Amigos do jazz + bossa

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O CRISÂNTEMO E O BAOBÁ


O baobá (Adonsonia digitata) é uma gigantesca árvore africana, da família das bombáceas, que pode alcançar até 30 metros de comprimento e seu frondoso tronco pode chegar a mais de 10 metros de diâmetro. Árvore típica das savanas e de regiões semi-desérticas, possui uma enorme capacidade de acumular água em seu interior, o que lhe permite suportar o calor inclemente de regiões tão inóspitas, e pode viver alguns bons milhares de anos.


É um dos maiores organismos vivos do planeta e seu porte majestoso faz com que seja objeto de adoração por parte de diversos povos africanos. Em uma das mais célebres passagens d’O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry narra as agruras do singelo principezinho ao tentar, inutilmente, livrar o seu minúsculo planeta de algumas dessas imponentes árvores – o protagonista chega a pedir ao aviador que lhe desenhe um carneiro para que este coma os baobás e, assim, possa se ver livre da praga.


O crisântemo (Chrysanthemum morifolium), por sua vez, é uma planta muito diferente, a começar pelo tamanho, pois mesmo as maiores das quase 100 espécies mal atingem um metro de altura. Trata-se de uma flor originária da China e cultivada ali há mais de dois mil e quinhentos anos, fazendo parte da mitologia local. No Japão, para onde foi levada por monges budistas, logo passou a ser usado como símbolo imperial.


Trazido ao ocidente no século XVII, por sua forma singela e de rara beleza, o delicado crisântemo se tornou enormemente popular e seu nome científico, extraído do grego, significa “flor de ouro”, podendo ser associado tanto ao amor quanto à amizade, de acordo com as tradições locais. Apesar de não requerer maiores cuidados, é uma planta que necessita de clima ameno e boa quantidade de água, sendo bastante improvável que consiga crescer em condições tão adversas quanto aquelas verificadas nas savanas africanas.


Na natureza, portanto, dificilmente se veria duas plantas de origem e compleição tão distintas convivendo em harmonia. Já na botânica do jazz, embora semelhante modalidade de simbiose possa até ser rara, existe um belíssimo exemplo que demonstra não ser impossível tal convivência – com inegável proveito para ambas as espécies. É o que ocorre no disco “East Coasting By Charlie Mingus”, onde dois dos maiores ícones do jazz reúnem seus colossais talentos pela primeira e única vez: Charles Mingus e Bill Evans. O baobá Mingus e o crisântemo Evans atuam aqui de forma tão harmônica e integrada que parecem ter sido feitos para viver juntos.


Em 1957, ano da gravação dessa pequena jóia para o selo Bethlehem, o enfezado Charles Mingus já era um músico prá lá de experiente e um respeitado compositor, vindo de trabalhos com os míticos Lionel Hampton, Charlie Parker, Red Norvo, Illinois Jacquet, Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Max Roach, Miles Davis, Bud Powell e Lennie Tristano. Passou algum tempo na orquestra de Duke Ellington, mas foi dispensado após uma homérica briga com outro rematado casca-grossa, o trombonista Juan Tizol. Nascido em 1922, em Nogales, no Arizona, e criado em Los Angeles, Mingus jamais deixou de trazer consigo a atmosfera agreste do lugar em que nasceu e criou uma das mais fabulosas obras do jazz, como músico, arranjador, band leader e compositor. Em seu currículo, composições sublimes (Goodbye Pork Pie Hat, My Jelly Roll Soul, Open Letter To The Duke) e discos antológicos (Mingus Ah-um, Pithecantropus Erectus, Blues And Roots) servem para dar uma pequena medida do seu incomensurável talento.


De personalidade oposta e sete anos mais novo que o líder, o introspectivo Bill Evans era, à época, um promissor músico iniciante. Nascido em Nova Jersey e graduado pela Louisiana University, Evans tinha um currículo bem menos alentado que o do contrabaixista. A rigor, somente tinha tocado, até então, com músicos de Nova Iorque, como o clarinetista Tony Scott e o guitarrista Mundell Lowe. Por ocasião da gravação de “East Coasting”, havia gravado um único álbum como líder, o “New Jazz Conceptions”, pelo selo Riverside, e o seu segundo disco, “Everibody Digs Bill Evans”, somente veria a luz do sol em 1958, ano em que também se juntaria a Miles Davis, com quem permaneceria por quase um ano. Dono de um fraseado lírico e de uma inesgotável capacidade de enternecer o ouvinte, Evans é considerado por muitos o pianista mais completo do jazz. Além de músico extraordinário, também é o compositor de alguns clássicos absolutos do repertório jazzístico, como “Waltz For Debby”, “Very Early”, “34 Skidoo” e “RE: Person I Knew”.


