O garotinho esperto e atento tinha apenas cinco anos quando foi assistir, juntamente com os pais, a uma apresentação de Lionel Hampton. Terminado o concerto, o vibrafonista, que à época comandava uma das mais festejadas orquestras do jazz, presenteou o pequeno com um par de mallets (“baqueta em cuja extremidade há uma forração em tecido, normalmente feltro, gerando um som assurdinado à percussão da bateria e também usado na percussão do vibrafone, xilofone e tímpano”, conforme ensina o mestre Mario Jorge Jacques – in: Glossário do Jazz. Ed. Biblioteca 24x7, São Paulo, p. 310).
O nome do garoto era Roy Ayers e alguns poucos anos depois ele próprio se tornaria um dos mais importantes vibrafonistas da Costa Oeste. Esse músico nascido em Los Angeles no dia 10 de setembro de 1940, tem uma história de vida curiosa: nasceu em uma família altamente musical (a mãe era professora de piano e o pai era trombonista) e embora o presente de Hampton tenha, de alguma forma, definido a sua trajetória musical, somente aos 17 anos Ayers começou o aprendizado do vibrafone.
Antes disso, aprendera piano com a mãe e continuara a educação formal na Thomas Jefferson High School (onde estudaram, entre outros, Dexter Gordon, Art Farmer e Ed Thigpen). Também tocava guitarra, flauta, trompete e bateria. Outra curiosidade é que a suas maiores influências musicais, no vibrafone, são o estiloso Milt Jackson e o versátil Bobby Hutcherson, de quem foi aluno nos anos 60.
Não demorou muito para que o talentoso garoto, criado na área de South Central, reduto da música negra de Los Angeles, se estabelecesse como um dos mais completos e talentosos vibrafonistas da costa oeste. Profundo conhecedor do idioma jazzístico e da música negra em geral, o jovem Ayers, durante a década de 60, tocou com Teddy Edwards, Curtis Amy, Chico Hamilton, Jack Wilson, Hampton Hawes, Phineas Newborn e Leroy Vinnegar.
Entre 1965 e 1966, Ayers integrou a orquestra de Gerald Wilson e entre 1966 e 1970, graças a uma indicação do baixista Reggie Workman, foi convidado a integrar o grupo do flautista Herbbie Mann. Com este, Roy gravou diversos discos e excursionou, virtualmente, pelo mundo inteiro. Além disso, o vibrafonista mudou-se para Nova Iorque, fato que teve grande impacto sobre a sua carreira e sobre a sua forma de encarar a música.
Três anos antes de se reunir a Mann, Ayers gravou talvez o seu melhor álbum de jazz, chamado simplesmente de “West Coast Vibes” (United Artists). Gravado durante o mês de julho de 1963 e produzido pelo crítico Leonard Feather, o álbum foi o primeiro de Ayers como líder e contou com as presenças de Jack Wilson (piano), Bill Plumber ou Vic Gaskin (baixo) e Tony Bazley ou Kenny Dennis (bateria), além da participação de Curtis Amy (sax tenor e soprano) em algumas faixas.
Trata-se de um disco soberbo, com um líder capaz de transitar com igual desenvoltura por todas as correntes do jazz (bebop, hard bop, West Coast, soul jazz e até avant-garde), sem esquecer a influência do blues, do R&B e de outras manifestações da música negra norte-americana. Esse intimidade transparece logo na faixa de abertura, “Sound And Sense”, uma composição do próprio Ayers, com um pé fincado no blues e o outro na soul music, com direito a solos estonteantes de Curtis Amy, que participa apenas de cinco faixas. Amy, diga-se de passagem, é um dos grandes responsáveis pela sonoridade incomum do álbum – seu sopro é viril e agressivo nas faixas mais funky e extremamente melodioso nos temas mais relaxados.
Esse saxofonista texano é uma espécie de unsung hero do jazz, diretor musical da banda de Ray Charles por muitos anos e capaz de tocar com jazzistas de escol como Onzy Matthews, Gerald Wilson, Frank Strazzeri, Bobby Hutcherson, Victor Feldman e Kenny Barron, ao tempo em que emprestava o seu talento e sua versatilidade para astros da música pop como The Doors, Marvin Gaye, Carole King e Art Garfunkel.
