Amigos do jazz + bossa

sexta-feira, 19 de junho de 2009

LEALDADE: UMA HISTÓRIA DO DETETIVE EDDIE EVANS NA CIDADE DO PECADO


“Sentimental Journey”. Até o final da música, a agulha irá percorrer exatos 9 minutos e 59 segundos. Nenhum a mais. Nenhum a menos. Já conferi umas duzentas vezes. Sento na velha poltrona e rememoro, ainda um pouco trêmulo, as últimas 48 horas. Não dormi um segundo e não quero dormir enquanto o grande Jackie estiver rolando na vitrola. “4, 5 and 6”, um grande disco. Posso esperar mais nove minutos e cinqüenta e nove segundos pra pregar o olho. Posso esperar a bolacha rodar inteira.
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Meu nome é Edward “Eddie” Evans e sou um tira. Não, não um tira qualquer, sou um tira de Nova Iorque. Essa é a minha cidade. Por seus esgotos imundos trafegam todas as coisas degradantes que o homem já concebeu. Prostituição, drogas, roubos, assassinatos, corrupção – aqui é o paraíso do pecado. A Grande Maçã. A cidade que nunca dorme, mas que embala seu esqueleto podre ao som do jazz. Minha função é tentar tirar uma pequena parcela da escória das ruas e colocá-la na cadeia. Às vezes, não dá pra guardar tanto lixo atrás das grades – e é nesse momento que eu faço meu serviço com mais prazer. Pode me chamar de fascista, mas é assim que as coisas funcionam. Já vi sujeira demais pra ter ilusões românticas.

Ned Cassidy era um bom tira – bom pai de família, ficha exemplar, foi meu parceiro durante quatro anos na 81 DP. Não teve a menor chance... Seis tiros. Pistola automática – provavelmente uma Browning 9mm, mas o resultado da autópsia só sai na semana que vem. Não interessa. Eu jurei que o bastardo que fez o serviço ia pagar caro. 48 horas. Sem pregar o olho. Em Nova Iorque você pode saber qualquer coisa, basta ter dinheiro ou contatos – ou ir buscar as informações à bala. Um tira honesto não tem dinheiro nem contatos. Não tive muita opção. Mal Waldron conduz a melodia com a classe de sempre – é um mestre. Jackie tá na capa fumando um cigarro e eu acendo um em sua homenagem. Já vi o cara dezenas de vezes, mas prefiro a fase dos anos 50. Prestige. Um grande disco.

O jazz é a minha religião. É a única coisa que existe mim e a insanidade absoluta que habita em cada beco mal-cheiroso dessa cidade. O Village Vanguard e o Birdland são meus santuários particulares e seus palcos, os altares profanos a quem dirijo minhas preces. Jackie emenda um solo, eu dou uma tragada e viajo com ele. Lembro claramente que desci a 7ª Avenida, cruzando a Rua 42. Passava das duas horas e ninguém com um mínimo de juízo ousa trafegar por ali nesse horário – mas eu não tenho juízo algum.

Encosto o carro, engatilho meu Smith Wesson 38 – ele nunca engasga, ele nunca trava sozinho, ele é infalível – e chamo o “Rato”. Doug O’Malley, o “Rato” é um traficantezinho irlandês que às vezes me serve de informante. É um bandidinho de quinta, tá na base da cadeia alimentar, mas quando se mata um tira, tem sempre alguém que vacila e entrega o serviço. Doug tem um ouvido espetacular pra essas coisas, mas se for visto conversando com um tira vai dar um passeio pelo Rio Hudson com um belo par de botas de cimento. Eu faço de conta que compro um papelote, entrego 20 dólares a ele e peço apenas um nome. Ele regateia e eu mostro o 38. O som sai abafado, quase inaudível: Jimmy Chan.

