Amigos do jazz + bossa

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

NASCEU NA ALEMANHA. É MULHER. E TOCA (MUITO) JAZZ!!!!


Quinze dólares na bolsa! Munida apenas com a cara, a coragem e a módica quantia de quinze dólares, além do imenso talento e um amor incondicional pelo jazz, essa brava alemã desembarcou em Nova Iorque no dia 18 de novembro de 1955. No currículo, atuações com grandes nomes do jazz europeu, como o saxofonista austríaco Hans Koller, o guitarrista húngaro Attila Zoller e os compatriotas Emil Mangelsdorff (irmão do trombonista Albert) e Joki Freund.

Nascida no dia 04 de fevereiro de 1925, em Leipzig, Jutta tinha duas paixões: a música e a pintura. Dedicou-se ao estudo de ambas, vindo a ser uma das mais importantes pianistas européias da primeira metade do século XX. Em 1946, com a sua cidade natal nas mãos dos soviéticos após o término da II Guerra Mundial (Leipzig foi incorporada à Alemanha Oriental), Jutta e a família fugiram para Munique, na Alemanha Ocidental.

Em pouco tempo, se tornaria uma renomada jazzzista. Sua primeira associação profissional foi com o Hans Koller Quartet, com quem tocou do final da década de 40 até o início da década de 50. Em 1954 criou o seu próprio conjunto, The Jutta Hipp Quintet, cujo desempenho lhe valeria o título de Primeira Dama do Jazz Europeu. Às primeiras influências, Fats Waller e Count Basie, que ouvia nas rádios da cidade natal, vieram a se somar os revolucionários Bud Powell e Lennie Tristano.

A nova linguagem representada por esses dois pianistas fisgou Jutta, que adicionou à sua sonoridade, firmemente calcada no swing, as harmonias complexas do bebop. No início de 1954 o crítico Leonard Feather assistiu a uma apresentação do seu quinteto em Duisburg e ficou impressionado. Levou alguns discos da banda para os Estados Unidos e foi o maior incentivador para que Jutta deixasse a Alemanha para tentar fazer a América.

Graças ao apoio de Feather, e ao seu próprio talento, é claro, Jutta não demorou a se tornar conhecida nos circuitos jazzísticos de Nova Iorque. Tocou em vários clubes na cidade e conheceu Horace Silver, cujo estilo percussivo e fincado no blues exerceu grande influência sobre ela. Substituiu a também pianista Marian McPartland no Hickory House Restaurant, refinado endereço em Manhattan e, em 1956, se apresentou como uma das atrações do Festival de Newport. Também excursionou pelos Estados Unidos a bordo da orquestra do saxofonista de R&B Jesse Powell.

Não bastasse isso, ainda foi o primeiro nome europeu a ser contratado pela Blue Note, selo por onde lançou nada menos que três discos em 1956. Um deles é o preciosíssimo “Jutta Hipp With Zoot Sims”, um álbum que merece ser descoberto e degustado como uma fina iguaria. Para começar, o álbum foi gravado nos célebres estúdios de Rudy Van Gelder, no dia 28 de julho, o que garante uma qualidade sonora irrepreensível. Jutta e Sims haviam se conhecido pessoalmente alguns anos antes, quando o saxofonista excursionava pela Europa, integrando a orquestra de Stan Kenton, e a admiração era recíproca.

Além dos líderes, a sessão contou com as admiráveis presenças de Jerry Lloyd (um talentoso mas obscuro trompetista, que trabalhou com Gerry Mulligan, Stan Getz e George Wallington e que conciliava a música com o trabalho como taxista), Ahmed Abdul-Malik (baixista por excelência de Thelonious Monk e que tocaria com Art Blakey, Earl Hines e John Coltrane, entre muitos mais) e Ed Thigpen (que entraria para a história do jazz como um dos mais longevos bateristas do Oscar Peterson Trio, além de haver tocado com Benny Carter, Sonny Stitt. Paul Quinichette, Teddy Edwards, Charles Rouse, Lennie Tristano, Howard McGhee e uma infinidade de outros).

