Amigos do jazz + bossa

sexta-feira, 22 de maio de 2009

TAXI DRIVER: UM CONTO DE FADAS NOVA-IORQUINO


Os últimos fiapos de sol morriam por entre as frestas da janela. Ele, ainda trôpego de sono e cansaço, maneou a cabeça e olhou para o relógio. Um leve esgar percorreu-lhe a face sonolenta e, com ele, a certeza de que mais uma noite de trabalho havia chegado. O tempo inclemente não parou enquanto ele dormia. Desde que estacionara o velho táxi, um Checker fabricado num longínquo 1953, tomara uma xícara de café frio e deitara sem prestar atenção ao burburinho que vinha da calçada, já haviam transcorrido quase dez horas. O submundo onde recolhia seus passageiros também começava a despertar.

O longilíneo ponteiro dos segundos continuava sua marcha inexorável. Já estava completamente escuro quando ele tomou coragem para levantar da cama. O banho frio despertou-lhe os sentidos e deu-lhe a coragem necessária para encarar a faina que se afigurava longa. Mais uma noite solitária, trafegando por entre bêbados, drogados, prostitutas e cafetões. Ele era apenas mais uma alma desgarrada vagando pelas ruas indistintas, tão perdido quanto qualquer um dos seus clientes habituais.

Tateou pela velha geladeira e encontrou um pacote de biscoitos, que comeu sem nenhum entusiasmo. Bebeu um pouco de leite gelado, pôs o pesado casaco, deu uma última olhada no espelho e saiu pela porta da cozinha. O pequeno apartamento parecia menor ainda, por conta do gigantesco piano que dominava praticamente toda a extensão da sala e o obrigava a se esgueirar rente às paredes.

Além do táxi, com o qual vinha ganhando a vida nos últimos anos, o piano era o único bem que ele possuía. Já fazia meses que ele sequer abria o imponente Bosendorfer Imperial e sentia que suas mãos destreinadas estavam perdendo a velha destreza. Lembrou dos dias de glória, dos gritos histéricos da pequena multidão que se acotovelava, noite após noite, nos diversos clubes da Rua 52 para vê-lo tocar. Bem, na verdade eles vinham para ver o seu chefe, o seu amigo, o seu camarada – mas ele não se importava. Bird estava morto havia anos e os convites para tocar foram escasseando até parar de vez. Ele, que havia dividido palcos e estúdios com os maiores, que havia sido aplaudido de pé nas casas mais afamadas da Europa, devia agora se conformar e esquecer. Seu tempo havia passado e não voltaria mais.

Ligou o carro e sintonizou uma obscura estação de jazz. As últimas palavras do disc-jóquei foram “...mas ele desapareceu da cena jazzística há algum tempo e ninguém sabe do seu paradeiro atual”. Em seguida, ele ouve os primeiros acordes de “Flight To Jordan” e sente cálidas lágrimas a escorrerem de suas faces. “Não, cara, não existe Cinderela. Você tá acabado, já passou dos cinqüenta... ”. Enxugou as lágrimas e acelerou – não havia tempo para tais sentimentalidades. Concentrou-se no trabalho e esforçou-se para ouvir a música apenas com os ouvidos. Ao parar em um sinal, um bêbado mal encarado lançou-lhe um olhar furioso através do pára-brisa e rosnou: “Tá falando comigo?”. Logo em seguida, deu sorte. Um casal de aparência distinta fez sinal. Eles jantariam no Carlyle e pediram ao motorista que os esperasse até o fim da noitada.

Já eram quase duas da manhã quando ele voltou de Nova Jérsei. Coincidência ou não, o simpático casal morava em Englewood Cliffs – próximo de um endereço que ele conhecia tão bem. No rádio, o velho amigo Parker descortinava sua alma atormentada através de uma portentosa versão de “Out Of Nowhere”. Gravação da Dial. 1946. Ele estava lá. Max, Tommy e Davis também. Pensou em Miles e sua reluzente Ferrari – havia passado por ele algumas vezes. Sentiu um travo amargo na boca. Em seguida, é a delicada “Star Brite” que ecoa pelos alto-falantes do carro e ele recordou dos amigos Dizzy, Stan, Reggie e Artie.

