O pequeno homem de chapéu coco e bigodes espessos parecia pouco à vontade. Havia algo de volátil naquela sala espaçosa e mal iluminada que o incomodava. Era como se os moradores da casa fizessem questão de manter na penumbra os miasmas que poderiam consumir em chamas tudo o que havia restado daquela outrora poderosa família. Os ingleses e seus pudores, pensou, enquanto caminhava por entre a imponente mesa de jantar e duas estátuas em estilo dórico.
Uma dose de estricnina havia tirado a vida de Lorde Paddington. Homicídio? Suicídio? Estava ali para descobrir. Afinal, não poderia deixar de atender um pedido da querida Condessa Romacoff, velha amiga do falecido. Ela havia ido ao seu escritório há alguns dias e lhe relatara as suas suspeitas de que Paddington fora assassinado. A condessa era uma mulher reservada, mas sugeriu ao detetive que a viúva – uma arrivista, segundo ela – teria sido a responsável pelo crime.
Após uma breve troca de olhares com Chesterton, o severo mordomo da família, o detetive belga compreendeu que o homem desejava falar-lhe. Seria possível despistar a escorregadia Lady Paddington, a viúva quase 40 anos mais nova que o marido que acabara de falecer? Sem forçar a situação e manuseando as palavras com cuidado, o homem de formas arredondadas e bochechas rosadas retomou a conversa e lançou uma frase aparentemente casual:
– Se Lorde Paddington era tão precavido como a senhora me disse, certamente deixou instruções acerca de suas últimas vontades...
Um ricto, que poderia ser de raiva ou um mero ajuste da máscara facial, percorreu o rosto esguio da senhora. Aos trinta anos, ainda era uma bela mulher. O detetive a desejou por um momento, mas o desejo foi substituído pelo instinto de preservação. Era uma mulher perigosa aquela. Ambiciosa e muito inteligente. Suas palavras soaram protocolares, mas, ainda assim, repletas de veneno:
– Há apenas um testamento. E apenas dois herdeiros – eu e o jovem Kenneth, seu filho, um dissipador que haverá de perder, em breve, tudo o que vier a receber. Na verdade, ele é o grande beneficiário de toda essa situação. Eu não passo de uma vítima de sua mente degenerada, pois o pai sempre foi permissivo. Meu marido não se furtava a pagar suas dívidas de jogo. Foi isso que quase nos levou à ruína.
Fez uma pausa, aprumou-se e continuou, agora já sem a tentativa de esconder a antipatia pelo enteado:
– Não há instruções e nem muitos bens. Meu marido deixou boa parte de sua fortuna nas mesas de jogo. Seu filho era um estróina, que não descansaria até extrair a última gota do sangue do pai. Por isso Randolph se matou! A vergonha... a vergonha era demais para um homem tão honrado. Vocês franceses não seriam capazes de entender!
O detetive manteve-se impassível. Seus olhos e ouvidos estavam atentos às palavras daquela mulher. Após outra pausa, ela baixou a voz e disse, em tom de confidência:
– Vivíamos de forma modesta, apesar da aparência faustosa desta casa. Como o senhor deve ter percebido, há poucos criados aqui e éramos obrigados a sobreviver com uma renda anual de duas mil libras. Duas mil libras! Anuais! Pretendo me mudar para Londres assim que terminarem os procedimentos do inventário. Kenneth deseja vender a propriedade mais que qualquer coisa. Na verdade...
– Na verdade?
– Na verdade ele era o único que realmente lucraria com a morte do pai. E naquele dia eles tiveram uma forte discussão. Talvez...
O detetive fingiu morder a isca. Mas havia pontos que não batiam em toda aquela história. Duas mil libras não seriam suficientes para prover a vida nada modesta do casal. Havia ouvido falar nos animados convescotes realizados naquela mansão e duvidou que a renda informada fosse suficiente para promover festas tão concorridas. Mas porque ela esconderia a real situação econômica do marido? Solidarizou-se com a jovem viúva, estendeu-lhe a mão roliça, e despediu-se dela:
– Lamento muito. Estou aqui a pedido de uma grande amiga da família e não pretendo causar-lhe qualquer constrangimento. Vim apenas prestar-lhe os meus respeitos. Estarei na Pousada Lonehill por alguns dias. Os médicos recomendaram...