Grandes momentos também nas releituras tipicamente west coaster dos standards “Days Of Wine And Roses”, de Henry Mancini e Johnny Mercer, e “It Could Happen To You”, de Johnny Burke e Jimmy Van Heusen. Em ambas, destacam-se a fluidez do vibrafone de Ayers, pagando tributo ao mestre Milt Jackson, e o piano swingante e inventivo de Wilson, habitualmente um pianista reservado e econômico (daí porque é reconhecido como um dos mais completos acompanhantes da história do jazz).
Em “Reggie Of Chester”, de Benny Golson, e “Donna Lee”, de Charlie Parker, quem dá o tom é o bom e velho bebop. Na primeira, Amy imprime um colorido todo especial às harmonias dardejantes concebidas por Golson, produzindo um solo extraordinário. Na segunda, a presença iluminada de Bags e Powell conduz as atuações de Ayers e Wilson, cada um mais audacioso e cheio de idéias que o outro.
“Ricardo's Dilemma”, também composta por Ayers, é outro momento sublime – seu andamento é tipicamente uma valsa, mas com elementos de blues, lembrando os melhores momentos da third stream feita por craques como Modern Jazz Quartet e Dave Brubeck. O elegante sax soprano de Amy, aliado ao solo devastador de Bill Plumber, são dois pontos altos desse tema, mas é o solo etéreo e altamente complexo de Wilson quem merece as maiores loas.
O produtor Leonard Feather contribui com a balada “Romeo” e Wilson, exercitando seu lado composicional, presenteia Ayers com a funky “Out Of Sight”. A abordagem extremamente moderna desta última, sobretudo por conta das intervenções de Amy, lembra as intrincadas viagens sonoras que Coltrane e o seu quarteto estavam fazendo á época. Um tema arrojado e cheio de alternâncias harmônicas, no qual Ayers pode exibir toda a sua habilidade e capacidade de improvisação, com grandes momentos também do suporte rítmico proposto por Bazley e Plumber.
Mais um standard, “Young And Foolish”, onde sobressai o vibrafone delicado de Ayers, e uma releitura deliciosa de “Well You Needn't”, de Thelonious Monk encerram o set do disco original. Duas faixas bônus (“Now's The Time” e “Perhaps/Cool Blues”, ambas de Charlie Parker e extraídas do álbum “Vi Redd's Bird Call”, de 1962), complementam o cd. Em ambas, Roy Ayers (vibrafone), Vi Redd (sax alto e vocais), Carmell Jones (trompete), Russ Freeman (piano), Leroy Vinnegar (baixo) e Richie Goldberg (bateria) compõem o time.
Em 1970, já estabelecido em Nova Iorque, Ayers se lançou em uma bem sucedida carreira solo, abandonando o jazz tradicional em prol de uma linguagem calcada no fusion, na soul music, no funk e no R&B. Fundou a banda Ubiquity, por onde passaram nomes como Ron Carter, Sonny Fortune, Dee Dee Bridgewater, Billy Cobham, Omar Hakim e Alphonse Mouzon. Compôs hits que alcançaram o topo das paradas de R&B, como “You Send Me”, “Everybody Loves the Sunshine” e “Running Away”.
Ainda nos anos 70, Ayers compôs trilhas para o cinema, como a do filme “Coffy”, clássico da chamada blaxploitation, estrelado por Pam Grier. Em 1979, excursionou com o multiinstrumentista Nigeriano Fela Kuti (com quem gravaria o disco “Music Of Many Colors” no ano seguinte) e em 1981 lançou “Africa, Center Of The World”, álbum profundamente influenciado pelas experiências vividas no continente africano.
Chamado de “Padrinho do Acid Jazz”, suas composições foram sampleadas por diversos nomes dessa corrente, do R&B e até mesmo do rap, como Mary J. Blidge, A Tribe Called Quest, Dr. Dre, Madlib e Public Enemy. Em 1993 participou do projeto Jazzmatazz, ao lado do rapper Guru, além de ser presença constante em álbuns de artistas ligados ao rap, ao pop e ao R&B, como a banda Nuyorican Soul e as cantoras Vanessa Williams e Erycah Badu.
