola no seu blog.
abs
paul

Érico Cordeiro disse...

Valeu, Mr. Paul,
Obrigado pela presença e pelas palavras sempre muito gentis e incentivadoras!
Vejo no Dark Side Of The Moon uma grande influência do jazz - talvez não seja mero acaso o fato do filho do baixista Roger Waters (o surpreendente Harry Waters) ser um grande pianista de jazz.
Abraços fraternos do lado de cá do Equador!!!

Valéria Martins disse...

Olá, Érico! Meus dois posts mais recentes foram sobre música, mas náo jazz... Se bem que se tangenciam!

Beijos, obrigada pela ótima música no blog, sempre.

Érico Cordeiro disse...

Cara Valéria,
Estou meio em falta com os amigos virtuais - meu computador sofreu uma pane maluca e só hoje está de volta ao lar.
Obrigado pela presença e daqui a pouco vou dar uma checada nos posts.
Um fraterno abraço e um ótimo fim de semana!

Sergio disse...

Aconteceu mais uma grande coincidência ontem. Há dias q estou mergulhado na obra do MJQ. Entre os mais variados álbuns que ouvia, teve um q me chamou mais atenção pela associação dos músicos Milt Jackson & Thelonious Monk Quintet. Alguns arquivos (faixas) me vieram como sendo o álbum de 1952 e outros como se de 1948 fosse. Mas havia também duas faixas, cantadas. Como nunca vi ninguém soltando a voz no Quarteto do Milt, fiquei curioso. Nada achei de texto sobre o álbum e já ia consultando a enciclopééédia jazz + bossa de Érico Cordeiro, com seus renomados comentadores, quando, antes, descobri que o cantor era um certo Kenny ‘Pancho’ Hagood. Mais tarde dei meu pulin habitual cá no bloguito e quem é a atração? Modern Quartet, craro! Mas, aí, seu Érico, o sr v q eu me esforcei pra trazer a solução do problema. Já o sinhô, agora passa lá na minha humilde choupana sempre agastado... com preguiça? Comansin? Ta pegando mal já. Infim, preparei um pito pro sr. lá, em resposta. Mas é um pito style! Confere lá só pa tu v.

Abraços sônicos do Sergio, amanhã 50tão.

Em tempo: vamo respeitá este sinhô.

edú disse...

Caro Èrico,

sempre aprecio um argumento bem construído - principalmente tingido por fontes ,datas e a devida correção ortográfica rs,rs,rs q se transforma numa excelente lição para mim.

Caro Apóstolo,
testemunha do q ouvi e vi, apenas em trechos de tapes da TV Cultura -pela ocasião da apresentação no Teatro Municipal em 1974.Presenciei,contudo, pessoalmente a ultima ocasião em q estiveram em SP numa das ediçoes do finado Free Jazz Festival em 1988.Na ocasião Milt Jackson trocou farpas com Tony Wiliams por este afirmar q o grupo servia a um modelo extremamente rigido de jazz.

Caro Mestre Raffaelli , por elegancia peço licença para declinar o pedido.Perante ao exame do curriculo do entrevistador da iletrada personalidade li q se colocava como pesquisador amador.Bota amadorismo nisso.

Finalizando, faço as minhas , com extrema modéstia, as palavras dirigidas por Mestre Raf ao meu companheiro de armas e causa - sr.Cordeiro.

Salsa disse...

Discaço-aço. E você, como sempre, está "na ponta dos cascos". Belza pura,
Abraços vitorianos.

Érico Cordeiro disse...

Caro Sonic-boy: cinqüentão, com vitória do Flu e Olimpíadas no Rio? Pô isso é que é bom augúrio.
Amanhã o Jazz + Bossa vai pôr uma surpresa prá você, amigo!!!!!
E vou conferir o pito, mas em minha defesa alego que o presentaço que você me mandou me deixou mal acostumado!!!!! (rs, rs, rs).
Mestres Edú e Salsa, bom augúrio tê-los por cá - é Salsa ou Re-Sal(c)sa?
Sejam sempre bem-vindos.
E Seu Mr. Edú, deixe de modéstia, na escola em que eu acabei de me matricular no ensino fundamental, você saiu com o doutorado faz tempo!!!!!!
Abração aos três mosqueteiros!!!!