A elegante mulher deslizou pela sala com graça e agilidade. Uma desenvoltura que se situava no limiar da vulgaridade e que não combinava com a sua origem supostamente aristocrática. Antes de sair, o detetive disse:
– Belga.
A mulher não entendeu e perguntou:
– Como?
– Sou belga. Não francês.
A mulher deu de ombros. Já haviam atravessado a porta principal. O detetive saiu da casa, desceu os degraus da imponente escadaria de granito e caminhou, lentamente, até o portão, onde havia deixado a carruagem. Não gostava de automóveis. Achava-os barulhentos e pouco elegantes. O cavalariço o aguardava com um olhar indiferente. Subiu no coche, que sofregamente se afastou da propriedade. Ao percorrer cerca de cem metros, o homem mandou que o cocheiro parasse. Depois de descer do coche, ordenou que o condutor fosse diretamente até a pousada e o esperasse por lá. O tom da voz era firme, mas não autoritário.
O muro da mansão era baixo, mas o detetive também era. Foi-lhe custoso ultrapassar o metro e meio que separava a propriedade do mundo exterior. Antes que pudesse por os pés no chão, mãos fortes o agarraram e o ajudaram a aterrissar sem maiores percalços. Era Chesterton:
– A Condessa Romacoff tinha razão. Você é, realmente, um cavalheiro bastante distinto.
O homem de bigodes agradeceu as palavras gentis e os dois se dirigiram a uma pequena edícula, por trás da casa principal. Havia outras construções na propriedade, incluindo um grande celeiro e uma garagem para os quatro automóveis da família. O mordomo não fez rodeios. Foi simples e direto:
– Minha filha não matou o marido, senhor... Ela é ambiciosa, mas nunca foi burra. Ela sabe que seria a primeira suspeita. E Kenneth é um pródigo, mas completamente inofensivo. Seria incapaz de tramar a morte do próprio pai. Eles discutiram naquele dia, mas nada de grave. Discutiam sempre.
As últimas palavras foram ouvidas com alguma dificuldade. A revelação de que Elizabeth era filha do mordomo bateu-lhe como um soco no estômago. Não estava preparado para isso. Mas estavam explicados os modos quase rudes da viúva. Olhou para o mordomo com uma expressão de curiosidade e este continuou:
– Quando a mãe de Margareth morreu, ela veio morar aqui na mansão. Lorde Paddington era um homem generoso e permitiu que eu a trouxesse. Pouco mais de um ano depois sua esposa faleceu. Tinha uma saúde frágil. Passaram-se mais três anos até que ele pedisse Margareth em casamento...
O velho mordomo tinha os olhos marejados. As lembranças eram vívidas, mas dolorosas.
– Margareth desejava uma vida de luxo e aceitou o pedido. Durante quase dez anos viveram em harmonia, até a chegada de Duncan...
O detetive sacudiu a cabeça a espera de novas informações. Seu cérebro fervia e seus pensamentos eram uma sucessão de idéias sem sentido. Era como se tivesse sido atropelado por uma locomotiva. Murmurou:
– Duncan...
– O motorista da família. Veio recomendado por um sobrinho de Lorde Paddington e logo desenvolveu uma...
– Uma...
– Uma certa afinidade por minha filha.
– E essa afinidade... foi correspondida?
O velho baixou a cabeça. Os poucos cabelos que restavam ali eram brancos como a neve. Nada disse e nem foi necessário.
– Duncan – repetiu o belga em voz baixa.
Depois disso, recompôs-se e perguntou:
– E onde está esse Duncan?
O mordomo ficou calado por algum tempo. Depois respondeu:
– Na noite em que Lorde Paddington foi envenenado, ele viajou para Londres. Está lá e tenho certeza que minha filha irá encontrá-lo. Ela não consegue raciocinar direito... E ele é um belo rapaz. Sedutor. E queria ficar com tudo isto – disse fazendo um gesto largo, como que para mostrar toda a extensão da propriedade – Duncan envenenou Lorde Paddington. Tenho certeza.
Havia convicção na voz do mordomo. O detetive pensou por alguns instantes. Depois, pediu para conhecer a biblioteca do falecido, se não fosse despertar suspeitas.
– Não será problema. Os outros empregados são discretos e minha filha já se recolheu aos seus aposentos. Mas, por favor, não se demore.
