Amigos do jazz + bossa

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O INCANSÁVEL RAY BROWN



Raymond Matthews Brown nasceu no dia 13 de outubro de 1926, em Pittsburgh. Com apenas oito anos de idade, começou a estudar piano clássico, mas sem nenhuma empolgação. Também tentou aprender trombone, ainda na infância, mas sem qualquer sucesso. Na adolescência, resolveu se integrar à orquestra da escola e escolheu então o único instrumento disponível: o contrabaixo. Além da permuta de instrumentos, trocou também de ídolo: sai Fats Waller e entra Jimmy Blanton, que na época causava sensação na orquestra de Duke Ellington, graças à sua maneira revolucionária de tocar.

Tocando em gigs na cidade local, seu nome começou a ficar conhecido no meio jazzístico. Não obstante, somente começou a tocar profissionalmente depois de concluir o colegial, atendendo aos sábios conselhos da mãe. O primeiro emprego foi no sexteto de Jimmy Hinsley, com quem tocou por cerca de oito meses, passando a atuar na banda de Snookum Russell, sempre em Pittsburgh.

Pouco tempo depois, Brown decidiu tentar a sorte em Nova Iorque, onde chegou em 1945. Os deuses do jazz deviam gostar muito dele, pois logo em seu primeiro dia na Meca do Jazz participou de uma jam session, a convite de seu amigo Hank Jones, da qual participavam, simplesmente, Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Bud Powell, uma espécie de Santíssima Trindade do bebop.

Encantado com a técnica e a habilidade do jovem contrabaixista, Gillespie não perdeu tempo e o contratou para tocar em sua orquestra e em seus pequenos conjuntos. Na época, Ray já havia adicionado Oscar Pettiford e Slam Stewart ao rol de influências. Tocando com Dizzy, Brown conheceu Milt Jackson e John Lewis e com eles, e mais Kenny Clarke, participou da primeira formação do Modern Jazz Quartet.

Convidado por Norman Granz, integrou a caravana do Jazz At The Philharmonic, o que lhe deu enorme visibilidade. Tanto que chamou a atenção de Ella Fitzgerald, que o quis não apenas como contrabaixista, mas também como marido. Brown formou um trio (com Hank Jones no piano e Charlie Smith na bateria) para acompanhar a mulher, mas o casamento não não se sustentaria por muito tempo – os dois ficaram juntos de 1947 a 1952. Reza a lenda que nas gigs de que participava, ele chamava a atenção de todos, com seus alinhados ternos de 400 dólares (uma fortuna na época).

Separado de Ella, Ray se dedicou à carreira com ainda mais afinco. Tornou-se um dos mais requisitados músicos da época, gravando incessantemente com nomes como Frank Sinatra, Blossom Dearie, Stan Getz, Louis Armstrong, Charlie Parker, Coleman Hawkins, Sonny Rollins, Herb Geller, Hampton Hawes, Buddy DeFranco, Teddy Edwards, Tony Bennett, Phineas Newborn, Roy Eldridge, Tal Farlow, Sonny Stitt, Ben Webster, Billy Eckstine, Joe Venuti, Sonny Rollins, Sarah Vaughan, Lester Young, Fred Astaire, Lionel Hampton, Lee Konitz e muitos outros.

Sua associação mais profícua e, certamente, mais importante, foi com um pianista canadense que havia conhecido durante as excursões do projeto Jazz At The Philharmonic: o ultravirtuose Oscar Peterson. Foram cerca de 15 anos tocando no trio de Peterson, de 1951 até 1966, quando a parceria foi amigavelmente desfeita. No final dos anos 50, foi um dos professores da célebre School Of Jazz, em Lenox, Massachussetts e também dedicou-se ao aprendizado do violoncelo, gravando para a Verve o excelente álbum “Jazz Cello” (de 1960).