Dizzy, com seu olhar penetrante e inquieto, não precisava falar. Seu sopro – misto de virilidade e ternura – dizia todas as frases necessárias. Stan, outro mestre da delicadeza, custava a crer que alguém pudesse tocar um trompete de forma tão lírica. O querido Artie, sempre de óculos escuros. Reggie e suas mão rápidas como um cometa... De repente, ele está de volta ao dia 4 de agosto de 1960. Sua memória não o trai – é Dizzy quem está sentado na solene escada de madeira que leva ao segundo andar. Trompete na mão esquerda, semblante tranqüilo, apenas sacode a cabeça e sobe em direção ao estúdio. Francis também estava lá, com sua inseparável Rolleiflex.

Lembrou-se, nitidamente, de um compenetrado Van Gelder apertando incontáveis botões, em busca da equalização perfeita. Instrumentos fora dos estojos. O afinado piano é posicionado a alguns metros da imponente bateria. “OK, pessoal. Gravando!”, diz Rudy. Os mesmos acordes que ele ouvira no rádio algumas horas antes, agora reverberam em sua cabeça. A eletricidade de “Flight To Jordan”, com Dizzy arrebentando no trompete... A doce “Star Brite”, na qual Stan arranca do seu saxofone todo o encantamento que é possível a alguém extrair de um instrumento musical... A dardejante “Split Quick”, com os caras se matando prá ver quem toca mais rápido... A irresistível “Si-Joya”, que ficou melhor que na versão do grande Blakey... “Deacon Joe”, com sua tintura de blues, baseada em um antigo spiritual...

Duas e meia. A gorjeta dada pelo casal vale pelo trabalho de três dias. Mais que o corpo, ele tem a alma cansada. Pela primeira vez em muitos anos ele pensa, realmente, se fez a opção correta. Lembra com mais intensidade da época em que compunha trilhas sonoras para o cinema, em que viajava pelo mundo fazendo aquilo que mais amava: tocar! Resolve voltar para casa. Entra sem fazer barulho e se arrasta até o piano. Lentamente, retira a capa que protege o instrumento e fica alguns minutos apenas olhando. Abre sofregamente a tampa, senta na banqueta e começa a brincar com as teclas. Os dedos, inicialmente sem ritmo, vão se amoldando aos poucos. As notas, antes dispersas, começam a se agregar de maneira harmônica e vão formando o contorno sonoro de “I Should Care”. “Outra música que os caras tocaram naquele dia”, pensa ele.

Em seguida, “My Old Flame”, que ele tanto tocava com Bird. Depois, uma versão minimalista de “Jordu”, tocada em um andamento vagaroso. Ele não perdeu a velha forma – apenas recolheu o seu enorme talento em alguma gaveta da alma. Dirigir táxi é para pragmáticos e um pianista certamente não o é. Quatro e meia da manhã. O score solitário chaga ao fim. Não há aplausos – tocara tão baixinho que nem mesmo o senhorio poderia tê-lo ouvido. Cobre novamente o piano e vai dormir – o sono vem fácil, como há muito não experimentava. Sonha com a algaravia da platéia e com o silêncio monástico do estúdio, mas não acalenta mais qualquer ilusão. É 1973 e ainda há muitos passageiros a transportar...


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Irving Sidney “Duke” Jordan passou mais da metade dos anos 60 e parte dos anos 70 como taxista em sua querida Nova York. O melodioso pianista que acompanhara Charlie Parker nos anos 40 e que chegou aos anos 50 como um dos mais badalados compositores do jazz, chegando a ser convidado pelo francês Roger Vadim para compor a trilha do seu filme “Les Liaisons Dangereuses”, viu-se, por longos 11 anos, obrigado a abandonar a carreira e sobreviver, modestamente, das corridas que fazia a bordo de um táxi. Em 1973, a fada-madrinha apareceu-lhe sob a forma do produtor dinamarquês Nils Winther, que lhe convidou para gravar por sua gravadora, a respeitada Steeplechase.


