Amigos do jazz + bossa

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

FOGO TRANQÜILO


A sobriedade e a discrição parecem ter sido as principais características de Mitchell Herbert Ellis, nascido no dia 04 de agosto de 1921 em Farmersville, Texas, e criado em Dallas, no mesmo estado. Ouviu o som da guitarra elétrica pela primeira vez pelas ondas do rádio, no final dos anos 30, pelas mãos de George Barnes. Apesar de terem a mesma idade, Barnes já era um veterano, conhecido por seu trabalho com o bluesman Big Bill Broonzy, além de haver tocado com diversas orquestras de swing, tendo passado à história do jazz como um dos primeiros músicos a utilizar a guitarra elétrica.

Aliás, Barnes reclama não apenas a paternidade do instrumento, supostamente criado em 1931, quando tinha apenas dez anos, como também alega ser dele o primeiro registro fonográfico da guitarra elétrica, que teria sido feito no dia primeiro de março de 1938, em Chicago e onde o guitarrista acompanha Broonzy em “Sweetheart Land” e “It's a Low-Down Dirty Shame”. Graças à sonoridade hipnótica do instrumento, o jovem Herb, como era mais conhecido, resolveu estudar música na North Texas State University, em Denton.

Até então, seu gosto musical se limitava ao blues, à música country e à chamada hillbilly music, uma espécie de variação das work songs muito popular no sudeste dos Estados Unidos. Contudo, já na universidade, dois fatos foram bastante relevantes para os rumos que Ellis daria à carreira, fazendo-o optar, definitivamente, pelo jazz. O primeiro deles foi conhecer e fazer amizade com o jovem saxofonista Jimmy Giuffre, cujas avançadas concepções musicais influenciariam o guitarrista para sempre. O segundo foi ouvir o mago Charlie Christian, que elevou a guitarra jazzística a um patamar técnico até então desconhecido.

O interessante é que o impacto causado por Christian não foi imediato. Conforme relata o crítico Leonard Feather, Ellis lhe confessou: “A primeira vez em que ouvi Charlie Christian não achei lá grande coisa, porque eu achava que podia tocar mais rápido que ele. Com o passar do tempo, aquela forma de tocar realmente me arrebatou. Só então eu percebi que velocidade não é tudo. Então, fiquei abalado emocionalmente, deixei a guitarra de lado e pensei que jamais voltaria a tocar. Mas no dia seguinte eu relaxei, peguei a guitarra de novo e tentei tocar igualzinho ao Charlie”.

Além de dividirem o mesmo quarto no alojamento da universidade, Giuffre e Ellis gostavam tanto de tocar juntos que alugaram uma casa de oito cômodos, apenas para ensaiar e promover animadas gigs, freqüentadas pelos animados colegas, dentre os quais o baixista Harry Babasin e o trompetista – e futuro arranjador da orquestra de Stan Kenton – Gene Roland.

Em 1941, por conta da complicada situação financeira, Ellis deixou a faculdade e uniu-se a uma banda formada por alunos da University of Kansas, com quem excursionou por cerca de seis meses. Durante esse período, morou em Kansas City, Missouri, trabalhando algum tempo na big band de Charlie Fisk. Ellis foi dispensado do serviço militar obrigatório por conta de um pequeno problema cardíaco, que não impôs qualquer obstáculo à carreira profissional.

O guitarrista atuou na região de Kansas City como freelancer por cerca de dois anos, tocando em bares e clubes, até ser contratado pela Casa Loma Orchestra, em 1943. Liderada pelo saxofonista Glen Gray, a Casa Loma era uma das mais importantes big bands da Era do Swing e na época a sua formação incluía o trompetista Bobby Hackett, o pianista Nick Denucci e o cornetista Red Nichols.

Embora o trabalho com a Casa Loma tenha dado a Ellis alguma visibilidade, o reconhecimento só veio quando se uniu à orquestra de Jimmy Dorsey, onde reencontrou o velho amigo Giuffre, em 1945. No novo emprego, Ellis tinha bastante liberdade para criar e ali foram registrados os seus primeiros solos. O guitarrista permaneceu com Dorsey até 1947, em uma rotina exaustiva de concertos e gravações. Durante uma pausa na agenda da orquestra, Herb foi convidado por dois dos seus companheiros – o pianista Lou Carter e o baixista John Frigo – para se juntar a eles em uma temporada no Hotel Stuyvesant, em Buffalo.