A biblioteca era ampla como a sala de jantar, mas mais opressiva. Mesmo com as luzes acesas era lúgubre e nada acolhedora. Sozinho no aposento, o belga examinou, meticulosamente, as gavetas. Depois, os livros. Meia hora depois, saiu da mesma maneira silenciosa e discreta que entrou. O mordomo o acompanhou até a porta dos fundos.
Lá, pediu ao tratador de cavalos que conduzisse o detetive até o final da propriedade. Após alguns minutos de caminhada, os dois homens chegaram aos limites da propriedade. O jovem abriu um pequeno portão de madeira, usado pela criadagem. Não trocaram palavra alguma, até que o belga perguntou:
– Há ratos na propriedade?
Surpreso com a pergunta, o rapaz de rosto sardento e olhos mortiços respondeu:
– Não, senhor. Não há ratos em Paddington Hall.
Fazia frio e o caminho até a cidade era de quase dois quilômetros. O homem de bigode arrependeu-se de ter liberado o cocheiro e maldisse a sua imprevisão. Caminhando pela sebe, reordenou os pensamentos. Um homicídio sempre tem um motivo por trás. Motivos econômicos são poderosos. E motivos amorosos também. Tirou do bolso a pequena carta que havia achado na biblioteca. Alguém havia procurado por ela naquele local, mas não obtivera sucesso. A pessoa fora descuidada e arrumara os livros de maneira desordenada, algo que alguém como Lorde Paddington jamais faria.
Como todos os ingleses das classes mais altas, o velho era previsível. Não foi difícil achar o esconderijo. A carta em que sua ardente mulher combina com o belo motorista a fuga para dali a alguns dias fora interceptada. Mas
Quinze minutos depois, dirigiu-se ao boticário da cidade, que já o esperava. As apresentações foram breves e o detetive leu, com atenção, a relação de produtos vendidos nos últimos três meses. O livro de anotações era preciso e revelava a personalidade meticulosa do dono da botica. Simpatizou com o homem, que também lhe pareceu discreto e bastante competente. De repente, encontrou o que precisava. Uma quantidade razoável de noz-vômica havia sido adquirida há cerca de quarenta dias.
Sorriu para si mesmo, agradeceu a presteza do farmacêutico e rumou para a estação ferroviária. Assistiu ao longe a fumaça do trem se distanciar e pensou, melancólico: sou o homem que vê o trem passar. Após se identificar ao chefe da estação e confabular rapidamente com ele, confirmou as suas suspeitas. Alguém partira dali para Londres. Tudo começava a fazer sentido. Voltou à pousada e deliciou-se com um prato de faisão ao molho de vinho. A sobremesa não poderia ser mais auspiciosa: figos portugueses. Dulcíssimos. Antes de se recolher, fez mais uma ligação. Para Londres.
No dia seguinte, rumou para a propriedade dos Paddington. Dois policiais o acompanhavam, cortesia, mais uma vez, de outro grande amigo, o influente Lorde Ruffenborgh. O mordomo abriu a porta e o belga pediu-lhe que conduzisse a viúva até ele. Vinte minutos depois, estavam todos na biblioteca. A mulher pediu desculpas pela demora, pois precisava se compor. Maneando a cabeça, o detetive disse, secamente:
– A senhora quis me fazer crer que seu marido cometeu o suicídio. Mas nós dois sabemos que ele foi assassinado!
A mulher manteve-se calma. Apenas um leve tremor nas mãos demonstrava que, por dentro, estava em frangalhos. Disse:
– E o que o faz pensar que meu marido foi assassinado?
– Suicidas, geralmente, deixam cartas...
– Suas suposições são vagas, detetive. Os franceses são conhecidos por seu excesso de imaginação...
– Belga.
– Sim, sim, os belgas também. Mas o que lhe dá a certeza de que Lorde Paddington não se suicidou?
– Não há ratos em Paddington Hall. Mas há alguém que viajou daqui até Londres.
A mulher sentira o golpe. As pernas perderam as forças e ela arriou no sofá. Seu rosto era uma máscara de dor e desespero. Ela apenas murmurou:
– Não é o que o senhor está pensando. Não foi ele... não foi ele...
– Mas a senhora tentou protegê-lo, inclusive mentindo em relação à verdadeira situação econômica de Lorde Paddington...