Sergio disse...

Segundona, tá marcado. É o dia do ajuste de contas! De lá até aí, quem sabe eu te surpreenda. É q sou tão Lineu da grande família, q sansei sanérico, não perde por esperar...

Agora, fala pra mim: Gide é phoda. Fala a verdade.

Sergio disse...

Segundona, tá marcado. É o dia do ajuste de contas! De lá até aí, quem sabe eu te surpreenda. É q sou tão Lineu da grande família, q sansei sanérico, não perde por esperar...

Agora, fala pra mim: Gide é phoda. Fala a verdade.

Érico Cordeiro disse...

Valeu, Seu Mr. Garimpeiro 5.0,
E um puxão de orelhas daquele, com tamanha classe, nem dói!
Abração!!!!!

APÓSTOLO disse...

Prezado SÉRGIO:

Milt Jackson gravou com Thelonius Monk em 02/07/1948 (mais John Simmons no baixo, Shadow Wilson na bateria e o vocal de Kenny Hagood), conforme o "Quadromania" de Milt Jackson citado pelo ÉRICO no texto da resenha.
Ainda no mesmo "Quadromania" você tem de 24/12/1954 novo encontro "Mr. Bags + Monk", ao lado de Percy Heath / Mr. Clock (gavaram sob o título de "Miles Davis And The Modern Jazz Giants".
Assim, esse estojo de 04 CD's da "Quadromania" é verdadeiro tesouro para os sentidos, com um desfile de músicos "top" e toda a classe e a técnica de Milt Jackson.

Sergio disse...

Com gratidão, sr. Apóstolo. Esse meu adorar brincar com as palavras, não me dá alternativas: sempre apostos vcs! Quando um não sabe, outro vem e socorre. Valeu!

Érico Cordeiro disse...

Caríssimos Apóstolo e Sérgio,
Bem-vindos e, como sempre, se o assunto é jazz, as nossas enciclopédias tratam logo de aclarar qualquer dúvida, para encanto e embevecimento dos nossos embasbacados leitores (grupo a que pertenço, com camisa oficial e bandeirinha)!
Obrigado Mestre e uma saudação especial ao amigo Sônico, que, de idade nova, promete um nababesco rega-bofe, capaz de abalar as estruturas olímpicas do Sovaco do Cristo!!!!
E a série Quadromania é muito bacana: ótimo repertório, qualidade de som bastante razoável (as gravações dos anos 50 e 60 são muito boas mesmo) e um preço bastante convidativo.
Um fraterno abraço aos dois!!!

edú disse...

Caro Érico,

peço licença para colocar essa mensagem no escaninho virtual já q o Sérgio recolocou a catraca vip no blog dele.

"Enfim a faixa etária do perfil de administrador passou numeral.Iria acusar - oportunamente - q o acumulo de pó, pela passagem do tempo, tinha danificado o mecanismo de contagem dos anos.Congratulações.A propósito, banda cult inglesa é pleonasmo".

Érico Cordeiro disse...

Fique à vontade, seu Mr. Edú.
Você sabe que é sócio da casa!!!

Sergio disse...

Poxa...Eu tenho um vinil do concerto do MQJ em Toquio....É de tirar o fôlego... Acho que eles trouxeram pro jazz uma sofisticação que é rara de reproduzir...deu saudade...Boa lembrança...MJQ é raro e maravilhoso, como só a boa música pode ser.

Gustavo Cunha disse...

Maravilha, Erico
acho o vibrafone um instrumento fascinante, pelo seu desenho, pela sua sonoridade. Eu tenho um quadro belíssimo do instumento pendurado aqui em casa.