Por fim, um repertório dos mais encantadores, composto basicamente de standards e de uma composição de Sims, “Just Blues”, que abre o disco. Pitadas de blues, swing e bebop fazem dessa faixa alegre e despretensiosa um dos pontos altos do disco. É como se a tradição representada pelas primeiras audições de Hipp se encontrasse com suas novas influências boppers, como fica visível em seus solos avassaladores – um olho em Basie e outro em Tristano. Zoot, é claro, aproveita para destilar a sua verve elegante e fluente e a sessão rítmica, em especial Abdul-Malik, atua como uma muralha sonora, resguardando os solos dos líderes e de Lloyd.

A deslumbrante “Violets For Your Furs” recebe um arranjo à altura da sua beleza. O saxofone de Sims reverbera as notas em um tom quase confessional e Jutta constrói um delicadíssimo arcabouço sonoro para acalentar a melodia. Merece atenção o diálogo final entre Lloyd e Sims, nada menos que comovente. “Down Home” é uma ótima composição de Lloyd, um bebop feérico, mas não propriamente transgressor, eis que bem assentado tanto na tradição de New Orleans quanto no velho swing das décadas de 20 e 30.

A esmerada versão de “Almost Like Being in Love”, funciona como um veículo perfeito para a eloqüência vibrante de Sims, em contraponto à sobriedade fleumática do piano de Hipp. Na esfuziante “Wee Dot”, de J. J. Johnson, a influência do piano assimétrico de Tristano é bastante evidente, merecendo destaque também o excepcional trabalho de Ed Thigpen com as baquetas.

“Too Close for Comfort” recebe um arranjo cadenciado, balançante, mas cool até a medula, com diálogos fabulosos entre Sims e Llloyd e um solo primoroso da alemã. Uma interpretação meditativa e altamente lírica de “These Foolish Things” é um dos pontos culminantes do álbum. O inspirado Zoot exala sensibilidade e Jutta, sempre muito criteriosa na escolha das harmonias exatas, faz uma espécie de contraponto ao lirismo do saxofonista – é o velho racionalismo germânico se manifestando na música. Mais um standard, “’S Wonderful”, que complete o set com elegância e vivacidade e pronto: um disco fascinante, que diz muito sobre a capacidade do jazz em falar a qualquer idioma.

Depois de 1956, a pianista não gravou outro álbum, embora se apresentasse com certa freqüência em clubes de Nova Iorque e Long Island. Cansada das instabilidades da carreira musical, Hipp abandonou a música, em caráter definitivo e irreversível, em 1960. Passou a se dedicar exclusivamente à pintura e foi trabalhar como costureira em uma fábrica de roupas. Curioso o fato de que a Blue Note somente conseguiu localizá-la, para encaminhar-lhe os royalties relativos a seus discos, no valor correspondente a 40 mil dólares, em 2001.

As aquarelas de Hipp retratavam desde o burburinho urbano até as bucólicas praias de Long Island e mereceram exposições em locais como a Biblioteca Langston Hughes e o Centro Cultural Corona, em Queens. Ela também costumava fotografar os músicos de jazz que se apresentavam nos clubes da região de Queens, enviando essas fotos para amigos e para revistas especializadas em jazz da sua Alemanha natal.

Jutta faleceu no dia 07 de abril de 2003, em decorrência de um câncer no pâncreas. Sozinha, sem família ou amigos (o único musico que a visitava com certa regularidade era o saxofonista Lee Konitz, além do crítico Dan Morgenstern), ela foi encontrada sem vida pelos vizinhos, no pequeno apartamento em que morava, em Queens, Nova Iorque. Como era seu desejo, seu corpo foi doado para a Universidade de Colúmbia.


40 comentários:

Salsa disse...

Iúta foi-me apresentada por Lester. Aqui está a elegância em exponencial. Lindo, meu velho, muito lindo.

pituco disse...

érico san,

piramidal...teu texto parece nos tornar íntimo de cada músico e sua arte aqui resenhados...muito bom!

não conhecia a pianista...pelo o que rolou no podcast, a concepção me soou um pouco chucruttes...mas,são lances de uma sonoridade de tempos distante, não é verdade???

abraçsons pacíficos

Érico Cordeiro disse...