Outra associação importante, embora esporádica, foi com o guitarrista Barney Kessel e o baterista Shelly Manne, em um trio apropriadamente denominado “The Poll Winners”, que lançou alguns ótimos álbuns pela Contemporary, entre o final dos anos 50 e o início dos 70. Em 1964, Ray ganhou o Grammy de melhor composição de jazz por “The Gravy Waltz”, uma parceria com o pianista Steve Allen. Em 1966, mudou-se para Los Angeles, onde atuou como músico de estúdio, fazendo trabalhos para o cinema e a televisão.

Um dos seus trabalhos mais conhecidos foi a trilha sonora do desenho animado “O tamanduá e a formiga” (1969/1970), onde integrava uma banda all-star, que incluía Billy Byers, Pete Candoli, Shelly Manne e Jimmy Rowles. Também produziu shows no Hollywood Bowl e criou, juntamente com Jack Ackerman e Stanley Wilson, a trilha sonora para o filme “Husbands” (1970), de John Cassavetes, estrelado pelo próprio diretor e mais Ben Gazzara e Peter Falk.

Aliás, os anos 70 foram de intensa atividade para o baixista. Foi o escolhido por Duke Ellington para acompanhá-lo no fenomenal álbum “This One’s For Blanton”, um emocionante tributo a Jimmy Blanton, em 1972. Também foi um dos fundadores do grupo L. A. Four, com quem gravaria e excursionaria com regularidade entre 1974 e 1982. A seu lado, o guitarrista Laurindo Almeida, o saxofonista Bud Shank e o velho parceiro Shelly Manne, que em 1977 seria substituído pelo talentoso Jeff Hamilton (hoje muito conhecido, por integrar a banda da cantora Diana Krall).

Escreveu vários livros didáticos, sendo que um deles, “Ray Brown's Bass Method - Essential Scales, Patterns and Excercises”, é considerado obra de referência sobre o contrabaixo jazzístico. Também participou, como sideman, de inúmeros álbuns para a Concord e a Pablo, gravadora fundada e dirigida por Norman Granz. Reencontrou o antigo parceiro Oscar Peterson em vários concertos na edição do Festival de Montreux de 1977, onde ambos acompanharam nomes como Clarke Terry, Eddie Lockjaw Davis e Roy Eldridge. Todas essas apresentações foram lançadas em vídeo, pela série “Norman Granz' Jazz in Montreux”.

Um dos mais fantásticos discos do baixista é “Something For Lester”, que muitos críticos consideram um trabalho de transição entre aquilo que Ray fazia nos trios de Oscar Peterson e aquilo que viria a fazer em seus próprios trios nas décadas de 80 e 90. Curiosamente, o álbum foi gravado nos dias 22 e 24 de junho de 1977, mas somente foi lançado em 1979, como uma homenagem ao produtor Lester Koenig, fundador da Contemporary e falecido em 1977.

Ao lado de Brown, dois dos mais espetaculares músicos de qualquer era: Cedar Walton no piano e Elvin Jones na bateria. Walton, que também é um talentoso compositor, contribui com dois temas de sua autoria: a incendiária “Ojos de Rojo”, que abre o disco, e a não menos eletrizante “Something In Comon”.

Na primeira, que pode ser descrita como um bebop ortodoxo com discretas tintas latinas, são perceptíveis os ecos de Bud Powell e na segunda, cuja abordagem é mais contemporânea, há algo de Horace Silver, especialmente na forma como Walton percute as teclas do seu piano. Em ambas, a qualidade técnica dos músicos chega às raias da perfeição – Elvin chega a usar as escovas em “Something In Comon”, mas não abre mão de sua proverbial vitalidade e Brown é um portento, tanto no acompanhamento como nos admiráveis solos que comete.

No blues “Slippery”, de autoria do líder, o baixista fica à vontade para esticar as notas ao máximo, o que acarreta uma sonoridade volumosa e articulada. Sua fluência encontra eco na abordagem funky de Walton, forjada por anos nos Jazz Messengers. Jones revela a sua faceta lírica, priorizando o aspecto melódico em detrimento do rítmico, com um resultado surpreendente.