O trio recebeu o nome de Soft Winds e o que deveria ter sido uma pequena temporada de seis semanas acabou por se tornar um emprego fixo de seis meses. Lamentavelmente, não há gravações feitas em nome do Soft Winds, que chegou a acompanhar a cantora Lena Horne em algumas apresentações. Todavia, o trio legou à posteridade pelo menos uma obra prima: o standard “Detour Ahead”, de 1947, composto por Ellis, Carter e Frigo e que foi gravado por uma legião de músicos como Billie Holiday, Johnny Griffin, Buddy DeFranco, Stan Getz e Bill Evans, entre outros. O combo, que se espelhava no Nat King Cole Trio, permaneceria em atividade até 1952, quando Ellis foi convidado por Oscar Peterson para substituir Barney Kessel em seu trio.

Maynard Ferguson havia assistido a uma apresentação do trio e, sabendo que Peterson estava em busca de um guitarrista, indicou Ellis ao amigo. Herb integrou o grupo de Peterson por quase seis anos, de 1953 a 1958, sendo que o terceiro membro da equipe era o espetacular contrabaixista Ray Brown. O trio tornou-se, então, uma dos mais bem sucedidos da história do jazz, tanto do ponto de vista artístico como comercial, e legou ao mundo obras primas como “At The Concertgebouw” (1956) e “On The Town” (1958), ambos para a Verve.

Na Verve, aliás, o Oscar Peterson Trio era uma espécie de banda “da casa” e acompanhou dezenas de convidados importantes, em gravações históricas de astros como Dizzy Gillespie, Buddy DeFranco, Roy Eldridge, Harry “Sweets” Edison, Stéphane Grappelli, J. J. Johnson, Lester Young, Ben Webster, Stan Getz, Anita O’Day, Louis Armstrong e Ella Fitzgerald, entre muitos outros. Os concertos do trio no projeto Jazz At The Philharmonic eram dos mais concorridos e as turnês e apresentações eram quase ininterruptas.

Ao mesmo tempo, Herb iniciava uma belíssima carreira fonográfica como líder, lançando, sempre pela Verve, álbuns como “Ellis In Wonderland” (1956), “Nothing But The Blues” (1958) e “Thank You, Charlie Christian” (1960). Na reedição em cd de “Nothing But The Blues” foram incluídas quatro faixas, gravadas em Paris em 1958, originalmente incluídas na trilha sonora do filme “Les Tricheurs”, do diretor Marcel Carné. A seu lado, além dos companheiros Peterson e Brown, feras como Harry "Sweets" Edison, Alvin Stoller, Chuck Berghofer, Roy Eldridge, Stan Getz, Coleman Hawkins, Dizzy Gillespie, Charlie Mariano, Chuck Israels e muitos outros.

Outro destaque em sua discografia é "Herb Ellis Meets Jimmy Giuffre", de 1959 e que celebra o reencontro com o velho camarada Giuffre. Liderando um elenco de estrelas do West Coast Jazz, o guitarrista e o tenorista se mostram extremamente à vontade, lembrando as velhas gigs em Denton. Para se ter uma idéia do alto nível do álbum, basta dizer que os acompanhantes são Bud Shank e Art Pepper no sax alto, Richie Kamuca no tenor, Jim Hall na guitarra, Lou Levy no piano, Joe Mondragon no contrabaixo e Stan Levey na bateria.

Em novembro de 1958, Ellis decidiu deixar Peterson, sendo substituído pelo baterista Ed Thigpen. O pianista declarou um sem número de vezes que optou por um baterista porque tinha certeza de que não encontraria um guitarrista à altura de Ellis. Entre 1959 e 1960 o guitarrista tocou com Ella Fitzgerald e excursionou com Julie London.

No início da nova década, fixou-se na Califórnia, onde se tornou músico de estúdio. Boa parte de seu trabalho nos anos 60 foi na televisão, onde integrou as orquestras de programas como os de Steve Allen (regida por Donn Trenner, na qual permaneceu de 1961 a 1964) e de Regis Philbin (regida por Terry Gibbs, onde trabalhou entre 1964 e 1965). O guitarrista também atuou nas bandas de apoio de outros programas de TV, como os apresentados por Merv Griffin e Della Reese.