Mestres Salsa e Pituco-boy,
O trabalho da Jutta é muito bacana - talvez mais cerebral que o de outros pianistas do bebop, mas ainda assim vale a pena.
E o Zoot come a bola nesse disco, ele é um cracaço!!!
Amplexos sonoros!!!

Celijon Ramos disse...

Valeu compadre por me apresentar o belíssimo piano de Jutta. E tu tens razão, Zoot está mesmo comendo a bola. Aliás foi mais um golaço teu. acho que foi de calcanhar!
Chamo a atenção para a capa do CD que muito lembra os temas de nosso saudoso Volpi.
Ah, ia esquecendo, vamos assistir no domingo à Infinity Jazz Band no teatro Artur Azevedo, certo?
Um excelente dia!

Érico Cordeiro disse...

Valeu, Compadre.
É isso aí, a capa lembra os trabalhos do Volpi, bandeirinhas de São João a tremular ao vento ateu.
E domingo, se Lucas, Davi, Bia e Guilherme deixarem...
Beijo grande prá todos!!!

Sergio disse...

Ah, a linguagem vai tão tosca quanto o dono, caráio, bom pá caráio esse disco. O conheci pela capa. Nem li o texto ainda. Jutta Hipp. Tenho-o-o na mais completa, concreta e sincera admiração, há séculos. Parabéns pela lembrança e obrigado. Me senti um entendedor do assunto. Vaidosin pra carái! Agora vamos ao texto.

em tempo: esse Attila Zoller fui eu que te falei 'primero' hein, seu Érico... Vaidosin pra carái 2 a missão! Agora falta o estudioso descobrir algo sobre a vibrafonista (esqueci o nome) que deu asilo a ele Zoller. Quem sabe as enciclopééédias Edú, Lester e Rafaelli não sabem de algo? Da misteriosa figora (haverá outra vibrafonista no vasto mundo jazz?) eu só tenho uma música. Aguardo ansioso, desta vez mais por mais informações sobre essa mulher, do que um disco completo.

Abrassônicos!

O Pescador disse...

Mr. Érico
Os meus agradecimentos pela apresentação deste membro da jazzus familius. Para mim, até à data, uma ilustre desconhecida.
Deixo-lhe uma sugestão para quando tiver um tempinho livre, esperando que caia fora do largo espectro de suas invejáveis fontes. Um músico que descobri há também muitos poucos dias e que me surpreendeu: Paul Horn e o CD "Something blue" (1960). Ouvi um tema numa estação de rádio norte-americana e corri a comprar o disco à Amazon's Grocery :-)
Saudações.

Érico Cordeiro disse...

Mestres Sônico e Pescador,
Grandes presenças.
Fico contente pela descoberta, meu caro Pescador - é incrível como o jazz é um estilo que, por mais que se ouça , há sempre algo de novo a conhecer!!!
Como, por exemplo, o Paul Horn (não tenho nada dele como líder, apenas sei que é um flautista ligado à Costa Oeste).
Pois é Seu Sonic-boy, você já tinha me falado do Zoller - e eu lembrei de você, porque tenho um disco de outro guitarrista húgaro, chamado Gabor Szabo (bem bacana).
Do Zoller nada tenho (talves como sideman, mas não é certeza).
Valeu - um grande abraço aos dois queridos amigoa!!

Sergio disse...

Hei, seu Érico, uma correção importante: quando disse tenho-o-o, poderia ser o disco, de fato, tenho ele, o disco. Mas o "o-o" foi porque me havia esquecido d q a Jutta é mulher. Então é "trenho-a-a", bla bla bla...
Fiquei a cata, antes de postar esse comentário, ao menos do nome da vibrafonista a música única q tinha está arquvada e catalogada. Mal, catalagoda pq não coloquei qualquier observação. Então o nome está perdido. Continuo a cata, agora até do nome...

Sergio disse...

perdoe a digitação acima na correria...