A partir daí, Duke Jordan pôde retomar a carreira. Mudou-se para a Dinamarca, onde permaneceu até a sua morte, em 2006. Nesses mais de trinta anos, gravou e excursionou intensamente, pelo mundo todo, gozando de uma popularidade inédita até então, especialmente no Japão. Embora tenha se reconciliado com o sucesso e protagonizado um dos mais emocionantes contos de fada da era moderna, o grande disco de sua carreira foi, sem dúvida, o espetacular “Flight To Jordan”. Nesse álbum, Duke, coadjuvado por Dizzy Reece, Stanley Turrentine, Art Taylor e Reggie Workman erigiu uma obra-prima, uma verdadeira declaração de amor ao jazz. Mesmo afastado da ribalta, não cultivou rancores. Suportou estoicamente o destino que as Musas lhe haviam traçado e, no momento certo, soube aproveitar a chance para fazer renascer uma carreira que muitos davam como encerrada. Fez-se, então, uma rediviva Fênix – a Fênix do “yellow cab”.
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PS.: Este post é dedicado aos amigos João Bouéres e Edú, verdadeiras reservas morais do bom gosto musical e ao meu querido primo Hélio Cordeiro, que nesse exato instante divide uma ótima garrafa de malbec comigo.

41 comentários:

João Bouères disse...

Crescemos e por lnfluência do ambiente em que vivemos, a primeira música a nos tocar é a brasileira, mas sempre senti a necessidade de ir mais adiante, à procura de outros ritmos, e o primeiro a me tocar foi o jazz, com os seus tons de lamento, improvisação e o som inconfundível do sax nos transportando para viagens imaginárias, porém o piano, instrumento mais completo segundo os "experts" musicais, sempre me deixou enleiado, e Duke Jordan, tirando dos seus teclados sons de um mundo abstrato, deixa-me impregnado de melancólica recordação.
Lembro-me Érico, da época em que gravávamos os nossos hits prediletos e levávamos para lugares outros, no intuito de musicalizar com harmonia de bom gosto o ambiente em que vivíamos e dar alegria aos nossos companheiros. Aproveito a oportunidade para agradecer a deferência deste post dedicado a mim e dizer o quanto estás bem divulgando não só através da música, mas escrevendo com maestria e competência a história deste belo estilo musical.
Abraços!

John Lester disse...

Mr. Cordeiro, é com satisfação que verifico a constante qualidade das resenhas desse blog.

O prazer é meu e o jazz agradece.

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Queridos João e Lester,

Que alegria ler, logo pela manhã, comentários tão gentis. Obrigado - o jazsseen e você, Mr. Lester, juntamente com o Salsa e o seu jazzbackyard, são a minha fonte primária de inspiração.
E você, Marquês de Beckman, foi longe nas suas reminiscências: era ainda o tempo da fita cassete (cd gravável só em sonho) e fazíamos uma saudável (porém absolutamente desigual) competição, gravando carradas de fitas para ouvirmos no saudoso CETREINO.
Minha modesta coleção de jazz, na época, era composta de algumas poucas dezenas de cds, boa parte dos quais de coletâneas da Movie Play.
Graças a você pude conhecer uma versão emocianante de "Body And Soul" com Armstrong e a maravilhosa Lady Day cantando "You Go To My Head". Bons tempos!!!!
Esse blog é, de certa forma, uma continuidade daquela época: de alguma forma estou grvando fitas digitais para ouvir com os amigos.

Abração a ambos.

Anônimo disse...

Gostei do espaço e voltarei.
Parabéns.

Érico Cordeiro disse...

Caro Miguel,
Seja muito bem vindo à casa. Obrigado pela visita e volte sempre.
Um forte abraço!

figbatera disse...

Maravilhosa resenha de uma emocionante estória; isto aqui está cada vez melhor!
Parabéns, Érico.

ps.:amigo, me dá uma dica pra eu re-instalar o meu podcast; eu o exclui para corrigir um problema e agora estou "apanhando" pra recolocá-lo no meu blog.
Mesmo seguindo as instruções no GCast e no Blogger, não estou conseguindo e não me lembro como fiz da 1a. vez.

figbatera disse...

E, caro amigo, se não for abusar demais de sua boa-vontade, sempre que vc resenhar sobre algum disco, mande-me algumas faixas por e-mail. Confio muito seu bom-gosto (tenho gostado de tudo que vc colocou aqui).
Abração!

Érico Cordeiro disse...

Caro Figbatera,
A questão do podcast eu, infelizmente não tenho como ajudá-lo. Foi o Mestre Salsa quem me deu as dicas.
Eu apenas copiei o código que eles disponibilizam no site do GCast e colei no parte onde se colocam os gadgats (tem um campo que fala em HTML). ATENÇÃO: o GCast só aceita músicas no formato MP3 - se estiver em WAV ou outro formato ele não aceita, ok (tem um programa muito legal e fácil no baixaqui chamado AIMP2 que eu uso para fazer as conversões).
Quanto às faixas do disco, não se preocupe. Mandarei as do Flight Of Jordan por e-mail, ok?
Grande abraço!

edú disse...