Não obstante, Ellis jamais abriu mão do jazz e, ao longo dos anos, consolidou-se como um dos mais requisitados acompanhantes da história do jazz. Nessa qualidade, ele pode se orgulhar de haver tocado com uma verdadeira constelação: Gene Krupa, Mose Allison, Blossom Dearie, Sonny Stitt, Johnny Hodges, Johnny Griffin, Peggy Lee, Stuff Smith, André Previn, Nancy Wilson, Toshiko Akiyoshi, Joe Williams, Sarah Vaughan, Lionel Hampton, Mark Murphy, Irene Kral, Jake Hannah, Esther Philips, Art Blakey, Monty Alexander, Al Cohn, Gene Harris, Benny Carter, Lou Rawls, BBillie Holiday, Illinois Jacquet, Mel Tormé, Johnny Hartman, Mahalia Jackson, Jack Teagarden, Scott Hamilton, Dorothhy Dandridge, Frank Sinatra, “Hot Lips” Page e uma infinidade de outros.

Nos anos 70, Ellis foi uma das primeiras aquisições da gravadora Concorde, que então dava seus primeiros passos e que, naquela época, reuniu um núcleo de músicos extremamente talentosos e confiáveis, como os pianistas Dave McKenna, Monty Alexander e Gene Harris, os bateristas Jake Hannah e Louie Bellson, os guitarristas Tal Farlow e Charlie Byrd e o baixista Ray Brown, que podem ser ouvidos em dezenas de álbuns daquele período.

Pela Concord, Ellis gravou diversos discos ao lado de Barney Kessel e Charlie Byrd. O grupo, formado em 1973, recebeu o justíssimo nome de The Great Guitars, e foi atração regular em festivais ao redor do mundo nos anos 70 e 80, sendo que em várias ocasiões, o fabuloso Tal Farlow juntava-se à turma. Em 1992 um AVC forçou Kessel a abandonar os palcos, mas Ellis e Byrd mantiveram o Great Guitars em atividade. Na última vez em que tocaram juntos, em 1996, os dois receberam o luxuoso auxílio de Mundell Lowe e Larry Coryell e o resultado pode ser conferido no álbum “The Return Of The Great Guitars” (Concord), lançado naquele mesmo ano.

Na verdade, Herb sempre teve uma relação bastante amistosa com outros guitarristas. Em 1973, por exemplo, gravou “Poor Butterfly”, um duo de guitarra com o amigo Barney Kessel. Em 1974, dividiu a liderança do álbum “Two For The Road” com o genial Joe Pass. A gravação, feita para a Pablo, veio se somar ao álbum “Jazz Concord”, que os dois, escudados por Ray Brown e Jake Hannah, haviam gravado no ano anterior, durante uma das edições do Concord Jazz Festival e que foi lançado pela gravadora homônima.

A relação com Oscar Peterson tampouco sofreu qualquer abalo e os dois continuaram bons amigos. Em 1970 o pianista homenageou o antigo parceiro no álbum "Hello, Herbie", gravado para o selo alemão MPS e que contou com a participação especial do guitarrista em todas as faixas. Acompanhados do baixista Sam Jones e do baterista Bobby Durham, os dois exibem a energia e a classe que os consagrou ao longo da década de 50 e mostram que o tempo não maculou a interação quase telepática.

Ainda na Concord, Ellis montou, com o amigo Ray Brown o Herb Ellis - Ray Brown Sextet, que ali lançou dois ótimos álbuns: “After You've Gone” e “Hot Tracks”, que seriam reeditados em um cd duplo intitulado "In The Pocket", em 2002. O primeiro foi gravado em 1975 e o segundo em 1976, sendo que este último conta com as participações de Harry “Sweets” Edison no trompete, Plas Johnson no sax tenor, Jake Hanna na bateria e Mike Melvoin no piano acústico, piano elétrico e órgão. As gravações foram feitas no Western Studios, em Hollywood, e a produção ficou a cargo de Carl Jefferson.