Seu envolvimento com outras vertentes da música negra implicou em um abandono quase que total ao jazz – Ayers participou de álbuns do ex-patrão Herbbie Mann e de James Moody e chegou a gravar alguns disco no clube Ronnie Scot’s, nos anos 90 – mas sua discografia e seus concertos são focados na música pop, com a habitual mistura de soul, funk e R&B. Se tal opção deu-lhe fama, dinheiro e, certamente, um público bastante numeroso, por outro lado “West Coast Vibes” demonstra que Roy é – e sempre foi – um músico talentoso e criativo. Infelizmente, tornou-se o vibrafonista que perdeu as graças do jazz – espera-se que não para sempre.
47 comentários:
Opa, cheguei primeiro. Não sei se tenho algo de Ayers (se tivesse, eu lembraria), pois não sou muito chegado no vibrafone. Isso não significa que eu não reconheça o bom músico que ele é. Gostei do som. Valeu, Érico.
É isso aí, Mr. Salsa,
E o som do cara é muito maneiro, cheio de groove.
Mas ele resolveu ganhar dinheiro e aí deixou o jazz de lado!!!!
Fazer o que?!?!
Abração!
Érico, por acaso um dos preferidos no meu MP3 ultimamente é justamente a trilha de "Coffy". Adoro a sua mistura perfeita de "groove" e soul sussurrado, algo que costumam chamar de "lounge" por aí. O jazz, em essência, não aparece tanto no álbum, mas, ainda assim, Ayers mostra todo o seu talento e virtuosismo. A quem quiser, eu recomendo. Mas já avisando que, definitivamente, não é para puristas!
Grande abraço a todos!
Grande IendiS,
Prazer em tê-lo a bordo.
Pois é o trabalho do Ayers, a partir dos anos 70, é totalmente calcado no R7B, soul e pop. Também transitava pela disco music e pelo funk com alta intimidade.
Não conheço a trilha sonora do filme Coffy, mas agora fiquei curioso. Gosto muito da trilha do Superfly (Curtis Mayfield) e do Shaft (Isaac Hayes). Se tiver essa pegada, tá bom demais.
Abração!!!
Muito maneiro o som.
É bacana o vibrafone. Agora eu não conhecia esse cara, mas ja da pra saber que é fera mesmo.
Aqui, pinta sempre só som casca grossa.
Valeu Erico.
amplexos fumegantes
Grande HYJ,
Seja muito bem vindo, meu caro!
Pois é, o Ayers acabou não ficando tão conhecido no mundo do jazz porque direcionou seu trabalho pro pop e pro R&B (seus discos da época eram bem posicionados nas paradas e ele vendia bastante).
Valeu a presença, compadre!!!
Muito som e um abração pra você!!!!
Prezado Mr. Cordeiro, há certos dias em que me pergunto: haveria o jazz sem o vibrafone?
Pois é: há quem toque jazz com gaita de foles (bagpipe) e há quem toque samba com caixa de fósforo.
Curiosamente, nunca me perguntei se haveria jazz sem corneta.
Grande abraço, JL.
érico san,
sonzaço swingado pacas esse do ayers...valeô a dica
talvez já conheças,de qualquer maneira segue dica com mr.burton tocando 'chega de saudade'...outro fera do vib.
http://www.youtube.com/watch?v=5Qm8yaDvBuA
agora,
que mal há um bom músico optar por conceptos mais...digamos...assimiláveis?
no meu entender, tudo azul e tudo blues...sem essa de condenações.
abraçsons pacíficos
Grandes Lester e Pituco,
Bom, se o jazz poderia ou não existir sem o vibrafone, eu não sei, mas pense na quantidade de jazzistas que saíram das orquestras de Lionel Hampton e aí dá prá ter uma idéia (Dexter Gordon, Arnett Cobb, Illinois Jacquet, Wes Montgomery, Dizzy Gillespie, Johnny Griffin, Betty Carter...).
Bom e o seguro-desemprego prá Milt Jackson, Red Norvo (de onde saiu Mingus), Bobby Hutcherson, Gary Burton, Cal Tjader??? Ia sair caro!!!
Seu Mr. Pituco, nada contra "um bom músico optar por conceptos mais...digamos...assimiláveis". O Herbbie Hancock fez isso - e muitos outros. O ruim é quando o sujeito abandona completamente jazz - pô, a gente fica com gostinho de quero mais, né? E sem recriminações, apenas lamentações (rs, rs, rs).
