Amigos do jazz + bossa

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O PALADINO DAS CAUSAS NOBRES




Conhecida como Cidade dos Ventos, talvez a particularidade de sua geografia possa explicar as razões pelas quais Chicago tenha produzido uma quantidade impressionante de notáveis saxofonistas. De precursores como Gene Ammons, Yusef Lateef e Von Freeman (os dois últimos ainda estão na ativa, apesar de nonagenários) passando por músicos de gerações mais novas, como John Gilmore, Ira Sullivan, Johnny Griffin, Charles Davis e John Jenkins, todos parecem ter sido inspirados pelos ventos gelados que cortam a cidade e quando resolvem soprar, o couro come pra valer!

Nascido naquela cidade no dia 02 de setembro de 1931, Clifford Laconia Jordan se inscreve nessa tradição com muita galhardia e um imensurável talento. Estuda piano na infância, mas sem muita convicção - “Era uma espécie de acordo compulsório, pois minha mãe queria que eu fosse pianista”, como revelou em uma entrevista. Todavia, aos 13 anos, influenciado pela sonoridade aveludada de Lester Young, ele decide trocar o teclado pelo saxofone tenor.

Apesar da troca de instrumentos, a mãe de Clifford o estimulava e não apenas isso, o apresentava aos grandes nomes do jazz que precederam – ou mesmo anteciparam – o bebop. Assim, o jovem apaixonado por Charlie Parker, Bud Powell e Dexter Gordon foi levado a conhecer a obra de precursores como Johnny Hodges, Erroll Garner e Coleman Hawkins.

O garoto fez todo o ensino médio na afamada DuSable High School, e teve como colegas ou contemporâneos, os já citados Griffin, Gilmore e Jenkins, além do futuro baixista Richard Davis. Naquele tempo, fazer parte da banda da escola era sinal de prestígio e contava muitos pontos entre as garotas. Ele recorda: “Ser músico era algo que dava status, todo mundo olhava pra você. Com um sax nas mãos você podia fazer o que quisesse. Muita gente queria fazer parte da orquestra da DuSable, mas o diretor sabia separar o joio do trigo. Se ele percebesse que você não sabia tocar, ele expulsava você do ensaio, imediatamente. Ele não admitia brincadeiras”.

Concluído o ensino médio, suas primeiras experiências profissionais foram em bandas de R&B da região, mas ainda em Chicago ele teve a oportunidade de tocar com grandes nomes do jazz e do blues de passagem pela cidade, como Max Roach, Dizzy Gillespie, Sonny Stitt e Willie Dixon.

Já estabelecido como um respeitado músico local, Jordan aceitou o convite de Max Roach, para se juntar a seu quinteto, ocupando o lugar de ninguém menos que Sonny Rollins. O novo emprego acarretou a mudança para Nova Iorque, em 1957, e as oportunidades de trabalho se multiplicariam na nova cidade. Ainda naquele ano, uma nova mudança e o saxofonista entra para o badalado quinteto de Horace Silver, em substituição a Hank Mobley.

Silver havia sido o pianista do álbum de estréia de Jordan, gravado em março de 1957 (“Blowing In From Chicago”, Blue Note), no qual o saxofonista divide os créditos com o conterrâneo John Gilmore em um eletrizante duelo de tenores, na melhor tradição daqueles protagonizados por outras duplas formidáveis, como Gene Ammons e Sonny Stitt, Al Cohn e Zoot Sims ou Johnny Griffin e Eddie “Lockjaw” Davis.

A associação com a Blue Note renderia ainda mais dois álbuns, todos de 1957: “Cliff Jordan”, onde o saxofonista está secundado por Lee Morgan (trompete), Curtis Fuller (trombone), John Jenkins (sax alto), Ray Bryant (piano), Art Taylor (bateria) e Paul Chambers (contrabaixo), e “Cliff Craft”, onde lidera um quinteto integrado pelo trompetista Art Farmer, pelo pianista Sonny Clark, pelo baixista George Tucker e pelo baterista Louis Hayes.

Dividindo-se entre o trabalho com Silver e a liderança de seus próprios grupos, Jordan consolida seu nome como um dos mais confiáveis músicos do hard bop, participando de gravações sob a liderança de Sonny Clark, Sahib Shihab, Paul Chambers e Lee Morgan, entre outros. Sua performance no álbum “Further Explorations by the Horace Silver Quintet” (Blue Note, 1958), é impressionante, sobretudo por causa do contraste entre a sua sonoridade musculosa e a abordagem mais lírica do trompetista Art Farmer, que também participa da sessão.

