“Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.
Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.” (Guimarães Rosa).
Publicado no livro “Primeiras Estórias”, o conto “A terceira margem do rio” é um dos mais belos e pungentes da literatura brasileira. Nele, Guimarães Rosa questiona a condição humana, através da história do sujeito que abandona a família e qualquer vínculo com a sociedade, para viver dentro de uma canoa, navegando a esmo por um indefinível rio. Em sua solitária obstinação, o homem parece dizer: é preferível o exílio a uma vida medíocre e previsível.
Seu filho e narrador da história, que fora abandonado juntamente com o resto da família, é o único e remoto contato do homem com a realidade e passa o resto da vida tentando entender os motivos que levaram o pai a cometer um ato tão radical. Ao conhecer a história de Frank Rosolino, lembrei do enigmático personagem de Guimarães Rosa, cujas obscuras motivações jamais seriam verdadeiramente conhecidas. Da mesma forma que sucedeu com Frank.
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Don Menza, Shelly Manne, Conte Candoli, Pete Candoli, J. J. Johnson, Herb Ellis, Med Flory, Roger Kellaway. Esses grandes músicos estavam juntos no final de novembro de 1978. Não, não se tratava de uma concorrida jam session ou uma gravação importante. O motivo da reunião era bem outro. Estavam ali para dar o último adeus ao amigo e colega Frank Rosolino e ao seu filho Justin.
O dia 26 de novembro de 1978 entrou para os anais do jazz como um dos mais terríveis de sua história. O conhecido e extremamente querido trombonista Frank Rosolino havia dado cabo à própria vida. Antes disso, atirou nos dois filhos que dormiam em sua casa. Justin, de apenas nove anos, morreu na hora. Jason, o mais novo, sobreviveu, mas como conseqüência do tiro, que lhe perfurou a têmpora e destruiu os nervos ópticos, ficou cego.
Nada poderia indicar que o falante e bem humorado Rosolino fosse capaz de cometer um ato tão terrível. Mas havia indícios de que o temperamento alegre e bonachão do trombonista escondesse uma pessoa sombria e trágica, que passava então por uma profunda crise depressiva. Benny Carter, em conversa com o crítico Leonard Feather, disse: “Frank era um músico fantástico, mas por trás da personalidade jovial, havia um homem problemático. Ele era como o Pagliacci”.
Outro indício foi captado pelo letrista Gene Lees. Ele e a esposa viajavam para o Colorado juntamente com alguns músicos, para uma festa em homenagem ao produtor Dick Gibson. Entre os músicos, estava Frank, cuja ex-mulher, mãe dos seus dois filhos, havia se suicidado há alguns anos. Sem querer, Gene ouviu Rosolino dizer à namorada que tinha de vontade de se matar – e que se o fizesse levaria consigo os filhos. A namorada pediu-lhe que ele não falasse daquele jeito, acalmou-o e o assunto terminou por ali. Lees tampouco deu importância ao episódio. Até ouvir sobre a tragédia no noticiário.
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Estamos em Detroit, estado do Michigan. O dia é 20 de agosto de 1926 e a família Rosolino, comemora a chegada do pequeno Frank. Sem grandes percalços, a infância transcorre normalmente e, aos nove anos, o garoto começa a aprender guitarra. Com catorze, opta pelo trombone, dividindo as aulas na Miller High School com o aprendizado musical na Cass Tech Symphony Orchestra.
Integrou-se ao exército com 18 anos, tendo servido nas Filipinas. Tocou na banda da 86ª Divisão e ali travou um contato mais intenso com o jazz. Em 1946, já dispensado das forças armadas, Frank iniciou a carreira profissional, tocando no circuito de Detroit e atuando nas orquestras de Bob Chester, Glen Gray, Gene Krupa, Tony Pastor, Herbie Fields, Georgie Auld.
A grande chance veio em 1952, quando foi convidado a integrar a orquestra de Stan Kenton. Até 1954, Rosolino seria um dos membros mais destacados da big band, célebre pela abordagem arrojada. Conta Jorge Cravo, em seu delicioso livro “O caçador das bolachas perdidas”, que ele e João Gilberto passavam horas ouvindo os discos de Kenton, especialmente naquelas faixas onde Rosolino solava. De 1954 a 1960, já estabelecido na Califórnia, o trombonista integrou o Lighthouse All Stars, grupo formado pelo baixista Howard Rumsey e que congregava grandes nomes do West Coast Jazz.
Na mesma época, também trabalhava como freelancer, tocando com Zoot Sims, Benny Carter, Bob Cooper, Kay Winding, Bud Rich, Mel Tormé, Helen Humes, Shorty Rogers, Dexter Gordon, Carl Fontana, Joe Venuti, Toots Thielemans, Shelly Manne, June Christy, Pete Christlieb, Bud Shank, Conte Candoli, Johnny Mandel, Flip Philips, Louis Bellson, Ray Charles, Marty Paich e outros. Também era bastante requisitado para atuar em orquestras dos estúdios de cinema e televisão.
Em 1958, após haver lançado alguns discos em seu próprio nome, Rosolino gravou aquele que pode ser considerado a sua obra-prima e seu maior presente à posteridade jaazzística. “Free Forr All” reúne os talentos de Harold Land (sax tenor), Victor Feldman (piano), Leroy Vinnegar (baixo) e Stan Levey (bateria), e foi gravado no dia 22 de dezembro. A produção ficou a cargo de David Axelrod, para o selo Speciality Records (em cd, o disco saiu pela OJC).
O disco abre com uma nada reverente versão de “Love For Sale”, que o quinteto se encarrega de revirar pelo avesso. Desde a introdução, com uma deliciosa pitada de valsa, até os solos inebriantes, especialmente de Land, o ouvinte percebe que está diante de uma sessão especial. Frank, dono de um senso melódico incomum e Levey, esplêndido no uso dos pratos, merecem uma atenção mais detida.