Prezado Érico,

sempre alegra o surgimento de um abnegado “cruzado” no domínio dos blogs de jazz.Quanto mais, iniciando trabalho com severa qualidade.Rápidos pitacos.Duke Pearson é o pianista favorito de Jose Domingos Raffaelli “guru” de diversas gerações de iniciantes no jazz em nosso país ( eu, me incluindo).Mc Coy Tynner ,no inicio dos anos setenta, também conduziu volante como “táxi driver” em NY.Isso após sua participação no celebre quarteto de Coltrane.A maré não andava amistosa para os músicos de jazz nos EUA durante os anos setenta q não “requebravam os quadris” e nem faziam de seu melhor amigo o mini-mog. A amostra utilizada como trilha sonora casa de forma harmoniosa com a leitura da resenha – grande sacada.Pra finalizar, tem certas homenagens q se recebe mediante a um “sorriso amarelo” por tratar-se de incabível.Essa, recebo com extrema simpatia em razão dela ser proveniente de um espaço q já adquiriu meu respeito e provoca imenso desafio a ti pela manutenção da identificada qualidade.Agradeço.Forte abraço.

edú disse...

Duke Jordan é o pianista favorito do José Domingos Raffaelli.Mancada minha na mensagem acima.Faço questão, como de costume, conduzir liderança nesse quesito( escorregar nas gafes).

Érico Cordeiro disse...

Mestre Edú,
Estás mais que perdoado pelo irrelevante equívoco - afinal, são dois Dukes que muito honram esse valiosíssimo título nobiliárquico, cujo patrono é, certamente, o maior deles (que mereceria, quem sabe, ser guindado a King ou, quiçá, a God!!!).
Que bom contar com sua presença elegante aqui no JAZZ + BOSSA - é algo para ganhar o dia.
Mestre Raffaelli é, decerto, uma enorme influência (escrevo meus posts sempre com o seu ótimo Guia de Jazz à mão). Quem sabe um dia os deuses do jazz não o conduzem a esta humilde morada virtual, não é?
Obrigado pela visita e volte sempre (e aqui faço minhas as suas palavras - não se trata daquele "volte sempre" meramente polido, mas sim aquele cuja literalidade é premente).
Um forte abraço!

Salsa disse...

Beleza,
A verve literária do blogueiro tem se mostrado, a cada dia que passa, mais consistente. Boa narrativa, meu chapa. Duke merece.

Sergio disse...

Bravo!

A trilha sonora para esse texto, sr, Erico, ficou por conta de Cedar Walton. O mal, q não o waldrow, de ter uma coleção virtual e um HD que não comporta tudo ao mesmo tempo agora, é não poder tirar da estante o álbum que originou esse conto - pra ouvir melhor a leitura.

Mas posso te garantir, o disco "manhattan after hours" de 2000 e de Cedar, ilustrou à perfeição cada detalhe. Da angústia do esquecimento ao happy end restaurador da dignidade do calejado Duke.

Obrigado.

ps.: deixei um racadinho pro sr, debaixo do seu comentário no Coleman Hawkins.

Érico Cordeiro disse...

Ganhei o sábadão! Duas visitas das mais ilustres da blogsfera aqui em casa? Pô, melhor que isso só o Vascão Campeão da Copa do Brasil e líder da segundona (Tá legal, nada de gracinhas, ok?).
Grande Salsa, escolha rápido e sem pensar muito: Paul Desmond, Barney Wilen, Charles McPherson ou Steve Lacy?
Mr. Sérgio, já respondi ao seu recadinho - nesse duelo não precisa dizer que torço pro velhinho Hawkins, né?
Grande pedida auditiva - Cedar Walton é um sério candidato a uma resenha futura!
Abraços fraternos aos dois.

Valéria Martins disse...

Hum... Adorei o fundo musical!!!

Querido Érico, obrigada pela visita. Adorei o seu blog também, lindo texto e boas informações, o que é fundamental.

Eu adoro histórias de fadas que se manifestam na vida real. Eu acredito nelas. E que bom que esse músico pode viver ainda tanto tempo, de 1973 a 2006, fazendo o trabalho que amava e sendo reconhecido por isso. Mas teve que mudar de país. Temos que estar abertos para as oportunidade que a vida traz, né?