Algum tempo depois, ele vai trabalhar com o trombonista J. J. Johnson, em 1959, permanecendo naquela banda até 1961. Uma das formações daquele grupo, aquela que incluía o trompetista Freddie Hubbard, o pianista Cedar Walton (que nos anos vindouros se tornaria um dos mais assíduos parceiros de Jordan), o baixista Arthur Harper e o baterista Albert “Tootie” Heath, é considerada por Johnson “a melhor banda que já liderei. Eu sempre tive vontade de montar um grupo com três instrumentos de sopro”.

Após a sua saída do sexteto de J. J., Clifford monta um quinteto com o trompetista Kenny Dorham. Naquele período, já havia iniciado a sua parceria com alguns selos ligados à gravadora Fantasy, como Riverside e Jazzland. O primeiro disco desta nova fase, gravado para a Riverside, foi “Spellbound”, de 1960, e ali o piano fica a cargo do amigo Cedar Walton. Como curiosidade, o disco foi produzido por Cannonball Adderley, que na época era diretor artístico da gravadora e havia produzido álbuns de figuras importantes como James Clay, Chuck Mangione, Budd Johnson e Dexter Gordon.

Gravado nos dias 28 de dezembro de 1961 e 10 de janeiro de 1962, o álbum “Bearcat” é um dos pontos altos na carreira fonográfica de Jordan. Com produção de Orrin Keepnews, o disco foi lançado pela Jazzland e conta com as participações de Cedar Walton no piano e dos pouco conhecidos Teddy Smith (atuou com Horace Silver e Joe Henderson), no contrabaixo, e J. C. Moses (integrante do “New York Contemporary Five”, grupo ligado ao jazz de vanguarda, onde atuavam Archie Shepp, John Tchicai e Don Cherry), na bateria.

“Bearcat” (homenagem a um amigo de infância de Jordan), faixa de abertura composta pelo líder, é um hard bop vigoroso, embora seu andamento não seja dos mais rápidos, que flerta com o soul jazz. Na execução algo oblíqua do saxofonista há ecos de Coltrane e Wayne Shorter. Walton tinge de blues a sessão e seus improvisos se caracterizam pela justaposição rigorosa dos acordes, pelo brilhantismo das modulações e pela multiplicidade de timbres.

Jordan assina cinco das sete faixas. A que vem em seguida é “Dear Old Chicago”, emocionante homenagem à cidade natal, com andamento de valsa e elementos harmônicos típicos do hard bop. Com atuações destacadas de Walton, Moses e Smith na seção rítmica, todos seguros e confiantes, o espaço para os solos fica praticamente todo reservado ao líder. Apesar da influência primordial de Lester Young, a sonoridade de Clifford é mais próxima à de saxofonistas como Sonny Rollins. Seu timbre é áspero, por vezes rascante, e seu sopro é sempre volumoso e febril.

O único standard do disco é a fabulosa “How Deep Is the Ocean?”, de Irving Berlin. A principal característica desta versão é a leveza, presente sobretudo na abordagem relaxada de Jordan. Com um arranjo em tempo médio e uma graciosa condução melódica a cargo de Walton, também responsável por um dos solos mais encantadores do disco, a canção flui de maneira espontânea, distante da atmosfera solene e até mesmo sisuda de outras interpretações.

A rápida “The Middle of the Block” é um tema fogoso, agitado, eletrizante, indomável. O legado harmônico do bebop se faz sentir em sua inteireza, não apenas por conta do dedilhado nervoso e inquieto de Walton, mas, principalmente, por causa das endiabradas intervenções do líder. Seu ataque é vigoroso, seu discurso é inflamado, seu fraseado é impecável e sua dinâmica é notável. O quarteto é de uma coesão e de um entrosamento raros e o trabalho de Moses é de grande impacto rítmico.

“You Better Leave It Alone” é um blues progressivo e inebriante, com uma percussão meio quebrada, que às vezes parece fora do tempo, mas que só acrescenta personalidade ao tema. Walton injeta a furiosa energia do R&B ao tema e seus diálogos com Moses são empolgantes. Jordan transita entre a ortodoxia ancestral do blues e a efervescência do soul e do R&B com ousadia e veemência. Smith tem amplo espaço para mostrar seus dotes de solista, improvisando com volúpia e uma técnica exemplar.