Feldman, que além de prodigioso multi-instrumentista era também um compositor sensível, contribui com a belíssima “Twilight”, cujo título honra a sua atmosfera crepuscular e cuja estrutura pungente nos remete à clássica “I Remember Clifford”. Soberba a participação de Land e o solo do líder é um primor de leveza e encantamento.
O diálogo entre Land e Rosolino em “Don’t Take Your Love From Me”, uma balada em tempo médio com um discreto acento de blues, é notável, cheio de eloqüência e criatividade. O saxofonista é uma usina de idéias e se entrega tão completamente que quase hipnotiza o ouvinte. Bastante inventiva, como sempre, é a intervenção Feldman, tanto na parte rítmica quanto no envolvente solo.
O virtuosismo do quinteto eclode com toda a força em “Chrisdee”, tema de autoria de Levey. Vinnegar trafega pelas sinuosas vielas do bebop com extrema maestria, perpetrando um solo arrebatador. Muito arrojo e elevada complexidade técnica nos solos do líder e, sobretudo, do indomável Land, um bopper que nada fica a dever a monstros como Dexter Gordon ou Teddy Edwards.
“Stardust”, o standard mais gravado de todos os tempos – e um dos mais belos – recebe um tratamento à altura da sua importância para a grande canção americana. A introdução, com o trombone à capela, é de arrepiar e à medida em que os outros instrumentos vão se agregando, o arranjo intimista continua a preserva a delicadeza e o lirismo do tema, um dos pontos altos do disco.
O tema que dá nome ao álbum é uma composição de Rosolino, onde ele flerta com o nascente soul jazz. Com uma estrutura calcada no blues e extremamente groovy, é uma das faixas mais cativantes. Vinnegar, com seu contrabaixo precioso, é sempre uma atração à parte em qualquer contexto – seu solo merece ser estudado nas melhores escolas de música do planeta – e o líder soa como se tocasse um trompete.
Mais um standard, “There Is No Greater Love”, executada em tempo rápido e com fartas doses de hard bop, e uma musculosa “Sneakyoso”, outro petardo de Rosolino, encerram o set. Em ambas, a performance de Rosolino e de Land é explosiva. Na versão em cd, três faixas bônus (takes alternativos de “Chisdee”, “Don’t Take Your Love From Me” e “There Is No Greater Love”) fazem deste álbum um item obrigatório em qualquer discoteca.
De 1959 a 1962, integrou a orquestra de Terry Gibbs. Também passou cerca de dois anos na Donn Tremmer's House Band, orquestra que acompanhava o apresentador de TV Steve Allen, bastante popular nos anos 60. Nesse programa, Frank costumava cantar e fazer pequenos sketches cômicos.
Também nas décadas de 60 e 70, excursionou várias vezes com a rediviva orquestra de Stan Kenton e se manteve em intensa atividade como músico de estúdio, acompanhando ídolos pop como The Monkees e Tower Of Power. Também integrou o Supersax, grupo formado por Med Flory e Bud Clark para pagar tributo ao grande Charlie Parker, através da transcrição e harmonização de seus solos.
Participou de álbuns de Horace Silver, Barney Kessel, Sonny Stitt, Benny Golson e Quincy Jones, a quem acompanhou em uma bem sucedida turnê pela Europa e Japão. Pelo menos três músicos brasileiros tiveram a honra de ter Rosolino, que era grande amigo de Raul de Souza, tocando em seus discos: Moacir Santos, Paulinho da Costa e Sérgio Mendes. O trombonista também participava, regularmente, de festivais ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
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Estamos na madrugada de 26 de novembro de 1978. São quatro e trinta da manhã e a casa, situada no distrito de Van Nuys, Los Angeles, é iluminada pelo clarão de três tiros. Um dos mais brilhantes e queridos músicos da história do jazz acaba de tirar a própria vida e de um dos seus filhos. O outro sobreviveu, mas ficaria cego para sempre.
Mas a vida segue e Jason Rosolino, adotado por um casal de parentes da sua mãe, conseguiu vencer todas as dificuldades. Para além da tragédia pessoal, ele é hoje um talentoso músico (toca piano e bateria) e continua morando na Califórnia. Uma de suas composições se chama “I Want To Know Why”. Ao que parece, assim como o personagem/narrador do conto de Guimarães Rosa, ele ainda procura saber o porquê.
46 comentários:
Primeirão!
Rosa e Rosolino. Mortes precoces por motivos diversos. Grandes perdas. resta-nos as obras de um e de outro. Grandes em seus respectivos campos (Rosa foi motivo da minha tese de doutoramento), não há como não admirá-los. Dormirei embalado pelo som da radiola.
Bom trabalho, mr. Érico.
segundão,
pôxa, já no primeiro parágrafo do post reconheço 'o idioma' do mestre dr.rosa...e no podcast(com seus dias contados até dia primeiro?), um álbum piramidal...
aqui é passagem obrigatória...boa leitura e música.
obrigadão, érico san,
amplexossonoros
brither érico
o trilher literário no começo deste post já vale o post em si.
que delicia.
a musica, gumiarães e rosolino.
a coisa, é q pegar a canoa e se afastar, não nos afasta do que nos mantém preso a tudo, nós mesmos.
terceira margem do rio, zorba o grego, outras obras incríveis de um mesmo período maluco dos meados do século passado.
vixi o papo aqui é musica..kkkkk
mas estou escrevendo tudo isto ao som de Frank Rosolino.
abs
paul
Ô¬Ô
Mestre Érico, estou voltando à lida depois de um curto descanso e encontro estas maravilhas de postagens. O caso do Rosolino sempre me deixou um circo de pulgas atráz da orelha, eu o ouvi meses antes do trágico fato no 1° Fest de jazz de SP. Tocou marvilhosamente, como sempre, ao lado do Raul de Souza. No bar dos músicos se divertia, com o tambem inesquecível Jimmy Rowles, tinha a aparencia de um sujeito feliz e realizado. De perto somos mesmo muito diferentes.