Beijos, uma ótima semana para ti

Fafá Lago disse...

Blog bombando!!!!
Que bom!
Qto ao contador meu compadre, podes escolher um desses links abaixo e escolher o modelo que mais gostar. Assim que for feita a escolha, será gerado um código que tu deves colar e copiar no teu blog. Para isso,é só "Adicionar um Gadget", escolher "HTML/JavaScript", copiar o código, posicionar no local desejado do blog e salvar. Qualquer dúvida, conversamos. Bjs
http://freecounter.web-kit.org/
http://www.best-free-counters.com/

Érico Cordeiro disse...

Cara Valéria,
Que legal receber a sua visita. Fico honrado e esteja à vontade para voltar aqui sempre e sempre.
Grande beijo e tenha uma semana maravilhosa!

Querida Comadre,
Furei com vocês, mas foi por um motivo poderoso. Já pedi minhas escusas ao compadre e acho que ele não vai ficar de mal comigo (rs, rs, rs).
Quanto ao contador, obrigado pela dica, mas me antecipei: como pode ver no canto direito, bem abaixo da foto do Coltrane, está la o bichinho (é bem discretinho e fácil de instalar).
Grande beijo!

figbatera disse...

Ok, Érico, vou pedir socorro ao Salsa.
Obrigado pelas músicas; tenho recebido e baixado numa pasta com seu nome - é uma selação de primeiríssima.
Abraço!

Érico Cordeiro disse...

Mestre Figbatera,

Mais tarde te mando as outras músicas. Não mandei hoje porque não sabia se estavam chegando e agora estou de saída, ok?
Baixei um programa chamado Pando, por indicação do Edu. Andei lendo sobre ele e parece ser um super compactador de arquivos (dá prá mandar até 1GB por vez - olha que loucura!!!), mas ainda não testei.
Se você tiver, posso tentar te mandar as músicas por ele (aí dá prá mandar um montão de coisas).
Se você não tiver o programa, consegue no baixaqui.com.br e aí a gente tenta usar o bichinho (tô louco para que funcione).
Forte abraço e até mais!

pedrocardoso@grupolet.com disse...

ÉRICO:

Bela história (tão real quanto possível) e muito bem escorada em impecável trilha sonora.
Parabéns pela qualidade que, com certeza, será mantida através dos anos....

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Onde se lê "Pedro disse...", leia-se "APÓSTOLO disse..."

Érico Cordeiro disse...

Caro Apóstolo,
Prazer tê-lo aqui e muito obrigado pelas palavras gentis. Vocês do CJUB têm sido muito importantes para a construção deste blog e uma das maiores fontes de inspiração.
Esteja à vontade nesta casa e venha sempre.
Grande abraço

José Domingos Raffaelli disse...

Prezado Érico,
Recebi seu email e,antes de respondê-lo, resolvi visitar seu blog, sendo surpreendido pela alta qualidade das suas críticas, todas muito bem fundamentadas pelo saber dos verdadeiros conhecedores de jazz e a excepcional seleção de obras-primas que aqui desfilam. Parabéns e muito sucesso por seu trabalho neste magnífico empreendimento a que se propôs, pois você possui todas as qualidades e condições para realizar um trabalho magnífico em prol do jazz.
Como escreveu Edu, Duke Jordan é meu pianista favorito - um dos mais completos, inventivos e melhor equipados que ouvi em minha vida. Desde que o ouvi nos discos do célebre quinteto de Charlie Parker, percebi que estava diante de um talento incomensurável, apesar de tocar no conjunto do genial Bird, o maior improvisador da história do jazz. Quando o ouvi com Bird no Birdland, em minha primeira visita à Big Apple, quase desmaiei de emoção: qual num sonho, Bird à minha frente improvisando como só ele fez, emnbora muitos tentassem, mas ele foi o maior de todos. E Duke Jordan ao piano me fez exultar de alegria e chorar de emoção ao tocar "Two Loves", de sua autoria, com Tommy Potter (baixo) e Roy Haynes (bateria). No intervalo corri atrás dos músicos para darem seus autógrafos no livro que eu tinha para essa finalidade. Quando Duke Jordan percebeu que era seu admirador desde 1947, deu-me a maior atenção e convidou-me para ir à sua casa, no Brooklyn, na semana seguinte. Fui e conversamos horas a fio, mas, de vez em quando, ele ia ao piano tocar trechos de determinados temas dele, inclusive algumas composições recentes ainda não gravadas. Naturalmente, eu ia ao céu, ora boquiaberto, ora babando de alegria.
Duke Jordan foi um músico sério e inteiramente dedicado ao jazz, jamais gravou música comercial. Foi um pianista criativo e completo, cuja música deixou s estampa da sua grandeza. Jamais utilizou artifícios ou fez concessões comerciais para "vender seus discos". Sua integridade jazzística rejeitou a banalidade e o estereótipo que vários pianistas conhecidos de cartaz adotaram em suas carreiras.
Por ocasião do I Festival de Jazz de São Paulo, em 1978, sugeri à organização trazê-lo para o evento, mas um dos produtores disse-me que "ele não era conhecido, nem tinha qualidade para um evento daquela envergadura".
Tenho quase todos os discos que Duke Jordan gravou em sua carreira, mas, se fosse obrigado a escolher apenas um (tarefa impossível), ainda assim indicaria o sensacional CD duplo "Live in Japan" - foi o melhor disco de trio piano-baixo-bateria que ouvi, e, se algum dos que jamais prestaram atenção nele achar isso engraçado, então direi que "esse cidadão não sabe o que é o verdadeiro jazz".
Desculpem minha verborragia, mas, em se tratando de Irving Duke Jordan, posso passar uma semana falando (ou escrevendo) sobre ele.
Abraços a você e demais participantes do blog. Como dizem os jazzmen, keep swinging,
José Domingos Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Caríssimo Mestre José Domingos Raffaelli,