A abertura fica por conta da contagiante “Onion Roll”, de autoria do próprio Herb. Com sua levada infecciosa e contando com uma sucessão de riffs poderosos, o tema é o veículo perfeito para o desfile de virtuosismo protagonizado por Johnson, Ellis e, sobretudo, pelo encapetado Harry Edison. Seu sopro assurdinado e feérico eleva a temperatura da sessão e antecipa o que está por vir: uma jam session animada, alegre, despretensiosa e de altíssimo nível técnico.

“Spherikhal” é um blues pegajoso, composto por Brown e interpretado com muita garra pelos seis. Embora o som do piano elétrico de Melvoin soe um pouco estridente, ele não cega a comprometer o resultado final. O autor do tema é generoso o bastante para fazer apenas a parte rítmica e os companheiros, agradecidos, se esmeram por merecer essa poderosa âncora sonora. Ellis destila um fabuloso senso melódico e seus solos são um primor de elegância e articulação.

Apenas os dois líderes atuam na classuda “But Beautiful”, de Johnny Burke e Jimmy Van Heusen, único standard do álbum e que é executado com a reverência que o tema exige. Guitarra e contrabaixo dialogam de maneira solene, como se entoassem um hino. Herb é um guitarrista delicado e apesar do ambiente austero, seus acordes fluem com enorme naturalidade. Brown tem aqui a melhor oportunidade para perpetrar seus solos, sempre muito bem concebidos, e o faz com a maestria habitual.

“Blues for Minnie” é outro tema do baixista. Com uma levada deliciosa e um andamento mais acelerado, a composição agrega elementos de R&B e do swing em sua estrutura. A performance de Edison é nada menos que soberba, com solos abrasivos e incandescentes. Melvoin mergulha nas águas sombrias do blues com um solo cadenciado e Ellis intervém com uma abordagem musculosa e cheia de vitalidade.

O saxofonista Johnson contribui com “Bones”, hard bop que emula a sonoridade de um Jimmy Smith. A comparação não é desmedida, porque aqui Melvoin usa o órgão Hammond com muita sagacidade e energia. Exibindo uma faceta mais inflamada que o habitual, Ellis mostra que sabe transitar com enorme desenvoltura por esse ambiente caudaloso. O groove do sexteto fica ainda mais temperado com graças às exuberantes atuações de Johnson e de Harris.

“So's Your Mother” é da lavra de Melvoin e é uma das mais instigantes do disco. Imersa na tradição bop, apresenta um Ray Brown em estado de graça e sua atuação conjuga precisão, clareza de idéias e desenvoltura. Ellis atua como um luxuoso coadjuvante e seu solo é breve e certeiro. Hanna, cuja percussão é, no mais das vezes, tão discreta quanto um mordomo inglês, exibe um trabalho magistral com os pratos. Johnson, que trabalhou com Henry Mancini, B. B. King e Marvin Gaye, brilha com uma performance inesquecível, adicionando à mistura uma alentada dose de soul.

“Squatty Roo” é um clássico de Johnny Hodges, gravada inclusive pela orquestra do patrão Duke Elllington. O sexteto reproduz aqui, com bastante competência, a atmosfera descontraída das big bandas, com os sopros tocando em uníssono e toneladas de swing. A participação de Melvoin é das mais flamejantes, mas Johnson e Brown, com solos memoráveis, também merecem ser ouvidos com atenção. Para ouvir estalando os dedos e balançando a cabeça.

Para fechar o álbum, “Sweetback”, de Harry Edison, com uma pegada bluesy e uma discreta malemolência. Herb navega pelo blues e pelo swing com quantidades astronômicas de charme e bom gosto. Trata-se de um disco verdadeiramente encantador, e que, embora não seja tão badalado quanto outras pérolas da sua soberba discografia, especialmente aqueles feitos para a Verve no final dos anos 50, merece uma audição atenta e, certamente, prazerosa.

Os anos 80 foram de atividade febril. Apresentações em festivais, gravações como líder e, sobretudo, sideman. Entre as suas associações mais memoráveis, destaca-se o grupo “Triple Threat”, juntamente com Monty Alexander e Ray Brown. No final daquela década, cansado do ritmo frenético de Los Angeles, o guitarrista mudou-se para a pequena Fairfield Bay, no estado do Arkansas. Não obstante, continuou a atuar com regularidade naquele estado, tocando em festivais locais como The Eureka Springs Jazz Festival, The Wildwood Jazz Festival & Wildwood Music Festival e The Hot Springs Jazz & Blues Festival.