– Duncan é um homem pobre. Seu único crime foi se apaixonar por mim. Mas ele não matou meu marido! Não matou! Se a notícia de que estávamos tendo um romance viesse à tona, todos iriam pensar que ele havia assassinado Lorde Paddington para ficar comigo e com a herança. E que, por essa razão, fugira para não despertar suspeitas. Por isso eu tentei protegê-lo.
– Não teve medo de ser você mesma acusada do crime?
– Eu não morava nesta casa há pelo menos um ano. Voltei a morar na casa dos empregados. Marianne, a copeira, e Sarah, a cozinheira, estavam comigo na noite em que Lorde Paddington morreu. Mas Duncan não tinha nenhum álibi.
– Então você imaginou que poderia ajudar seu amante incriminando um inocente?
– Não incriminei ninguém. Mas Duncan também é inocente.
– Eu sei disso. Afinal, ele viajou para Londres no mesmo dia em que seu marido foi morto, mas pelo menos dez horas antes. Eu chequei os horários dos trens.
Fazendo um gesto dramático, o pequeno homem dirigiu seu olhar teatral para o outro lado do cômodo. Fixou-se em Chesterton. Foi a vez do mordomo se sentir acuado. Mas manteve a fleuma, embora o tom da voz o traísse. Indagou:
– Como sabe que não foi ele?
– Fui até a estação e ali foi fácil descobrir o horário da viagem. Pelo menos dez horas antes da morte de Lorde Paddington. Isso reforçou a minha suspeita de que o falecido interceptou a carta depois que Duncan a tinha recebido. Por isso o motorista viajou até Londres, pois supunha que Elizabeth viajaria no dia combinado. Ele deve ter ficado decepcionado quando não a viu na estação no dia marcado – disse, agora se dirigindo à mulher.
– E quem teria sido o assassino? Perguntou o cada vez mais trêmulo Chesterton.
– Alguém que tinha um motivo. Alguém que não suportaria ver a própria filha abandonar o casamento com um homem de prestígio e posição, para se unir a alguém de uma classe inferior.
– Você não tem provas disso. Não tem provas, repetiu em um tom monocórdio e resignado. Não tem...
– Não há ratos em Paddington Hall, meu caro. O tratador de cavalos me disse.
– E daí?
– Daí, que razão haveria para que o mordomo da casa comprasse uma grande quantidade de noz-vômica, senão para extrair-lhes os caroços? E que utilidade teriam esses caroços, senão para fabricar estricnina? E para que alguém iria fabricar estricnina se não fosse para matar ratos?
– Ou pessoas... – disse um dos policiais.
– Mas o seu alvo não estava mais aqui, não é mesmo Chesterton? Você mataria o motorista e seria mais fácil difundir a tese de que ele se matara por amor. Mas para isso você precisava esconder as provas de que esse amor não tinha sido correspondido, não é mesmo?
O mordomo manteve-se calado. O belga tirou um papel do bolso e exibiu ao velho, cuja aparência estava ainda mais alquebrada. Falou:
– Você precisava destruir isto para justificar a sua teoria – e exibiu a carta. Você sabia que eles iriam fugir, mas não sabia a data. Quando percebeu que Duncan havia ido embora, você ficou desesperado. Não poderia mais executar o seu plano. E não tinha coragem de matar a própria filha para evitar a vergonha...
O velho arqueava e suas mãos tremiam. Suas forças esvaíam-se, sentia-se como se um vampiro lhe houvesse sugado todo o sangue. O detetive prosseguiu:
– Com a morte de Lorde Paddington, você seria poupado do opróbrio. Se Duncan fosse condenado, tanto melhor. Mas se a polícia engolisse a tese do suicídio e Elizabeth se unisse a Duncan, não haveria problemas. Ela seria uma mulher livre e rica. Mas o que importava era apenas o seu sentimento mesquinho e cruel. Não hesitou em deixá-la viúva. Não hesitou em matar o homem que o empregou por mais de 30 anos. Mas agora a farsa acabou.
– Eu lamento muito. Não queria que fosse assim. Não queria... Mas eu não conseguiria encarar Lorde Paddington se ela se fosse. Não conseguiria... E irrompeu em um pranto sincero. Havia alívio naquele choro e uma boa dose de arrependimento.
A filha lutava para conter dois sentimentos contraditórios: o alívio de saber que o amado não era o culpado e a dor de saber que o responsável pela morte do marido, por quem nutria um afeto genuíno e uma enorme gratidão, fora seu próprio pai. Balbuciou:
– Porque você nunca desconfiou de Kenneth?