Abração pra vc amigo e estou na área novamente!
Ô¬Ô
Grandes Salsa, Pituco, Paul e Mauro,
Sejam bem-vindos.
Pois é, Mr. Salsa, percebi essa ponte que vai dos grotões do sertão mineiro até as ensolaradas praias da Califórnia - infelizmente em torno de mais uma tragédia entre músicos de jazz!
E sábias as palavras do Paul, "pegar a canoa e se afastar, não nos afasta do que nos mantém preso a tudo, nós mesmos" - o sujeito continua ali dentro da canoa, não há como fugir de si mesmo!
Grande abraço aos quatro!
A abertura do texto está suculenta, seu Érico. E pelo pouco q ouvi... O q dizer?, o 1º acorde de um trombone é suficiente pra me transportar direto lá pra Lapa malandra dos pisantes bicolores, da malemolência carioca e do salão da dança, Estudantina. Não. Não sou um pé de valsa. Mas quando fui prestava uma atenção!...
O disco já foi providenciado e ainda lerei com calma para entender onde fica a ponte entre Frank Rosolino e o mestre Rosa. Tbm fiquei curioso com a tragédia a cerca do trombonista. Definitivamente minha memória não pega visgo, amigos: Lembro-me q há uns 2 anos baixei um raro disco ao vivo de Raul de Souza e Frank – a conselho de mestre Edu. Lembro-me que o som não está lá grandes coisas, mas não me lembro mais justo do que se deu com o trombonista... Im-per-do-á-vel.
Mestre San, o Sérgio,
O garimpeiro ataca novamente - pois então leia o texto e depois relate suas impressões!
Diga, também, o que achou do disco - eu particularmente gosto bastante!
Abração!
Claro q lerei, mas pra não haver malentendidos, "o som não está lá grandes coisas" a q me referiro é a qualidade do audio. É o tal show em sampa, aqui comentado. Imagine, Raul de e Frank juntos... Deve ter sido um acontecimento! E "deve" pq eu não estava lá.
Ô Seu San,
Isso eu entendi, é claro - imagina, a reunião de duas feras só pode ser maravilhosa - o que poderia comprometer seria a qualidade da gravação, que talvez não permita que se aprecie - com o devido encantamento - a obra de dois dos maiores trombonistas do mundo.
É a Lapa, que passa pelos Grotões de Minas e se espalha até Los Angeles, Seu San!!!!
Abração!
Q história hein...
acho q já tinha ouvido essa historia uma vez, contada nada mais nada menos que Hélio Delmiro no Sesc Instrumental da Psulista....
o som realmente é uma puta dica...abrs
Valeu, grande Caio!
E que mestre é o Delmiro - outro músico brasileiro fabuloso!
Quanto à enquete lá do música, ainda estou pensando - é tanta coisa bonita que, sinceramente, é preciso ouvir/reouvir muita coisa prá escolher!
Abração!
Guimarães Rosa, se vivo, teria apreciado a comparação, embora fosse avesso ao jazz. Gostava daquelas cantigas arigós do sertão mineiro. Enfim, gosto é gosto, até para um homem cuja sofisticação lingüística era ilimitada. Jazz é linguagem, e Rosolino sabe disso. Ou sabia. Rosa preferiu ignorar. Há uma história meio mal contada de GR recusando-se a assistir, em Washington, a um show de Count Basie. Li isso em algum lugar, mas, como Satie, minha memória é de um amnésico.
Tenho "Free For All", e tentei, alucinadamente, no YouTube, encontrar imagens da gravação de "There's no Greater Love". Faço coleção das gravações e confesso que comprei esse cedê por conta da faixa.
Grande analogia: Rosolino & Rosa. Vale sempre aparecer por aqui.
Grande abraço, Érico.
Mestre Grijó,
É sempre muito bom poder contar com sua presença aqui no jazz + bossa.
Taí um detalhe que eu não sabia - que o querido João Rosa não gostava de jazz - mas acho que as velhas canções do rádio caem bem como trilha sonora para os seus escritos!
E se o seu problema é encontrar algo na internet, eles acabaram! Vou falar com o garimpeiro-mor Sérgio Sônico prá dar uma vasculhada pela net (ele, certamente vai achar - senão é porque não existe!).
Abração, meu caro!
Prezado ÉRICO:
As notas de Leonard Feather para o encarte do CD contam a história da gravação e do trágico desfecho desse "monstro" do trombone (Teagarden, J.J. Johnson, Rosolino = o trombone no JAZZ).
Sua magnífica resenha amplia os horizontes, que a maldita droga cunhou nos sentidos desse músico excepcional, até a loucura final cometida.
Fica a obra, plena de "feeling", de técnica e de um humor insuperável...
Mestre Apóstolo,
Que bom contar com sua excelsa presença!
Acho que você, assim como o Mauto (do Hotbeat Jazz) teve a honra de vê-lo ao vivo no célebre Festival de Jazz de São Paulo.
Ele, realmente, era um monstro, um dos tops do trombone jazzístico (acrescento á sua lista o fabuloso Kai Winding e o incansável Curtis Fuller, e um sujeito da nova geração, chamado Clifton Anderson, sobrinho de Sonny Rollins).