Jogo a fumaça longe. “Why I Was Born?” – título apropriado pra uma canção. Faz pensar. Não cheguei a conclusão alguma, mas me mandei pra Chinatown. Um bairro que é um inferno. Gente à beça. Carro à beça. Crime à beça. É difícil entrar lá e, mais ainda, sair vivo de lá. Jimmy Chan é o pior inimigo que alguém poderia ter. É influente, tem ligações com todo o submundo e é um dos quatro ou cinco sujeitos mais violentos de Nova Iorque. É um sádico – já vi o trabalho dele algumas vezes. Ned mandou ele pra cadeia há uns oito ou dez anos. Fraude fiscal. Um sujeito que matou mais de vinte pessoas foi preso por fraude fiscal. Passou três anos em cana e quando saiu estava muito mais poderoso do que quando entrou. Tem uns quarenta tiras na folha de pagamento e mais uns cinco vereadores, dois promotores e um juiz. Não ia ser nada fácil.

Tenho um amigo em Chinatown, mas entrar ali às quatro da manhã ia ser suicídio – e eu não tava a fim de morrer antes do Jimmy. Parei em uma lanchonete próxima, comi um hamburger com cerveja e esperei. Sete horas da matina. Muita gente na rua, mas um cara como eu chama atenção ali. Donald Byrd manda ver um solo fantástico em “Contour” e eu agora me vejo entrando na loja do meu chapa Li Cheng. Foi o melhor aluno da academia de polícia da sua época e o melhor instrutor que já tive. Tá aposentado, mas mantém embaixo do balcão uma espingarda calibre 12 e uma Magnum 357, só por precaução. Ninguém mexe com ele e ele não mexe com ninguém. Mas Ned também era amigo dele. E ele sabe o que eu tô fazendo ali.

A gente não conversa muito. Tudo o que eu quero saber é: quando, onde e quantos. Jimmy não anda com menos de quatro guarda-costas. Todos chineses e leais até a morte. Não dá pra pensar em uma estratégia de infiltração. Vou ter que esperar o melhor momento e fazer uma abordagem direta. Li coloca a placa de “Fechado” na porta da loja e me conduz por um corredor estreito, claustrofóbico. A gente sai em uma lavanderia, do outro lado do quarteirão. O QG do Jimmy fica a menos de 10 metros dali, do outro lado da rua. Li me tranqüiliza – os caras da lavanderia não viram nada, essa é a lei por aqui. Uma limusine preta tá parada na porta do Jimmy. Provavelmente blindada. Dois caras entram na frente. Jimmy entra logo em seguida e um outro carro, com mais dois caras, segue a limusine. Quatro capangas. Não vai ser nada fácil.

Levanto e viro o disco. Rezo pra que alguém invente um disco de um lado só – esse negócio de trocar o lado do disco é um saco! Pego uma Bud e ouço Parker emendando um “Confirmation”... Não, não é Parker, é o velho Jackie. Jackie é o herdeiro do cara, não tem jeito – já vi ele fazer isso ao vivo. Art Taylor e Doug Watkins segurando a onda. São 48 horas sem dormir. Eu e a cidade. Mas vai ter uma hora em que eu vou ter que parar. Ela não. Ela não pára. Nunca. Fico escondido num quartinho, no segundo andar da lavanderia. Se alguém desse com a língua nos dentes, eu ia dançar bonito. Não ia ter nem tempo de pensar. Essa possibilidade me deixa alerta. Li aparece de madrugada. Tá armado. Provavelmente, duas pistolas. Não fala nada, só acena de leve com a cabeça. Chegou a hora.

A limusine tá parada na rua deserta. Escuro. Todas as janelas que dão pra rua estão fechadas. Tem alguma coisa acontecendo. Jimmy é temido, mas não respeitado. Os caras daqui têm medo e ódio dele, mas nenhum respeito. Ele já estuprou e matou muita gente por aqui. Li sabe disso e acionou seus contatos. Ninguém vai mexer uma palha pra ajudar o Jimmy. Ninguém sabe de nada. Ninguém viu nada. Tem um monte de gente querendo dar o troco e isso é uma ótima notícia pra mim. Tudo que a gente tem a fazer é entrar na fortaleza do cara, enfrentar cinco sujeitos armados até os dentes e terminar o serviço.
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“When I Fall In Love”, outra tijolada. O olhar de Diane me acompanha enquanto eu desço a escada pela última vez. “When I Fall In Love”, outro título emblemático. Não vai acontecer de novo. Não nasci pra essas coisas. Eu penso em Diane algumas vezes, mas vou passando muito bem sem ela. Exceto quando a chuva cai e em Nova Iorque chove à beça. Sacudo a cabeça, tomo outro gole e volto a lembrar do que aconteceu, quadro por quadro.