– Não descartei a hipótese. Mas confirmei que ele estava distante daqui na noite em que o pai morreu. Como sempre, jogando... Se ele fosse acusado, provavelmente não conseguiria alguém que sustentasse o seu álibi, porque as pessoas que estavam com ele jamais admitiriam isso. Homens de bem e jogatinas não se misturam, não é mesmo? – e deu um sorriso cínico.
– E como teve a certeza de que o assassino foi o meu pai?
– Os mordomos, Madame, são sempre os culpados.
Recolocou o chapéu coco, alisou os bigodes e caminhou até a saída sem olhar para trás. O mordomo não impôs qualquer resistência aos policiais, que o conduziram rapidamente até a viatura. Fazia sol e o dia se prenunciava bastante agradável. Na pousada, um leitão ensopado esperava o voraz detetive belga. Georges Guriot havia solucionado mais um caso.
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Nem só de detetives argutos como Guriot, Poirot e Maigret vive a Bélgica. Célebre pela excelente qualidade de vida de seu povo e pelo ótimo chocolate, este pequeno país já deu ao mundo alguns jazzistas notáveis. Os mais célebres deles são Jean Baptiste Frederic Isidor “Toots” Thielemans e Jean “Django” Reinhardt. Mas há outro belga que merece entrar, com louvor, na galeria dos maiores músicos europeus de jazz: o espetacular Robert “Bobby” Jaspar.
Nascido no dia 20 de fevereiro de 1926, na cidade de Liége, este multiinstrumentista de talento superlativo começou a tocar ainda na infância. Primeiramente o piano e, em seguida, o clarinete. Algum tempo depois, dedicou-se ao aprendizado da flauta e do saxofone tenor. Apaixonou-se pelo jazz durante a adolescência, ao ouvir pelo rádio as célebres orquestras norte-americanas de swing. Lester Young e, algum tempo depois, Charlie Parker são as influências mais visíveis. Ainda garoto montou com o compatriota Toots Thielemans, o guitarrista que mais tarde se tornaria o mais importante gaitista do jazz, um grupo de dixieland.
Em 1950, mudou-se para Paris, onde o ambiente jazzístico era dos mais estimulantes. Ali, juntou-se a jovens músicos belgas e franceses, como René Urtreger, Pierre Michelot, René Thomas, Jacques Pelzer, André Hodeir, Bernard Willen, Henri Renaud e Daniel Humair, entre outros, para celebrar – e tocar – o mais puro jazz. Segundo o crítico Etienne Borgers, Jaspar “rapidamente se tornou uma das figuras centrais do jazz moderno em Paris. Sua técnica incrível e suas improvisações ousadas, seu lirismo e sua constante busca por novas experiências fizeram dele um dos mais aclamados jazzistas europeus dos anos cinqüenta”.
Naquela década era bastante comum encontrar músicos americanos exilados na França, como Sidney Bechet, Kenny Clarke, Buck Clayton, Don Byas ou Bud Powell. Uma jovem cantora e pianista norte-americana despertou o interesse do saxofonista: Blossom Dearie. Os dois se casaram em 1956 e, naquele mesmo ano, o casal decidiu se mudar para os Estados Unidos, fixando-se em Nova Iorque.
Ali, Jaspar se sentiu verdadeiramente em casa e pôde tocar com a nata do jazz. Atuou ao lado de gente como Herbie Mann, J. J. Johnson, George Wallington, Kenny Burrell, Jimmy Raney, John Coltrane, Hank Jones, Milt Jackson, Mal Waldron, Tony Bennett, Chris Connor, Oscar Pettiford, Wynton Kelly, Joe Puma, Sahib Shihab, Toshiko Akiyoshi, Tommy Flanagan, Donald Byrd, Jimmy Meritt, Idrees Sulieman, Chet Baker e dezenas de outros.
Em 1957, o saxofonista foi contratado por Miles Davis, para substituir o grande Sonny Rollins em seu grupo, que incluía também o pianista Tommy Flanagan. Contudo, a parceria não rendeu bons frutos e o belga foi dispensado, sendo que . Coltrane, com quem tocou no disco “Interplay for Two Trumpets And Two Tenors”, gravado naquele mesmo ano, foi o escolhido para substituí-lo.