Faltam-me, nesse exato instante, palavras para descrever a emoção que a sua visita me traz. Até agora estou me beliscanddo -ainda não estou bem certo se é sonho ou é a realidade impondo um excelente augúrio nesta minha modorrenta tarde de segunda-feira.
Se, a partir deste instante, não houver mais um único comentário ou uma ínfima visitinha a este blog (que tanto tem me dado alegria e satisfação em fazê-lo), eu poderei dizer aos meus netos que valeu a pena.
Ter em minha casa, de forma tão espontânea, uma das maiores referências do jornalismo brasileiro, sinônimo de competência, integridade, compromisso com a verdade, retidão de caráter, e tantos outros predicados, é absolutamente emocionante!!!!!!
Foi graças à informação do querido Edú (sempre ele), que me disse ser o Jordan um dos seus favoritos, que tomei coragem para incomodá-lo.
Como recompensa, fomos - eu e os visitantes que dão sentido à existência do JAZZ + BOSSA - brindados com uma aula magna sobre esse grande pianista. Passarei o resto da tarde em êxtase e não descansarei até ver o cd "Live In Japan" reluzindo em minha estante.
Agradeço, de coração, em meu próprio nome e em nome de todos os amigos que, com suas visitas, críticas e sugestões, fazem do JAZZ + BOSSA uma das experiências mais enquecedoras da minha vida.
Muito obrigado pelas palavras gentis e, por favor, volte sempre e sempre. Será um enorme prazer privar da sua sábia companhia.
Grande abraço e, como diria o grande Joel Dorn, "Keep a light on the window".


Érico Cordeiro

edú disse...

Caracá, eu sabia q o Mestre Raffaelli havia conhecido e "papeado" com o Lester Young.Assistir - in loco - Charlie Parker e confirmar q ele foi realmente dos maiores é privilégio de escolhidos.Boa sugestão da indicação dos cds "caseiros".Do Hamleto prefiro o volume 2 (não tão "speed" quanto o primeiro).O disco do Haroldo foi um dos grandes discos de trio rítmico q - infelizmente - não mereceu reconhecimento à altura nessa década.O do Victor recebi do Tandeta ontem e em breve vou aferir a excelência.

Érico Cordeiro disse...

Caro Edú,

Como eu já disse acima, foi graças a você que tive coragem de escrever para o Mestre Raffaelli, a quem todo e qualquer elogio é supérfluo. Obrigado por mais este presente - os deuses do jazz foram muito generosos com este modesto bloguinho.
Esses quatro cd's me chegaram na semana passada e não saem do player (juntamente com o do Dudu Lima, mas esse tem uma pegada mais emepebística).
O do Vítor é espetacular, com uma leve tintura de blues em algumas faixas e o Tandeta manda muitíssimo bem.
Valeu mesmo.
Grande abraço.

edú disse...