Para levar a cabo a empreitada, em um ano em que também deu ao mundo os seminais “The Clown” e “New Tijuana Moods”, Mingus convocou, além de Evans, alguns dos seus mais fervorosos colaboradores: o trombonista Jimmy Knepper (que haveria de experimentar, alguns anos mais tarde, a força dos poderosos punhos do chefe), o saxofonista Shafi Hadi, o trompetista Clarence Shaw e o indefectível Dannie Richmond às baquetas. São seis músicas, das quais cinco compostas pelo líder, além de uma emocionante releitura do standard “Memories Of You” (Blake/Razaf). No cd, relançado em 2005, existem takes alternativos de duas faixas.


“Memories Of You” abre o disco com um clima etéreo, com Knepper, Hadi e Shaw revezando-se em belos solos. Evans extravasa lirismo e sofisticação, fazendo o tapete harmônico para os metais em desfile. No aspecto composicional, é interessante notar que o vulcânico Mingus abre mão de sua habitual complexidade harmônica, presenteando o ouvinte com canções mais lineares (mas nunca óbvias), que demonstram a sua total reverência às tradições da música negra (blues, spirituals, dixieland, etc.). A faixa título evoca a influência de Parker, em um bebop com elevada dose de swing. Richmond exibe a sua competência de sempre e Knepper mostra porque é um dos trombonistas mais versáteis do post-bop. É emocionante ver o trabalho de Evans em um contexto tão bopper e perceber quão completo é esse músico fenomenal. O líder se permite atuar com uma invulgar discrição, limitando-se a fazer a marcação enquanto os demais músicos se esbaldam nos solos.


Com um início mais sinuoso, carregando nas tinturas de blues, “West Coast Ghost” é a mais mingusiana das músicas do disco. A disposição dos instrumentos, que vão se agregando aos poucos, com dissonâncias aqui e ali, mostra que além de compositor maior, Mingus era um arranjador soberbo e a algaravia dos instrumentos, que parecem dialogar a esmo, vai se costurando paulatinamente em torno do baixo. Lindos solos de Hadi, Shaw e Evans dão o complemento final a essa pequena gema sonora.


Na balada Celia, composta em homenagem à esposa, Mingus mostra que sabia ser lírico quando queria. Chama a atenção o majestoso entrosamento entre o piano de Evans e o naipe de metais, em mais um espetáculo de delicadeza e sofisticação melódica. “Conversation” é um blues assentado na força do tripé trombone-trompete-saxofone, com merecido destaque para a linha de baixo, que segura a onda com classe e robustez. Em outro tema puxado para o blues (“Fifty-First Street Blues”, cujo nome não nega a origem), quem se encarrega de manter a base harmônica é Richmond, com direito a viradas sensacionais, enquanto Hadi e Shaw dão um show à parte nos solos.


Trata-se, enfim, de um álbum maravilhoso, onde tradição e modernidade, vigor e delicadeza, linearidade e assimetria, cérebro e coração se equilibram de maneira quase poética. Aqui, o elevado senso harmônico/melódico do líder encontra guarida no seio de uma banda extremamente coesa e altamente dotada do ponto de vista técnico, criando assim um momento especial, onde os astros parecem conspirar para que tudo saia perfeito. Em sua transcendência, o jazz demonstra que mesmo à sombra do mais imponente dos baobás é possível colher-se o mais delicado e oloroso crisântemo.



*************************


PS.: Post dedicado ao amigo Caldas Góis Jr., uma figura humana extraordinária e um grande músico, que tem feito um trabalho hercúleo na divulgação da cultura e da música maranhenses (e que o Matraca Digital possa voltar em breve às nossas telinhas!).

62 comentários:

John Lester disse...