Em 1961, separado de Dearie e de volta à Europa, liderou um quinteto, juntamente com o amigo René Thomas, de grande prestígio no continente. Quando Chet Baker, que havia sido condenado na Itália por porte de entorpecentes, saiu da prisão, Jaspar o acompanhou no álbum “Chet Is Back”, de 1962. O saxofonista começava a granjear um reconhecimento à altura do seu talento, quando foi arrebatado por um ataque cardíaco fulminante, no dia 28 de fevereiro de 1963. Tinha apenas 37 anos.
Felizmente, sua discografia, que inclui trabalhos para selos como Swing, Vogue, Barclay, Savoy, Columbia, Prestige, Atlantic e Riverside, está razoavelmente bem documentada e ainda é possível encontrar excelentes álbuns no mercado. Um deles é o estupendo “Modern jazz au club St-Germain”. Gravado nos dias 27 e 29 de dezembro de 1955 e lançado originalmente com o título “Memory Of Dick”, pela Barclay, o álbum voltou ao mercado, no formato de cd, em 2000, dentro da série Jazz In Paris, da Universal.
Acompanhando Jaspar, que se divide entre a flauta e o sax tenor, estavam alguns dos mais habilidosos músicos da cena francesa: o pianista René Urtreger, o guitarrista Sacha Distel, o baixista Benoit Quersin e o baterista Jean-Louis Viale. “Bag’s Groove” é o tema escolhido para abrir os trabalhos. A interpretação do quinteto é vigorosa e altamente swingante, com destaque para as acrobacias de Distel, o guitarrista que se tornaria cantor, apresentador de tevê e ícone da cultura francesa nas décadas seguintes.
A balada em tempo médio “Memory of Dick”, do próprio líder, vem a seguir e o grupo mantém a empolgação. Solos inventivos e tecnicamente complexos de Jaspar e Urtreger prendem a atenção do ouvinte. O cativante Distel apresenta uma abordagem bastante relaxada, mais próxima de um Jimmy Raney que de um Grant Green, enquanto o trabalho de Viale, sobretudo com o uso dos pratos, dá coesão rítmica ao tema.
Em “Milestones”, de Miles Davis, percebe-se a importância do bebop na formação dos integrantes do grupo. Urtreger é um dos mais talentosos discípulos de Bud Powell e sua atuação demonstra quão delicada é a tarefa de seguir os passos do mestre, sem abrir mão de seu próprio fraseado – e o pianista se sai muito bem do desafio. “Minor Drops”, do pianista belga Francis Coppieters (incorretamente grafado como Doppieters), também se arrima nas sinuosas veredas do bebop, mas não nega o delicado acento europeu. É, por certo, uma das mais charmosas faixas do disco, com direito a uma exuberante atuação de Jaspar.
Fazendo uso da flauta, Jaspar domina a cena em “I'll Remember April” e mostra as inúmeras possibilidades do instrumento no jazz. Criada pelo trio Gene De Paul, Don Raye e Patricia Johnston, a composição sempre esteve entre as preferidas dos jazzistas, tendo sido gravada por gênios como Charlie Parker, Clifford Brown, Sonny Rollins e Bud Powell. O solo de Viale é esplendoroso.
Uma versão animada e sacolejante de “You Stepped Out Of A Dream” revela, em seus breves três minutos e meio, toda a essência da alegria que deve ser inerente ao jazz. Nada pode ser mais caro ao estilo que o sacrossanto direito de músicos, de quaisquer matizes ou continentes, se reunirem pelo puro prazer de tocar. O diálogo entre o piano e o saxofone é a mais completa tradução dessa alegria e do despojamento próprio de quem ama muito o que faz.
Emerge de “I Can't Get Started” o baladeiro romântico e de enorme sensibilidade que é Jaspar. Com uma sonoridade à Stan Getz e um lirismo descomunal, o saxofonista desnuda a alma em solos de puro arrebatamento. Poucas vezes a canção de Vernon Duke e Ira Gershwin soou tão encantadora. São seis minutos de emoção em estado bruto e a discrição dos coadjuvantes, todos impecáveis, apenas realça o brilhantismo da execução do líder.
Outro momento memorável é a versão de “A Night in Tunisia”, clássico de Dizzy Gillespie, a qual o quinteto imprime um ritmo e um furor criativo ímpares. Atuações soberbas de Quersin e do líder, com direito a solos frenéticos e vigorosos. O álbum encerra em grande estilo e não é à toa que é considerado, por críticos e fãs, um dos momentos mais sublimes da carreira de Jaspar. Melhor dizendo, da carreira de todos os músicos envolvidos.