Abração!!!!
Érico,
Estava eu em New York, em Julho de 1998, para cobrir o JVC Jazz Festival, quando uma tarde decidi dar uma espiada no Central Park, onde se apresentariam alguns conjuntos menos conhecidos (algo como new stars rising).
Após passar por alguns palcos onde tocavam vários conjuntos que eu não conhecia e nem sabia quem eram os músicos, caminhando em busca de outros grupos tive uma baita surpresa ao ver Roy Ayers tocando com nosso Ed Motta. Parei para ouví-los e a música rolou por uns 30/35 minutos parecendo que eles se entendiam muito bem. Foi a única vez que vi/ouvi Roy Ayers ao vivo.
Keep swinging,
Raffaelli
O sr.Cordeiro tem uma grande vantagem dentre os blogeiros do jazz: "mata a cobra e mostra o pau(êpa!).Apresentou as coisas boas de Ayers até 1969(eu concordo plenamente), como também as não boas, quando diz: "Em 1970, abandona o jazz em prol de uma linguagem calcada no fusion, na soul music, no funk e no R&Blues....opção que que deu-lhe fama, dinheiro...infelizmente tornou-se o vibrafonista que perdeu as graças do jazz...". É aí que a vaca vai p'ro brejo. Radical como eu sou, não quero ouvir o sr.Roy Ayers, dos anos 70 em diante, nem com reza brava. Com relaçao aos textos, acredito que cada um tem seu estilo de escrever a abordar os assuntos, mas, procurem, senhores "comentaristas de jazz", apresentar os dois lados da moeda: façam igual ao sr.Cordeiro, mostrem a fase jazzistica e a fase da "porcariada" de cada músico. Não inventem, nem escondam as suas "mazelas"(deles músicos), com textos rebuscados e enganadores. É isso!
Um belíssimo contraste: a doçura do Mestre Raffaelli e a veemência do Mestre Predador - quanta honra contar com tão ilustres visitas.
Ao primeiro, digo que um dos meus sonhos de consumo é ver o vozeirão do Ed Motta em um contexto jazzístico, interpretando standards do jazz e do blues, com uma banda acústica de primeira linha (já imaginaram um time com Christian McBride, Al Foster, Pat Martino, Terence Blanchard e Brad Mehldau?).
Ao segundo, não é que eu ache que caras como Ayers, Hancock, Hubbard façam porcariada, apenas não curto tanto as suas respectivas fases pop/fusion/R&B.
Aliás, como disse antes, gosto muito do trabalho de caras como Marvin Gaye, Curtis Mayfield, Isaac Hayes, etc. Mas confesso que gostaria que o Ayers continuasse a trilhar as veredas jazzísticas - tem um swing espetacular e poderia fazer ainda muita coisa boa!!!!
Abração!
"Amy imprime um colorido todo especial às harmonias dardejantes concebidas por Golson, produzindo um solo extraordinário."
Esse é meu amigo, Érico! É por isso q não me atrevo, senão a dizer sobre música e músicos: "esse é muito bom, já este é mais ou menos"... Pra falar com essa autoridade sobre como a música se desenvolve e é interpretada, aí deixo falar quem sabe e ponto final.
Agora, quando em intuição comparaste Coffy com o Shaft (mais instrumental) e o Superfly, na mesma vibe, acertou em cheio. Tbm aprecio muito o R&B/Funk, mas realmente o Ayers abusou de se proliferar em álbuns sem a menor importância. Daí a condena-lo... Sei lá, dinheiro é bom e eu tbm gosto. Só não sei se, já o tendo em boa monta, me venderia a um diabo de executivo de colarinho branco e rabo de seta apontando pra mim.
É isso aí, seu Mr. Sonic-boy,
Concordo em GNG.
Dinheiro é bom, mas às vezes o preço desse dinheiro é muito alto!!!
E o sonzinho do Ayers é tão bacanudo - deixa a gente com vontade de ouvir mais do mesmo!!!
Valeu, Seu Sônico!!!
Eu curto muito o som do vibrafone; e adorei as faixas aqui postadas.
Valeu, Érico!
Grande Mr. Fig,
Pois é, acho que só o Capitão Lester não curte lá muito um vibrafone, não é mesmo?