O mérito é seu meu caro.Acho q nada agrada mais,no âmbito profissional, ao Mestre Raffaelli saber q através de seus artigos e reportagens elaboradas para os mais diversos veículos de comunicação em que trabalhou nos últimos 40 anos fizeram “o alimento do dia” para os apaixonados do jazz das gerações que surgiram.Vamos em frente.

Celijon Ramos disse...

Depois de tudo, atido pelo o tempo e pela enxurrada da emoção, eis que sei que estou de frente com o verdeiro beatniks, que sobre os pés joram notas de jazz. Sim, é você. E não a Eduardo.
Grande texto. Nele existe toda densidade e o falso descuidado com as coisas, mas que, na verdade, somente o faz apenas para realça-los na imaginação do leitor.
Valeu mesmo.
Abração, compadre!

Celijon Ramos disse...

Ops! Aí vai minha errata: ... que sobre os pés jorram...
Não disse que estava emocionado. E você sobe o porquê. Valeu!

Érico Cordeiro disse...

Edú e Celi,
Como podem ver, são duas e meia da manhã e ainda não fui dormir. Estou muito feliz de poder dividir um pouco das coisas que mais prezo com vocês - e você compadre, é peça chave na história do JAZZ + BOSSA.
Ainda sob o impacto da ilustre presença de Mestre Raffaelli, agradeço, mais uma vez aos dois amigos pela força e reitero: esse blog não faria o menor sentido se não servisse para nos tornar mais próximos, por meio dessa energia superior que é a música.
Beijão a ambos e até breve, neste mesmo bat-canal.
Sonhem com os anjos e com um belíssimo solo de Parker, bem debaixo de suas janelas para o infinito!

James Magno Farias disse...

mano molosso, a qualidade de seu blog é que nos convida a mergulhar cada vez mais no magnífico universo da música; e convidados como Raffaelli agora conhecem bem o que seus amigos há muito sabem: a grandeza intelectual que tu tens.
forte abraço,
James

Érico Cordeiro disse...

Molosso Mor,

Obrigado pelas belas palavras - fico envaidecido e orgulhoso de poder privar da sua amizade e do seu convívio.
Vida longa e próspera.
Beijo grande, irmão!

Anônimo disse...

Prezado Edu, realmente ouvi e conheci pessoalmente o genial Lester Young. Aconteceu no extinto clube Café Society, se não me falha a memória localizado na Sheridan Square, no Village. Isso foi em 1957 (caramba, há 52 anos, como sou velho!!). O clube era pequeno e, ao constatar que havia platéia diminuta, pensei como era possível tão poucos ouvirem um músico da estatura de "Pres" - o presidente do sax-tenor, apropriadamente apelidado por Lady Day, a inesquecível Billie Holiday. Sabia que ele era arredio, de poucas palavras especialmente com estranhos. Por isso, foi com alguma preocupação que o procurei no camarim após a apresentação porque queria pedir-lhe seu autógrafo para o meu livro.
Ao chegar, a porta estava entreaberta e Lester estava de costas entretido em limpar seu instrumento para guardá-lo no estojo. Bati na porta, ele, olhou-me por cima do ompbro e fez um gesto para aproximar-me. Pedi licença e entrei algo temeroso que ele cortasse o papo logo no início. Identifiquei-me dizendo aquelas coisas de sempre, o quanto o admirava desde os tempos com Count Basie, os discos dele que tinha, etc, etc. Quando disse ser brasileiro ele ergueu as sobrancelhas surpreso e disse: "Really" ? Já era um bom meço, mas procurei abreviar ao máximo para não aborrecê-lo. Após uns 10 minutos de papo, ao despedir-me, ele perguntou se eu gostara da apresentação. Respondi que gostara demais, mas lamentei porque ele tocara pouco tempo, ao que respondeu: "É por isso mesmo, assim você volta amanhã para ouvir mais". Agradeci sua gentileza e ele, colocando a mão no meu ombro, disse simplesmente: "Stay happy". Infelizmente não voltei a ouví-lo na noite seguinte, mas nunca esqueci suas palavras de despedida, que me deixaram muito mais feliz do que ele desejou. Ao voltar, contei isso a um amigo e ele, jazzófilo fanático que a tudo ouviu embevecido, disse: "Guarde para sempre o paletó que Lester colocou a mão no seu ombro....."
Abraço,
Raffaelli

P.S. Esqueci de mencionar que Lester foi acompanhado por Hank Jones (piano), Al Hall (baixo) e Jo Jones (bateria) - Nada mau, não é ?