O cara que tava na portaria caiu fácil, fácil. Descuidado. Excesso de confiança. Uma faca fez o trabalho em segundos – o cara nem teve tempo de estrebuchar. Li sempre foi muito bom com essas coisas. Conseguimos entrar sem problemas. Um corredor estreito e chegamos na sala. Uma mesa grande, com vestígios de cocaína e algumas garrafas vazias. Bom sinal. No chão, duas vagabundas dormem abraçadas. Nuas. Engatilho o 38 e sigo adiante. Um dos seguranças, meio bêbado de sono e álcool, aparece do nada, bem na minha frente. Lento, muito lento o babaca. Tive tempo de mirar antes de apertar o gatilho. Cento e tantos decibéis de chumbo e pólvora explodem na cara do sujeito. Mas a surpresa tava acabada.

Um farfalhar metálico começa a aumentar e o som vem da minha direita. É uma Uzi. Israelense. Uma boa arma, mas não tem muita precisão. Sorte minha. Li já está a postos e dou uns dois tiros só pra distrair o sujeito com a Uzi. Ele não cai na minha armadilha. Sabe que eu não estou sozinho. Ele pára e começa a gritar. Outra rajada, bem alta – provavelmente é uma Thompson. Pedaços da parede voam em minha direção. Eu tô protegido por uma coluna mas não vejo o Li. Dou mais três tiros e recarrego a arma. Agora são três caras atirando em minha direção. O Jimmy tá bem perto. Pausa no tiroteio e as duas vagabundas passam correndo. Não vejo o Li, mas ele se manifesta. Dois tiros e um dos caras cai. Mais dois tiros e a Thompson se cala. Só resta o Jimmy.

Dou um salto e fico bem próximo ao corredor de onde vinham os tiros. Cautelosamente, dou alguns passos. Tem alguma coisa na minha frente e percebo que são os pistoleiros do Jimmy. Imóveis. Li deixou o caminho livre pra mim. Sinto algo zunir bem perto do meu ouvido esquerdo. Me abaixo no reflexo e a parede onde eu estava encostado recebe dois petardos. Um segundo e minha cabeça teria ido pro espaço. Li faz um sinal – ele tá atrás de mim e eu volto pro começo do corredor. Dou a volta e saio por um pequeno pórtico. Li capricha na fuzilaria. Usa seu arsenal pra distrair o Jimmy enquanto eu dou a volta. É muito tarde quando o canalha percebe o truque: já tá na minha mira.

Vinte anos passam em meus olhos em um segundo. Vejo um desajeitado Ned tentando segurar a xícara de café, enquanto entra na viatura. Vejo o cadáver mutilado de uma garota chinesa, morta por Jimmy porque não quis sair com ele. 16 anos. A família não ajudou na investigação, mas todo mundo sabia quem tinha feito o serviço. Dou um único tiro. Preciso. Como um solo de Jackie. A cabeça do bastardo pende para o lado e depois pra trás. Eu nem me viro pra olhar a queda. O rastro de sangue e miolos deixado na parede diz tudo que eu preciso saber. Li não abre a boca, apenas sacode a cabeça e mostra a saída. Não vai aparecer nem nos jornais. No máximo, uma notinha sobre um enfarte sofrido pelo próspero comerciante chinês Jimmy Chan. Eu não me importo. Fiz o que tinha que fazer.

Eu sou um tira de Nova Iorque. Edward “Eddie” Evans. Essa é a minha cidade. Minha função é tentar tirar uma pequena parcela da escória das ruas e mandar pro xadrez. Às vezes, não dá pra guardar tanto lixo na cadeia – e é nesse momento que eu faço meu serviço com mais prazer. Hoje eu tô muito feliz. Não precisei mandar ninguém pra cadeia. Essa é a minha cidade e agora eu vou dormir ouvindo o velho Jackie. Tô acordado há 48 horas. Na vitrola, os últimos acordes de “Abstraction” anunciam a manhã que já chegou.