A balada em tempo médio “Malice Towards None” é uma composição do trombonista Tom McIntosh. Mais uma vez, Moses adota uma abordagem rítmica transversa, pouco usual e fortemente influenciada pelas estruturas dissonantes do jazz de vanguarda. O contraste da percussão de Moses com o piano acadêmico de Walton e com a placidez da marcação de Smith é um dos pontos altos desta faixa, que conta ainda com uma exibição esplendorosa do líder.

Última faixa do álbum, “Out-House” é um soul jazz volátil, que poderia perfeitamente fazer parte do repertório de um Cannonball Adderley. O quarteto devende com entusiasmo o tema, construído à base de riffs infecciosos e dotado de um groove capaz de chacoalhar até mesmo uma estátua. Fazendo a síntese entre o lirismo de Lester Young e a impetuosidade de Coleman Hawkins, Jordan traz uma sonoridade ora adstringente, ora aveludada, fazendo transições entre graves e agudos com a autoridade de quem domina completamente o seu ofício.

Em 1963 Clifford volta a atuar com Max Roach e realiza alguns trabalhos ao lado de Eric Dolphy, Clark Terry, Andrew Hill e do altoísta Sonny Redd. No ano seguinte, Jordan e Dolphy voltariam a se encontrar, desta feita no sexteto de Charles Mingus, que incluía, ainda, o trompetista Johnny Coles, o pianista Jaki Byard e o baterista Dannie Richmond. Com esse grupo, Mingus faz uma de suas mais importantes e aplaudidas excursões pela Europa, que resultou em álbuns como “Mingus in Europe”, “Live in Oslo” e “Live in Stockholm, 1964”.

Em 1965, Clifford assina com a Atlantic e em seu primeiro trabalho pela nova gravadora, faz uma homenagem ao lendário bluesman Leadbelly, no álbum “These Are My Roots”. Ainda naquela década, Jordan fez parte das orquestras do cantor de R&B Lloyd Price e do soulman James Brown. Em 1967, o saxofonista excursionou pela África e pelo Oriente Médio, juntamente com o pianista Randy Weston, em uma turnê patrocinada pelo Departamento de Estado Norte-americano.

No ano seguinte, Jordan criou o seu próprio selo, a Frontier Records, por onde gravariam nomes consagrados do jazz, como Wilbur Ware, Pharoah Sanders, Cecil Payne e Ed Blackwell, entre outros. Extremamente politizado e engajado nas causas dos negros norte-americanos, Clifford sempre procurou usar a música como meio de promover a inclusão social. No final dos anos 60, foi marcante a sua ligação com entidades de apoio a jovens carentes de Nova Iorque, como o Henry Street Settlement, a Bed-Stuy Youth in Action e o Pratt Institute, onde deu aulas e ministrou diversas oficinas.

Em 1968, o saxofonista exerceu o cargo de diretor musical do grupo de dança Dancemobile Performing Act, fundado no ano anterior pelo coreógrafo colombiano Elco Pomare. Em 1969, Jordan decidiu se fixar na Europa, por conta da escassez de trabalho que afligia os músicos de jazz em seu próprio país. Ele fixou residência na Bélgica, com a mulher e a filha, e participou intensamente do circuito europeu de festivais de jazz.

No velho continente, chegou a tocar com o trompetista Don Cherry e com o saxofonista Pheroah Sanders, conhecidos por suas ligações com o free jazz. De volta aos Estados Unidos em 1971, Jordan realizou várias apresentações ao lado do trio do pianista Cedar Walton, complementado pelo baterista Billy Higgins e pelo baixista Sam Jones, formação de tamanha excelência que era chamada de “Magic Triangle” pela crítica especializada da época.

Clifford também enveredou pelas artes cênicas, interpretando o papel do ídolo Lester Young no espetáculo musical “Lady Day: A Musical Tragedy”, baseado na vida da diva Billie Holiday e encenado na Brooklyn Academy of Music, em 1972. O roteiro e os diálogos foram escritos por Aishah Rahman e o score musical ficou a cargo de Archie Shepp, Stanley Cowell e Cal Massey.