Prezado Mr. Cordeiro, meu comentário é dedicado a Euclides da Cunha, poeta matemático que descreveu tão bem seus sertões, nossos sertões. Pena que hoje em dia as pessoas prefiram Paulo Coelho à leitura.

Mais uma resenha saborosa vai desenhando o perfil do blog, cada dia mais parecido com um pé de macambira que, segundo vovô Acácio, "é para o matuto sequioso um copo d'água cristalina e pura".

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Lester,
É sempre um grande prazer tê-lo a bordo. Obrigado pelas palavras gentis. E o vovô Acácio é um sábio!
Afirmo-lhe que o jazzseen é fonte primária de inspiração e o paradigma de qualidade por quem procuro medir (não sabendo se consigo) os meus textos.
Um grande abraço!!!

Valéria Martins disse...

Interessante a metáfora. Conheço a obra do Bill Evans, tenho um Cd branco que gosto muito, pois é a elegre e leve. Já o Mingus, falta conhecer.

Beijos

Celijon Ramos disse...

Compadre, confesse. Estavas a fazer curso de ikebana às escondidas. Ou vai dizer que essa botânica toda é fruto das já distantes aulas do 2º grau. Talvez com Prof. Marcone. Há, há...
Mas, pensonalidade e música são tão indistintas nesse genial Mingus,que a imagem criada do baobá lhe fica bem. É, de certo, uma dureza, mas nada impenetrável e que não permita guarida e boa sombra aos que vicejarem sobre seu tronco. Mingus é esse músico de tamanho grande em talento e que permite a convivência com quaisquer outras boas plantas. Evans que o diga.

Celijon Ramos disse...

errata: personalidade

Érico Cordeiro disse...

É, compadre, não esqueci as aulas do nosso querido Marcone!!!
E tem também um aspecto interessante: além da sombra que ameniza o torturante calor das savanas, o baobá ainda dá um fruto bastante disputado e armazena água, que refresca e alivia a sede dos habitantes daquele inóspito lugar. É como vejo Mingus - apesar da robustez e da aparente impenatrabilidade, dali só podem vir alimento saudável, boa sombra e água em abundância.

Cara Valéria, seja bem vinda. Atreva-se a descobrir a personalíssima obra de Mingus, pois será uma experiência arrebatadora!!! Você não haverá de se arrepender nem um pouco.

Um afetuoso abraço aos dois queridos navegantes!!!

pituco disse...

érico,
analogia piramidal...como sempre.

o baobá encrenqueiro e o crisântemo imperial...florais terapêuticos do jazz...rs

fiquei aqui a imaginar outras relações flora-musicais...qual seria a espécime vegetal de miles davis?...hehehe

quanto ao projeto de se biografar nossos músicos brazucas...creio ser audacioso, no que diz respeito a tempo e disponibilidade de pesquisa...mas,não impossível.

é isso aí
grande abraçsonoro desse lado do planeta

Érico Cordeiro disse...

Caro Embaixador Pituco,
Você aí, tão próximo ao Trono do Crisântemo, conhece bem a importância desta flor na mitologia oriental!!!
As simbioses do jazz podem ser um bom tema pra uma futura resenha - aguardo sugestões. E os nossos músicos, se tiveres algo pronto, suplico-lhe que postes no seu blog - nossos ouvidos agradecem!!!!!
Um carinhoso abraço do lado de cá do mundo.

Sergio disse...

Caro Érico, sabe aqueles tempos de vacas gordas, ou, para adaptar a metáfora, fierira cheia? É a fase em que me encontro. Perseguia um lançamento de álbum do melhor baixista da geração precedente ao Mingus, Christian McBride & sua nova banda “Inside Straight”, álbum King Of Brown, homenagem ao Ray (saído do forno), disco q ouço mara-vilhado! enquanto escrevo aqui. Dele ainda veio a descoberta de um imenso vibrafonista! Warren Wolf... E aí q vim aqui só para acompanhar os comentários da postagem anterior, mas, eis q o incansável poeta das cornetas e vassourinhas não descansa nunca mais! rs. Pegou o gosto pela coisa blog... Enfim, novamente tive que interromper a leitura ecológica que fizestes de Mingus para acompanha-la no mesmo clima em que deve ter sido escrita. Ao som do álbum original.