Érico Cordeiro disse...

Falou, Mestre Sonic, boy,
Você tem crédito na casa!!!!
Abração!

Maysa disse...

Caro Érico

Quando aqui venho, saio modificada,acrescida de sons e tons!Feliz!
Parabéns pela qualidade com que o Tema Jazz é tratado. Você é mesmo um craque.
Eu, peixinho fora d'água, fico espiando na margem e, aprendendo...
Como é bom ler seus textos,ouvir as músicas.
Aprende-se muito, sem dúvida, sente-se a beleza, e constata-se, pelos comentários aqui registrados, que essa confraria universal além de sadia é muito, muito alto astral
Abcs especiais para você e tb para seus comentaristas!

Maysa

Érico Cordeiro disse...

Prima,
Suas palavras me deixam comovido.
Obrigado pela presença e pelo enorme calor humano que você transmite.
Mas se o blog tem um charme, ele é todo de vocês, caríssimos amigos visitantes, que deixam aqui suas valiosas impressões, suas opiniões sempre muito interessantes.
Um blog sem leitores não existe, não é mesmo.
Felizmente, a nossa confraria é maravilhosa - fico muito orgulhoso de ter amigos espalhados por esse Brasil (e até lá fora, veja os amigos/embaixadores Paul, Pituco, além de tantos outros que vivem fora do país) e merecer deles o carinho e a deferência.
Obrigado mesmo e um abraço fraterno!!!!

fabricio disse...

Érico,
acabei de conhecer seu blog e é muito bacana encontrar um post sobre mulheres jazzistas. Passarei sempre por aqui.
Aproveito para convidá-lo a conhecer meu espaço, onde o foco é mais free jazz/improvised music.
abs,
http://freeformfreejazz.blogspot.com

Érico Cordeiro disse...

Caro Fabrício,
Seja muito bem vindo e fique à vontade - agregue-se à nossa confraria!
Vou visitar o seu blog e pôr um link aqui no jazz + bossa.
Um fraterno abraço e obrigado pelas palavras gentis!!!!

figbatera disse...

Parabéns por mais essa bela postagem.
E agradeço a remessa do Zeitlin.
Abração!

Gustavo Cunha disse...

beleza de sopro !
é Mr.Erico, aqui tá vitando ponto de encontro, ilustrações textuais, música de qualidade e gente que sabe das coisas ...

e fabricio, legal seu site, vou apontá-lo lá no CJUB também

abs,

Érico Cordeiro disse...

Grandes presenças dos amigos (e "festivaleiros") Guzz e Fig,
Pois é, aqui tá ficando cada vez melhor.
O barzinho virtual só não tem cerveja, mas bom papo e muita música eatão garantidos!!!
Abração!!!!

fabricio disse...

caros Érico e Guzz, obrigado pela recepção.
Vou linkar os blogs de vcs lá no meu. Apareçam.
abs, Fabricio

John Lester disse...

Prezado Mr. Cordeiro, bela homenagem a uma grande pianista do bebop.

E, prezado Sérgio, talvez a vibrafonista desaparecida seja Margie (Marjorie) Hyams, competente instrumentista do swing e do bebop que infelizmente nunca gravou como líder e, após o casamento, abandonou o jazz com 27 anos de idade.

Há alguns registros da moça no box The Complete Jazz at The Philharmonic on Verve 1944-1949 e no memorável Golden Years of Jazz, coleção admirável, com 3 caixas de 8 cd's cada uma. Vale conferir.

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Capitão John Lester, reserva moral e intelectual da nossa confraria, matando a charada sobre "the missing vibraphonist".
Perguntinha indiscreta: você possui as três caixas da série Golden Years of Jazz?!?!
Fabrício,
Ontem não pude dar uma passada na sua casa virtual, por conta de compromissos profissionais - mas agora mesmo tratarei de retribuir a visita e providenciarei o link. Obrigado pelas presenças - grande abraço aos dois!!!!

Sergio disse...