Uma das mais belas – e menos conhecidas – composições dos irmãos Gershwin, “Love Walked In” é uma balada em tempo médio, com uma extraordinária performance de Walton, que possui um domínio quase sobrenatural das 88 teclas. Brown e Elvin atuam com discrição, mas sem qualquer acanhamento, sendo que o vigoroso solo do líder merece uma audição mais atenta. Talvez a mais relaxada faixa do álbum, cuja inclusão foi sugerida pelo próprio Lester Koenig.

Dois standards dos mais notáveis – “Georgia On My Mind”, de Hoagy Carmichael, e “Little Girl Blue”, de Richard Rodgers e Lorenz Hart – ganham versões excepcionalmente belas. Na primeira, Brown conduz a melodia com a delicadeza de um ourives, até o momento em que o trio começa a subverter a harmonia da canção, impondo-lhe um andamento mais acelerado. Jazz da melhor estirpe, com improvisações ensolaradas e um Elvin Jones em estado de graça, enquanto a graciosidade do toque de Walton é inexprimível em palavras.

Na segunda, a introdução elaborada por Brown diz tudo acerca dos seus predicados técnicos: ele é, sem dúvida alguma, um dos maiores baixistas que o jazz já produziu em qualquer época. Meticuloso, o líder constrói cuidadosamente o arcabouço melódico, enquanto o piano e a bateria vão se insinuando pelas frestas da canção – decerto é a faixa mais lírica do disco.

Para encerrar, uma devastadora versão de “Sister Sadie”, clássico do hard bop de autoria de Horace Silver. O início é fabuloso, com Brown dialogando ora com Jones e ora com Walton. O trio atua com tamanho entusiasmo – o termo avidez seria mais apropriado – que dá uma nova dimensão à palavra groove. Pode parecer heresia, mas o ouvinte não chega a sentir falta dos metais em brasa de Junior Cook e Blue Mitchell, que dividiram o palco com Silver na versão original, no álbum “Blowin' the Blues Away”. Simplesmente fantástico!

Nos anos 80 e 90 Brown continuou a trabalhar compulsivamente, excursionando e gravando com a energia e o ânimo de um iniciante. Acompanhou com regularidade a cantora Ernestine Anderson e integrou a big band do pianista Gene Harris, que por sua vez retribuía a gentileza gravando diversos discos como sideman no Ray Brown Trio. Em 1992, recebeu o título de Jazz Master, conferido pela NEA – National Endowment for the Arts.

Seus trios, a bem da verdade, eram um celeiro de novos talentos. Por ali passaram, entre outros, pianistas como Benny Green, Monty Alexander e Geoff Keezer, bateristas como Jeff Hamilton, Karriem Riggins e Greg Hutchison, e guitarristas como Ron Eschete, Ulf Wakenius e Russell Malone. Os álbuns desse período foram lançados basicamente pela pela Concord e pela Telarc, que lançaria o formidável “Superbass” (1997), onde Brown, secundado pelos fiéis escudeiros Benny Green e Greg Hutchison, atua com dois de seus mais talentosos discípulos: John Clayton e Christian McBride.


Não é exagero afirmar que Brown elevou o contrabaixo jazzístico a um novo patamar de excelência e estendeu as possibilidades harmônicas do instrumento, tanto quanto o ídolo Jimmy Blanton havia feito na década de 40. Além disso, tocava com um prazer e uma entrega contagiantes. Tanto é que praticamente morreu sobre o palco: no dia 02 de julho de 2002 um ataque cardíaco fulminante abateu-o enquanto descansava, antes de um concerto, em Indianápolis. Por sua enorme folha de serviços prestados ao jazz, Brown foi indicado, postumamente, para o Jazz Hall of Fame da revista Down Beat, em 2003.


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34 comentários:

PREDADOR.- disse...

"Deus ajuda quem cedo madruga". Acordastes cedo para essa postagem mr.Cordeiro. O que foi: insônia, perturbações noturnas, pesadelos por causa do nosso "timinho"??? Deixa p'ra lá. O que está em pauta é a ótima resenha sôbre um dos melhores contrabaixistas do jazz. Resumo completo da vida musical de nosso Ray. Nada a acrescentar. Valeu!

