Amigos do jazz + bossa

quinta-feira, 14 de junho de 2012

...MENOS A LUÍZA E O RENÉ THOMAS, QUE ESTÃO NO CANADÁ!




Os óculos de aros grossos davam a René Thomas um aspecto grave e austero. Quem o via pela primeira vez podia imaginá-lo como um rigoroso professor de física ou um compenetrado gerente de banco. Nada mais falso, pois além de ser uma figura bem-humorada e até irreverente, Thomas era “um poeta da guitarra, cujo temperamento, por vezes, chegava a ser deliciosamente errático”, como bem definiu o crítico francês Alain Tercinet.

Esse guitarrista belga nasceu em Liége, no dia 25 de fevereiro de 1926 (embora exista alguma controvérsia acerca do ano, havendo alguns historiadores que afirmam que ele nasceu em 1927). De qualquer forma, 1926 foi um ano maravilhoso para o jazz, pois foi quando vieram ao mundo expoentes como John Coltrane, Bud Shank, Miles Davis e outro grande nome do jazz belga, o saxofonista Bobby Jaspar, que futuramente seria um grande amigo de Thomas e seu parceiro em incontáveis aventuras musicais.

Suas primeiras lições de guitarra foram recebidas quando ele tinha dez anos, pelas mãos de um amigo italiano de sua irmã mais velha, Juliette. Em pouco tempo, influenciado por Django Reinhardt, descobre o jazz e apaixona-se perdidamente pelo estilo. Com apenas treze anos René já acompanhava a cantora Maria Drom e o saxofonista Raoul Faisant. Em 1943 ele entra em um estúdio pela primeira vez, em Bruxelas, quando integrava a orquestra do acordeonista belga Hubert Simplisse.

Com a chegada das tropas norte-americanas à Europa, durante a II Guerra Mundial, houve uma intensa troca de informações musicais e a juventude de países como França, Inglaterra e Bélgica mergulhou de cabeça no jazz. Sempre que possível, esses jovens fãs ouviam os famosos V-discs, com gravações feitas por alguns dos maiores jazzistas da época e que eram distribuídos no front europeu, a fim de entreter os soldados nos intervalos entre os combates.

Quando ainda era um adolescente, Thomas teve a oportunidade de tocar em uma gig com o ídolo Reinhardt. O veterano guitarrista ficou tão impressionado com o talento do rapaz que lhe deu de presente uma foto autografada, com a seguinte dedicatória: “Para o futuro Django”. Ao mesmo tempo, o guitarrista ia apurando a sua técnica em jams com outros jovens músicos belgas como os saxofonistas Bobby Jaspar e Jacques Pelzer (os três formariam o primeiro grupo belga inteiramente voltado para o idioma do bebop, os “Bop Shots”), o baixista Benoît Quersin, o vibrafonista Sadi Lallemand e o pianista Francy Boland (que nasceu na Suíça, mas se mudou para a Bélgica com a família logo após a II Guerra Mundial).

Em 1950, René, Jaspar e Pelzer descobrem o cool jazz, identificando-se, imediatamente, com as intrincadas harmonias criadas por Lennie Tristano e seus seguidores, como os saxofonistas Lee Konitz e Warne Marsh e o guitarrista Billy Bauer. Em 1952, com a morte do pai, René passa a trabalhar na empresa da família, uma pequena fábrica de sacos de aniagem, mas as perspectivas de uma vida burocrática o deixam bastante desconfortável.

O espírito aventureiro e o amor pelo jazz impelem Thomas a se mudar, no ano seguinte, para Paris, então considerada a capital européia do jazz. Ali, o guitarrista iria se sentir em casa, pois muitos dos seus amigos belgas, como Bobby Jaspar e Benoît Quersin, também estavam residindo na capital francesa e ele não demorou a se adaptar ao movimentado cenário jazzístico local, tornando-se um dos mais assíduos freqüentadores das jams que rolavam nos clubes do bairro boêmio de St. Germain-des-Pres.

René tocou com músicos franceses, como os pianistas Martial Solal, Henri Renaud e René Urtreger, os saxofonistas Guy Laffite, Serge Monville e André Ross, os baixistas Jean Marie Ingrand e Pierre Michelot, os bateristas Daniel Humair, Jean-Louis Viale e Pierre Lemarchand e o guitarrista Sacha Distel. Também teve a oportunidade de acompanhar vários músicos norte-americanos estabelecidos ou em visita à França, como Kenny Clarke, Chet Baker e o também guitarrista Jimmy Gourley, que o apresentou ao trabalho de Jimmy Raney.  

O impacto das gravações de Raney, especialmente aquelas feitas com Stan Getz, foi fundamental para que Thomas depurasse seu estilo e adotasse uma nova abordagem. Seu fraseado passou a ser ainda mais fluido e límpido, deixando um pouco de lado a influência de Django em sua forma de tocar. Em abril de 1954 René grava o seu primeiro álbum como líder, para a Barclay. Para a mesma companhia, gravaria o seu segundo LP, em março de 1956. Quase 50 anos depois, os dois discos seriam relançados na série “Jazz in Paris”, da Gitanes, reunidos em um único CD, “The Real Cat”, com uma impecável qualidade sonora.