Por esse motivo, em 1993 foi condecorado com o título de "Embaixador do Arkansas". Ellis também era um esmerado educador musical e escreveu diversos métodos para o estudo da guitarra, como "The Herb Ellis Jazz Guitar Method: Swing Blues" e "The Herb Ellis Jazz Guitar Method: All the Shapes You Are", bastante populares entre jovens guitarristas.

Em 1990, Oscar Peterson conseguiu juntar-se novamente a Ellis e ao baixista Ray Brown, para uma série de concertos no clube Blue Note. O resultado pode ser conferido no extraordinário álbum quádruplo "Live at the Blue Note", lançado pela Telarc. Outro momento memorável ocorreu em 1992, quando Ellis reuniu-se ao legendário Willie Nelson no elogiado "Texas Swings", com um repertório calcado em cássicos da música country, que foi lançado pelo pequeno selo Justice.

Em 1996, uma nova reunião com Peterson, desta feita durante uma temporada no Town Hall, em Nova Iorque, onde a dupla era secundada pelo ótimo Lewis Nash. Ellis foi o grande homenageado da edição de 1998 do JVC Jazz Festival, em Nova Iorque. O ritmo de trabalho diminuiria nos anos posteriores, em decorrência da doença – Mal de Alzheimer – que lhe reduziria paulatinamente os movimentos e a consciência. Sua última apresentação em público foi no dia 04 de dezembro de 2000, no clube Rocco's, em Los Angeles, durante uma das edições do projeto "Guitar Nights", promovido pelo guitarrista John Pisano.

Herb faleceu no dia 28 de março de 2010, em Los Angeles, devido às complicações causadas pelo Alzheimer. A pianista Toshiko Akiyoshi, que teve a honra de ser acompanhada por Ellis em seu primeiro álbum gravado nos Estados Unidos (“Amazing Toshiko Akiyoshi”, de 1953), falou sobre a importância do falecido amigo. Para ela, eram necessárias três qualidades para ser um membro do Oscar Peterson Trio: “Um ótimo senso de tempo, uma grande habilidade técnica e, mais importante, uma enorme disciplina. Herb possuía as três”.

Para o crítico Joachim Berendt, Ellis “possui o fogo e uma série de elementos estilísticos de Charlie Christian, com um certo tempero de hillbily music, que faz parte de sua origem”. Um fogo tranqüilo, mas certamente capaz de provocar incêndios de enormes proporções. Ou, como sintetizou com rara precisão o veterano Les Paul, ao reconhecer o fraseado do amigo em um blindfold test promovido pela revista Down Beat: “se você não tem swing, ele consegue te fazer swingar”.

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15 comentários:

PREDADOR.- disse...

Hot Tracks, um disco inexpressivo de Ellis, no meu entendimento, principalmente se considerarmos as gravações feitas nos anos 50-60 pela Verve/Polygram, os melhores de sua carreira com líder. A maioria dos álbums gravados pela Concord Jazz, apresentam músicas repletas de arranjos "grandiosos" e "glicerinados", que na segunda ou terceira audição já começam a enjoar (mais que viagem de navio). Sinceramente, Herbie Ellis tem discos muito, muito melhores que este "Faixas Quentes"(exemplo: Ellis in Wonderland, Nothing but the blues, Meets Jimmy Giuffre, Thank you Charlie Christian, etc e tal....). Afinal quem acabou ficando esquentado foi eu, mr.Cordeiro.

Sergio disse...

É uma figura o Predador!... Sem papas nas línguas (afinal "extrasterrestres" - é assim q se escreve no plural? caiu o hífen, sei lá, mas deu pra entender... então extra-terrestres podem ter mais de uma língua. E sem trava, tbm, na pistola de raios...

Eu tenho um discaço do Herb Hellis, acho q citado pelo Preda 90, o "Nothing But the Blue" 1957. E um com o Joe Pass, “Seven, Come Eleven" 1974, maravilhosos, os 2.

Mas gostei de título e capa deste resenhado, conferirei, pq Predadores nem sempre são os donos da razão.