Pena que tenha se retirado do palco da vida de maneira tão trágica!
Grande abraço!
Ah, os anos 50s... Se tivesse vivido nessa época, eu tbm não sairia de lá nem a pau.
Tou leno, seu san, calma... O som é celeste!!!
Meu amigo, as lembranças narradas mais acima, não dão conta de uma tragédia humana dessas proporções. Não há memória fraca, sem visgo q apague um caso assim. Por hora fico com a música. Só pra ser meu guia parei em "Estamos em Detroit".
Em tempo: até amanhã.
Uau, Érico! Essa ponte (além dos nomes).. Ficou muito interessante! Essa coisa encontrar o diabo no mundo no meio do redemunho é mesmo algo que cobra um preço alto. Não é á toa que a arte de gente como Rosolino (ou Chet Baker, ou Miles Davis, ou Janes Joplin) apesar da beleza tem um fundo profundo de desespero e tragédia...
Bão...A citação da "Terceira Margem" me fez lembrar do Grande Sertão (outra das minhas obssessões).
Uma dupla de Sérgios!
Bons augúrios prá começar o dia.
Ao primeiro, pergunto: gostou, seu San?
Ao segundo, sabia que ia gostar, pois logo no início do seu blog tem uma citação a Guimarães Rosa! Jazz e tragédias pessoais caminham juntos em muitos casos - aliás, a vida é cheia de pequenas e grandes tragédias cotidianas. Anós, cabe enfrentá-las!
Abração aos dois!
Estimado ÉRICO CORDEIRO:
Claro que tive o privilégio de assistir ROSOLINO ao vivo: mágico ! ! !
Importante todavia foi a convivência de Mestre LULA com ROSOLINO e outras feras que estiveram no Festival de São Paulo. LULA, em suas "Histórias do Jazz" para o CJUB, relatou diversos episódios ocorridos nesse Festival e, sob pena de ser exaustivo, transcrevo a seguir a que mais se refere a ROSOLINO.
Transcrição no comentário seguinte, já que o total excede 4.096 caracteres.
Sequência do comentário anterior
Essa história, que entristeceu a todos que conheceram de perto Frank Rosolino, será transcrita da matéria que escrevi na “Tribuna da Imprensa” em 27 de dezembro de 1979, na época o único jornal que noticiou o fato.
“A Tragédia de Frank Rosolino“
A notícia é do “Melody Maker”, edição de 2 do corrente, que em apenas treze linhas condensa toda uma tragédia.
“Frank Rosolino , o trombonista de Jazz da West Coast, foi encontrado morto em Los Angeles na segunda feira. A polícia acredita que ele atirou e matou seu filho de onze anos, ferindo de forma grave um outro filho de sete, antes de atirar em si próprio. Rosolino fez seu nome com a orquestra de Stan Kenton,nos anos cinqüenta e participou de inúmeras sessões de gravação na West Coast.”
Fica difícil acreditar que um músico talentoso e com um temperamento alegre e tranqüilo, viesse a por termo a vida, de forma trágica, laconicamente descrita pelo jornal inglês. Conhecemos Frank Rosolino pessoalmente, no Festival de Jazz de São Paulo e com ele travamos ótimas relações de amizade. Estávamos no bar do Hotel Eldorado, quartel-general dos músicos que participavam do evento, conversando com Jimmy Rowles, Roy Eldridge e Benny Carter.
Rowles desenhava “cartoons” a nosso pedido, focalizando suas concepções sobre pianistas de sua preferência. Chega Raul de Souza e diz : “Lula, a fera chegou; você não queria conhecê-la ? “
Ao seu lado, elegantemente trajado, com vistoso paletó branco, sorridente e bem humorado, Rosolino estende a mão e cumprimenta a todos. Senta-se ao nosso lado, pede uma cerveja e se interessa vivamente pelos desenhos de Rowles.
O astuto pianista acabava de desenhar uma caricatura de Oscar Peterson, mostrando um rotundo crioulo,com enorme guardanapo no pescoço, cruzando talheres no ar e olhando avidamente para o piano à sua frente. A marca do instrumento: “Mine All Mine.” !
O papel passa de mão em mão provocando gostosas gargalhadas.
Rosolino me solicita os outros “cartoons”. Examina atentamente as concepções de Rowles sobre Erroll Garner, Art Tatum e George Shearing. Repetia a cada instante: ”It’s lovely Jimmy !“.
Rowles continua desenhando e sorrindo sorrateiramente. Termina o trabalho e nos estende o papel disparando sonora gargalhada. Era um “cartoon” dos mais picantes, no qual Rowles se retratava como um garçom despido, oferecendo um ”soft drink” a uma dama sentada à mesa. Novas gargalhadas.
Apresso-me em guardar a caricatura mas Rosolino protesta. Toma o papel das minhas mãos e diz: “Você deve ser um perigoso jornalista. Vai publicar isso e deixar Jimmy em má situação. Deixa que eu fico com esse”, e enquanto guardava o desenho no bolso do paletó, piscou o olho e sorriu maliciosamente.
O assunto passa a ser Jazz e perguntamos a Frank se haveria possibilidades dele interpretar “Lemon Drop” no Festival. Respondeu sempre rindo: “Por mim tudo bem Lula; depende do “Souzabone” e dos músicos com quem irei tocar; se eles quiserem, poderemos tentar.”
Final da "história".
Nesse mesmo dia iria encontrá-lo, já de volta do Anhembi, num desconfortável botequim situado em frente ao hotel. Em pé, junto a um estreito balcão estavam Raulzinho, Milton Banana, o contrabaixista Mathias Mattos e alguns circunstantes.