Embora esses discos tenham despertado a atenção da crítica, nenhum dos dois obteve vendagens expressivas, o que deixou Thomas bastante frustrado. Além disso, seu grande amigo Bobby Jaspar havia se mudado para os Estados Unidos e se fixado em Nova Iorque, fato que o encorajou a tentar a vida na América do Norte. Seu destino seria, primeiramente, o Canadá, onde sua irmã estava morando há algum tempo. Em abril de 1956 ele tomou um navio rumo a Montreal, mas quando a embarcação parou em Nova Iorque, para fazer alguns reparos técnicos, Thomas decidiu permanecer na Meca do Jazz.

O belga causou sensação nos clubes da cidade e se apresentou ao lado de alguns dos mais importantes músicos do período, como Stan Getz, Miles Davis, J. R. Monterose, Jim Hall, Toshiko Akiyoshi, Zoot Sims, Al Cohn, Tal Farlow, Jackie McLean, Jimmy Raney, Cecil Payne, Al Haig e Sonny Rollins, com quem chegou a gravar e a excursionar pelos Estados Unidos. Rollins ficou tão impressionado com a habilidade de Thomas que declarou à época: “René é o maior guitarrista europeu em atividade e eu creio que mesmo nos Estados Unidos seja quase impossível encontrar alguém tão talentoso”.

Somente em 1958 é que Thomas aporta no Canadá, dividindo-se entre Montreal e Quebec. Pesou nessa decisão a possibilidade de se comunicar na língua francesa e também a proximidade com os Estados Unidos, o que lhe permitia se apresentar com freqüência no país vizinho. Em pouquíssimo tempo estava realizando concertos na Sociedade de Jazz de Montreal, à frente de um trio formado pelo baixista Neil Michaud e pelo baterista Jose Bourguignon.

René cumpriu uma extensa agenda de shows no território canadense, além de ter feito diversos trabalhos para o rádio e a TV. Em dezembro daquele ano foi contratado para ser atração fixa do Little Vienna, em Montreal, e na qualidade de anfitrião costumava receber no palco do clube uma infinidade de músicos importantes em turnê pelo Canadá, como Jimmy Giuffre, Jim Hall, J. R. Monterose, Jackie McLean, Duke Jordan e o compatriota Toots Thielemans.

Geralmente trabalhando no formato de trio, Thomas teve a seu lado alguns dos principais nomes do jazz canadense, como os baixistas Stan Zadak, Bob Rudd e Fred McHugh e os bateristas Pierre Beluse, Billy Osborn e Billy Barwick. Em abril de 1960, o guitarrista volta a se reunir com o amigo Bobby Jaspar, para gravar a trilha sonora do filme “La Femme Image”, dirigido pelo cineasta e fotógrafo belga Guy Borremans, que na época também morava no Canadá. O filme é considerado a primeira produção canadense independente e junto com Thomas e Jaspar estão Freddie McHugh (contrabaixo) e George Braxton (bateria).

O ano de 1960 marca, também, a gravação de “Guitar Groove”, o primeiro – e, infelizmente, único – disco de Thomas nos Estados Unidos. Para a ocasião, ele se cercou de músicos extremamente talentosos, como o jovem pianista Hod O'Brien, o contrabaixista Teddy Kotick, o saxofonista J. R. Monterose e o baterista Albert “Tootie” Heath. O álbum foi gravado em duas sessões distintas, realizadas nos dias 07 e 08 de setembro, para a Jazzland, com produção de Orrin Keepnews.

A exuberante “Spontaneous Effort”, de autoria de Monterose, abre o disco e desde a sua introdução, a cargo de um encapetado Heath, o ouvinte percebe que está diante de um tema da melhor linhagem bop. O fraseado elegante de Thomas pontua o tema o tempo inteiro e seus solos são dinâmicos e envolventes, com direito a uma bem-humorada citação ao hit “El Manisero”. Monterose é um saxofonista hábil e de grandes recursos técnicos, e O’Brien, com pouco mais de 23 anos, já se mostra um improvisador criativo e fluente.

“Ruby, My Dear” talvez seja a mais pungente composição de Thelonious Monk e o arranjo elaborado pelo quinteto é ousado, chegando a tomar algumas liberdades harmônicas, mas que não a descaracterizam, Ao contrário, apenas realçam a beleza e o lirismo do tema. A abordagem aveludada de Monterose, tributária da escola de Lester Young, e o dedilhado hipnótico do líder tornam a versão uma das mais arrebatadoras já concebidas.

Monterose não participa de “Like Someone in Love”, composta por Johnny Burke e James Van-Heusen. O quarteto executa a canção com arrojo, desenvoltura, e uma levada em tempo médio irresistível. Os solos de Thomas não são rápidos ou explosivos, pois ele mais se assemelha um artesão de sons. Seus improvisos são sempre melodiosos, como se as notas fossem sendo esculpidas com parcimônia e delicadeza. Kotick e Heath possuem uma abordagem mais inflamada e não hesitam em despejar sobre o tema quantidades astronômicas de histamina.