Érico Cordeiro disse...

É isso aí, Mr. Predador.
Antes de partir prá Pinheiro City, a Princesa da Baixada, deixei os amigos do barzinho na excelsa companhia de Ray Brown.
Um grande abraço - quanto ao nosso timinho, resta apenas rezar para que a Copa do Brasil não termine de forma tão melancólica.
Abração!!!!

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Mr. Érico,

postagem sobre o craque dos craques! Dizer mais o q?

Nota 1000

Abraços

Ô¬Ô

Hector Aguilera S. disse...

Caro Érico, que gran bajista fué Ray Brown, uno de mis músicos preferido. Lo que más rescato de él es su versatilidad para adaptarse a distintos estilos y momentos del jazz y la música en general.
Muy bueno este post que has subido, muy completa la información que das sobre este gran bajista.
Un cordial saludo.

Érico Cordeiro disse...

Caros Mauro e Hector,
Sejam bem-vindos e obrigado pelas palavras gentis. O Bom e velho Ray é um cracaço mesmo. Sua discografia é imensa e são muitos os ótimos discos lançados pela Telarc e Concord, nos últimos 20 anos de carreira.
Ele é aquele tipo de solista que cria algo novo e surpreendente e como acompanhante sempre deixa o líder à vontade - nunca "pisa na bola".
Abraços fraternos aos dois!

Vagner Pitta disse...

Colega Érico, saudações! Faz tempo que nao comento por aqui...mas quase todas as semanas passo algumas vezes por aqui pra ler suas bio...!


No Farofa Moderna há lá um álbum pra baixar (ou uma indicação: não me lembro bem), do Ray Brown num trio de ninguem mais ninguem menos que André Previn, pianista virtuose e maestro erudito do qual tbm já dediquei uma modesta resenha.

No meu site no multiply tenho esse "Jazz Cello" que tu mencionou: muito bom!!!

A representatividade para o contrabaixo no jazz foi e é tão grande que ele não só deixou centenas de discos como tbm fez escola: contrabaixistas contemporâneos não exitam em citá-lo como principal influência... o fenomenal Christian McBride, por exemplo, devotou à ele o seu último disco, Kind of Brow (quase uma paráfrase ao Kind of Blue, e propositalmente lançado no mesmo ano de seu aniversário). Aliás, tu mesmo viu e deve até ter comentado o post que dediquei o McBride lá no Farofa Moderna: citei bastante a inegável influencia de Ray Brown no manejo do jovem.


parabéns pelas ótimas resenhas e abraço!

Esther disse...

Caro Eric,

Adoro o seu blog porque você fala sobre os músicos que eu gosto de todo o mundo. Seu blog é sobre o jazz em um período de alcance, incomparável, sensacional. Para mim a ouvir os grandes mestres do jazz é a melhor. Como Ray, Dizzy Bird ...

Um grande abraço de sempre!

Érico Cordeiro disse...

Queridos Vagner e Esther!!!
Muito bom começar o dia com as presenças ensolaradas de vocês - blogueiros e amigos que mantém "casas virtuais" da melhor qualidade e que eu adoro e visito sempre!
Sejam muito bem vindos ao barzinho.
Grande Vagner, tenho três discos do Andre Previn com o Ray Brown (Uptown e Old Friends, com o Mundell Lowe na guitarra, e o terceiro é o After Hours, com o Joe Pass - todos lançados pela Telarc e maravilhosos). Brown deixou dezenas de herdeiros e o Christian McBride é, sem dúvida, um dos mais talentosos - esse Kind Of Brown é fabuloso (tem um vibrafonista, cujo nome não tô lembrado agora, que arrebenta).
Esther, a Fada dos Olhos de Poeta, fico honrado e muito feliz com suas palavras - o seu blog é um deleite visual e estou sempre por lá. É uma casa fundamental para qualquer amante do jazz e uma inspiração - eu sempre tento fazer com as palavras aquilo que você faz com a fotografia: homenagear os artistas que só nos dão emoção e encantamento.
Um fraterno abraço aos dois!

José Domingos Raffaelli disse...