A convivência com Shepp despertou novamente em Jordan o interesse pelo jazz de vanguarda e no ano seguinte ele lançou, pelo selo italiano Strata East, o elogiado “Glass Bead Games”, tendo como acompanhantes o pianista Stanley Cowell e os velhos parceiros Billy Higgins e Sam Jones. Como bem elucida o catedrático John Lester, “apesar das arriscadas aventuras musicais que experimentou com músicos do free jazz, como Don Cherry, Clifford nunca esqueceria suas sólidas origens no blues e no bebop, daí seu discurso musical ter permanecido sempre acessível e sedutor”.

Os anos 80 flagraram Jordan trabalhando intensamente, acompanhando nomes como Dizzy Gillespie, Kenny Clarke, Art Farmer, Philly Joe Jones, Wilbur Ware, Freddie Redd, Carol Sloane, John Hicks, Richard Davis, David “Fathead” Newman, Dizzy Reece, Tommy Flanagan, Jimmy Heath, Slide Hampton, Barry Harris, Mal Waldron e Junior Cook, ao lado de quem gravaria o inspirado “Two Tenor Winner” (Criss Cross Jazz, 1984).

Integrou o quarteto “Eastern Rebellion”, ao lado do seu fundador e velho parceiro Cedar Walton, e fez inúmeras excursões pela Austrália, Japão e Europa, tocando em países como Dinamarca, Noruega, Áustria, Itália, Finlândia, França e Suécia. No Velho Continente, apresentou-se ao lado de diversas orquestras, como a Hamburg Radio Big Band, da Alemanha, a Metropole Orchestra, da Holanda, e a UOMO New Music Jazz Band, da Finlândia.

Sempre a postos para defender as causas mais nobres, foi um dos mais ativos membros da Jazz Foundation of América, entidade que se notabilizou por prestar auxílio médico, ambulatorial e financeiro a músicos de jazz em dificuldades. Também foi uma das atrações do concerto comemorativo da independência do Senegal, em 1980, ao lado de Dizzy Gillespie e Kenny Clarke.

Quatro anos depois, recebeu o “BMI Jazz Pioneer Award”, concedido pela poderosa BMI, sociedade que congrega compositores, produtores e editores musicais dos Estados Unidos. Em 1990, aceitou um novo desafio: liderar a orquestra do clube Condon’s, em Manhattan, atração fixa das segundas-feiras e criada nos moldes da Thad Jones-Mel Lewis Orchestra, que durante anos animou as noites do Village Vanguard naquele mesmo dia da semana.

Clifford morreu nas dependências do Beth Israel Medical Center, em Manhattan, Nova Iorque, no dia 27 de março de 1993, em conseqüência de um câncer de pulmão. Sua contribuição para o jazz pode não ser tão significativa quanto a de outros tenoristas, como Dexter Gordon, Sonny Rollins ou John Coltrane, mas ele deixou um legado de integridade e dedicação às causas da música, da cidadania e da inclusão social.

Não por acaso, sobre ele escreveu o crítico Robert Levin: “Clifford Jordan toca com uma concepção imaginativa e vital. Ele é um músico consistente e sua obra é das mais significativas. Ele está, sem dúvida alguma, entre os saxofonistas tenores mais importantes do jazz moderno”. Boa parte dos seus quase 40 álbuns como líder, distribuídos por selos como Vortex, Muse, SteepleChase, Criss Cross, Bee Hive, DIW e Mapleshade ainda se encontram em catálogo e merecem uma conferida

=======================


21 comentários:

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss,

Esse CD do Cliff Jordan nunca ouvi, mas tenho "CLIFF CRAFT", da Blue Note, que considero excelente. Há uma peculiaridade nesse "Cliff Craft" que chamou-me a atenção logo na primeira audição: os temas e arranjos soam tão influenciados pelo estilo das composições e dos arranjos de Horace Silver que um ouvinte não prevenido poderia jurar tratar-se do quinteto de Silver. Aliás, de certa forma isso não surpreende porque três dos músicos que gravaram neste CD na época tocavam no quinteto do Silver: Art Farmer, Clifford Jordan e Louis Hayes.

Keep swinging,
Raffaelli

figbatera disse...

Muito bem, amigo, mais uma verdadeira "aula" sobre mais um grande nome do jazz.
Lido, ouvido, baixado e agradecido!

Érico Cordeiro disse...

Caríssimos Raffaelli e Embaixador Fig,
Muito bom abrir a caixa de comentários e deparar com essas figuras tão queridas.
O Jordan mandava muito bem. Não tenho o Cliff Craft, mas qualquer hora dessas eu faço uma graça no Amazon.
Grande e fraterno abraço aos dois!