“MTC” é a segunda composição de Monterose incluída no disco e também se notabiliza pelo andamento rápido, pela exuberância rítmica e pelos improvisos desafiadores, especialmente por parte do saxofonista e do líder da sessão, cuja sonoridade cristalina se impõe mesmo nos tempos mais acelerados. A seção rítmica tem uma atuação incisiva e pulsante, providenciando o alicerce sonoro ideal para os diálogos fulgurantes entre saxofone e guitarra.

Miles Davis comparece com a inebriante “Milestones”, cujo arranjo se notabiliza pelas harmonias imprevisíveis e por uma atuação devastadora de Heath. O baterista é vibrante, energético e contagia os demais companheiros com seu entusiasmo. O sempre afiado Thomas engendra improvisos complexos, esteticamente impecáveis, sem jamais perder de vista a linha melódica, enquanto Monterose mantém uma abordagem solidamente lastreada no melhor da tradição bop.

Na única balada do disco, “How Long Has This Been Going On?”, dos irmãos Gershwin, Thomas se apresenta secundado apenas pelo baixista e pelo baterista. A bordo do trio, sua habilidade nos temas lentos se evidencia com enorme autoridade. Seus arpejos são delicados e suas investigações da melodia, minuciosamente trabalhadas, são repletas de texturas e sutilezas. O lirismo da execução se completa com a sobriedade de Kotick e Heath, que aqui utiliza as escovas com preciosa discrição.

Com uma introdução levemente temperada com um sabor oriental, “Green Street Scene” é mais um petardo da lavra de Monterose. Novamente em formação de quinteto, Thomas expõe suas qualidades de grande criador de harmonias, de forma bastante fiel ao estilo cool que ele tanto preza. Descrito por seus pares como um excepcional guitarrista, seu trabalho ainda permanece em relativa obscuridade, embora esse álbum tenha predicados para figurar, com louvor, entre os mais encantadores da década de 60. O crítico Scott Yanow, além de atribuir nota máxima ao disco, não poupou elogios. Para ele, o líder “está em ótima forma, criando uma sonoridade requintada, por vezes econômica, e um sofisticado fluxo de tons. ‘Guitar Groove’ é, sem dúvida, o mais consistente trabalho de Thomas como líder”.

Em março do ano seguinte, René recebe o “Jazz At Its Best Award”, na categoria de melhor guitarrista, em um concurso promovido pela rádio CBC, de Montreal. Em julho ele volta pela primeira vez à Europa, e não perde tempo. Monta o International Jazz Quintet com os antigos parceiros Bobby Jaspar no sax tenor e na flauta, René Urtreger no piano, Benoit Quersin no contrabaixo e Daniel Humair na bateria. O grupo excursiona pela França e Bélgica, sempre com ótima receptividade por parte do público.

Em agosto, Thomas volta a Montreal e tem a honra de abrir o famoso festival de jazz daquela cidade, juntamente com seu trio formado pelo baixista Freddie Mac Hugh e o baterista Pierre Beluse. Apesar da carreira consolidada no Canadá, ele decide retornar, em definitivo, à Europa, dividindo-se entre a França e a Bélgica. Na terra natal, organiza um novo grupo com Jaspar, desta feita completado por Maurice Vander (piano), Michel Gaudry (contrabaixo) e Jean-Louis Viale (bateria). Face à incompatibilidade de agendas de seus integrantes, a banda foi desfeita no final daquele mesmo ano, após uma bem-sucedida temporada de três meses no clube Blue Note de Bruxelas.

No início de janeiro de 1962, Thomas se reúne novamente a Jaspar, Quersin e Humair, formando o International Jazz Quartet, que com essa formação viaja para a Itália, a fim de realizar alguns shows naquele país.  Mal os quatro aterrissaram em Roma e foram logo convidados a acompanhar o astro Chet Baker em uma gravação. Realizada no dia 05 de janeiro para a RCA, a sessão resultou no disco “Chet Is Back”, que marca o retorno do trompetista ao circuito jazzístico, após ter passado quase um ano preso, em decorrência do consumo e porte de entorpecentes. Contando com a adição do pianista italiano Amedeo Tommasi, o álbum é considerado uma verdadeira obra-prima na discografia de Baker e o sexteto atinge um grau de entrosamento quase telepático.

O guitarrista aproveitou a ocasião para participar da trilha sonora do filme “Una Storia Milanese”, de Eriprando Visconti (sobrinho do renomado Luchino Visconti), composta e executada por John Lewis e gravada no dia 17 de janeiro. O álbum foi lançado pela Atlantic com seu título em inglês, “A Milanese Story”, e também conta com as participações de Bobby Jaspar, Buster Smith e Giovanni Tommaso.

Após a temporada italiana, o International Jazz Quartet segue para a Inglterra, onde se apresenta no célebre Ronnie Scott's Club durante duas semanas. Em março, Thomas e Jaspar voltam à Itália, para uma excursão com Chet Baker, em uma banda que contava com Amedeo Tommasi no piano, Franco Mondini na bateria e Giovanni Tommaso no contrabaixo. Com essa formação, o grupo se apresentou em cidades como Livorno e Lucca.