Caro Érico,

Repito o que escrevi outras vezes: "você não dorme ?". Desejaria ter sua stamina e disposição para escrever sobre jazz a qualquer hora (presumo que seja a qualquer hora em face da sua copiosa e aparentementemente interminável produção de resenhas muito bem fundamentadas).

Aproveitando a deixa que o assunto é Ray Brown e, homenageando nosso Tandeta (que chamo de Frank Butler brasileiro), ao dar a idéia (aprovada por você, embora outros correligionários não aprovem) solicitando que escrevesse "causos" sobre jazzmen, aqui vai um deles envolvendo Ray Brown.

Aconteceu nos anos 70 quando a orquestra de Woody Herman foi a Los Angeles para uma temporada de duas semanas. No dia da estréia, o baixista da orquestra fraturou um dedo, não podendo tocar. Woody entrou em pânico e solicitou a seu empresário para "caçar" um substituto a qualquer preço. Após dezenas e dezenas de telefonemas, o empresário convenceu Ray Brown a substituir o baixista.

Quando a orquestra chegou ao clube Donte's para a estréia, o gerente olhou um por um os músicos que desciam do ônibus. Ao avistar Ray Brown, virou-se surpreso para o empresário de Woody gritando:

- Mas esse não é o Ray Brown ?

O empresário, supondo que a pergunta fosse uma crítica ou reclamação, defendeu-se:

- E ele, sim, mas conforme-se porque foi o único que consegui...

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Essa foi genial! Continue nos brindando com essas histórias deliciosas - é cada uma melhor que a outra.
Quanto às resenhas, confesso que só posso me dedicar a elas no final de semana. Mas aí é tão prazeroso pesquisar, escrever e, sobretudo, ouvir esses grandes gênios, que elas saem rapidinho - gostaria de ter tempo para escrever mais (se pudesse, postava uma resenha por dia - rs, rs, rs).
Um fraterno abraço e obrigado pela presença, pela generosidade e pelos causos!!!!

Sergio disse...

Ah, o empresário!... Seu talento máximo - q não deixa de ser um dom - é ouvir a música transformar-se em tilintar de moedinhas... Para ele Ray Brown e Ray Conniff é tudo a mesma soda, a questão é direcionar o target.

Érico Cordeiro disse...

Grande empresário esse, Mr. Seu Sérgio!
Maria Antonieta total - se não tem pão, comam brioches, se não tem baixista, usem Ray Brown (rs, rs, rs).
Abração!

Fabricio Vieira disse...

Caro Érico,
sempre bom ler seu posts... Ray Brown é um dos clássicos intocáveis, sem dúvida. E, aproveitando que falou em baixo, aproveito para perguntar: que me diz do William Parker, um dos maiores do instrumento em atividade hoje? Pergunto por curiosidade mesmo: não o considero mais um nome 'underground' que brilha apenas em obscuros discos de free jazz: Parker é o cara, em todos aspectos: como líder, sideman, compositor, produtor de festivais (criou o fundamental Vision Festival). Me relate suas impressões...
um abraço, apareça lá no Free Form...
Fabricio

Érico Cordeiro disse...

Grande Fabrício,
Seja muito bem vindo - é sempre um prazer tê-lo a bordo e saiba que sou assíduo leitor dos seus posts no Free Form (inclusive um bastante recente sobre o Hermeto, que é show de bola).
Sobre o Parker, lamento informar que não conheço o seu trabalho - dei uma passada no site do cara e ele tem um currículo invejável: estudou com feras como Jimmy Garrison, Richard Davis e Wilbur Ware e trabalhou com grandes nomes do jazz contemporâneo, como Cecil Taylor, Anthony Braxton e Peter Brötzman. Além disso, ainda é produtor, arranjador, compositor e multiinstrumentista.
Confessando a minha ignorância e admitindo que não tenho lá tanta afinidade com o cenário free, embora tenha vários discos de gente como o próprio Eric Dolphy (adoro alguns de seus discos, outros nem tanto, mas é um músico fabuloso), Cecil Taylor, Andrew Hill (esse eu curto bastante), Don Friedman, Sam Rivers, Pharoah Sanders, Gato Barbieri, Albert Ayler, Archie Shepp, etc., vou tentar achar alguma coisa do Parker - suas palavras me despertaram bastante curiosidade.
Aproveito e pergunto: o que você recomenda a um amante dos velhos bebop e hardbop, prá começas a ter contato com o universo Williamparkeriano?
De qualquer modo, vou dar uma sacada no allmusic e no Amazon, prá pescar alguma coisa.
Grande abraço e volte sempre - o Jazz + Bossa e o Free Form são blogs irmãos e se complementam!