************

PS.: Post dedicado ao novo amigo (e xará) Érico Peixoto que, entrincheirado no blog alternarte, dispara certeiras rajadas de inteligência e sensibilidade contra a banalidade e a mediocridade que assolam os nossos olhos e degradam os nossos ouvidos – espero que Chandler e Hammett também façam a sua cabeça.

25 comentários:

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

Se o texto é seu, parabéns !
Se é tradução ou adaptação de terceiro, parabéns !
Jackie primoroso em um tema exepcionalmente lindo.
Siga sempre, por mais que fique, como "Eddie" Evans, 48 horas sem dormir, regiamente compensadas pelos 9'59" de McLean.

edú disse...

Prezado Érico,
Essa resenha não seria prejudicada se tb fosse dedicada a Raymond Chandler e James Ellroy. Abraço

pituco disse...

érico,
piramidal esse conto 'noir'.

pra engatilhar(sem trocadilhos)os improvisos de mr.mclean à leitura.

parabéns e obrigadão.
amplexosonoros desse lado do planeta.

Érico Cordeiro disse...

Caros Apóstolo, Edú e Pituco,
Prazer em vê-los!
Na verdade eu estava meio receoso em postar esse conto, pois poderia não se adequar ao "espírito" do blog. James Ellroy, James M. Cain (de O destino bate à sua porta) e Rubem Fonseca também são grandes influências!
Não obstante, acho que a literatura noir tem muito a ver com o jazz e acabei postando.
Confesso que estou bastante ansioso quanto à repercussão junto aos amigos, mas já fico bastante contente em perceber que vocês gostaram.
A ação se passa no início dos anos 70 - situei o Eddie Evans na caótica Nova Iorque pré "tolerância zero". Afinal, qual o glamour pode haver no submundo de uma cidade em que o sujeito pode ir preso por jogar papel de bala no chão?
Acho que outras histórias virão em breve.
Obrigado pela receptividade (creio que o conto pode ser enquadrado como "baratos outros" - rs, rs, rs).
Um fraterno abraço!

Celijon Ramos disse...

Sublime. 14:25h de hoje. Hora do almoço. Sozinho. Texto e narrativa superam por muitos todas melodias e harmonias que nele apontam. Consumidas, uma por uma, letras e músicas com sons imaginários que escorrem da boca com um riso.Depois da sobremesa, um macio pudim de leite e um refrescante suco de abacaxi com hortelã, Já posso valtar ao trabalho, pois agora sei que o livro logo logo vai chegar.

Érico Cordeiro disse...

Caro Celijon,
Sua poesia em forma de prosa me emociona. Que bom que você gostou do conto - tinha um certo pudor quanto à viabilidade de sua postagem, mas agora estou tanqüilo.
Um grande beijo e bom apetite!!!!!

figbatera disse...

Caramba, Érico, estou surpreso e maravilhado!
A princípio tb estranhei um pouco o "desvio" ao espírito do blog. Mas, ao final, entendi.
Um conto sensacional; não dá pra despregar os olhos da tela do primeiro ao último segundo, ansioso pelo desfecho.
Agora vou prestar mais atenção nas músicas...
Parabéns!

Érico Cordeiro disse...

Grande Figbatera,
Temia que os ares de Rio das Ostras o tivessem feito esquecer dos amigos - mas felizmente estava enganado.
Seja bem vindo à casa e, por favor, não "desapareça", ok?
Obrigado pelas palavras gentis. Fico muito contente que a receptividade, até agora, tenha sido positiva. O detetive Eddie Evans já se prepara para viver novas e emocionantes aventuras - tudo isso ao som de muito jazz!!!!
Um caloroso abraço!!!

Salsa disse...