Eu descobri o instrumento justamento pelo próprio Milt Jacksom, MJQ, acredito que ele é a segunda geração do instrumento iniciada pelo Lionel Hampton

Tenho poucos discos do MJQ, mas gosto muito do Hutcherson (da fase Blue Note), Gary Burtom, que promoveu é ainda promove muitos músicos jovens, e na atualidade o Stefon Harris (que assisti quando esteve por aqui) e o Joe Locke

E gostei de ler voce dizer que o Dark Side Of The Moon traz uma grande influência do jazz; digo mais, todos os grandes do clássico rock traziam um pouco disso - Doors, Purple dos mais pesados, e o insuperável Yes, para citar alguns, tinham muitas nuances; alíás o que roturalam de "som progressivo" trouxe muito disso com os temas de longa duração

abs,

Érico Cordeiro disse...

Caros Sérgio e Guzz,
Sejam muito bem vindos - é uma honra e um prazer tê-los a bordo.
Adoro o MJQ, mas infelizmente não conheço esse disco gravado em Tókio - deve ser fantástico, pois ao vivo eles tinham uma pegada assombrosa (tenho um disco gravado em Montreux que é genial, super pulsante).
E é isso aí, Mr. Guzz - rock e jazz tem muitas semelhanças - não é por acaso que ambos derivam do blues.
Quando você ouve um solo de Hendrix, de Gilmour, há ali uma criatividade e um grau de imoprovisação típicos do jazz.
É uma convivência bastante interessante essa. Veja a quantidade de jazzistas que gravaram Lennon e McCarney (e When I'm 64 é jazz, baseado fortemente no ragtime e no dixieland).
Estava ouvindo hoje pela manhã um vibrafonista sensacional, mas meio underrated, o Roy Ayers - muito bacana!
Do Joe Locke já ouvi um disco em que ele interpreta composições do Henri Mancini, mas infelizmente nada tenho dele!!!
Abraços fraternos aos dois!

edú disse...

Esse disco gravado no Bodokan em Tóquio foi a retomada oficiosa do MJQ no inicio dos anos 80 numa pequena turnê encomendada pelos fãs nipônicos.È um disco q infelizmente não saiu em cd até hoje, pelo q sei,é maravilhoso.Cabe ressaltar q além das diferenças de concepções artísticas, uma das razões do intervalo de atividade do MJQ foi sua incapacidade de sustentar-se financeiramente nos anos 70.Sua agenda para shows praticamente inexistia depois da metade da década.O povo tinha rumado para requebrar quadris e espanar o chão na calça boca de sino nas discos

APÓSTOLO disse...

Prezados EDÚ, ÉRICO e SÉRGIO RIVERO (este, possuidor do LP):

O vinil a que se referem é realmente "a real masterpiece", produzida pelo próprio John Lewis ao lado de Ikuso Orita. Foi lançado no Brasil pelo selo WEA.
À época Milt Jackson era contratado por Norman Granz (Pablo Records), que o cedeu para esse reencontro no "Pioneer Live Special - Monterey Tokyo".
Ao lado de clássicos como "Softly As In A Morning Sunrise", o MJQ executou temas de seu repertório como "The Cylinder", "The Golden Striker" e "Django", além da composição de John Lewis para Milt Jackson "Bag's Groove".
É "bolacha" que cultuo com o maior carinho: entrosamento, técnica, sentido bachiano, solos admiráveis, enfim, tudo o que faz bem para os sentidos.
Não foi, infelizmente, editado em CD.

Érico Cordeiro disse...

Mestres Edú e Apóstolo,
Agora vocês me deixaram com água na boca!
Mas esse disco nunca saiu em cd no Brasil ou no mundo? É que os japoneses, loucos por jazz, costumam fazer uns lançamentos de álbuns raros, em edições especiais, apenas no Japão - é claro que com a internet, fica mais fácil ter acesso.
E calça boca de sino é ótimo! Pelo menos a disco music era feita por músicos, no mais das vezes competentíssimos - os metais eram, geralmente, muito bem costurados e executados.
E hoje, seu Mr. Edú, com esse tal pancadão, feito por computador que é só tum-tum-tum.
E ainda tem o tal do rap - Yô man, yô man! Tratamento recomendado para quem tem enxaqueca - rs, rs, rs!
Abraços aos dois!!!!

edú disse...