Bom, em Pinheiro City, 20h00.
Deixa eu voltar prá Saint Louis que "vou estar anteciPando" o disco prá você, ok?
Abração!!!!
Cara, esse blog tá muito foda!
Com as escolhas pessoais do editor, Sr Érico, e aquelas que - suponho eu - ele escolhe pela grande repercursão que o músico tem, o Jazz+Bossa tem sido um dos principais blogs, ao lado do Jazzseen, que estão enriquecendo o acervo de biografias na malfada "net jazzística brasileira"!!!
Roy Ayers é um dos meus artistas preferidos de soul-jazz e jazz-funky, música negra dos anos 60 e 70 e etc....
Muito bom deparar com essas informações colhidas, trabalhadas, talhadas por esse jazzófilo tão apaixonado que é Mr Érico.
Valeu!
érico san,
influenciado por esse teu post,tô ouvindo vibraphonistas pacas...alguns que já tinha e outros que baixo pela internet.
os duos com mr.burton são bacanudos, não é verdade?
tá rolando aqui com mr.corea...e com sr.piazzola e ozone-san(mas, aí já não é jazz?...ou é?)
abraçsons pacíficos
post scriptum...o artista no geral é diversão pública,apesar da responsabilidade sobre essa sua missão...é isso aí.
Prezado Érico,
Como sempre, você ilustrou literariamente seus textos com o conhecimento e a versatilidade da sua pena (arcaica palavra em desuso para realçar os escritos de um homem de letras).
A orquestra de Lionel Hampton foi um celeiro de astros em embrião, incluindo Charles Mingus (sua composição "Mingus Fingus" foi gravada por Hamp), Kenny Dorham, Benny Harris, Nat Adderley, Clifford Brown, Art Farmer, Jimmy Cleveland, Gigi Gryce, Quincy Jones, Clifford Solomon, Clifford Scott, Oscar Estell, o fantástico Jay Peters e o incomparável Fats Navarro. Tenho um CD gravado ao vivo (provavelmente pirata) em que a orquestra literalmente explode em ebulientes interpretações, incluindo uma longa improvisação de Navarro em ponto de bala que contagiou os músicos da orquestra e o público.
Betty Carter tem um scat vocal em andamento supersônico fazendo jús a seu apelido da época "Betty Bebop" e o trompetista Duke Garrett, o rei dos superagudos, mostra a razão do "seu trompete sair fumaça" quando atacava o final dos temas com seus agudos impossíveis.
Há anos tocou no Rio o trompetista Riley Mullins, cujo ídolo era Fats Navarro. Quando contei-lhe sobre o solo de Navarro no referido CD (do qual jamais ouvira falar), não descansou enquanto não ouviu o disco e pedir que o gravasse em cassete (não havia gravador de CD na época). Sua cara estampava felicidade e seus olhos brilhavam quando dei-lhe o cassete com a gravação. Não parou de agradecer-me, como se houvesse recebido o maior presente que ele poderia desejar.
Um adendo: você mencionou Onzy Mathews. O saxofonista brasileiro Claudio Queiroz (mais conhecido como Cacau) integrou a orquestra que Mathews liderou na França nos anos 90.
Keep swinging,
Raffaelli
Grandes e queridos mestres Pitta, Pituco e Raffaelli,
Sejam bem vindos à bordo. Ao primeiro, agradeço as palavras gentis - o Farofa Moderna é e será uma das minhas mais confiáveis fontes de inspiração e consulta.
Pituco, muito bom gosto na escolha das audições. R tudo é jazz (tenho o Burton e Piazolla em Montreux, que é muito bacana - além disso, adoro o Summit, do Piazzola com o Mulligan - excelente!!!!).
Mestre Raffaelli, como sempre, ministrando uma aula magna sobre a história do jazz - ele que é a mais abalizada das testemunhas oculares dessa história. Um dos grandes celeiros de craques, a orquestra de Hampton - influente até os dias de hoje, pois o que ele e seus músicos fizeram a 50 ou 60 anos ainda repercute e influencia as novas gerações. Obrigado, mestre!!
Um abraço fraterno a todos!!!