Raulzinho entre generosos goles de caipirinha, relembrava os tempos do “Bottle’s”, as jam sessions do “Little Club”, comentando as dificuldades que os músicos tinham em se apresentar. De vez em quando interrompia a narrativa e dirigia-se a Rosolino em inglês. Frank ria e comentava: ”Não adianta Raul,se com tanto tempo de “States” você não aprendeu inglês, jamais conseguirá. Não entendo nada do que você diz.” E caia na gargalhada.
No dia de sua apresentação chegamos juntos ao Anhembi. Interessou-se logo pela camisa com o emblema do festival e perguntou se poderia adquirir algumas. Levei-o ao “stand” de vendas e quando começava a escolher as cores e tamanhos, foi interrompido por César Castanho que chegou esbaforido. Pegou-o pelo braço informando que a vesperal estava prestes a se iniciar e os músicos já estavam sendo chamados.
Só no dia de seu embarque fui encontrá-lo novamente. Estava no “hall” do hotel aguardando a bagagem e tomando outras providências . Quando me viu, interrompeu a tarefa e sempre sorrindo autografou uma antiga foto que ilustra essa matéria. Agradeceu os elogios e se despediu dizendo: “Foi um grande prazer tocar no Brasil. Um país magnífico com um povo alegre e que adora a música. Voltarei sempre que puder.”
Levei-o ate o carro e presenteei-o com um chaveiro com a Bandeira Brasileira, propaganda da semana da pátria. Agradeceu mais uma vez, sempre sorrindo, apertou-me a mão e se foi, para sempre.
Resolvi escrever para Raulzinho indagando os motivos que levaram Rosolino a cometer aquela tragédia. Raul me respondeu em carta de 19 de março de 1979, cujo trecho reproduzo:
“Você me perguntou na carta que situação era com respeito do Frank; meu amigo ninguém entendeu, nem tão pouco eu que era ligado com ele as pampas, não sei o que houve, só sei por intermédio da mulher dele que a primeira mulher também se suicidou e a segunda também e ele era muito alegre com as pessoas fora de casa, mas em casa, ele era muito inseguro e também muito frustrado, também com o problema da separação é o que eu pensei no momento, mas ninguém sabe ao certo o que foi que houve na cabeça dele quando chegou em um sábado de madrugada às 4.30 da manhã e fez o que fez. Mas todo o dia eu faço uma oração para o espírito dele ficar descansando em paz. “
Termino a tanscrição da história de Mestre LULA: ao fim e ao cabo sabemos que a droga foi mais que decisiva no desenlace, roubando-nos um música de exceção.
Erico,
infelizmente as tragedias acabam sendo mais comentadas que a musica.
É claro que acontecem tragedias na vida de engenheiros,medicos,advogados,professores,contadores etc mas se acontecer na vida de um musico ,de jazz ainda por cima,nada mais sera dito sobre o infeliz,só a tragedia sera lembrada.
A morbidez é uma caracteristica humana.
Comparar Harold Land e Teddy Edwards com Dexter Gordon acho um pouco descabido. Nem Land nem Edwards,bons musicos de jazz,tem a importancia na historia do sax tenor no jazz que Dexter Gordon teve. Ele é simplesmente o cara que fez a transição do swing para o bebopno sax tenor. Influenciou diretamente John Coltrane,Sonny Rollins, Wayne Shorter e Joe Henderson,pra ficar só nos mais conhecidos e importantes. Dexter Gordon é um dos que escreveu o livro do jazz. E por falar nisso voce ja ouviu com atenção o solo dele na musica "Empty Pockets" do disco "Takin' Off" de Herbie Hancock ? É um solo que merece um post ,no minimo. Não deixe de ouvir.
Abraço
Mestres Apóstolo e Tandeta,
Tinha lido a postagem do Mestre Lulla sobre a passagem do Rosolino pelo Brasil (imagina que mesa aquela - Frank Rosolino, Jimmy Rowles, Raul de Sousa e o próprio Lulla, bebendo e falando sobre jazz - que barato!!!!). Aquela postagem foi uma das fontes que eu consultei prá escrever o post e agora, graças à sua iniciativa, outros amigos vão poder conhecer um pouco da história viva do jazz no Brasil, contada por quem esteve lá no centro dos acontecimentos!
Seu Tandeta, como já disse, a prioridade aqui é a música - se em um ou outro post a gente narra um fato mais dramático ou relata uma eventual tragédia, não há a intenção de fazer uma exposição desrespeitosa ou apelativa a la Gil Gomes ou Notícias Populares - é porque a biografia do músico focado impõe que esses fatos sejam contados, ok?
Pô, mas o Harold Land é fantástico - um dos grandes underrateds do jazz (The Fox e West Coast Blues são discos espetaculares). O Teddy Edwards também é outro gigante - é claro que não dá prá comparar a importância desses dois com a de Dexter para o desenvolvimento do estilo, mas que ambos estão, tecnicamente, em um patamar de excelência elevadíssimo, isso não se pode negar! São dois monstros, que infelizmente, não receberam o reconhecimento à altura do seu enorme talento. Quanto ao Takin' Off, é um dos discos de Hancock que mais gosto - vou ouvir com mais atenção o solo recomendado!
Grande abraço aos dois!!!!
Fiquei, na época, e ainda fico chocado quando releio sôbre a morte de Frank Rosolino. Nada a comentar e recolho-me a minha insignificância, ficando de lembrança os ótimos discos de um dos melhores trombonistas "west coaster".
Mestre Predador,
Isso é o mais importante - o legado e a influência (até João Gilberto era fã do Rosolino) que ele deixou para a eternidade!
Abração intergalático (e o detonador atômico, voltou pro fundo do baú?).