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27 comentários:
Caro Érico,
Outra pérola da sua lavra que reafirma nossa (aqui certamente escrevo também pelos demais confrades) opinião sobre sua incrível capacidade de saber ouvir e escrever sobre jazz.
Desta vez sobre um CD com jazzmen europeus entre os melhores que naquele período marcaram indelevelmente suas presenças nos anais da "música dos músicos".
Os belgas Bobby Jaspar e Benoit Quersin uniram-se aos francees René Urtreger, Sacha Distel e Jean- Louis Viale numa saudável confraternização cujo resultado foi excepcional.
Penso que atualmente seria muito difícil reunir cinco talentosos jazzmen como esses, a despeito de terem surgido no mundo inúmeros músicos de valor nas últimas duas décadas.
Quando Sacha Distel esteve no Rio (pelos idos dos anos 60), a imprensa carioca estava muito mais interessada em saber sobre seu possível affair com Brigitte Bardot ignorando sua música. Como cantor, pouco tempo antes ele estourou na parada de sucessos francesa com a canção intitulada "Scoubidou bidou", e, enquanto cantava, o baterista Jean-Louis Viale gritava repetidamente com voz de falsete "Je pleure, je pleure" (eu choro, eu choro) e o público delirava....
Penso que René Urtreger é o único remanescente desse quinteto.
Keep swinging,
Raffaelli
Narrar um conto intrigante, que envolve morte e mordomo e um detetive para desvendar o mistério é demais. Ainda por cima um detetive BELGA e aí promover uma associação ao jazz através do saxofonista também BELGA Bobby Jaspar. Eu aguento??? Muito bem, belo conto e ótima resenha do Jaspar, mr.Cordeiro. Do belga, saxofonista, flautista, existem dois álbums que merecem ser apreciados: "Bobby Jaspar With Friends", com Mundell Lowe (Freshsound) e "Bobby Jaspar with George Wallington" (Riverside/OJC).
Valeu, mr.Cordeiro!
Ah, tá! Então o Benoit Quersin é o baixista, né?
Muito legal o "causo" introdutório e a resenha do disco.
Parabéns, mais uma vez, amigo!
érico san,
há um amigo que morou em bruxelas, tocando, durante vários anos...relata maravilhas de lá, inclusive do enorme interesse pelas artes...festivais que acontecem pelas ruas e coisa e tal...mas, isso faz tempo(não sei se a europa também globalizou-se e perdeu a fleuma aristocrática...rs)
msr.jaspar na radiola...piramidal
eu também conheci sacha distel tocando, levei um susto quando descobri que cantava inclusive...e bem.
abraçsonoros
Caros amigos Raffaelli, Fig, Predador e Pituco,
Bem-vindos a bordo.
Quando comecei a escrever sobre o Jaspar, pensei: o que poderia ser mais belga que um detetive? Daí, o conto foi escrito muito naturalmente - quando dei por mim, já estava pronto.
Qua bom que gostaram.
E perdoem a confusão - o Quersin é o baixista e o Viale é o baterista (vou consertar o erro).
Na verdade, pensei que o Sacha Distel sempre tivesse sido cantor. Muito tempo depois de ouvir falar dele é que soube que era um guitarrista de jazz. Já falei um pouco sobre ele no disco Afternoon In Paris, em que ele divide os créditos com o pianista John Lewis. E além de tudo ainda namorou a Brigitte Bardot!!!!
Valeu pelas presenças e comentários.
Abração aos quatro.
Então temos um detetive belga, Bobby Jaspar e boa música - maravilha!
Agora vou ver a entrevista.
Abração, Érico.
Estimado ÉRICO:
Ainda que outras gravações indicadas em suas resenhas anteriores possam ser melhores que essa de B.Jaspar (???!!! pode-se lá classificar "melhores" ???!!!), essa foi, a meu juizo, a melhor de todas as suas resenhas até hoje.
Assim, temos um "Magistrado do Jazz" que revela sua faceta "a la Poirot", contando-nos com instigante maestria o "solo" do detetive baixinho e de rosto redondo, até o criminoso, em uma "coda" fulminante.
Mesmo já tendo sido representado nos cumprimentos à sua resenha por Mestre RAFFAELLI, amplio esses cumprimentos com meu MUITO OBRIGADO.