PREDADOR.- disse...

Disquinho chocho esse Bearcat. Repertório "madorrento" e o quarteto de Jordan nessa gravação parecia o timinho do Vasco no jogo contra o Cruziro, todo mundo numa "draga" desgraçada e ninguém queria nada com a "hora do Brasil". Horroroso! Quer álbums muito melhores do Jordan???? Aí estão: "Cliff Craft", menciodado por mestre Raffaelli, "Spellbound", "Cfiff Jordan", "Blowing in from Chicago".....E chega de muita conversa, estão todos "detonados". Você mr.Cordeiro, o Bearcat e o Vasco.

Érico Cordeiro disse...

Vixe Maria, tava demorando!
Qualé, Mr. Predador? Tá variando? Disquinho chocho?
Pô, um discaço, com o Jordan em plena forma e o Walton arrebentando no piano! E com uma atmosfera de blues deliciosa!
Gosto muito do Spellbound e tava em dúvida entre esses dois, mas acabei escolhendo o Bearcat.
Quanto ao Vasco, também fiquei muito indignado com aquele joguinho - mas isso só mostra que o nosso Reizinho é insubstituível!
Um grande abraço e tomara que nosso Vasco reencontre o rumo!

Bruna Araújo disse...

Adorei o blog, muito lindo, amei tudo. Parabéns mesmo, vou sempre estar aqui (:

ontendency.blogspot.com

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss, caríssimos amigos e confrades,

Desculpem uma pergunta que não quer calar minha curiosidade: Alguém poderia informar quem é Mr. Predador e de onde é ?
Isso deve-se ao fato de ele conhecer um bocado de jazz e deve ter uma big coleção de discos porque sempre tem um comentário pertinente em relação ao que se discute.

Trata-se de algum jornalista da área musical ou de um jazzófilo fanático que tem tudo o que podemos imnaginar em CDs ?
Por vezes podemos até discordar de alguma opinião dele, mas após esse tempo todo em que freqüento o blog, (ou melhor, o barzinho, como prefere nosso Gran Master Boss) a meu ver ele opina com conhecimento de causa.

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Prezados Bruna e Raffaelli,
Dou um seja bem-vinda todo especial à primeira e agradeço as palavras gentis. Fique à vontade aqui no jazzbarzinho e espero que você se junte à nossa confraria.
Ao segundo, digo apenas que a identidade do Predador é mais protegida do que o célebre Fort Knox. Tudo o que sei é que ele nasceu em Predatória e que quando chegou à Terra se apaixonou pelo jazz.
Dizem as más línguas que ele tem mais de 2.000 anos, mas segundo apurei, lá em Predatória a expectativa de vida é de 10.000 anos, ou seja, ele ainda é um adolescente!!!!
E a coleção de discos que ele amealhou ao longo das suas incursões pelo cosmos batem na casa dos 50.000 LPs, cds e fitas k7!
Um fraterno abraço aos dois e vamos ver se o Predador atende o Mestre Raffaelli e revela esse segredo digno das mil e uma noites!

Gustavo Cunha disse...

bom ouvir um jazz ... tava sentindo falta e estou voltando a direcionar meus ouvidos aos acordes dissonantes.

e Chicago é uma belíssima cidade, mesmo com todo aquele frio sou um apaixonado por aquele lugar e é onde tem uma das maiores e melhores lojas de disco - a jazz record mart.

não podia ser diferente, é berço de muitos excelentes músicos, não só do blues mas também do jazz.

abs,

Érico Cordeiro disse...

Salve, Mestre Guzz!
Seja bem-vindo de volta ao berço esplêndido do jazz!
Não tive o prazer de conhecer a Cidade dos Ventos, mas tenho muita vontade de perambular pelo circuito de jazz e blues de lá.
Um fraterno abraço e keep swinging!