Valeu, mr. Lester. Mas de repente o nome veio inteiro na minha cabeça. É Vera Auer. E talvez vibrafone seja seu 2º instrumento pq ela tbm tocava acordion. Então agora temos duas vibrafonistas importantes no jazz.

Aí vai parte texto onde descobri a Vera - pesquisando sobre Attila Zoller.

Attila was born in Visegrad, Hungary on June 13, 1927. His father, a professional violinist and music teacher, taught Attila and his sister Anna-Maria, two years his senior, to play classical violin and piano respectively. Switching to flugelhorn for the high school band, Zoller became interested in jazz bass and guitar at age 18. When the Russians occupied Hungary after World War II, he abandoned his formal education and began performing professionally in the jazz clubs of Budapest. Three days before the Soviets were to "permanently" blockade the Hungarian borders in October of 1948, he journeyed on foot across the mountains to freedom in Austria, carrying only his guitar case filled with his instrument and a few bits of clothing.

Zoller was based in Vienna for the next few years and became an Austrian citizen. There he formed a jazz band with classical accordion prodigy Vera Auer, for whom he designed and built a vibraphone. Then the rapidly growing German jazz scene lured him further west. He rose quickly to pre-eminence as a member of pianist Jutta Hipp's combo and topped Germany's jazz guitar polls for nearly a decade. Also a talented composer, Zoller was presented with the 1962 German Bundespreis for filmscoring of "The Bread of Our Early Years."

O texto na íntegra está em:

http://www.vtjazz.org/about/attila.html

Grato!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

Fora de minha base em SAMPA(estou no Rio visitando meu segundo neto mais novo, HENRIQUE - o primeiro foi o LUCAS, nascido em SAMPA), ainda assim cumpro minha rotina de visitar seu espaço.
ZOOT é um dos "top" no tenor e, nesse disco, mostra todas as suas credenciais: swing em qualquer idioma!
Um discaço, que não possuo, mas que agora será devidamente re-ouvida algumas dezenas de vezes.
A "moça" é espetacular ! ! !
Mais uma vez e como já é obrigatoriamente hábito, PARABÉNS.

Érico Cordeiro disse...

Mestre Sérgio, o garimpeiro com cérebro de elefante,
Gostei de ver, lembrou da dita cuja Vera Auer, que não conheço, mas já tentarei providenciar um contato imediato do terceiro grau.
Caro Apóstolo, parabéns pelo nascimento do Henrique.
Que ele tenha muita saúde e ilumine a casa dos papais e dos vovôs, com muita alegria e felicidade (e que cresca apaixonado pelo jazz também)!!!
Obrigado pelas presenças e aos dois queridos amigos um grande abraço (e hoje o Lucas faz o seu primeiro mês!!!)

Andre Tandeta disse...

Erico,
interessantissimo post.
Nunca tinha ouvido falar dela mas gostei muito. Dona de um estilo que realmente lembra Horace Silver,mais pelo fraseado ,mas com uma sonoridade mais "aveludada",digamos assim. Sem duvida seus solos são bonitos e interessantes . Zoot Sims com a conhecida categoria e elegancia. Só não gostei do trompetista,um musico de nivel bem abaixo do dos dois lideres.
Abraço

Érico Cordeiro disse...

Mestre André (e, agora lembrei de outro Mestre André, coincidentemente, também versado nas artes percussivas - "Lá vem a bateria da Mocidade Independente, não existe mais quente, não existe mais quente...") Tandeta,
O jazz tem dessas coisas, acho que o Lloyd (só conheço essa gravação dele, mas talvez tenha algo com o próprio Zoot, Mulligan ou Stan Getz) tava meio inibido, pois sua atuação é bem discreta (mas ele contribui com a ótima Down Home, composição bem bacanuda!!!).
Agora o disco é muito bom, dá prá ouvir por horas e horas, dias a fio.
O Zoot é um lord inglês - elegância em estado puro, com uma enorme dose de swing !!!
Valeu, compadre!!!!

PREDADOR.- disse...