Prezado Érico,
A sua verve literária já se anunciava em seus textos sempre bem articulados. Não me surpreendo tanto com seu trabalho - já esperava algo assim. O casamento jazz/literatura já rendeu bons frutos e o seu texto é mais um.
Parabéns.
Também gosto da fase 50 do Jackie.
Abraços,

John Lester disse...

Prezado Mr. Cordeiro, quando o livro virar filme, sugiro que, no roteiro, troquemos a pistola Browning 9mm automática por uma semi-automática: na automática os tiros saem muito rapidamente, quase que todos de uma só vez. Prefiro seis tiros compassados, dois a dois, na cabeça, no coração e na bexiga.

Podemos também revelar ao público que Jimmy Chan é irmão de Chan Parker, esposa de Charlie. Jackie o substituiu no primeiro encontro do casal.

Thompson com Uzi no mesmo tiroteio? Isso me soou como um tiroteio entre Al Capone e o Robocop. Na dúvida, se eu estivesse lá, ficaria com o 357 Magnum, sem pestanejar.

Parabéns pelo excelente texto e desculpe as brincadeiras. Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Caros amigos,
Ante a polêmica suscitada por Mr. Lester, esclareço:
1 - A autópsia no corpo do detetive Nat Cassidy revelou que ele foi morto com tiros de uma Walther PPK/S .380, alemã.
2 - A Thompson usada pelo glorioso Chang Shi (é, bandido também tem nome e sobrenome) é um modelo da década de 60, com pente e não o célebre tambor, tão característico de filmes de gângster como Bonnie & Clyde.
3 - A perícia revelou que a Uzi foi fabricada na própria China (o nosso tenebroso Jimmy Chan já começava, ali na década de 70 a introduzir na sua pátria um costume que, posteriormente se popularizaria bastante).
4 - Jimmy Chan NÃO É irmão do Charlie Chan que dividiu os estúdios com Miles Davis, Sonny Rollins, Tommy Flanagan e outros, para a gravação do "Colector's Item".
Caros Salsa e Mr. Lester, obrigado pelas palavras gentis. Fico bastante honrado e me alegra o fato de terem gostado.
Escrevo esse comentário ao som de Carmell Jones (com direito a um solo extraordinário de Jimmy Heath nesse exato instante na faixa Dance Of The Night Child), no disco Jay Hawk Talk.
Um fraterno abraço!!!!!!!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO CORDEIRO:
Apenas para "ajustar" os componentes das gravações de PARKER como "Charlie Chan".
Em 30/janeiro/1953 o sexteto gravou com PARKER (sax-tenor), Miles Davis (trumpete), Sonny Rollins (sax-tenor), Walter Bishop, Jr. (piano), Percy Heath (baixo) e Philly Joe Jones (bateria). Os temas gravados foram "Compulsion", "The Serpent's Tooth" (1 e 2) e "'Round Midnight", Foram pouco mais de 26 preciosos minutos lançados em CD Prestige, série "Collectors' Items".
No mesmo ano de 1953 (15/maio) e no famoso "Jazz At Massey Hall" (rotulado como "The Greatest Jazz Concert Ever"), Toronto/Canadá, a formação foi com os "monstros" PARKER (sax-alto), Gillespie (trumpete), Bud Powell (piano), Mingus (baixo) e Max Roach (bateria). As faixas foram "Perdido", "Salt Peanuts", "All The Things You Are", (em que Billy Taylor alinhou no piano substituindo Bud Powell), "Wee", "Hot House" e "A Night In Tunisia".
O lançamento original foi pelo selo de co-propriedade de Mingus ("Debut"), mais tarde distribuido pela Fantasy ("Original Jazz Classics"), com texto do encarte por Bill Cross.
Assim, Tommy Flanagan (um mestre das 88 teclas) não esteve presente nessas gravações e jamais teve oportunidade de gravar com PARKER.
Pelos comentários postados em sua história (excelente ! ! !), com certeza teremos "O Livro".

Érico Cordeiro disse...