Thomas permaneceu na Itália por algum tempo tocando em festivais como os de Bolonha e Modena. No primeiro, como acompanhante do pianista Kenny Drew, cujo trio contava com o baixista Giovanni Tommaso e o baterista Larry Ritchie. No segundo, René voltou a se apresentar com Chet Baker, tendo como companheiros de banda Bobby Jaspar (sax tenor), Jacques Pelzer (sax alto), Amedeo Tommasi (piano), Giovanni Tommaso (baixo) e Franco Mondini (bateria).

De volta à França, o guitarrista marcou presença no Antibes Jazz Festival, agora a bordo de um trio com o organista Jimmy Smith e o baterista Donald Bailey. Em outro festival realizado no território francês, o de Comblain, ele se apresenta com o saxofonista Jacques Pelzer, o organista Lou Bennett e o baterista Kenny Clarke. A parceria com Bennett seria uma das mais prolíficas e nos próximos anos os dois trabalhariam juntos em incontáveis ocasiões, inclusive no álbum “Meeting Mr. Thomas”, gravado para a Barclay em março de 1963 e também disponível em CD na série “Jazz in Paris”.

Nas notas desse disco, Bennett fala um pouco do parceiro: “Eu adoro o seu estilo. Ele tem algo de Django, mas assimilou uma porção de coisas novas durante a sua temporada na América. Eu gosto muito da sua sonoridade, que parece vir de um instrumento não eletrificado. Você pode ouvir as cordas quando ele toca. Ele realmente sabe fazer a sua guitarra cantar, parece que está tocando com um arco e não com uma palheta. René sabe criar nuances sonoras e é, de fato, um músico muito especial”.

Em julho de 1968, Thomas cumpre novamente o roteiro dos festivais de jazz italianos. O primeiro deles foi o Palermo Pop Festival, que teve como atrações não apenas astros do jazz, como as orquestras de Duke Ellington e Kenny Clarke-Francy Bolland, mas também da música pop, como Aretha Franklin e os Rolling Stones. Como curiosidade, a brasileira Elza Soares participou daquela edição do festival. Em seguida, René se apresentou no festival de Pescara, desta feita como convidado do pianista Georges Arvanitas.

Até o final da década, Thomas trabalharia exaustivamente, apresentando-se pela Europa como líder de seus próprios grupos ou acompanhando gente do gabarito de Sonny Criss, Jacques Pelzer, Ingfried Hoffmann, Rein De Graaff, Lee Konitz, Charlie Rouse, Frank Dunlop, Kenny Drew, Paul Gonsalves e Lucky Thompson. Concertos e festivais em países como Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha e Suécia eram uma constante na vida do guitarrista.

De meados de 1969 ao final de 1970, manteve um trio de grande sucesso em Paris, juntamente com o organista Eddy Louiss e o baterista Kenny Clarke (logo substituído por Bernard Lubat). De passagem por Paris, Stan Getz assistiu a uma apresentação do grupo no Appolo Club e ficou chapado com o que viu e ouviu, não hesitando em contratá-los. Chamou seu novo grupo de “European Band” e com essa formação gravou, em março de 1971, o álbum ao vivo “Dynasty” (Polydor), durante uma temporada no clube Ronnie Scott’s, em Londres. A produção ficou a cargo de George Martin, famoso por haver produzido vários álbuns dos Beatles.

Ainda naquele ano, Getz e seus comandados se apresentam no Mexico Jazz Festival, na Cidade do México. Após a apresentação, foram todos jantar na casa de João Gilberto, que naquele período desfrutava de um confortável exílio mexicano. Durante o restante do ano, Getz excursiona pela Europa, permanentemente acompanhado por Thomas, fazendo apresentações no Reino Unido, França, Bélgica, Portugal, Holanda e Alemanha.

Em 1972, Getz desfez a “European Band” e Thomas seguiu seu caminho, sempre trabalhando bastante. Tocou nos festivais de Utrecht, na Holanda, e Altena, na Alemanha, juntamente com o antigo parceiro Jacques Pelzer. Ainda acompanhado de Pelzer, René voltou em grande estilo à cidade natal, para se apresentar na primeira edição do Liege Jazz Festival. Durante o festival de Laren, na Holanda, reencontrou-se com o ex-patrão Sonny Rollins e os dois tocaram juntos, após um hiato de quase quinze anos.

René ainda tentou reeditar o trio com Eddy Louiss e Bernard Lubat, em 1973, mas após uma breve temporada na Riviera Francesa, os três decidiram se separar. O guitarrista voltou para Paris, montando um novo grupo, agora com o pianista Raymond Le Senechal. No ano seguinte, reuniu-se mais uma vez ao organista Lou Bennett, tendo Al Jones na bateria. Quando os três excursionavam pela Espanha, Thomas sofreu um infarto fulminante, no dia 03 de janeiro de 1975, na cidade de Santander. Tinha apenas 48 anos.

Ao saber da morte do amigo, Jacques Pelzer teria comentado: “René era o ouvido, o fogo, técnica, a idéia, a musicalidade. Um guitarrista excepcional, com quem tive a honra de conviver e trabalhar por quase 30 anos. Quantas recordações maravilhosas! Adeus, René Thomas, meu eterno amigo”. Embora não tenha obtido em vida o reconhecimento à altura do seu talento, sua influência permanece viva, de alguma maneira, no trabalho de nomes como Larry Coryell, Joe Diorio, John McLaughlin e Philip Catherine, todos seus fãs assumidos.