Pianista sensacional, que diga-se de passagem, me foi apresentada há alguns anos atrás por mr.Lester. Esse disco é simplesmente fora de série, me tornei um apreciador incondicional de Jutta, com seu toque "picado" lembrando muito John Williams, um pianista, que gosto muito e trabalhou com Stan Getz nos anos 50.Vale a pena também ouvir Jutta Hipp em um de seus outros trabalhos mais conhecidos, de 1956: "At The Hickory House", em dois volumes, trio com Peter Ind (b) e Ed Thigpen (d). Discos estes que me foram gentilmente presenteados por mr.Lester. Parabéns sr. Cordeiro por ter resgatado essa excelente pianista e pelo belo texto.Depois dessa vou ter que abandonar meu "detonador atômico"!

Érico Cordeiro disse...

Grande Mestre Predador,
Valeu pela presença e pelas dicas - também gostei bastante desse trabalho da Jutta (o único que possuo) e vou tentar descolar os trios.
Falando em pianistas, estou lendo a biografia do Chet Baker e há ali excelentes referências ao Dick Twardzik, como um pianista revolucionário e que tinha talento suficiente para escrever uma nova página na história do piano jazzístico.
Infelizmente, sua morte privou-nos de ver essa evolução e há poucos registros em seu nome.
Pergunto aos amigos viajantes se possuem algo do Twardzik, pois eu nada tenho e gostaria muito de conhecê-lo.
Abração, Mr. Predador!!!!!

Valéria Martins disse...

Grande Jutta!

Querido Erico, indiquei o seu blog como referência para o Muggiati divulgar nas aulas do curso e para o pessoal do POP consultar e ver outros blogs de Jazz, para divulgar o curso. O seu blog é muito bom! Obrigada pela generosidade. Beijos

Érico Cordeiro disse...

Cara Valéria,
Puxa! Fico honrado com a sua gentileza.
Por favor, mande os dados do curso, para que eu possa pôr um link ou um informativo aqui no JAZZ + BOSSA (data, horário, local, etc.).
Um fraterno abraço e muito obrigado mesmo!!!

Sergio disse...

Seu san, tá intimado! Se é q não conheces a conhecer o astro rei de minha última postagem. Mas conhecer sem preguiça, perfavore, please, pelamordedeus! Um absurdo esse pianista!

Abraços!

Érico Cordeiro disse...

Take it easy, my brother Sonic,
Take it easy, meu irmão de som...

Sergio disse...

Seu san, posso estar com 80!, meu eu moleque não morre. E q bom né? Mas ó, já consegui todas as sugestões aqui comentadas: Dick Twardzik "Complet Recording" com 20 faixas. Jutta Hipp "At the Hickory House vol 1 e 2" e Paul Horn "Something Blue"… Até agora só ouvi algumas faixas do pianista preferido do Chet. Há uma versão matadora de 'round about midnight' e um certo 'yellow tango', q me lembrou as 'brincadeirinhas' deliciosas do Kerry Menear da minha banda preferida, o Gentle Giant (a fotinho que identifica o sergio sônico, não me deixa mentir o quanto gosto do GG). Mas ainda não ouvi com a calma q o Twardzik merece. Há uns experimentalismos um tanto complexos tbm... a Jutta e o Horn tbm estão na espera.

Agora esse Hod O'Brien... Meu camarada... Ouve só pra tu ver o q q é bom pá tosse.

Érico Cordeiro disse...

Falou, Seu Mr. Sonic-boy,
Vou dar uma conferida no cara - vindo de você é concordância em GNG.
Quanto às demais pérolas, por favor, não se esqueça de mim, ok?
Abração!!!!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO CORDEIRO:

DICK TWARDZIK (Richard Twardzik, 30/04/1931 a 21/10/1955)estudou piano clássico com a mãe de Serge Chaloff, Margaret, mais tarde música e piano clássico na Long School of Music e no New England Conservatory of Music (onde também aprendeu e estudou harpa), iniciou-se profissionalmente em Boston com 14 anos (Serge Challoff, Herb Pomeroy, Charlie Mariano), tocou nas bandas de Charlie Barnet e de Lionel Hampton, foi contratado juntamente com o baterista Peter Littman por Chet Baker em 1955 (dai as referências de Chet sobre TWARDZIK).
Entre seus favoritos podemos citar Art Tatum, Bud Powell, Walter Gieseking e Vladimir Horowitz; foi, definitivamente, um "boper" com soluções harmônicas próprias.
Além das gravações citadas anteriormente no comentário do SÉRGIO, é interessante conhecer:
- The Fable Of Mabel;
- Minor Mode;
- Let's Jump;
- Richard Twardzik Trio (de 1954);
- Chet Baker Quintet (de 1955).
É possível ouví-lo como "sideman" de CHARLIE PARKER em gravação de 11/dezembro/1952 (sexteto complementado por Joe Gordon / trumpete, Bill Wellington / sax.tenor, Mingus/baixo e Roy Haynes/bateria), estojo "Bird" volume 11, direto do "Hi-Hat Club" de Boston, tema "I Remember April" com 10 minutos e 42 segundos.
Também com PARKER em 14/dezembro do mesmo ano, com a mesma formação e sem o sax.tenor, CD Uptown (quase 40 minutos), com 07 temas e no mesmo local, com apresentação do singular Symphony Sid.
Infelizmente DICK TWARDZIK deixou-nos muito jovem, vítima de overdose em um hotel na rua Saint Benoit.
Vale a pena ouví-lo ! ! !

Érico Cordeiro disse...

Caro Mestre,
Obrigado pelas dicas.
Fiquei bastante curioso para conhecê-lo - e agora mais ainda.
Uma tragédia a morte do Twardzik, que poderia ter sido um pianista muito importante no desenvolvimento do piano jazzístico.
Grande abraço!

José Domingos Raffaelli disse...

Érico,

Atilla Zoller morou algum tempo em Vienna, onde tocou e gravou com o tenorista Hans Koller e o incomparável Oscar Pettiford. Depois ele foi para New York, onde, em 1989, ouvi-o no quarteto do pianista Don Friedman, no Bradley's. Completaram o grupo Marcus McLaurine (baixo) e Jeff Williams (bateria). Zoller tocou bons solos, improvisando com desenvoltura e boas idéias.

Falando em músicos húngaros, não podemos esquecer do assombroso baixista Aladar Pege, que, inclusive, tocou no grupo Mingus Dynasty, com o qual gravou um LP ao vivo no Festival de Montreux, que foi editado no Brasil.
Aladar Pege possuía uma técnica tão fabulosa que mais de uma vez intimidou outros baixistas de jazz.

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli e suas valiosíssimas dicas,
Bom, o Aladar Pege não conheço - mas o pedigree o recomenda.
É um nome a procurar.
Do Zoller também não tenho nada como líder e já há algum tempo procuro um ou dois discos para me iniciar no seu universo - também é um músico altamente recomendado (tenho um disco do Gabor Szabo, muito legal, com o Ron Carter no baixo).
Abração!!!

José Domingos Raffaelli disse...

Caro Érico,

Uma curiosidade:

O craque-artilheiro húngaro Albert brilhou na Copa do Mundo de 1966, realizada na Inglaterra, comandando sua seleção ao derrotar a seleção brasileira, veio ao Rio após a competição para jogar dois amistosos pelo Flamengo, a convite do lateral esquerdo Paulo Henrique.

Entrevistado na TV-Excelsior e falando fluentemente inglês, ao ser-lhe perguntado para onde iria após deixar o Brasil, respondeu: "Vou a New York passar uns dias para matar as saudades revendo um grande amigo de infância, o guitarrista Gabor Szabo".

Transcrevi essa entrevista num livro de anotações, um vício adquirido há décadas para não esquecer de qualquer assunto que possa ser-me útil algum dia. Coisas de um velho escriba...

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Caro Mestre,
A Hungria tem uma tradição de grandes guitarristas - a música folclórica daquele país usa muito a guitarra (violão para nós) e é muito influenciada pela música cigana (outro celeiro de violonistas/guitaristas, vide Django, Birélli, Lollo Meier e muitos outros).
Grande abraço!!!!

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