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss Érico,

A propósito de Clifford Jordan, penso que há tempos num dos seus posts mencionei que em 1982 ouvi no extinto clube Fat Tuesday's, cujo manager era o filho de Stan Getz, o TENOR SUMMIT com Clifford Jordan e Charlie Rouse acompanhados por John Hicks (piano), Walter Booker (baixo) e Jimmy Cobb (bateria). Excepcional sob todos os pontos de vista, principalmente o ballad medley em que Clifford Jordan "estraçalhou" em "The Things We Did Last Summer", Rouse "matou a pau" em "You Are Too Beautiful" e John Hicks quase fez-me chorar em "My One and Only Love".
Havia poucas pessoas no clube e no intervalo, como de hábito, fui puxar um papo com os músicos. Charlie Rouse e John Hicks foram ultra simpaticíssimos, mas Clifford Jordan estava ocupado paquerando uma bela espectadora e lixava-se solenemente se havia alguém mais do lado dele. Rouse falou saudoso sobre seus tempos com Monk e Hicks ficou contente quando mencionei os discos que tinha dele. Ficou tão satisfeito que, ao voltar do intervalo, tocou "Dindi" "em homenagem ao amigo José"! Saí do Fat Tuesday's estourando de alegria....~

Keep swinging,
Raffaelli

PREDADOR.- disse...

Mr.Cordeiro fez uma descrição quase completa de minha identidade-Predador- apenas um ferrenho estudioso e apreciador do jazz há vários anos. Esclareço ainda que não sou jornalista, radialista ou crítico musical premiado, nem ao menos tenho o traquejo e a vivência do mundo do jazz que tem mr.Raffaelli, a quem concedo minhas saudações e também uma "pista": estou radicado na mesma cidade dos amigos Luiz Paixão, Marien Calixte e Rogério Coimbra. Quanto a quantidade de discos citados, foi por certo um exagêro de mr.Cordeiro.

Érico Cordeiro disse...

É por isso que eu sou fã do barzinho.
Aqui os clientes é que são o show!
Obrigado, Mestres Raffaelli e Predador!

pituco disse...

érico san,

obrigadão por mais essas resenhas e essa paixão pela música e jazz...aliás, como vão tuas aulas de sax...???

bom, concordo contigo...com esses masters todos comentando por aqui, o show fica melhor de fato...

abrsonoros e acessando a radiola...

Érico Cordeiro disse...

Meu embaixador,
Uma honra tê-lo a bordo.
As aulas de sax estão mais devagar do que corrida de preguiça na lama :-)
Por isso é que eu vou ficar só na escuta desses mestres.
Abração e obrigado pela visita!

José Domingos Raffaelli disse...

Caríssimo Mr. Predador,

Grato por seus esclarecimentos e através deles descobri que temos pontos em comum, além do jazz, pois sou amigo pessoal de Marien Calixte e Luiz Paixão desde os anos 90 quando eu ia anualmente ao festival de jazz produzido/organizado por Marien. Num domingo passei a tarde em casa do Paixão, que, além de tocar "n" discos muito bons, mostrou-me fotos dele com Billie Holliday dos tempos em que morou em New York. Também conheço Rogério Coimbra, inclusive tenho um LP de uma cantora capixaba (Ester Mazzi) com o texto escrito por ele. Como vê, meu caro, o mundo é pequeno....

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
A Ester Mazzi é a cantora favorita do Predador! Isso é que é coincidência!

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss Érico,

Então a Ester Mazzi é a cantora favorita do Predador! Great! Ela deu-me o LP que o Rogério escreveu o liner notes há anos, inclusive com uma amabilíssima dedicatória!
Em homenagem por tabela ao nosso querido Predador, logo mais vou tocar aquele LP em casa.

Fechando (da minha parte) o assunto Clifford Jordan, como já adiantei recentemente, estou lavando e limpando todos meus LPs. Nessa azáfama fui tirando um a um da estante para a respectiva limpeza. Acredite se quiser, tenho cerca de 12 LPs do Clifford Jordan e 15 do Kenny Drew do tempo da Steeplechase. Isto porque eu e o crítico dinamarquês Ib Skovgaard, que era ligado à Steeplechase, trocávamos LPs - ele mandava-me os que eu pedia da Steeplechase e, em em troca, eu mandava-lhe LPs da turma da bossa nova. O Ib é louco por música brasileira e quando veio aqui pela primeira vez (acho que foi em 1980) levei-o a vários shows de alguns dos nossos melhores artistas. Ele emocionou-se ao ouvir Johnny Alf, de quem tinha vários discos e considerava-o o mais criativo e inspirado músico brasileiro (no que, modéstia a parte, eu também sempre achei, pois quem acompanhou o início da carreira de Alf, como eu acomapnhei, sabe pérfeitamente que ele foi o pai espiritual da bossa nova, e não Jobim/Gilberto, e ambos iam todas as noites ouvir Alf no Bar do Plaza, onde verdadeiramente ele criou a bossa nova).