É, caro Érico: win wenders e aprendenders... O que é o Curtis Fuller Quintet - Blues-Ette II? Que som de edredom, my friend! Do 1 eu já sabia, aula prática de jazz pros ouvidos. Aí ontem, correndo atrás do excelente baixista Ray Drummond, o vejo citado aqui, se não me engano na postagem de Curtis Fuller, e aí dá-se a valiosa informação! Win Venders, aprendenders e anotanders!
Só mais uma coisinha: Ray Drummond tem pelo menos um discaço, cheio de stylo, com o vibrafonista herdeiro quase nato de Hutcherson, Steve Nelson que é arrasador! Nome do petardo? Ray Drummond Quintet (Camera In A Bag) Criss Cross 1989. Haja tempo pra tanta descoberta, seu Érico.
Mr. Seu Sonic-boy,
Por obséquio, ponha na cestinha virtual ambas as preciosidades mencionadas, ok?
A Reco Records é a melhor gravadora de jazz do universo de todos os tempos e com o melhor cast também.
Viva a Reco Records!!!!!!
Abraços fraternos, meu caro!
Érico,
Um adendo referente a Lionel Hampton.
Não esqueçamos que, em 1953, por suas fileiras também passaram o saxofonista Anthony Ortega (considerado pelos músicos da banda o mais pirado jazzman de todos) e o grande baterista Alan Dawson, que psteriormente lecionou no famoso Berklee College of Music.
Em 1956, Hampton revelou o pianista Oscar Dennard, que causou grande sensação entre músicos e conhecedores, sendo considerado a grande revelação do piano desde Art Tatum. Para termos uma idéia do cartaz de Dennard entre os músicos, numa enquete promovida por Leonard Feather na edição de 1958 da sua Jazz Discography, o autor solicitou a cerca de 50 músicos que apontassem os melhores e a maior revelação do ano. Resltado: 86% votaram em Oscar Dennard como maior revelação.
Entretanto, por ironia do destino, Dennard gravou apenas um disco em seu nome, falecendo em 2002 praticamente esquecido.
Keep swinging,
Raffaelli
Érico,
ERRATA;
Perdoe meu erro. Oscar Dennard morreu em 1959, não em 2002, como informei no post precedente.
Moral da história: nunca deve-se confiar na memória, especialmente um ancião como eu....
Keep swinging,
Raffaelli
Mestre Raffaelli,
O baterista Alan Dawson é um dos ídolos do Tandeta, nosso craque das baquetas.
Quanto aos mencionados Anthony Ortega e Oscar Dennard, confesso a minha ignorância, mas fiquei curioso para conhecer suas respectivas obras (ser o sujeito mais pirado do jazz, quando a concorrência tinha Phlly Joe Jones, Art Pepper, Sonny Clark, Chet Baker, Charle Parker e outros tantos é realmente uma façanha).
Abração!!!!
Prezado ÉRICO:
Solcito o favor de enviar seu endereço eletrônico (vulgo "email") para "apostolojazz@uol.com.br".
Agradeço antecipadamente e parabéns por colocar em órbita esse instrumento tão maravilhoso, quando em mãos e cérebro corretos (tipo, digamos, MILT JACKSON).
Valeu a presença, meu caro Mestre Apóstolo.
Assino embaixo: nas mãos de gênios como Hamp ou Bags o vibrafone é um instrumento de rara beleza.
Um grande abraço!!!!
Esse manancial não acaba jamais. O vibrafone e logo todo mundo resolver lembrar e homenagear os grandes mestres. Missão cumprida. Valeu mesmo!
Agora, sobre a resenha de Augusto Pellegrini:
É isso aí mesmo o que disseste no soblonicas. Espero que o festival se consolide. Ademais, foi bom mesmo o show da Infinity Jazz Band. Aproveitei e coloquei duas músicas no GCast que são do disco For the love of Jazz de Jim Howard III. Espero que ouça e goste.
Um abraço!
Seu Mr. Compadre,
Valeu pela presença.
Vamos torcer para o crescimento do festival!!!
E o show da Infinity Jazz Band foi muito bom - legal ver tantos jovens tocando jazz.
O Jim Howard III toca um trompete de primeiríssima - fiquei curioso para ouvir os discos e conhecer melhor o seu trabalho.
Abração!!!!