Agora, li só o 1º parágrafo aqui e acabo de encontrar uma gema de guitarrista que ainda não conhecia. George Barns. Estão no álbum "Gems" 1975, 1º baixado e ouvi(n)do, Barns e Joe Venture, o q já o torna um disco, no conceito jazz do nosso Predador, “fake jazz”, pq esse negócio de jazz cigano com violininhos felizes e saltitantes... No mínimo, isso não é coisa que se designe como jazz, certo?

Muito bom, seu Sam, esse “Gems”! E o Barns tem uma carrada de discos com o Venture. Encontrei um blog com discos dessa dupla e muitos outros do George Barns – Vários com Buby Braff, q vale a pena a olhada... Aqui vai o endereço a quem interessar possa: http://mohaoffbeat.blogspot.com/2009_06_01_archive.html

Agora, aproveitando q temos tempo, leiamos o post de mr. Érico, pra não mudar o rumo da conversa e o nome do grande homenageado da vez.

Anônimo disse...

Perche non:)

APÓSTOLO disse...

Estimado ERICO:

Magnífica resenha e excelente a gravação descrita, em que a técnica, o "feeling" e a classe de Ellis desfilam sem parar, como em um navio em que o balanço das ondas nos acalenta, sem enjoar, mas fazendo-nos sonhar.
Afinal de contas, viajar de navio é um prazer inenarrável.

Sergio disse...

rsrsrsrs... Quem disse Joe Venture, seu san? Ê mico! É Joe Venuti! e o George - essa confusão tem justificativa: é BarnEs, não o George Burns, o ator, que tava entranhado na cabeça.

Errar o nome dos dois da dupla é dose.

Salsa disse...

Ellis, no trio de Peterson, está mais que bom. Gosto de vários de seus trabalhos, mas este não me levou a outras audições. O "meets Jimmy Giuffre" está na fila de espera para um futuro post.

Nela San disse...

Acho é tempo por isso blogue de ganhar um Oscar, nao é aquilo de Los Angeles, mas espero va agradecer o Sunshine Award mesmo.
Aquì està
http://gialli-e-geografie.blogspot.com/2011/01/sunshine-award.html
Obrigada por ter me apaixonado ao Jazz.
Nela San

pituco disse...

érico san,

mr.ellis é o bicho...há vídeos vários do homi, já em idade avançada, mas que não interfere nada mesmo em sua(a dele) performance...

tô curtindo a radiola...obrigadão

abraçsons

Érico Cordeiro disse...

Caros amigos, sejam muito bem vindos e desculpem a demora na resposta aos comentários – o velho problema de estar em Pinheiro City, atolado em trabalho até o pescoço :-)
Grande Predador, parece que 2011 o deixou mais ranzinza que nunca. Imagina só, chamar um discaço como este de inexpressivo! Peço que reconsidere o seu veredicto e não me detone. Mas, falando sério, tenho o “Ellis in Wonderland” e o “Nothing But The Blues”, que são sensacionais, mas uma das propostas do blog é, exatamente, mostrar também obras não muito conhecidas desses músicos geniais.
Mestre Sérgio, não conheço o disco com o Joe Pass (“Seven Comes Eleven”), mas o “Nothing But The Blues” é fabuloso. Muito bacanudos são os discos do Great Guitars, com o Charlie Byrd e o Barney Kessell (tenho alguns e se quiser, posso “estar anteciPando”). O Barnes é meio lendário, por conta do seu pioneirismo, mas nada tenho dele como líder e, infelizmente, não conheço esse disco com o Venutti. Mas a Reco ta aí pra isso mesmo, não é? Aliás, perguntei ao Mestre Raffaelli sobre o Anfilófio e estou aguardando a resposta.
Mestre Apóstolo, gostei da imagem: a sonoridade do Ellis é dolente como uma viagem de navio. Pena que certas “criaturas espaciais”, acostumadas a singrar o espaço sideral em naves de última geração, não conheçam os prazeres de uma viagem de navio :-) Sabia que você ia aprovar o Ellis, um dos maiores bambas da guitarra de todos os tempos!!!!
Querida Nela, fico emocionado com as suas palavras gentis e mais ainda por você ter lembrado do Jazz + Bossa. O Gialli e geografie é um dos espaços mais bacanas da blogsfera e ser homenageado por você é uma grande honra. Muito obrigado mesmo – grazie, bella!
Mestre Salsa, ouça este disco outra vez, pois ele é muito swingante. Além do Ellis, o Harry Edson está fantástico. E coloque logo o disco do Giffre + Ellis no quintal do jazz, pois esse é dos mais bacanudos!
Mister Pituco, o Embaixador na Terra do Sol Nascente, o cara mandou sempre muito bem, enquanto teve a saúde perfeita. Era como aqueles bons vinhos que só melhoram com a idade, não é mesmo?
Abração a todos!