Fabricio Vieira disse...

caro,
vi que já deu uma boa pesquisada! aconselho para começar um disco recente, de 2008, o "Petit Oiseau", do William Parker Quartet, que conta com, além do baixista, com Hamid Drake (drums), Rob Brown (sax alto, clarinet) e
Lewis Barnes (trumpet).

Não estou achando seu e-mail, para que eu possa passar os links para vc ouvir o disco...

abs, Fabricio

figbatera disse...

Caraca! E incansável é tbm esse blogueiro que nos brinda constantemente com suas excelentes resenhas e respectivas músicas.
Parabéns de novo!

Érico Cordeiro disse...

Grande Fabrício,
Vi esse disco no Amazon e achei interessante, por conta dos comentários dos clientes que o conhecem. Também achei oPalm of Soul, de um saxofonista chamado Kidd Jordan (também não conheço, mas vem de New Orleans, portanto deve ser bacanudo), que parece bastante bacana.
Qualquer hora dessas eu peço.
Quanto ao e-mail, é: ericorenatoserra@gmail.com
Mestre Fig,
Seja muito bem-vindo e muito obrigado pelas palavras generosas. Sexta-feira, quando estiver em Saint Louis, vou estar anteciPando.
Abração aos dois amigos!

Unknown disse...

Sempre ótimas suas postagens, Mr Cordeiro! Bom lhe ler por aqui! Grande Abraço!

Andre Tandeta disse...

Erico,
Ray Brown é "O" cara no contrabaixo no jazz. Vi ao vivo duas vezes:1978 no Festival de São Paulo e em 2000 no Free Jazz. Performances para ouvir de joelhos.
Alguns pitacos:
-Ray Brown tem uma carreira de produtor, associado a ninguem menos que Quincy Jones. Juntos produziram diversos grandes discos e trilhas sonoras.Eu fico devendo a lista, que é bem grande e com trabalhos bastante importantes e inovadores.
-pela primeira vez discordo da escolha do disco.Não acho que a dupla Ray Brown - Elvin Jones seja a melhor combinação ,tanto pra um como pro outro. Mesmo levando-se em conta que esses dois genios jamais fariam algo que não fosse no minimo muito bom, suas concepções ritmicas são quase que opostas. Na minha opinião Ed Tighpen, Shelly Manne e Jeff Hamilton tem muito mais afinidade ritmica com Ray Brown. Talvez seja uma questão de opinião ,de todo modo repito que são dois genios e Cedar Walton é com certeza do primeirissimo time.
-agradeço ao Raffaelli suas gentis palavras ao me comparar com o grande Frank Butler ,acho que é até um exagero mas humildemente quero dizer que nessa altura do campeonato,52 anos e 34 como profissional, tento ser o Andre Tandeta brasileiro ,e ja é dificil.Agradeço a lembrança e a historia é sensacional. Então, Raffaelli,pra felicidade da galera aqui do barzinho do Erico mande sempre mais historias e comentarios . Quem sabe até um post mesmo, com direito a musicas e tudo mais? Erico,me desculpe a intromissão na gerencia do barzinho,mas a causa é nobre.
Abraço

Érico Cordeiro disse...