Pois é, grande mestre. Cá estamos novamente. Mais uma vez venho agradecer a força presente em suas sempre ótimas palavras. Creio que as nuvens tempestuosas se foram, deixando espaço e energia para os textos que estão por vir. Muito obrigado pelo comentário! São coisas assim que me fazem seguir.
E você, como sempre, a brindar-nos com seus sempre excelentes escritos. Meu Deus, não me lembrava mais do Roy Ayers! Culpa do Milt Jackson, que acabou por ser um dos poucos vibrafonistas a polarizar minhas atenções nos últimos anos. Ótimo disco, o indicado. E fascinante a história de infância do rapaz, não? Imagino que, se eu passasse por situação semelhante, não teria paz interior até dominar o instrumento, tornando-me real merecedor do presente.
Um grande abraço e até a próxima!
Caro Xará,
É um grande prazer tê-lo de volta na blogsfera.
Seja bem-vindo e que de agora em diante você possa continuar a sua belíssima jornada em defesa do belo, da arte que nos comove e sem a qual nossas vidas seriam horrivelmente entediantes!
Quanto aos vibrafonistas, acho que o trabalho do Bobby Hutcherson deve ser ouvido com atenção, sobretudo os seus discos para a Blue Note, nos anos 60.
No mais, é seguir a lição do grande Walter Fanco: o importante é manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo.
Abração!
Erico e Raffaelli,
quem tambem esteve na banda de Lionel Hampton foi Nat Adderley e mais tarde Jimmy Owens,ambos trompetistas. E ha uma excepcional entrevista ,com Owens como entrevistador e Adderley como entrevistado em:
http://www.nypl.org/research/sc/scl/MULTIMED/JAZZHIST/jazzhist.html
IMPERDIVEL!!!!
Abraço
Mestre Tandeta,
Bem-vindo a bordo.
Grande Nat Adderley, irmão do queridíssimo Cannonball.
Vou dar uma conferida no link que você enviou, ok?
Um fraterno abraço!!!!
Que delícia!! Adoro jazz, e se a gente ouve um som desses logo que abre o blog, uau!! Gosto de tudo e tenho minhas fases musicais, ainda ontem estava ouvindo Chick Corea...
Grande beijo e obrigada por me prestigiar. Voltarei sempre!
Prezada Laila,
Seja muito bem vinda e agregue-se à nossa confraria virtual.
Como você pode ver, o nosso querido amigo Pituco é um dos mais ilustres sócios da casa - é o nosso embaixador na Terra do Sol Nascente (rs, rs, rs).
Gostei muito do seu blog e vou colocar um link aqui no JAZZ + BOSSA, ok?
Fique à vontade para voltar sempre!!!
Um fraterno abraço!
Caro Tandeta,
Mais acima mencionei que Nat Adderley também tocou na oquestra de Lionel Hampton.
Por sinal, em 1954 ouvi LH & orchestra no extinto Basin Street, onde, coincidentemente, naquela noite Nat Adderley estreou na orquestra, sendo apresentado por Hampton como "a grande sensação do trompete na Florida, estreando hoje em nossa orquestra".
No último número da banda, o famoso cavalo-de-batalha "Flying Home", os músicos desceram do palco e sairam tocando em meio às poltronas do público jogando serpentina. O tenorista Jey Peters repetiu a plenos pulmões o célebre solo de Illinois Jacquet nota-por-nota, incendiando a platéia. No palco ficaram apenas Hampton, seu baterista Alan Dawson e o baterista convidado Buddy Rich. A algazarra e a massa sonora da orquestra transformou o Basin Street num mafuá musical inesquecível.
Keep swinging,
Raffaelli
Mestre Raffaelli,
Sempre a postos para presenciar in loco os grandes momentos do jazz.
É a história se desenrolando diante dos seus olhos e a nós cabe, humildemente, ler, aprender e ficar com um tiquinho de inveja.
Grande abraço!!!
Caro Érico,
É, meu caro, a memória começa a dar vestígios de traição, deixando-me esquecer alguns fatos sobre determinados assuntos.
Seguinte: naquela noite no Basin Street, Lionel Hampton mencionou algumas personalidades presentes, entre as quais: a atriz Eleonor Powell, uma beldade de Hollywood, Leonard Feather, o baterista Buddy Rich, que participou da hecatombe sonora no final do show, o cantor Sammy Davis Jr. e o ator Jackie Cooper (que esqueci de mencionar), que também tocava bateria e juntou-se a Hampton, Alan Dawson e Buddy Rich naquele final inesquecível.