José Domingos Raffaelli disse...

Caros correligionários,

Desculpem por ter-me enganado e enviado o post anterior como "Anônimo", apesar de assinado embaixo.
Obrigado,
Raffaelli

edú disse...

Mestre Raffaelli,
obrigado pelo privilégio de apreciar mais uma vez esse relato q já conhecia de leituras prévias.Sou insistente leitor e admirador dos artigos de sua autoria - como já lhe detalhei - desde os anos 80 na ,infelizmente finada, Revista Som Três até os dias atuais.Retribuo o abraço.

Érico Cordeiro disse...

Prezados Raffaelli e Edú,

Que prazer em tê-los aqui. E que história emocioante, Mestre Raffaelli, poder ver e conversar com o Pres!!! A sua presença (e para minha alegria, satisfação e indisfarçável orgulho, percebo ser constante) abrilhanta esse espaço e só aumenta a minha responsabilidade.
Muito obrigado a ambos e sejam sempre muito bem vindos.

Um fraterno abraço

edinho disse...

Depois do que já escreveram acima fico ate acanhado em elogiar o bom gosto das suas resenha's .
Foi através do Charlie Parker e o piano do Jordan que passei a me aprofundar no Jazz . Parabéns pelo blog e se não fosse pedir de mais, bem que você poderia colocar os links dos discos para o nosso deleite ou uísque .
Abraços sonoros ,
Edinho

Érico Cordeiro disse...

Caro Edinho,

Obrigado pela visita. Espero vê-lo sempre por aqui.
Como já disse ao Figbatera, essas músicas que eu posto são da minha coleção pessoal (não sou muito fã de baixar música, porque gosto de "namorar" o cd, ler a ficha técnica, ver o bichinho na minha estante...).
De qualquer forma, posso tentar mandar prá você. Existe um programa chamado Pando que é um ótimo compactador. O meu e-mail é ericoserra@uol.com.br, e vou tentar mandar aos pouquinhos (se você tiver o Pando, dá prá mandar mais arquivos).
Um grande abraço e volte sempre!

José Domingos Raffaelli disse...

Caros companheiros de jazz,

Permitam-me esclarecer um ponto importantíssimo que muitos habitualmente confundem.

Duke Jordan é o meu pianista favorito, como afirmei. Entretanto, este é o ponto a esclarecer. Apesar de ser meu pianista favorito, NÃO SIGNIFICA QUE O CONSIDERE O MELHOR PIANISTA DE JAZZ.

Há uma diferença marcante entre o melhor e o favorito. Claro, considerando a importância e influência de Earl Hines, James P. Johnson, Jelly Roll Morton e Fats Waller - só para mencionar quatro magníficos pioneiros - Art Tatum, Teddy Wilson, Count Basie, Jess Stacy etc, da Swing Era; os modernos, com Bud Powell à frente, mais Dodo Marmarosa, George Wallington, Al Haig, Joe Albany, Thelonious Monk, Oscar Peterson, etc, e no período pós-bop: Bill Evans, Phineas Newborn, McCoy Tyner, mais dezenas de outros para não alongar demasiadamente a lista, alguns deles são mais importantes que Duke Jordan.
Todavia, quem mais ouvi em meus anos formativos de jazz moderno, depois de Bud Powell e Dodo Marmarosa, foi Jordan. Seu estilo refinado, do maior bom gosto, sempre de alto sentido melódico e ornamentando suas idéias com frases que, se analisadas cuidadosamente, são jóias que poderiam ser desenvolvidas em novas e excelentes composições.

Era esse ponto que desejava esclarecer.
Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Caro Erico,

"Misty Thursday", de Duke Jordan, é uma das mais belas e líricas baladas de todos os tempos que tornou-se um standard entre os músicos americanos e europeus que trabalhavam na Europa nos anos 70.
Fiquei emocionado desde a primeira vez que a ouvi, por volta de 1974/75. Sua beleza melódica é tão marcante quanto "Round Midnight", de Thelonious Monk, ou qualquer clássico do gênero de Duke Ellington ("Prelude to a Kiss", "Sophiticated Lady" ou "Solitude"), ao menos na minha concepção, mas sem exagero, pois nesse julgamento deixo de lado minha profunda admiração por ele.

Keep swinging,
Raffaelli

Anônimo disse...

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