Toots Thielemans não foi menos econômico nos elogios. Para ele, René “foi um músico inesquecível. Nós tocamos juntos poucas vezes, apenas em jam sessions. Ele era capaz de criar um som encantador, misturando técnica e emoção. Eu jamais esquecerei uma noite, no final dos anos 50, em que ele, que na época morava no Canadá, pegou sua Gibson, ligou em um velho amplificador e, por mais de meia hora tocou versões arrebatadoras de “Star Eyes” e “I’ll Remember April”. Seu toque é uma referência compulsória para qualquer guitarrista. Obrigado por tudo, René”.

Mas talvez o depoimento mais comovente tenha sido de Sacha Distel, ele próprio um excelente guitarrista de jazz. Arrasado com a notícia da morte de Thomas, ele revelou todo o seu carinho e sua admiração em poucas palavras: “René, meu grande amigo! Meu amigo genial! Vida, música e guitarra. Obrigado pelo fantástico concerto que você nos deu. Você certamente está fazendo uma grande festa no céu com Wes e Django!”


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PS.: Infelizmente, este álbum magistral se encontra fora de catálogo. Todavia, quem estiver no Rio de Janeiro pode facilmente encontrá-lo na Reco Records, a melhor loja de cds da Cidade Maravilhosa, afetuosamente administrada pelo querido Sérgio Sônico, personagem do recente livro "Rio Bossa Nova", do Ruy Castro. Basta ir ao calçadão do Leblon, na altura do Posto 12, e encomendar o seu exemplar - e de centenas de outras raridades do jazz e da bossa nova que ele tem em seu acervo. Milan e seu triciclo mágico estão lá todo domingo, a partir das 11:00 e além de ser um profundo conhecedor do jazz e da música em geral, ele também é um tremendo boa praça. Difícil vai ser comprar só um cd!

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26 comentários:

figbatera disse...

Espetacular! Uma vida curta mas muito rica musicalmente; ele tocou com quase "todo o mundo" jazzístico e sempre com grande originalidade e talento.
Ótima (pra variar) resenha com completas informações sobre esse grande músico.
Parabéns!

Francis J disse...

Merecida homenagem!

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss Érico,

Parabéns por esse novo triunfo analítico sobre mais um CD excelente de um grande músico que, lamentavelmente, poucos conhecem.

Ñão é atoa que ele foi o guitarrista favorito de Sonny Rollins - e lembremos que Rollins teve Jim Hall a seu lado durante uma fase da sua carreira.

Aliás, nos anos 40/50/60 a Europa revelou excelntes jazzmen franceses, belgas, alemães, ingleses e dinamarqueses. A Europa foi e continua sendo um vasto celeiro de jazzmen, e nos últimos anos a Itália, terra de meus ancestrais, vem revelando uma plêiade de músicos fantásticos, incluindo o fenomenal Gianlucca Petrella, que deixou-me babando quando tocou no TIM Festival de 2005 com o FABULOSO quinteto de Enrico Rava.
Naquele evento ouvi pela primeira vez o FANTÁSTICO trompetista Fabrizio Bosso (ou algo assim, pois estou em dúvida quanto à grafia). Não é por acaso que nos últimos anos a Itália é o segundo país do mundo em termos de jazz.

E,como diria meu saudoso pai,VIVA ITÁLIA ED MOLTI FIGLI MASCHI, uma de suas frases mais freqüentes...

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Caros Fig e Francs (a quem dou as calorosas boas-vindas),
Obrigado pelas presenças e pelas palavras carinhosas.
Também tenho dois discos do Thomas, lançados pela série Jazz in Paris, que são fantásticos.
Ele é um super-craque.
Grande abraço aos dois!

Érico Cordeiro disse...

Caríssimo Mestre Raffaelli,
Postávamos simultaneamente!
Pois é, a itália vem se revelando um grande celeiro de craques. Temos ainda o pianista Stefano Bollani, o clarinetista Gabriele Mirabassi e o genial saxofonista Francesco Cafiso.
Tenho um disco do Michel Petrucciani em que tocam dois outros músicos fabulosos: o trompetista Flavio Boltro e o saxofonista Stefano di Battista (tenho um disco, em que ele homenageia Charlie Parker, que é maravilhoso).
Então, que VIVA ITÁLIA ED MOLTI FIGLI MASCHI!!!!!!!

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss,

Com relação ao fenomenal e então precoce Francesco Cafiso, fui o primeiro no Brasil a redigir uma matéria sobre ele, Na ocasião, ele tinha seus 11 ou 12 anos, mas já tocava um absurdo, deixando petrificados os músicos que o ouviam. Não foi por acaso que Wynton Marsalis ao ouví-lo levou-o em turnê pela Europa.

Quanto a Stefano Di Battista, entrevistei-o por telefone antecedendo sua vinda em 2005. Após ele atender o telefone na Itália, identifiquei-me como jornalista brasileiro e surpreendeu-me com sua primeira frase em português fluente: "Como vai, tudo bem com você" ? Isso deveu-se porque três ou quatro meses antes ele tocara em Brasília e Curitiba... , mas, encerrada a entrevista, pediu-me que fosse ao camarim após a apesentação do seu quinteto, o que ocorreu. O camarim era uma festa porque os músicos estavam felizes com sua brilhante apresentação aapesar de não terem dormido nas últimas 24 horas devido ao grande atraso do vôo deles que saiu de Paris....
Keep swinging,
Raffaelli

Penélope disse...