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Ouça a Ester, porque além da bela voz, dessa forma você presta uma homenagem ao
Quanto aos discos da Steeplechase, que inveja! É uma das minhas gravadoras preferidas, com um cast de altíssimo nível e produções soberbas, apesar da simplicidade visual.
Tenho cerca de 30 cds dessa gravadora espetacular, de artistas como Paul Bley, Dexter Gordon, Idrees Sulieman, Junior Cook, Duke Jordan e alguns outros, mas meu sonho era possuir todo o catálogo da gravadora :-)
Aos pouquinhos eu chego lá! :-)
Grande abraço, Mestre!
PS.: Também adoro o Johnny Alf, um injustiçado que jamais foi reconhecido como a maior influência sobre a música de Tom, João Gilberto, João Donato, Carlos Lyra e outros monstros que iam sempre assisti-lo e aprender com ele.

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss,

Você não é somente um notável crítico de jazz, mas um refinado historiador. Seu PS. no post anterior deu-me a certeza disso porque você mesmo estabeleceu essa verdade com a habitual prova de total conhecimento sobre o que escreve. Mesmo sem viver no Rio, aquela última frase do PS. deixou a marca do profundo conhecedor mencionando Johnny Alf como o verdadeiro pai e criador da bossa nova. Fui grande amigo do Johnny Alf, que conheci casualmente num sebo de discos da Rua São José daqui do Rio e, no mesmo dia ele convidou-me para ir ao Sinatra-Farnet Fã Clube, do qual fazia parte, e lá conheci e estabeleci amizades duradouras com alguns dos maiores músicos deste país, dos quais, certamente, em minha opinião Alf foi o maior de todos. Injustiçado e até esquecido, Alf ensinou Tom Jobim a harmonizar como só ele sabia fazer no Brasil. Jobom era pianista da noite no Clube da Chave e Alf, com seu incomensurável talento e criatividade, conquistava a admiração e o respeito dos que o ouviam na Cantinha do Cesar, seu primeiro emprego profissional, e sua fama entre os músicos atraia a presença dos mesmos para ouvir "aquele pianista que tocava, cantava e hamronizava como ninguém fazia no Brasil". Tom Jobim ouviu falar nele e correu à Cantina do Cesar para ouví-lo, ficando tão embasbacado a ponto de pedir-lhe que ensinasse a harmonizar, o que Alf fez sem cobrar nada. Resultado: Jobim é endeusado a cada minuto e Alf morreu na miséria, sem receber o crédito pela música que ele criou com seu talento inigualável!

Em tempo: há mais de dois anos um cidadão que foi empresário de Johnny Alf procurou-me solicitando minha colaboração escrevendo sobre Johnny Alf, pois estava redigindo o texto de um livro sobre ele e queria minha opinião, pois soubera que fui eu quem indicou Alf para ser o pianista da noite na Cantina do Cesar, do então apresentador de rádio Cesar de Alencar.
Enviei-lhe um longo texto sobre meu conhecimento com Alf e outras peculiaridades, mas, a que eu saiba, até hoje não foi publicado o tal livro. Ontem almocei com meu grande amigo e ex-colega do Globo, o jornalista Anrtonio Carlos Miguel, uma sumidade em conhecimentos sobre MPB e música americana, falamos sobre o tal livro, mas ele também não tem conhecimento sobre as demarches da publicação do mesmo.
Grande abraço e keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Você não apenas presenciou a história sendo escrita como contribuiu para para com ela em momentos decisivos.
Essa informação tem grande conteúdo histórico, de que foi você quem indicou Alf para ser o pianista da noite na Cantina do Cesar!
Gigantes da nossa música iam pra lá assistir o Johnny Alf - Maurício Einhorn, Tom Jobim, Carlos Lyra, João Gilberto, João Donato, Durval Ferreira, Roberto Menescal, todos admiradores confessos da arte desse genial cantor, compositor e pianista.
Tomara que esse livro saia e que possamos conhecer mais detalhes sobre a vida e a obra do Alf. Se você quiser, o blog está à sua disposição para publicar esse texto (aliás, será uma honra).
Enquanto isso, uma ótima pedida é o livro Solo, autobiografia do César Camargo Mariano, que relata a amizade de AAlf com a família do César (pra quem não sabe, o Johnny Alf morou durante muito tempo na casa da família Mariano em São Paulo e foi muito importante na formação musical do César).
Um fraterno abraço!

Google Analytics