Então pq venho por meio dessas? Lhe dizer que com tanto pescado na fieira, além dos seus 5000 álbuns aproximadamente, terás muito que ouvir e conhecer por aí... Preparo um banquete, meu caro.

Abraços! Logo volto com as impressões sobre o “East Coasting By Charlie Mingus já baixado no boníssimo blog Jazz Man, creio q do Pita. Não tenho certeza. Mas enfim... Vida longa ao Jazz + Bossa + Baratos Outros + Retorno + Grave + Tudo!

Érico Cordeiro disse...

"Alguém tem um espelho aí"? Troveja a voz de Maia, o Tim, o nosso Mingus, o nosso Sam Cooke, o nosso Marvin Gaye... What's going on, Mr. Sônico? Que avalanche sonora é essa que anuncias, qual um redivivo João Evangelista da boa música?
Aguardemos, pois... Ao som de muito jazz, é claro!!! E o McBride é muuuuuuito bom!!!

figbatera disse...

E lá vamos nós aprendendo muito e apreciando os sons que ora nos mandam do nordeste.

Érico Cordeiro disse...

E aí, Mr. Fig,
Tudo bem. Prazer em tê-lo aqui. Tem gostado dos discos? Espero que sim!!!!
Um afetuoso abraço!

Anônimo disse...

Amigo Érico,

Obrigado pela correcção. Infelizmente, o texto estava errado. O Niels Pedersen era fora de série. Mas será eterno na sua qualidade musical.
Sabes que os meus conhecimentos sobre Jazz são "uma pequena gota no oceano", comparado com os teus. Todas as biografias que coloco, arranjo por aí ( Last.fm, Club de Jazz ...).

Um grande abraço.

O Pescador disse...

Pois é Érico.
Cada vez que passo por aqui tenho de acrescentar mais um CD à minha lista de compras.
Os anos não passaram sobre este East Coasting. Permanece intemporal, como todo o legado musical de Mingus que continua a expressar alto e com raiva a sua dor. Um homem gigantesco mas cheio de fragilidades que o conduziram a anos de vida dissoluta.
Evans virou as suas fragilidades para dentro de si e da sua música.
Introspectiva...!!!
E como ficamos quanto a Miles? Uma roseira ou uma dedaleira? ;-)

Érico Cordeiro disse...

Caros Pescador e Miguel, duas visitas transatlânticas, aqui no JAZZ + BOSSA!!!! Que legal.
Amigo Miguel, não seja modesto - muito tenho aprendido ao acessar periodicamente o teu belo espaço virtual. Os blogs são assim: uma troca de informações constante e um permanente renovar de experiências.
Caro Pescador, não sei ao certo. Talvez Miles seja uma vistosa roseira, com flores lindíssimas mas recheada de espinhos.
Um fraterno abraço!!!!

Sofia Urko disse...

Caro Érico,
olá de novo! Bem só posso dizer que tudo isto é fabuloso, a saber, o texto, a descrição dos músicos e da sua música e a própria música, essa suberba! Convém não esquecer q 'i am just beginning'em relação ao jazz mas acho que tenho o mais importante que é uma terrível paixão, crescente a todo o momento..Obrigada pela qualidade do seu espaço que revela também uma grande generosidade, ao partilhar artigos com tanta qualidade, fazendo - nos todos um pouquinho mais felizes!!!Abraço
Sofia :)

Érico Cordeiro disse...

Puxa, Sofia,
Quanta gentileza!!! Fico envaidecido e emocionado. Só posso dizer que compartilho com você essa paixão pela música e que este blog é um espaço de compartilhamento - é aqui que divido com os amigos essa paixão.
Você é privilegiada por estar em Portugal, país que nutre pelo jazz um amor intenso e muito bem correspondido - afinal são muitos os festivais dedicados ao estilo aí na nossa pátria-irmã!
Aqui onde moro as dificuldades são tantas...
Dde qualquer forma, é muito bom saber que do outro lado do Atlântico há tantas pessoas que comungam dos mesmos gostos e que se emocionam com as mesmas coisas que eu!!!
Um afetuoso abraço!

Edinho disse...

Caro Érico , Como sempre ,textos belos para ótimos discos . Um Mingus tranquilo e mantendo o nivel, sem deixar cair a peteca... Como Você com discos que me tem postado.