Grandes Sérgio e Tandeta,
Prazer imenso em tê-los.
O primeiro nos causa inveja, ao ver - in loco - os grandes caras da cena jazzística de Amsterdão d'Oeste (vulgo Grande Maçã). Ave, Rivero - nosso correspondente internacional na Meca do jazz!!!!!
Mestre Tandeta, esse disco me bateu legal. Primeiro pensei no Jazz cello, depois em algo da Telarc, mas esse disco realmente é muito bom. Tem o inusitado: o explosivo Elvin Jones, o cerebral Cedar Walton e o superhipermegatotalbeat Ray Brown. Discaço mesmo, mas você só percebe as nuances depois da terceira ou quarta oitiva. Por isso insisti e me vi recompensado. Quanto as sugestões pro barzinho, são sempre bem-vindas e, na medida do possível, vão sendo atendidas . Você é sócio e manda aqui, pô!!!!
Hoje, depois de três geladinhas, tô ouvindo um popzinho maneiríssimo - Keane, do disco Hopes and Fears, prá variar um pouco. Depois vai rolar uma Amy Winehouse (já viu o dvd e a p* banda da mulher - caraca!!! ela manda muito e a banda é 1000).
Grande abraço, mestre das baquetas, pratos, escovas e adjacências!!!!!!

Sergio disse...

Érico, quando vc gosta de pop, é pop até dizer pára! Com acento e com efeito! Keane? Eita, como o gosto é uma coisa pessoal, intransferível... Estou impsionado.

Venho por meio desse justo pq, falando em pop, estou para postar (já há meses) uma descoberta, totalmente ao acaso, de um artista q dá até pra dizer que no Brasil, só eu conheço. C sabe, pra quem fica enfiado nessa atividade, é muito mais fácil que exclusividades assim apareçam para os que insistem.

Mazenfim, ñ querendo desfazer e já desfazendo de seu Keane, é pop de 1ªríssima linha. O X da questão é o jazz, que não me deixa priorizar outras coisas... As vzs tento fugir dele, forço barra até, mas quando recaio no jazz, sair dele é muito complicadinho... Daí que na hora de postar a fila do jazz está 20 álbuns acima de qualquer outra pilha de estilos.

Mas no fim das contas, espero, com esse seu gosto revelado várias vzs pelo pop radical, quando eu postar a tal raridade, quero muito contar com sua abalizada opinião. Saiba que um dos motivos pelos quais acabo preterindo esses discos mais ao pop, é a certeza de que você ou o Mauro, ou mesmo o Pituco san, que contribuem opinando, não vão as vzs nem aparecer. Então sinta-se avisado e desafiado. Aliás, quando postar o tal venho cá lhe avisar e te chamar pra briga do pop.

Abraços!

Paul Constantinides disse...

erico
penso q o oscar peterson trio foi um dos mais influentes no Brasil.
este beat do Ray Brown em Ojos de Rojo e Somethin in Common me lembra bastante o som e praia em que os Trios dos anos 60 no Brasil andavam.
abs
paul

Andre Tandeta disse...

Erico,
atualmente eu não mando nem em mim.
Abraço

pituco disse...

érico sama,

consegui acessar tua página...mamma mia, congela tudo...benne, tô devendo comentário, desde a postagem e pando piramidal de steve kuhn e agora esse master do rabecão...mr.ray brown...e discaço de 'feras'(sister sadie...com aqueles acentos meio rockabilly...hehehe)

concordo com os convivas de cá...prati, que exerce o talento com naturalidade, talvez passe desapercebido...mas, pra nosoutros, relés escrevinhadores, é invejável tua verve e competência...parabéns(clap, clap, clap...rs)

e quanta estória bacanuda...tô seguindo, tô seguindo o barco...rs

abraçsons

Érico Cordeiro disse...