Caro Apóstolo,
De fato, o pianista que acompanha Parker e Davis na sessão de 30/01/53 é Walter Bishop. Tommy Flanagan acompanha Davis na sessão de 16/03/56, já sem a presença de "Charlie Chan". Acontece que eu confiei na memória (nem todo mundo pode ter uma igual à do Mestre Raffaelli). Agora, com o cd nas mãos, vejo o equívoco e louvo a sua precisão e memória (é memória mesmo ou é um HD de 1 terabyte?)!!! Ia, como se diz, passar batido.
O cd Colector's Items é maravilhoso, com Parker tocando, como não era comum, um sax tenor. Pena que sejam só quatro músicas e pouco mais de 25 minutos com a presença luminosa de Bird!!!
Quanto ao Quintet At Massey Hall, confesso que não o escuto muito - a qualidade gravação não está à altura dos gênios envolvidos - muito baixa e cheia de ruído (talvez só o Rudy Van Gelder prá dar um jeito na remasterização, rs, rs, rs...).
Postagem feita ao som de Au Privave, no disco Smithville, do maravilhoso Louis Smith, com Charlie Rouse no tenor e Sony Clark no piano!!!!!!
Obrigado pela dica e um fraterno abraço!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:
Não possuo boa memória e frequentemente volto a escutar e a rever as anotações relativas às gravações (o que sempre me proporciona novas e renovadas horas de prazer).
Ocorre que Mestre LULA e eu escrevemos em conjunto um livro sobre PARKER ("CHARLIE PARKER - Glória Musical, Abismo Pessoal), no momento em análise por editora para futura publicação.
Nesse livro listamos ano a ano todas as gravações comercialmente disponíveis de PARKER (a 1ª entre maio e novembro de 1940 em Kansas City, solo a capela de "Body And Soul" precedido de breve introdução do clássico de "Fats" Waller "Honeysuckle Rose" e a última em uma 5ª feira, 03/março/1955, no apartamento de Dick Meldonian em New York, em que ensaia escalas para temporada de 02 noites que iniciou no "Birdland", no dia seguinte - 6ª feira 04/março/1955).
Assim, de memória nada, mas de registros de PARKER todos.

Érico Cordeiro disse...

Caro Apóstolo, perdoe-me o atraso na resposta, pois estive, até agora, preso a compromissos afetivo-familiares-juninos (quem conhece o Maranhão sabe que arraial é coisa muito séria e quando tem bumba-meu-boi mais ainda!).
Fiquei bastante curioso e também animado com a perspectiva de um livro editado em português, escrito por duas autoridades em jazz, sobre o grande Charlie Parker.
Torço para que ele seja lançado o quanto antes, pois tenho certeza de que foi escrito com muito carinho e, sobretudo, muito respeito à memória desse músico extraordinário e aos futuros leitores.
Um fraterno abraço e muito obrigado pelas intervenções. Você, como é praxe entre os cejubianos, somente enriquece e abrilhanta este blog.

James Magno Farias disse...

Mega, hiper, super, ultra molosso,
depois eu fiquei pensando que a única coisa que me preocupa nessa sua revelada e sensacional veia literária é o risco do direito perder um grande talento para a literatura; antes apenas a musical, agora um tipo noir.
Mas se tu atenderes meu pedido por uma releitura intimista de kind of blue acho que minha preocupação será amenizada rssss.
Parabéns, adorei o texto.
forte abraço de fã,
James

Érico Cordeiro disse...

Super Hiper Mega Top Molosso Plus,
Essa sua preocupação é infundada. A não ser que me baixe o espírito de um Paulo Coelho e eu escreva um livro que venda tanto quanto O Alquimista e eu possa antecipar em algumas décadas a minha merecida aposentadoria. Como o Paulo Coelho ainda está vivo, vai ser difícil que esse espírito baixe, logo...
Quanto ao Kind Of Blue, eu ainda estou pensando - já te dissse que acho muita areia pro meu caminhãozinho, mas tenho um amigo que mora em Nova Iorque e que talvez aceite o encargo.
Um grande abraço!!!

Sergio disse...

Grande Érico, apreciei muito o policial noir mesclando, no teu estilo todo próprio a apresentação do disco do Mclean - q não tinha! Por causa disso, baixei, não só "4, 5 and 6" como "Let Freedom Ring" e ainda o "New & Old Gospel", fora os excelentes, cujos nomes me escapam, q já tinha... Enfim, de Jackie Mclean estou sobrando...