Caro Èrico,

semana passada minha alma gêmea e eu estivemos numa grande celebração de 75 anos de um colega aposentado e mestre do saber de todas às horas.A recepção para cerca de 130 casais era sonorizada por uma banda de quatro membros (fui conferir, claro, por teimosia)e uma trupe de 8 bailarinos - 4 de cada sexo, presumo( rs,rs,rs).Enquanto apreciava o jantar tentava esquecer a modorrenta música q o quarteto tocava.Quando no final da festa começou a seleção disco desalojei minha guardiã e a intimei a pista.Nem meus deteriorados joelhos dos dois setes diários de tênis resistem a uma boa seleção disco.Quanto estive na Tower de Tóquio em 1999 - experiência q não recomendo aos portadores de corações fracos - procurei o Live at Budokan mas tive frustrada minha expectativa.A solução q segui foi fazer uma copia digitalizada de back up do meu long play.A propósito, em razão disso o Mestre Apóstolo tem minha incondicional admiração.Enquanto tento equilibrar meu prato de comida por kilo de conhecimentos ele serve sempre uma iguaria dos melhores chefs do saber.

Érico Cordeiro disse...

Aí, seu Mr. Edú,
Saudade não tem idade, embora na década de 70 você ainda andasse de fraldas pela casa.
Travolteando ao som de Donna Summer, Village People, Barry White, Kool And The Gang, Tavares e outras feras!!!
E o inclemente Predador, quem diria, era um atencioso ouvinte dos apaixonados boleros de Lucho Gatica!!!!
Essa comunidade jazzística apronta cada uma!!!
Valeu!
E a Tower de Tóquio deve ser o sonho do sonho para qualquer jazzófilo, rockofilo, bloesófilo e até emepebófilo, estou certo?
Abração!!!!

edú disse...

Vai passar um especial gravado do KC and the Sunshine Band no A&M(50 na Net)hoje ás 22:00.Vi a chamada quando zapeava depois de chegar do jogo do Palmeiras.Nossa, o tempo foi absolutamente inclemente com o vocalista.O sujeito esta com o "corpinho" e figurino de calouro do Raul Gil.Daqueles q cismam cantar Caruso do Lucio Dala e dono de pizzaria na Mooca(bairro de SP).Minha alma respira jazz mas certas pegadas da Disco são sedutoras.O próprio Eumir Dedato foi um dos arranjadores do Earth Wind and Fire.Quanto ao Gatica, uma das grandes frustrações de meus pais - gastaram um grana preta e se decepcionaram ao extremo com o sujeito nos anos 70 em SP - tem uma historinha para encerrar a semana.Quando aquele cantor mexicano,LM, gravou aquela serie de 3 discos de boleros(q muito me auxiliou nos períodos de solterice, diga-se de passagem) indagaram ao Gatica se ele achava importante o q o LM fez pelo bolero.A resposta do Gatica foi " acho mais importante o q o próprio bolero fez pela carreira do LM".Abraço e ótima semana a todos.

Érico Cordeiro disse...

Mestre Edú,
Agora você foi longe: KC and the Sunshine Band é do barulho - e Earth Wind and Fire também, lembro da primeira vez que eles vieram ao Brasil - época do megahit Let's groove, com direito a especial na Globo e tudo!!!!
Quanto aos discos de bolero de "você sabe quem", concordo com o Gatica.
Aliás, diria o mesmo do jazz, em relação a um certo cantor escocês de voz rouca e apaixonado por futebol!
Abração!

José Domingos Raffaelli disse...

O MJQ marcou sua passagem pela história do jazz por sua concepção altamente refinada e integridade musical, apesar de seus detratores acusarem John Lewis de desvirtuar e pretender "intelectulizar" o próprio jazz por utilizar a fuga e o rondó em algumas composições e/ou interpretações.

Controvérias à parte, permitam dar um palpite em relação aos seus discos/CDs. Considero essenciais os duplos "European Concert" e "The Complete Last Concert". Ambos condensam sua trajetória com todo seu fulgor. São obras que devem ser devidamenrte apreciadas.