Keep swinging,
Raffaelli
Prezado RAFFAELLI:
Lembrar Eleanor Powell é relembrar uma das maiores sapateadoras de Hollywood e de um "senhor" par de pernas (assunto que atualmente caiu de moda, substituido por caniços nada estimulantes).
Enfim, vida que segue . . .
Grandes Mestres,
O bom gosto se espraia da música para a apreciação da beleza feminina.
Eleanor Powell era uma mulher muito bonita (certamente não tanto quanto as minhas musas Ava Gardner e Rita Hayworth - mas dançava melhor), com um par de pernas de fazer inveja às "caniçudas" de hoje.
E o público presente era uma atração tão interessante quanto a orquestra (Leonard Feather, Buddy Rich, Sammy Davis Jr. e a própria Eleanor - uau!!!!).
Já não se fazem mais estrelas como antigamente. As patéticas "celebridades" de hoje certamente jamais iriam a um concerto de jazz!
Abração!!!
Caro Apóstolo aka Pedro Cardoso,
Numa cena do filme Ship Ahoy (aqui intitulado "Barulho a bordo"), em que a orquestra de Tommy Dorsey tem participações destacadas, com direito a vocais de Frank Sinatra (primeiro filme de Sinatra), há uma cena sensacional numa piscina na qual Eleanor Powell nos deslumbra com suas evoluções sapateando a pleno vapor e termina num duelo dela com Buddy Rich - impressionante, tal a velocidade que ambos imprimem à música. Inesquecível!
Keep swinging,
Raffaelli
Prezado RAFFAELLI:
Bem lembrado, já que o filme de 1942 contou também com a banda de TOMMY DORSEY (uma das "06 mais"), onde atuavam ZIGGY ELMAN e outros.
ELEANOR sempre foi um encanto, com um sapateado firme e mais na linha GENE KELLY que FRED ASTAIRE).
Prezado ÉRICO:
Não sem motivos FRANK SINATRA manteve sua voz, mas quase perdeu a cabeça - mais motivo que AVA GARDNER impossível !
Grandes Mestres,
Não conheço esse filme, mas fiquei curioso (vou dar uma checada no You Tube).
Agora, quem não perderia a cabeça pela lidíssima Ava Gardner, não é mesmo???
Abração!
Apóstolo e Érico,
Sinatra fez sua estréia em cinema nesse inesquecível "Barulho a Bordo" (Ship ahoy) cantando "The last call for love" e a belíssima "Poor you" (uma das mais belas baladas de todos os tempos).
Curiosamente, numa cena em que ele cantava, junto com a orquestra vê-se um chinês sentado com uma caixa de madeira, sem participar do acompanhamento... Nunca consegui descobrir quem era e o que fazia aquele chinês com a caixa de madeira (ai menos, parecia ser de madeira) na orquestra de TD. Cheguei a escrever para vários aficionados americanos, mas nenhum deles sabia a resposta correta, nem o filho de Tommy Dorsey! Certo, pode ser coisa insignificante, mas foi um detalhe que sempre chamou minha atenção.
Desculpem tanto papo furado.
Keep swinging,
Raffaelli
P.S. caso alguém possa informar quem era e o que fazia o chinês, agradeço antecipadamente.
Bom, amigos cinéfilos, aí está o pedido do Mestre Raffaelli. O que fazia o glorioso chinês na cena do filme Barulho a Bordo?
Por favor, vamos atendê-lo, ok?
Érico, se você gosta de "Superfly" e "Shaft", certamente gostará de Coffy. Está naquela mesma linha das trilhas dos chamados "blaxploitation" dos anos 1970. Dos três, para mim o melhor é "Superfly", disco bem mais cru que os outros dois mencionados. No geral, as trilhas desse tipo de filme costumam ser bem interessantes.
Grande abraço.
Caro iendiS,
As trilhas de "Superfly" e "Shaft" são clásssicos da música negra americana: soul, funk, R&B, até umas pitadas de jazz - dois discos indispensáveis (não sei de qual gosto mais).
Contudo, não conheço a trilha de Coffy - mas deve ser bacana, se seguir a linha das outras duas.
Abração!
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