Gosto demais deste eswpaço e das biografias e discografias apuradas que sempre partilha conosco. Vou compartilhar no grupo de ARTES que temos no face e um outro grupo de música. Valeu!!!
Grande abraço

Érico Cordeiro disse...

Caros Raffaelli e Malu,
Muito bom tê-los a bordo.
Ao primeiro, digo que o Di Battista em breve dá as caras por aqui. Seu tributo a Parker é excelente.
À segunda, agradeço as palavras generosas e, se não for incômodo, me manda um convite pro seu grupo de Artes do FB, ok?
Abraços aos dois!

PREDADOR.- disse...

Muitos ainda pensam que o "professor de física" e "poeta da guitarra" era francês. Belga de nascimento Thomas gravou muito pouca coisa como lider mas deixou registrado suas ótimas participações como sideman, especialmente com Chet Baker, Bobby Jaspar,Stan Getz,Sonny Criss e muitos outros, para nossa satisfação. Outra boa resenha e ótima lembrança, mr.Cordeiro, de um guitarrista pouco conhecido/divulgado, que "no frigir dos ovos" se igualava aos melhores músicos americanos. É isso! Saudações vascaínas!!

Érico Cordeiro disse...

Mr. Predador,
Estou ouvindo neste exato instante outro músico bastante postável, o ótimo trompetista Charlie Shavers. Ele e o Louie Bellson estarão por aqui em breve, junto com Sam Noto, Buck Clayton, Clifford Jordan, Oscar Pettiford, Hank Crawford e muitos mais.
Quanto ao Thomas, ele era um músico genial, com um som redondo e muito gostoso. Abração!

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss,

Felicito-o por incluir brevemente Charlie Shavers num resenha porque foi um músico excepcional pouquíssimo conhecido e muito menos divulgado no Brasil.
Shavers, que era primo de Fats Navarro, esteve no Rio com a orquestra de Tommy Dorsey que veio inaugurar a TV-Tupi, a primeira do gênero na cidade.
Ele possuia uma fenomenal stamina para tocar as notas mais agudas com firmeza e absoluto domínio da massa sonora do instrumento em todos os registros do trompete.
Não foi por acaso que Dizzy Gillespie declarou que "Charlie Shavers é o mais completo trompetista em atividade, ele faz coisas incríveis que nenhum outro sequer se atreve a tentar".
Shavers e Louis Bellson tiveram um pequeno conjunto que foi agregado à orquestra de Tommy Dorsey por volta de 1947/48, se não me engano.

Aguardaremos ansiosos sua resenha.
Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli, de logo o conclamo para escrever algumas palavrinhas sobre o Shavers, cujo álbum a ser resenhado será o ótimo Dig it Cole, todo calcado na obra de Cole Porter.
Não precisa muita coisa, só um parágrafo sobre a importância dele para o idioma jazzístico ou sobre a sua célebre habilidade nos duelos com outros músicos.
Um fraterno abraço e vou ficar esperando, ok?

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss Érico,

Com atraso, pelo que me desculpo, aí vai um parágrafo sobre Charlie Shavers, desejando que tenha alguma utilidade.

Charlie Shavers foi um dos mais articulados e inventivos trompetistas surgidos na Era do Swing, um virtuoso improvisador cujos solos repletos de excitação realçavam sua técnica incomparável de grande força de expressão que causavam inveja a inúmeros outros trompetistas.

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss,

Por sua causa (benéfica, é óbvio), após ler sua resenha fui remexer meus LPs (nem imagina a quantidade que ainda tenho....) e (re)ouvi este excepcional disco após, provavelmente não tê-lo ouvido nos últimos 30 anos aproximadamente!!

Na busca dos LPs deparei-me com uns 50/60 que já esquecera, entre eles coisas fantásticas de jazz gravado pelos argentinos (e como tinham músicos de primeira) e pelos europeus (belgas, franceses, holandeses e alemães).
Explico: Tive um grande amigo belga que conheci quando morou no Rio, ele era jazzmaníaco e fundou aqui o Stan Kenton Fan Club. Quando Kenton veio ao Rio de férias, em 1950, esse amigo levou-o à sede do Kenton Fan Club.
Pois bem, como ele viera ao Rio fugindo da invasão alemã na Segunda Guerra, fizemos uma grande amizade. Anos mais tarde, já no pós-guerra, ele voltou à Bélgica e mandava-me um monte de LPs de jazz editados lá. Como dizia antes, mexendo na estante de LPs neste fim de semana deparei-me com uma montanha de preciosides gravadas na Europa e no sábado e domingo quase nada mais fiz a não ser lavar LPs (mofados devido ao longo trempo enfurnados na estante) e reouví-los. Quanta coisa ótima!! E achei inúmeros itens de jazz argentino porque nos anos 70 e 80 fui inúmeras vezes a Buenos Aires (aproveitando semana santa, carnaval ou qualquer outros feriadões que permitiam essas viagens curtas, mas fabulosas em termos de jazz). Lá comprei um monte desses LPs, mas, com o tempo e muitas viagens enturmei-me com os hermanos jazzófilos e ganhei muita coisa deles. Fui até homenageado uma vez num clube de jazz local....
O LP é coisa do passado, claro, mas quanta coisa boa existe e os argentinos tocavam jazz excepcionalmente bem.
Quanta coisa boa tem nesses LPs e quantas lembranças maravilhosas guardo dessas viagem a Buenos Aires. Lá existiam várias big bands que estavam a nível das bandas americanas.