Falei peteca ?!
É...TÔ ficando velho !
Abraços sonoros ,

Érico Cordeiro disse...

Pois é, seu Edinho.
Eu também sou do tempo da peteca!
Mas não se grile não (grilar?!!?).
Eu entendi a mensagem.
Um caloroso abraço!

Salsa disse...

Sérgio,
Esse é mais um discaço.Pra mais de metro. Mantenha-o tocando. Mingus é realmente da pá virada. Lembro-me de ter lido, na Downbeat, um escolacho que ele deu em Miles Davis por este ter menosprezado o trabalho de Brubeck. Se bem me lembro, creio que mandou Miles aprender a tocar ou algo assim.
Sérgio,
Esse Warren Wolf é um jovem parecido com Mike Tyson. Se sim, tive o prazer de ouvi-lo em Ouro preto no ano passado. Vou conferir nos meus alfarrábios.

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

Mas uma escolha "nota 11", amparada por belíssimo e bem cinzelado texto.
Parabéns ao JOHN LESTER por sua observação, feliz, sobre o tal de paulo coelho (sim, sempre com minúsculas ! ! !).
Siga ÉRICO, siga sempre, que BILL EVANS e MINGUS são coisa de gente grande. Os desenhos harmônicos de EVANS são puta beleza e conhecimento.
Grato pelos bons momentos....

APÓSTOLO disse...

Corrigindo:

Onde se lê "puta beleza e conhecimento", leia-se "pura e puta beleza e conhecimento".

Érico Cordeiro disse...

Mestres Salsa e Apóstolo,
É uma honra receber as suas ilustres visitas. Pois é, o que me chamou atenção nesse disco foi a presença de Bill Evans, acho que um dos três pianistas preferidos de quem gosta de jazz (os outros dois ficam a cargo do ouvinte - os meus são Bud Powell e Oscar Peterson) e, certamente, o mais lírico e confessional deles!!!
Um disco realmente especial, embora não seja enquadrado entre as principais obras de Mingus.
Um abração!!!

Sergio disse...

Salsa, não pode haver dois Warren Wolff tocando o mesmo quase exótico instrumento. Então se o de Ouro Preto q vc viu tocava vibrafone é ele mesmo. Um excelente músico, 2º o allmusic - a fonte dos preguiçosos - Warren tem um álbum solo e só: "Incredible Jazz Vibes" de, se não me engano, 2005. Se o viu em Ouro Preto, deve ter reparado q o cara tem a mesma idéia sua, descobrir novos standards. Há uma versão tão delicada, mas em puro jazz, quanto a original de "Overjoyed" (Steve Wonder) q está um arraso. Este álbum baixei no soulseek. O cara ainda é bem raro. Mas olha como é bom freqüentar os festivais. Vc, Salsa, literalmente, viu primeiro. Postarei os dois discos. O do Christian McBride e do Warren. Serão a próxima atração do sônico.

Agora, Érico Cordeiro e Salsa, ouvi o East Coasting By Charlie Mingus. Não tenho de cabeça a imagem de um crisântemo, são tantas, tão diversas e coloridas as flores, que nos confunde. Mas o baobá... mesmo em meio a selava amazônica, né?... Quem foi apresentado a um, jamais se esquecerá. Sem nunca querer ser injusto com o imenso mas naturalmente mais discreto Bill Evans, acho que até nessa relação, acertaste no milhar Érico. O Mingus pela maior exuberância física sempre se destacaria. Já os dois em ação, a relação é tão complexa quanto um ecossistema.

Para fechar eu poderia dizer, mantenha-se na humildade de um Cordeiro, Érico. Mas q tu é o cara, ah você é. Já o Lula é o carvalho! Entenderam o chiste, né?
Abraços!

James Magno Farias disse...

Mestre Molosso,
Adorei o simbolismo desse texto.
O talento e a genialidade de Bill Evans parecem coisa de outro planeta; o fraseado delicado e as texturas que ele construiu são um legado referencial para o jazz. E Mingus, com seu acolhimento fabuloso.
Viva Bill Evans! Viva Mingus!
forte abraço

Érico Cordeiro disse...

Mestre Sérgio e Molosso James,
quando pensei em resenhar o disco, foi essa a primeira imagem que me veio à mente. Um símbolo de força extrema e outro de delicadeza, vevendo harmoniosamente.
Que bom que vocês gostaram.
Um afetuoso abraço em ambos!!!!