Aqui NO Jazz+Bossa... é isso, né?, minha vinheta predileta tem q ser acionada: "winwenders e aprendenders!

But, contudo, todavia... Tbm, respondi teu último comentário me indicando o Lucky Stryke lá no sônico e o Salsa + o Lester, sem querer, me deram uma idéia.

Please, vá de novo no texto - e comentários da postagem do Charles Fambourg – ali logo de início, tem um link para um álbum “New York Stories” espetacular do guitarrista Danny Gatton. Conheces?

Esse gênio é praticamente desconhecido. Por isso estou aqui te indicando em caráter emergencial. A história do homem tbm é muito sinistra. Enfim, se votares lá e ver texto e comentários de Lester + Salsa e clicares o link, necessariamente nesta ordem, entenderás tudo.
Abraços!

Érico Cordeiro disse...

Caro Sônico,
Do Donny Gatton não possuo nadica de nada, só ouvi falar. Nesse exato instante, parto em busca de novas informações no garimpo virtual e riquíssimo de Mr. Sônico.
Ah, que bom que você gostou do conto.
Em breve creio que teremos mais aventuras do nosso Eddie Evans.
Abração!

anA_By the river... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Alô Érico! Parabéns pelo teu trabalho. Estou aprendendo a gostar de Jazz. A música faz muito bem!

Frutuoso

Érico Cordeiro disse...

Caro Frutuoso,
Que prazer vê-lo aqui no JAZZ + BOSSA. A semana passada foi super, hiper, ultra complicada prá mim, envolvido com mil atividades.
Esta semana não está sendo menos intensa (prá teres uma idéia, estou fazendo um curso no tribunal, de hoje até sexta, e amanhã ainda vou dar uma palestra lá, a partir das 15:00 - estou terminando de preparar a apresentação).
Peço mil desculpas por não ter podido te dar mais atenção, mas espero que você me perdoe, ok?
Quanto ao jazz, é um verdadeiro vício: prepare-se para ficar horas e horas só ouvindo essa música maravilhosa.
Seja muito bem vindo e um grande abraço. Um beijão nas meninas e, quando puderes, vai ao Balacobaco, onde o meu amigo Salsa faz apresentações de primeiríssima, salvo engano às terças-feiras.
Volte sempre e sempre, pois a casa é sua!!!!

Érico Peixoto disse...

Grande Érico!

Primeiramente, devo dizer que é uma honra ser citado em um post seu, mais ainda quando este é a mim dedicado. Sim, sou um apreciador de histórias de detetives, romances policiais e filmes noir. Tanto Raymond Chandler quanto Dashiell Hammett proporcionaram-me ótimos momentos de leitura. O interessante é que, de uns anos pra cá, dediquei pouco tempo a esse gênero literário, mas devo admitir que seu conto despertou-me novamente para obras afins. O meu interesse nunca foi embora, contudo encontrava-se latente. Voltei a procurar obras assim. E digo mais: continue a escrever, mesmo. Tens um excelente domínio sobre o gênero, um estilo apreciável e louvável, fluido e esteticamente admirável. Gostei demais. Produziu algum outro conto com o personagem "Eddie" Evans? Se não, deixo-lhe a sugestão de continuar desenvolvendo uma obra com base neste conto, em que o personagem se apresenta. Não tenho dúvidas que outras ótimas narrativas surgirão daí, caso continue elaborando a saga deste detetive. Comentarei mais em breve. Grande abraço e sucesso! E, mais uma vez, obrigado pela lembrança!

Érico Cordeiro disse...

Grande Érico,
Agradeço as palavras gentis. Sou um grande admirador do seu estilo, extremamente inteligente, claro e muito bem humorado.
O Eddie Evans está de recesso (estou começando a escrever outro conto, mas dei uma "travada").
Espero que ele possa aparecer mais vezes por aqui.
Um afetuoso abraço!!!!

Anônimo disse...

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