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss Érico,

A interpretação de René Thomas em
"How Long Has This Been Going On?" é uma das mais líricas e emotivas que ouvi em minha vida. Não há dúvida de que ele estava inspiradíssimo quando gravou esse clássico da música americana. É difícil ouvirmos algo tão apaixonante e de tanto bom gosto.

Essa gravação mereceria ser guardada na capsula do tempo para ser ouvida e avaliada futuramente como um exemplo do que a sensibilidade de um músico pode conseguir quando está realmente envolvido na arte musical que ele abraçou.
Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
É sempre bom tê-lo por perto, ainda mais quando compartilha suas histórias e suas impressões sobre os grandes nomes do jazz.
A Argentina dá um baile em matéria de jazz. Além do Villegas (que resenhei aqui), tem músicos estupendos, como o baixista Harná Merlo (que conheci pessoalmente no Rio e me presenteou com dois cds) e o pianista Adrián Iaies, outro monstro.
Obrigado pelas palavras sobre o Shavers, cuja resenha está bem adiantada.
Quanto ás suas opiniões sobre o Thomas, assino embaixo. How Long Has This Been Going On? ficou lindíssima e esse disco é daqueles imprescindíveis.
Um fraterno abraço!

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss,


É isso mesmo, meu caro, os argentinos têm músicos de jazz excelentes que nós, brasileiros, nem imaginamos porque, para nós, em termos de música, a Argentina é a terra do tango e da chacarera, ninguém imagina o que eles têm de músicos de jazz.

As big bands de Mariano Tito, Bubby Lavecchia e Mario Cosentino
alcançam (ou alcançaram, pois não sei se ainda existem) um nível jazzístico estarrecedor. Sem falar na célebre Santa Maria Jazz Band, que toca (ou tocava) jazz das big bands dos anos 30, com um tremendo saxofonista chamado Ubaldo Gonzalez Lanuza de um nível assustador!
E o que dizer de Gustavo Kerestezacchi, Gustavo Bergalli, Jorge Anders, Andrés Boiarsky, Roberto Fernandez (que tocou na big band de Ray Charles!), Victor Ducatenzeiller, Santiago Giacobbe, Alfredo Remnus, Jorge Gonzalez, Nestor Astarita e tantos mais ?
Posso discorrer a respeito deles porque tenho LPs deles e várias vezes ouvi-os ao vivo em Buenos Aires.

É melhor parar por aqui antes que comece a mencionar Messi, Maradona, Di Stefano, Labruna, Lostau, Pedernera, Boyé, Massantonio, Bonelli, Chueco Garcia, Borello, Cucchiarone, Sarlanga, Simes, Sued, Tucho Mundez e outros cracaços....

Keep swinging,
Raffaelli

Zé Miguel disse...

Mestre Raff
Que alegria poder rele-lo (ve-lo). Meu apetite por coisas do jazz empurra-me a estas plagas e me refestelo com as mágicas aqui postadas e, não bastasse tudo, suas deliciosas histórias. Este post sobre os músicos argentinos vai fazer-me ao roteiro tão bem descrito por Sergio Pujol e Walther Tiers em seus maravilhosos livros-roteiros do espetacular jazz hermano. Grande amplexo.

José Domingos Raffaelli disse...

Grande Zé Miguel,

Como vai, tudo bem ?

Como diz o vulgo em inglês "What a small world"!!!
Bem-vindo a este recanto pacifico no qual todos externamos nossas opinioes e trocamos idéias, nosso Chefe Maior, o incansável e dedicado Érico Cordeiro (um extraodinário crítico de jazz) dirige e coordena tudo com a maior habilidade tornando-nos uma tribo amigável e acolhedora. Eu, especialmente, abuso à beça da paciência da turma, mas nosso Mestre Mór Érico nos acalma e tudo fica sempre em paz.

Grande abraço e keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Caros Zé Miguel e Mestre raffaelli,
Ao primeiro, dou as boas vindas e espero que se junte à nossa confraria virtual. E peço que leve em conta que o Mestre Raffaelli, gentleman que é, exagera bastante em suas palavras :-)
Ao segundo, só tenho a agradecer por privar de sua amizade e presença constante aqui no barzinho, abrilhantando-o com sua generosidade, sabedoria e inesgotável simpatia!!!!
Abraços!

José Domingos Raffaelli disse...