Sergio disse...

Seu San, não sei se teve em sua colocação "é meio lendário" um q de ironia. Só sei q acabo de encapar, por conta do blog q deixei o endereço ai encima, um álbum q me pareceu folclórico, com ironia, de Ruby Braff e Gerorge Barnes, que a-do-rei. A bolachinha de míseros 25 minutos, retirada de LP, chama-se "To Fred Aistaire with Love" - gosto desses inusisitados discos... Muito bacana, seu san. Acho que pra quase todos os gostos terrenos... E o com Joe Venuti, Gems, também é pra figurar na Bike Lojinha do "Saudosista é o K7!", com louvor.

Seus pedidos estão quase todos de capas prontas para o Correio. Acho q de amanhã não passa o envio e, aproveitando o espaço. O depósito já aportou por cá.

Coisa q ia escrever no emeio e aproveito aqui pra colocar:

"Seu san, amigo, isso não é uma reclamação, mas um chôro baixinho: mas pô, seu san, pq optou pela dica de Predador q te maltrata se te dei uma dica tão boa e com todo o carinho com uma dupla de dois genios Ellis & Pass? Só pq confundo George Burns com George Barnes e Venture (q sei lá de onde tirei) com Venuti? Assim magoa..."

A brincadeira (piada mesmo, seu san) é por conta da capa. No caso de Pass e Ellis, é original e é só imprimir, no caso do do Predador já tou catando os caco das parcas imagens, o q dá um trabaio... rsrsrsrs... Gide q o diga...

Mas vai q é um discaço, né? Valerá a pena no final. Veremos.

Abraços!

Sergio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andre Tandeta disse...

Excelente escolha e texto,Erico.
Qualquer disco com esses super musicos mais Ray Brown que e' um genio so' pode ser no minimo muito bom. Tremendo swing, arranjos simples mas muito bonitos e ,claro, solos da melhor qualidade.
E ,Predador : da um tempo , leva tua chatura pra outra galaxia ,bem longe por favor. Voce ta por fora, totalmente.

Érico Cordeiro disse...

Caros Sérgio e Tandeta,
Sejam mais que bem-vindos e desculpem a demora em responder.
Estou em Saint Louis, após uma semana extenuante em Pinheiro City - e das mais movimentadas também.
Como já sei que a encomenda saiu, estou no aguardo e creio que a Reco não haverá de me decepcionar - nada de ironias na expressão lendário, é porque ele realmente é dos pioneiros e reivindicava a invenção da guitarra eletrificada (tem muita controvérsia aí).
Ao segundo, só digo que o disco é maravilhoso. O Predador é o nosso Pedro de Lara, sempre pronto a detonar os calouros, mas no fundo no fundo é um alien bonzinho :-)
Abração aos dois!!!!!

José Domingos Raffaelli disse...

Caro Érico e demais confrades,

Excelente o foco sobre Budd Johnson, que, apesar de tudo quanto fez de bom no jazz, por ironia do destino foi um dos seus maiores underrateds.

Vi e ouvi Budd Johnson na única vez em que tocou no Brasil. Foi em 1969, em São Paulo, no quarteto de Earl Hines, completado por Bill Pemberton e Oliver Jackson.

Como curiosidade, o concerto era iniciado por Hines, Perbemtom e Jackson no palco, enquanto Budd entrava no teatro pela porta principal tocando sax-soprano e caminhando lentamente pelo corredor até o palco, onde juntava-se aos companheiros, para delírio do público.

Budd também participou e tocou alguns ótimos solos num disco Columbia de Sarah Vaughan, de 1950, acompanhada por um conjunto liderado por Miles Davis. Em minha opinião, esse foi um dos melhores discos da Divina, cujas interpretações e voz marcantes deram a algumas canções suas versões definitivas.

Keep swinging,
Raffaelli

Anônimo disse...

Merci d'avoir un blog interessant

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