Érico Cordeiro disse...

Argh! É "vivendo", por favor!!!! Erro tenebroso de digitação!

Sergio disse...

John Lester, Salsa, Pituco, James Magno, Apóstolo, Edinho, Sofia Urko, Miguel Ângelo, O Pescador, Olney, Celijon Ramos, Valéria Martins E QUEM MAIS VIER! Observem q me dei o trabalho de trascrever todos os seus nomes SÓ para convidá-los a visitar este blog:

http://blogdamartabellini.blogspot.com/

Nem é preciso dizer q quando virem do q se trata por lá, a maioria, se blogueira, acompanhará dona Martha em sua cruzada.

Fraternos e solidários abraços, nós q sofremos tantos achaques.

Érico Cordeiro disse...

Vou dar uma olhada, amigo Sônico.
Depois te dou o feedback. Abração.

APÓSTOLO disse...

Prezado SÉRGIO:
Visitei o blog e, mais uma vez com asco do que alí é retratado, tive a satisfação de encontrar uma cabeça pensante.
Viva o nosso BRASIL.

John Lester disse...

Amigo Sérgio, estive no blog e confesso que política, religião e sexo são temas que já enfrentei em minha sincera puberdade, com todos os excessos que a idade permite.

Não cheguei a aderir ao satanismo, com sua escrita em cor verde, nem pendurei posters de Che em minha parede, apenas a da Luíza Brunet.

Das leituras, conclusão que Calígula foi o mais honesto dos homens públicos. Deveria mesmo ser canonizado ou eleito senador de nossa república.

Inteligente a moça e, por mim, deveria escrever sobre jazz.

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Mestres Apóstolo e Lester,
Sobre a política, confesso falar cada vez menos e me indignar cada vez mais.
Sobre a excelência do texto de Miss Marta Bellini, assino embaixo do que disse o glorioso neto do Vovô Acácio: seria uma excelente aqquisição para o universo jazz-bloguístico!
Abraços a ambos!

José Domingos Raffaelli disse...

Caros correligionários,

Todos sabem que Mingus tinha uma língua ferina que atirava em todas as direções, sem importar-se com as conseqüências. Por essas e outras, foi chamado de "terrorista do jazz".

Entre inúmeras de suas declarações, mencionarei algumas.

- Não entendo como chamam de gênio o mediocre saxofonista Ornette Coleman, que nem sabe tocar a escala de Dõ no seu instrumento.

- Miles Davis vive criticando outros músicos, mas nunca deu-se conta dos seus próprios defeitos.

- John Lewis é um pianista e compositor negro metido a tocar como músico branco.

- Al Cohn e Zoot Sims são saxofonistas brancos metidos a tocarem como músicos negros.

Ao perguntarem-lhe o que pensava a respeito do baixo elétrico, na entrevista coletiva de 1974, no Rio, declarou:

- Um instrumento que não pode-se tocar com o arco, não pode ser chamado de contrabaixo.

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

John Lester,

Já que mencionou Paulo Coelho, com o que estou de pleno acordo, embora nada tenha a ver com jazz, num dos seus livros mencionou que trabalhou na antiga CBS por volta de 1978/79.

- Depois de três meses na CBS tratei de cair fora para não ser envolvido em falcatruas, pois lá todos roubavam, do presidente ao faxineiro.

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
se ele ficasse só nas palavras, já seria bem polêmico. Todavia, parece que também usava os punhos para dialogar e o pobre Jimmy Knepper que o diga.
Mas o Danny Richmond conta, no livro do Max Gordon, que o Mingus tomou uma senhora surra do também parrudo Oscar Pettiford (e muitos músicos vibraram, como se tivessem sido vingados).
Quanto ao Paulo Coelho, embora até goste de algumas de suas músicas (com Raul Seixas, Rita Lee e outros), confesso que nunca li nenhum dos seus livros. Talvez seja preconceito, não sei...
Um fraterno abraço!

José Domingos Raffaelli disse...

Érico,

Também nunca li livro algum do Paulo Coelho. Na verdade, esse livro e que me referi (foi-me presenteado por um amigo) foi escrito por uma amiga do Paulo Coelho focalizando sua vida e sua obra.