Caro Zé Miguel,

Um pequeno adendo aos dois últimos posts:

- Esqueci de mencionar que eu e Walter Thiers fomos grandes amigos desde a primeira vez que estive em Buenos Aires. Toda vez que ia lá nos encontrávamos, saíamos, jantávemos e fomos algumas vezes ao clube Jazz Y Pop, da dupla Jorge Gonzalez (baixo) e Nestor Astarita (bateria). Não vou a Buenos Aires desde 1988, por isso fiquei inteiramente por fora do meio jazzístico portenho, por isso não sei se ainda existe o Jazz y Pop. Walter faleceu há anos, assim como Nano Herrera, o homem mais conhecido no meio jazzístico argentino, que também tornara-se grande amigo meu.
De vez em quando mato as saudades dos jazzófilos de lá entrando no site "Sibemol", onde aquela turma ótima opina e dá dicas sobre o movimento jazzístico local. Vale a pena dar uma olhada.
Keep swinging,
Rafaelli=

Zé Miguel disse...

Caríssimo Érico

Doravante serei habitueé do adorável barzinho, onde na algazarra dos clientes lá está no spot place a força e substância de vossos relatos que há pouco iniciei a ler e já me delicio. Muito obrigado.
Caríssimo Mestre Raff,
o prazer em contata-lo é inenarrável, sempre e renovada alegria. Muito bom sabe-lo ativo e saudável...God bless you. Sim, tenho ido a BAs com certa frequência, o Jazz Y Pop ainda é a mais antiga casa em atividade no gênero, lado a lado com as mais recentes e muito ativas Thelonious Bar e Notorious Bar, esta conta com uma excelente loja de discos de jazz argentino na avenida Callao. Lá despontam os relançamentos do selo Melopea. Os grandes nomes vão aos poucos se indo, ainda há pouco nos deixou o magistral sax Chivo Borraro. Porém vem vindo uma nova geração, interessada e produtiva. Sibemol, se não me engano, é mantido pelo grande pianista e arranjador Fernando Gelbard, antes de tudo um amante da música brasileira. Enfim...me sinto revigorado em encontrar tão saboroso bar em tão caras e amigas companhias. Cheers !!!

Érico Cordeiro disse...

Prezados Mestre Raffaelli e Zé Miguel,
Só me resta agradecer pelas presenças ilustres e relembrar outro amigo querido, o Pedro "Apóstolo" Cardoso, e uma de suas frases prediletas: O jazz é a trilha sonora da amizade!
Um fraterno abraço aos dois!

José Domingos Raffaelli disse...

Grande amigo Zé Miguel,

Agradeço pela parte que me toca sua presença neste recanto jazzístico, que certamente dará a todos os freqüentadores a dimensão dos seus conhecimentos e seu entusiasmo pela nossa tão querida e amada "música dos músicos".

Para completar a felicidade que os grandes amigos sempre me deram, ontem tive a grande alegria de rever e almoçar com seu primo Antonio Carlos Miguel, amigo desde os anos 70 e ex-colega do Globo, um dos maiores conhecedores de MPB e jazz deste país, quando batemos um quilométrico papo sobre música (o que mais poderia ser?). O pai dele teve um AVC recentemente, mas está se recuperando bem, graças a Deus. Você naturalmente está a par disso porque mora em Floripa.

Sorte sua ir com freqüência a Buenos Aires. Lá é primeiro mundo em termos de música em geral, e, em termos de jazz, dá um banho no Brasil...

Bem-vindo a este recanto jazzístico e, como costumo despedir-me,
Keep swinging,
Raffaelli

Anônimo disse...

Ah! Agora sim foi feita justiça. Com isso encerro minha greve de comentários. Pois é. É conversando q a gente se entende, pq meu irmão, mr. Érico Sam, soube ouvir e entender q é muito importante para mim, antes do dinheiro da compra, deveras antes do lucro, o entendimento que existem discos im-pos-síveis de se obter, ou porque estão fora de catálogo ou por isso e pela fortuna q se tem q despôr para se adquirir um CD original e quem realmente ama a música, quer um disco impossível, quase assim como ele veio ao mundo um objeto palpável, se não comprar comigo, fica a ver navios, preso a leis idiotas que amarram o cidadão à ignorância. Gente! Seu Sam, meu irmão, se existe um lojinha da bike, ilegal pela lei mas muito legal para os amantes da boa ,úsica, é justo porque os homens de negócio, decidiram sentar em cima de suas fortunas. Não vendem, muito menos dão ou emprestam, entonces se é assim, Lojinha neles! E tenho dito.

Valeu, seu sam, acho q vc até exagerou nos elogios sobre minha pessoa. Não sou tão boa praça assim. Mas faço o trabalho fito sujo sem problemas algum sábio disse, "encontre o que você realmente gosta de fazer e você nunca mais terá que trabalhar nessa vida. Levei uns 40 anos pra descobrir isso, mas agora q já sei, tbm não largarei o osso! E, modéstia ao longe!, sorte de quem me achou.

Abraços!


Ps.: se não tivesse tido a manha de colar antes esse texto esse blogger dus infernos teria me comido o trabalho de escrever, vai daí q me assino,
sergio millan, o sônico.

Érico Cordeiro disse...

Sempre à disposição do Mr. Garimpeiro!
Finda a greve de comentários, esteja à vontade.
Você presta um serviço de máxima relevância aos amantes da música, ao zelar pela memória!
Valeu!

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