Estimados ÉRICO e TANDETA:
O JAZZ, por sua própria essência, é VIDA, é COMUNICAÇÃO, é COLABORAÇÃO, é a essência da PARTICIPAÇÃO entre seres humanos que buscam a beleza, a harmonia humana e, também e sem trocadilhos, a harmonia musical.
Sempre que me refeiro a algum fato ou passagem triste, macabra, mórbida ou melancólica, é porque ela faz parte de um contexto MUITO, MUITO MAIOR, jamais por característica humana de gostar de morbidez.
O triste final de um GARRINCHA, de um ROSOLINO, de um ALMIR "pernambuquinho", de um EVERALDO (campeão mundial de futebol em 1970 no México) e de tantos outros gênios que nos brindaram com sua arte no segmento em que atuaram, nada tem a ver com o que nos legaram em beleza, em momentos de satisfação e na eternidade de seu trabalho, que é, finalmente, o que sempre recordaremos.
Infelizmente o triste fez parte do desenlace ou do transcurso da biografia de muitos que, felizmente, nos deixaram um testamento "FREE FOR ALL".
Érico,
Valeu o convite! Cheguei e quase me ajoelho para agradecer... ahahaha...
Ontem estava com uns amigos e a gente falava do "Terceira Margem" do Guimarães Rosa, muito legal!
Vou abrir o meu baú e esparramar os meus tesouros; música + música...
abraços,
Pedro
Caros Apóstolo e Citadino Kane,
Ao primeiro, assino embaixo dos seus escritos - é esse o espírito do jazz + bossa - louvar a arte desses músicos fantásticos, ainda que no percurso tenhamos que tocar em algumas feridas!
Ao segundo, um seja bem-vindo todo especial e, por favor, junte-se à nossa confraria! Espero que você goste do barzinho jazz + bossa e pode chamar os amigos, ok? Pena que a cerveja fique por conta de cada um dos amigos - mas no dia em que inventarem o chop virtual, prometo pagar algumas boas rodadas (rs, rs, rs)!
Um fraterno abraço aos dois!!!!
Respondendo a sua pergunta, seu érico, gostei de tudo que li e ouvi e, como cidadão sensível, lamentei o lamentável dessa história. O álbum Free For All é fantástico, valeu a dica. E tenho algo (muto pouco) do Rosolino. “Fond Memories” 1975; Thinking About You 1976; e o Quintet 1956... Tou aceitando sugestões.
Agora, mais uma vez, seu Tandeta: impossível dissociar a história pessoal de um artista, com a sua obra. Isso é o Ó do óbvio. E, pra mim, a história mais trágica (antes dessa, claro) q agora vi uma ligação, foi a que li no jazzseen do guitarrista Danny Gatton, um exímio guitarrista q tocava bem todos os gêneros, inclusive o jazz, q tinha um toque absolutamente solar. Desses artistas q vc ouve o disco (a obra se desejar) pra se livrar do baix'astral e descobre q o artista, um belo dia, e belo é pura ironia, entra na garagem de sua casa e desfere um tiro de 45 na cabeça, sem cartinha de despedida ou qualquer pista do porque. Simplesmente foi lá e pam!
Seu, Érico e amigos, como é possível, na obra de artistas de tamanha sensibilidade, não deixar as impressões digitais desses demônios os e nos habitam impressas? Eu acho que no fundo, a nossa curiosidade de investigar vai nesse diapasão. Pelo menos é por esse viés que eu me atenho.
Relembrando: sugestões de mais e melhores Rosolinos, é só por na caixinha.
Ah!, em tempo: infelizmente, meu mergulho na obra do velho guima ainda está por acontecer. Na biblioteca herdada do meu vô, temos aqui, Tutaméia e Estas Estórias. Pois é bagagem a gente temo, mas a preguiça, ó...
Remember Gide, Mr. Seu San,
Bom, sugestão eu não tenho - só tenho mesmo esse Free For All e o Quintet! Mas o que vier do Rosolino deve ser bom demais - ele é top, né?
Demônios e anjos - que haverão de querer conosco? O Gatton, por exemplo... conheci graças ao Sonic blog - e é muito bacanudo (embora tenha algumas paradas meio fusionistas demais).
Mas aí o sujeito vai lá e resolve desistir de tudo!!!
Qual é a desses caras - que dor tão insupertável é essa, cumpadi?
Fiquemos com a memória, fiquemos com o que eles fizeram de bom!
A banalidade nos espreita - caminhemos ao lado desses anjos trágicos, tentados por tantos demônios!!!!
Viva Charlie Parker!
Viva Maiakovski (outro que resolveu sair de cena)!
Viva Billie Holliday!
Viva Robert Johnson!
São tantos e, ao mesmo tempo, tão poucos prá dar conta de tanta iniqüidade...
Cada um com seu cada qual.
Com a persistencia em enfatizar o tragico esse acaba virando folclore. Muitas pessoas sabem que Lee Morgan foi assassinado e Charlie Parker era viciado em heroina mas não tem a menor ideia das contribuições que fizeram para a musica. Se Rosolino tivesse morrido de,sei la, ataque cardiaco fulminante sua obra estaria entre aquelas que são consideradas "underrated". Só os que realmente conheciam jazz profundamente,caso do Lula e do Apostolo,é que sabiam da existencia de Frank Rosolino antes da tragedia.
Sobre saxofonistas:
Harold Land e Teddy Edwards são realmente muito bons mas não são desse primeirissimo time do jazz que Dexter Gordon faz parte. Eu gosto bastante dos dois ,Land e Edwards, mas acho que se o blog tem entre suas funções ajudar a formar ouvintes creio que é necessario colocar um pouco mais de rigor. Dexter Gordon é um dos mais importantes musicos de jazz de toda a historia e isso o torna realmente incomparavel . Sua discografia esta ai mesmo pra se ouvir e aprender . Ele é o responsavel direto pelo avanço do sax tenor no jazz a partir dos anos 40. Gigantes como ele não servem pra comparações. Estão em um patamar totalmente inatingivel para os outros musicos por melhores que sejam.