Grandes Sérgio, Paul e Tandeta,
Pois é, Seu San, o pop também tem vez na minha radiolinha, embora não com a mesma freqüencia de antes. Mas é fácil explicar - você tocou no ponto de forma bem precisa: o universo do jazz é tão amplo e tão rico, com milhares de coisas de excelente qualidade e músicos tão surpreendentes, que você mergulha com tanto afinco que meio que esquece outros gêneros.
Mas o Keane faz o tipo de pop desprentensioso e leve, tipo Travis, Coldplay, Radiohead (de The Bends, porque depois ficou pretensioso), Oasis, Blur etc.
Vou esperar prá sacar essa sua nova garimpada.
Seu Mr. The Paul, concordo com você - há um quezinho de sambajazz em Ojos de Rojo, algo tipo Beco das Garrafas mesmo. De qualquer modo tanto o Walton quanto o Brown são profundos conhecedores e admiradores da música brasileira.
Seu Tandeta, você pode até não mandar em você, mas aqui no barzinho a gente obedece às suas ordens bacanudamente - afinal de contas, obedece quem tem juízo (rs, rs, rs).
Abração aos três!!!!

Érico Cordeiro disse...

Grande Seu Mr. Pituco, o embaixador swingante do J+B no Oriente,
Seja bem-vindo - postagens simultâneas.
Aqui tudo bacanudo, sem travadas nem coisas do gênero (ainda bem). Mas talvez o problema seja com o navegador. Tenta usar o Chrome - é o que eu estou usando agora, não quero mais nem saber do Explorer.
Valeu pelas palavras carinhosas - fico honrado mesmo!!!!
Valeu pela presença e pelas opiniões que sempre nos enriquecem.
Grande abraço!!!!!

Sergio disse...

Seu Érico, não sei si citas, se não, necessitas conhecer a série Brown “Some Of My Best Friends Are...”. Escuto agora o álbum dos friends guitarristas. Há tbm o dos pianistas, vocalistas, saxofonistas, trompetistas, enfim, é istas q não acaba mais... Os convidados são só feras, no das guitarras, Herbie Helis, Russell Malone, Kenny Burrell... Piano outra cacetada de VIPs, infim... é por aí. O postado “Something for Lester”, já ouvi duas vzs. Bueno, muy bueno, san!

Érico Cordeiro disse...

Mestre Sérgio,
Da série ome Of My Best Friends Are... só tenho o dos guitarristas e o dos trompetistas - faltam alguns "istas".
Gosto dos dois e pretendo conhecer o dos pianistas e dos saxofonistas. Em breve, quem sabe?
Abração e valeu a visita - que bom que você aprovou o Something for Lester!!!

Sergio disse...

Pois é rapaz! Estou pasmo ouvindo a dos trompetistas - me faltam as de singers com Dee Dee e só pela Dee Dee, nem vi o resto, quero ter e a dos saxistas - mas voltando aos trumpeters, o que é o Joh Faddis, seu San do céu!!!??? Tou já atrás dele. Com todo o respeito craro.

Sergio disse...

É Jon Faddis.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Seu Sérgio,
O Faddis manda muito bem. Tenho um disco dele, o Legacy, com o Kenny Barron, que é muito bom!
Chegue junto do cara, Seu San, que vale a pena - mas com todo respeito, ok?
Abração!

Sebastián Mondéjar disse...

Parabéns por este excelente tour e abrangente de um dos melhores baixistas da história do jazz. Permitam-me acrescentar outra gravação histórica, "Retratos de Duke Ellington (1975), juntamente com o incomparável guitarrista Joe Pass eo baterista Bobby Durham, um trabalho verdadeiramente elegante e delicada. Quando eu penso que era casado com Ella Fitzgerald, minha deusa do jazz, eu penso: "Que um casal extraordinário e incomum!".

Um abraço de Murcia, na Espanha, onde a música brasileira tem muitos seguidores. Eu mesmo, sem ir mais longe, toco jazz-bossa há mais de trinta anos.

Saúde e Jazz!

Sebastián Mondéjar disse...

O título original do disco que me referi é "Portraits of Duke Ellington".

Érico Cordeiro disse...

Caro Sebastián,
Seja muito bem vindo e junte-se à nossa confraria. Todo amante do jazz e da bossa nova é sócio do barzinho, com direito a camarote VIP.
Tenho esse disco, onde o Pass aparece como líder - verdadeiramente fabuloso!!! É um forte candidato a uma futura postagem.
Um fraterno abraço, diretamente do Brasil e, por favor, volte sempre!!!!

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