Quanto à surra de Mingus em Jimmy Knepper, quebrando-lhe um dente, este referiu-se ao fato em várias entrevistas acrescentando que voltou a tocar com ele algum tempo depois.
Quando tocou com o Mingus Dynasty, no II Festival de Jazz de São Paulo, em 1980, Knepper negou-se a falar sobre o assunto com meu saudoso amigo Armando Aflalo, que escrevia no Jornal da Tarde.
Dois anos depois, em 1982, vi/ouvi Knepper no Village Vanguard, com o fantástico noneto de Lee Konitz - noite inesquecível, sem dúvida. Foi quando o pianista Dick Katz contou-me um curiosíssimo entrevero ocorrido com ele tocando com o quinteto de Pettiford-Kenny Clarke, em 1956 - que contarei em outra ocasião.

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Em sua homenagem, em breve postarei algo sobre o grande Oscar Pettiford - provavelmente sobre o Montmartre Blues, de que gosto bastante.
Sinceramente, não gostaria nadinha de estar na pele do Knepper e sair no braço com o gigante (em todos os sentidos) Mingus...
Um fraterno abraço!!!

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Anônimo disse...

Finding the right sports books and bookmakers to use for your arbitrage sports betting can be a daunting task with the internet now they are everywhere. The list of crooked bookmaking sites that have helped part people with their money and robbed them of their winnings grows longer every day. Being enlightened about this all sports bettors should do their due diligence before signing up with any bookmaker and be sure of their reputation as well as their guarantees on return of winnings. Almost all sports betting sites will have reviews so read them before making your decision on which one you go with.
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Another way of identifying the best sports betting odds is to examine the money lines on the various sports books online. The quickest and simplest way to understand how to compute the odds and comprehend how the money line bet works is to take into consideration the amount of money one would have to bet in order to win one hundred dollars. Normally this figure is shown as a negative and a positive with the negative number indicating what one must wager to win x amount of dollars and the positive showing what one would win.
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So you are based in the United States and worried about your money and current situation, right? If so, there is one thing that you should do right away in order to protect yourself. Close down your account, and switch your funds over to an offshore or overseas service. Not only will this ensure that you are doing everything legally, but you will also be able to keep your money safe. If you are like a lot of players you may have quite a bit of money in your online gambling account. Do you want to lose all of that if something happens? It is better to be safe than sorry in this case.

Another important subject I must briefly refer to is "catch-up" staking. If you find that you need to employ this tactic regularly, it means three things: (1) your Selection System sucks, (2) you haven't got a clue about what constitutes a proper Staking Plan, and (3) you have turned your chances of regularly and quickly losing your Base Bank to a 100% certainty!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Fred Monteiro da Cruz disse...

Amigo Érico..
Do alto (ou seria melhor "do baixo"?) da minha "baobânica" inocência jazzística, de criança (intelectualmente falando, bem entendido, afinal estou na "Route 65" faz seis meses para finalmente começar a rodar em dezembro na famosa "Route 66"), tenho lido seus maravilhosos textos com a atenção do aprendiz e a curiosidade que sempre me moveu. São aulas seguidas do mais puro devotamento à Música e à História do Jazz.. Rapaz, com toda sinceridade, eu não sabia que precisava tanto disso.. Dentro dessas parcas 24 horas do voltar diário dos ponteiros, gostaria muito que me sobrassem ao menos 2 por dia para dedicar-me com afinco ao estudo do Jazz.. O problema é que o Pai lá de cima já me botou como "spam" nos pedidos para "esticar meu dia" umas horinhas mais.. Fazer o que? Continuar vindo aqui sempre que posso, sentar na minha carteira, abrir meus ouvidos e aprender com o Prof. Érico.. Quem sabe na próxima encarnação eu consiga acompanhar melhor as aulas, hehehe... grande abraço e muito obrigado por mais essa aula!

Érico Cordeiro disse...

Caro Fred,
Só hoje vi seu comentário - pois esse pedido das duas horinhas a mais (no meu caso seriam só pra ouvir mesmo, porque talento pra tocar algum instrumento não tenho mesmo) no dia eu também fiz e acho que caiu lá na caixa de spam do Homem!
Grande abraço!

Anônimo disse...

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