Pra terminar:
alguns saxofonistas contemporaneos(Michael Brecker,Chris Potter,Joshua Redman,Brandford Marsalis,Bill Pierce ,por exemplo) atingiram um nivel tecnico inimaginavel ha 40 ou 50 anos atras,muito acima de Land e Edwards, e isso de modo algum os coloca no mesmo patamar que Dexter Gordon. Criadores pioneiros são rarissimos .
Abraço
Sr.Cordeiro, vou utilizar mais uma vez o seu espaço, para citar (apenas citar, pois não quero levar a pecha de indicador de discos) como sugestão para o sr.Sergio, alguns albums de Rosolino que reputo importantes: 1) "Kenton Presents" box de 4 cds com destaques para Bob Cooper, Bill Holman e Frank Rosolino, sendo que no disco 1 e parte do disco 2 as lideranças dos grupos ficam por conta de Cooper e Holman tendo como trombonista side-man Bob Enevoldsen. A outra parte do disco 2 e o disco 3 o líder é Frank Rosolino e no disco 4 Rosolino aparece como side-man. As gravações são de 1954/5 (Selo Mosaic); 2) "Just Friends", LP da MPS de 1975, com a participação de Conte Candoli (As músicas deste disco foram posteriormente inseridas em um CD duplo da Fresh Sound denominado "Conversations" com Rosolino & Candoli); 3) "Frank Speaking", de 1955; 4) "I Play Trombone", de 1956; 5)"Trombone Heaven" com Carl Fontana, de 1978, além dos já citados por mr.Sergio. Para quem gosta do estilo west coast estes ambums são um "prato cheio". Mais uma vez relembro aos amigos desse blog que estou apenas citando alguns dos principais albums do Rosolino, para que todos, se assim acharem por bem, possam tomar conhecimento de parte de sua obra musical.
Caros Predador e Tandeta,
Mestre do espaço sideral, se isso aí não é uma belíssima indicação, eu não sei mais o que pode ser! Acho que quem quiser conhecer com mais profundidade a obra do Rosolino agora tá muito bem servido, com várias opções, de diversos momentos e em diversos contextos.
Seu Tandeta, quando comprei o primeiro disco do Rosolino (esse Free For All) eu sequer sabia da história que cerca a sua morte - só vim a saber depois, por conta das liner notes e aí fui atrás, fui procurar mais coisas dele.
Não sei se um músico com tamanha importância precisaria do complemento trágico prá ser conhecido - nem se somente "os que realmente conheciam jazz profundamente" (categoria a qual, definitivamente, eu não pertenço e nem pretendo pertencer, porque parece algo meio pedante, parece que quem se autointitula assim tem a tretensão de ser o dono da verdade).
O objetivo do blog é celebrar o jazz, partilhar com os amigos (e, felizmente, parece que tem sido alcançado, graças, sobretudo, à participação de pessoas como você, o mestre Raffaelli, o sumido Edú, o Sérgio, o Salsa, o Lester, o Fig, o mestre Apóstolo, o Guzz, o MaJor, a Andréa, e tantos outros e outras que não dá prá nominar porque vai faltar espaço). Não sei se é justo cobrar "um pouco mais de rigor" quando o que se expõe aqui são meras opiniões pessoais - esse rigor, certamente, deve ser exigido a quem se propõe, por exemplo, a elaborar um trabalho científico/acadêmico.
Em algum momento o que vai aparecer nas resenhas é o gosto pessoal de quem as escreve - e gosto tanto do Edwards e do Land quanto do Dexter Gordon (embora a obra deste seja muito mais significativa e bem mais importante, tanto qualitativa quanto quantitativamente). Ouço com o mesmo prazer um "Our Man In Paris" quanto um "The Fox".
(continua, por causa do espaço)
(continuação do comentário anterior)
E não creio que haja, por parte do blog, uma "persistência em enfatizar o trágico" e nem uma folclorização da vida ou da obra dos músicos, que aliás, são sempre tratados com o maior carinho e respeito.
Inclusive já comprei briga no próprio CJUB, com o nosso querido Bene X, por conta do tratamento dispensado a um determinado artista (de quem gosto bstante, aliás) e que entendi desrespeitoso e inoportuno.
Veja que para cada Lee Morgan ou Rosolino ou Joe Gordon ou Sonny Clark (prá citar alguns músicos que efetivamente passaram pro tragédias pessoais, como ocorre com médicos, advogados, engenheiros e que tais - mas que não são a matéria prima do blog), há um Benny Golson, um Dave Brubeck, um Barry Harris, um Max Roach, um Herbie Hancock, um Jim Hall, cujas vidas pessoais, felizmente, não se pautaram por fatos trágicos.
E o que dizer da edificante história do Duke Jordan, aquele verdadeiro conto de fadas, cuja trajetória é inspiradora para todos?
A proposta do blog é essa: contar um pouco da vida e da obra dos músicos, sem fazer uma abordagem acadêmica (para isso há espaços muito mais adequados que o jazz + bossa) ou técnica (que também não é e nunca foi o objetivo do blog).
Se é só a tragédia que motiva o interesse das pessoas então Horace Silver, Elis Marsalis, Art Farmer, Jackie McLean seriam Underrated - coisa que não são.
Bom, mas o papo tá ficando muito longo - melhor mesmo ouvir o que esses grandes caras fizeram e o legado que deixaram, que é a música - isso é o mais importante de tudo!