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Adendo:

Segundo artigo publicado na revista Jazz Review, a dissolução do MJQ, em 1974, deveu-se ao fato de Milt Jackson não concordar com os baixos cachês que o grupo recebia em seus concertos nas turnês no exterior.
Jackson não se conformava que cada integrante recebesse $2.000 por concerto enquanto os conjuntos de rock ganhavam milhares de dólares em suas apresentações.

Eis um trecho desse artigo com as delcarações de Milt Jakcson:

"Somos músicos experientes que tocamos com paixão, disciplina e amplo conhecimento musical, por isso merecemos ganhar muito mais do que nos pagam e esses roqueiros que nada sabem de música tocam e cantam completamente desafinados. Não aceito continuar tocando e receber menos que esses roqueiros malucos fabricados pela mídia".

Keep´swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Infelizmente não tenho nem o "European Concert" e nem o "The Complete Last Concert" (esse último é reconhecido como um dos melhores do MJQ).
Quanto às razões do Milt Jackson, de fato eram bastante poderosas. Mas acho que o desgaste natural de quase trinta anos de convvivência contínua e a vontade de explorar outras sonoridades também deve ter pesado na decisão. Tanto é que depois de algum tempo eles voltaram a tocar juntos, não é mesmo?
Um fraterno abraço!

edú disse...

Caro amigo,
essa lacuna - no devido tempo - será devidamente reparada.

Érico Cordeiro disse...

Bravo, Seu Mr. Edú,
Sou-lhe extremamente grato, de antemão!!!!
Abração!

John Lester disse...

Cheguei tarde, mas cheguei. Todos sabem que, por mim, o vibrafone seria proibido no jazz, exceto em gravações de álbuns da ECM.

E tem mais: sempre pensei no MJQ sem o vibrafone, com Milt assumindo na bateria e Sonny Rollins no tenor. Queria ver o cerebral Lewis trocando idéias com o 'bom selvagem' Rollins.

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Ô Seu Mr. Lester,
Eles já andaram trocando figurinhas no álbum Sonny Rollins with the Modern Jazz Quartet - mas ali o Milt não estava na bateria, como era o seu desejo, meu caro mestre.
Também tenho um disco ao vivo (Live at Music Inn) com a participação do Sonny - é muito bacanudo. Mas e o que seria feito do glorioso Connie Kay, meu caríssimo capitão?
E Hampto, Hutcherson, Burton e outros, que seria desses pobres vibrafonistas se o jazz os dispensasse?
Questões filosóficas propostas diretamente de Pinheiro City!!!!
Grande abraço, meu capitão - é sempre uma honra tê-lo por essas bandas!!!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

O "The Last Concert" seguido do "More From The Last Concert" (Avery Fisher - Phillarmonic - All, no Lincoln Center for the Performing Arts, NY) é realmente peça rara e de altíssima qualidade.
Ai temos "Softly As In A Morning Sunrise", "The Cylinder", "Summertime" (e que senhor Gershwin!!!), "Trav'lin", "Blues In A Minor", "One Never Knows", "Bags' Groove", "Confirmation" (magnífica re-leitura de Parker com nova dinâmica), "Round Midnight", "Night In Tunisia" (nem Gillespie/Paparelli sabiam de tanta beleza). "The Golden
Striker", "Skating In Central", "Django", "What's New ?", "Really True Blues", "Tears From The Children", "Blues In H (B)", "England's Carol" e "The Jasmine Tree" (pura poesia musical).
É uma antologia de bom gosto, como a prática totalidade desse "meninos" que cultuaram a classe e a dignidade do melhor.

Érico Cordeiro disse...

Fiquei com água na boca, Mestre!!!
Sei que é um disco importante e muito bom, do ponto de vista do desempenho dos músicos (sempre muito bem cotado nos guias).
Agora me animei - vou procurar nos Amazon da vida, pois sua chancela é garantia de qualidade ampla, total e absoluta!!!!
Um fraterno abraço!

Doutrina Cristã disse...

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Mateus 24:8
Não tenha medo.

Érico Cordeiro disse...

Prezado Luiz Clédio,
Seja bem-vindo e obrigado pelo convite.
Farei uma visita em breve e paz na terra aos homens de boa-vontade!
Um fraterno abraço!

Anônimo disse...

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