Abração aos dois!
Erico,
a ideia era essa mesma,fazer voce escrever um pouco mais sobre sua visão . Otimo,excelentes argumentos muito bem alinhavados com a classe habitual , que é o que atrai a todos que vem até aqui.
De tragedias acho que ta legal.
Só mais um pouco sobre saxofonistas:
é muita pretensão minha ficar dizendo qual seriam os objetivos do seu blog e voce com sua elegancia e respeito não disse mas seria perfeito se dissesse pra mim: menos, meu camarada,menos . Acho,no entanto,que se voce comenta sobre a performance de um musico e compara-o a um gigante do jazz é muito interessante colocar as coisas com uma perspectiva da importancia dos musicos . Nada ha de tecnico ou aprofundados conhecimentos musicais no que eu falei. Talvez a palavra rigor tenha sido realmente exagerada. O exagero é uma caracteristica da subliteratura, uma das minhas manias.
Valeu ,Erico.
Ô Mr. Tandeta,
Talvez eu fique tão empolgado com a genialidade desses caras, que acabo não fazendo a distinção entre a capacidade técnica de um músico (até porque eu sou leigo na matéria) e a sua importância para o desenvolvimento do estilo.
Peguemos alguns saxofonistas, por exemplo: prá mim, Hank Mobley, Jimmy Forrest (cujo disco Forrest Fire tô ouvindo nesse exato instante), Clifford Jordan, Oliver Nelson, Eddie Lockjaw Davis, Paul Gonsalves, Harold Land, Benny Golson, Teddy Edwards, Tina Brooks, Lucky Thompson, Lee Konitz, Junior Cook, Zoot Sims, enfim, todos são monstros do sax tenor.
Prá mim, eses caras são todos gigantes, estão no mesmo (altíssimo) nível, embora eu saiba que nenhum deles tem a mesma importância para a história do jazz que um Lester Young, um Stan Getz, um Dexter Gordon, um John Coltrane, um Coleman Hawkins - esses que trilharam novos rumos, que fizeram coisas realmente originais e que criaram tendências.
O importante é que tanto os operários do jazz quanto os sacerdotes fizeram e ainda fazem coisas maravilhosas, capazes de encantar o ouvinte e de fazer a nossa vida, naqueles breves minutos em que a música está rolando, um pouco melhor!
Valeu, mestre!
амолио бих све оне који сматрају да сам њихова ауторска права повриједио, да ме контактирају - довољна је једна кратка информација у контакт-формулару - грешка ће да буде исправљена у најкраћем року.
Caro бисвнекоји ихенеко,
Muito амолио бих све оне који сматрају да сам њихова ауторска права повриједио, да ме контактирају - довољна је једна кратка информација у контакт-формулару - грешка ће да буде исправљена у најкраћем року prá você também!?!?!
Um grande abraço!?!?!
Muito bom, Érico!
Uma vez no internacionalíssimo jazzseen, um sócio habituê escreveu um imenso texto comentário em alemão e um gaiato, tbm habituê brasileiro respondeu. "concordo".
Estou na casa de uma amiga, em Botafogo, e, c v, né? Frequento-o até fora do meu escritório.
Aproveito para agradecer ao simpático e lendário predador pelas dicas. Assim q chegar em casa ctrl c e v(rei) cada uma delas e as que conseguir baixar, dividirei com a galera.
Abraços!
érico,tdo bem!!
estou feliz por estar aqui...pois gosto muito de jazz...
''descobri'' o jazz há pouco mais de dois anos....e desde então estou muito encantada e procuro aprnder tdo que posso.....
estou aqui,lendo seus posts e ouvindo um som.....
muito bom tudo isso....
Valeu, Mr. San,
Pois eu assino embaixo do que o glorioso russo (acho que é cirílico, né?) disse!
É isso aí, meus amigos: амолио бих све оне који сматрају да сам њихова ауторска права повриједио, да ме контактирају - довољна је једна кратка информација у контакт-формулару - грешка ће да буде исправљена у најкраћем року!
E também digo e reafirmo, veementemente!!!! Só o амолио бих све оне који сматрају да сам њихова ауторска права повриједио, да ме контактирају - довољна је једна кратка информација у контакт-формулару - грешка ће да буде исправљена у најкраћем року pode salvar o mundo!!!????!!!!
Valeu pela deferência, Mr. San - vai tomar um chopinho hoje?
Abração!
Oi, Joyce,
Seja muito bem-vinda (postava o comentário acima ao mesmo tempo em que você postava o seu).
Pois junte-se à nossa confraria - o seu blog também é muito bacana - quanta coisa maravilhosa tem ali: Gene Kelly, Clara Nunes, Drummond, Lupicínio, Chico, Elis, Sade... uau!!!!
Tomara que você curta o barzinho virtual jazz + bossa e que o bichinho do jazz tenha lhe pegado de jeito (rs, rs, rs)! Aí ao lado tem um monte de links para outros blogs de jazz, todos muito maneiros, feitos com o maior carinho. Acho que você vai gostar!
Um fraterno abraço!
Toda vez que passo por aqui, Érico, me lembro de uma história que ouvi sobre Louis Armstrong, que você deve conhecer -
Um jornalista que não gostava de jazz, entrevistando Armstrong:
— Jazz, jazz, mas afinal o que é o jazz?
Louis com aquela calma peculiar:
— Meu amigo, você não sabe o que Jazz?
Sinto muito. Então você nunca vai saber o que é o Jazz.
Adoro esta história! É bem assim, não é? :)
Abraço.
É isso mesmo, cara Nydia.
O jazz não se explica. Sente-se!
E basta isso para ele ser mágico!!!!
Um fraterno abraço!!!
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