Em tempo: dentro da mesma série "Jazz In Paris", BOBBY JASPAR desfila no volume nº 85("Jeux de Quartes"), ao lado de outros craques, entre os quais "Mr. Clock", o grande Kenny Clarke; qualidade, qualidade!!!
erico
como sempre
beleza pura
abs
paul
erico
como sempre
beleza pura
abs
paul
Prezados Dade, Apóstolo e Paul,
Sejam muito bem-vindos e obrigado pela generosidade.
O detetive belga é uma dupla homenagem: ao velho conhecido Poirot, que me deu muitas e muitas horas de prazer literário na adolescência, e o novo "ídolo", cuja vida atribulada pude conhecer um pouco através do livro No fundo de um sonho, que retrata a vida de Chet Baker, amigo e parceiro do flautista/saxofonista belga.
Esse disco "Jeux de Quartes" é fenomenal, Mestre, assim como o disco com o Herbie Mann.
Obrigado aos três amigos e saibam que é muito bom poder privar da amizade e da companhia de vocês aqui no jazzbarzinho!
Caros confrades,
RETIFICAÇÃO;
O grande sucesso de Sacha Distel chamava-se "MONSIEUR SCOUBIDOU", e não "Scoubidou bidou", como informei anteriormente.
A propósito, Sacha Distel era sobrinho do maestro Ray Ventura, que nos anos 30/40 (exceto nos dias da Segunda Guerra, claro) era a melhor big band francesa em atividade.
Keep swinging,
Raffaelli
Parabéns pelo blog, conteúdo de primeira!
Meu caro Érico, ótimo seu conto bélgico, digno de um Poirot. Realmente os belgas figuram muito bem no cenário do jazz e a série JAZZ IN PARIS é sensacional, tenho vários CDs mas não tenho este do Jaspar. Gostei da relevância com a Bélgica, tenho lá um pezinho, minha bisavó era belga, Marie Thereze Wasker, morreu quando eu tinha 10 anos mas me lembro bem de seus lindos olhinhos azuis. Estive na Bélgica e resolvi procurar, por curiosidade na lista telefônica o sobre nome Wasker, caramba é Silva de lá, tinha mais de mil!!
Um abraço
Mario Jorge
Caros Raffaelli, Yane (seja muito bem vinda) e MaJor,
Obrigado pelas presenças e comentários.
Além dessa música MONSIEUR SCOUBIDOU, o Distel é o autor de uma pequeno clássico, gravado por muita gente, mas imortalizado por Tony Bennett: The Good Life.
Meu caro Mário, sabedor, pelo método dedutivo sherlockiano, de suas origens belgas, esse conto também é uma forma de homenegeá-lo.
Engraçado que há alguns anos houve um verdadeiro êxodo de jogadores de futebol maranhenses para a Bélgica, sendo o mais conhecido deles o Oliverrá (que defendeu a seleção belga na copa, salvo engano, da França em 1998), que jogou pelo Anderlecht, pelo Cagliari e pela Fiorentina.
Um fraterno abraço e tudo de bom aos tês amigos - elementar, meus caros!
PS, porque a história dos jogadores ficou meio solta: esses jogadores eram conhecidos como "marabelgas", inclusive no final de ano faziam jogos beneficentes em São Luís. Não sei se por lá chegaram a conhecer o som do Jaspar :-)
Bem interessante! eu, que sou mais ignorante destas coisas, calcule que julgava que ia falar do Poirot!!!
Abraço
o falcão
falei do seu blog num post sobre a Joyce...
Cara Falcão,
Seja muito bem-vinda. Visitas d'além mar são sempre uma agradabilíssima surpresa, ainda mais quando se trata de alguém tão apaixonada pelas letras (e também uma talentosa escritora).
Pois é, na verdade foi uma pequena liberdade que tomei ao escrever o conto, apropriando-me de algumas características do querido Poirot (espero que Agatha Christie, onde quer que esteja, não tenha ficado chateada com essa intrusão/homenagem).
Visitarei em breve, o ninho do Falcão e muito obrigado pela lembrança (adoro a Joyce também).
Um fraterno abraço, diretamente do Brasil!
Você, mr.Cordeiro, apresenta uma resenha logo após a outra, que quando há um espaço razoável entre uma e outra(10/12 dias), a gente fica mau acostumado, querendo sempre uma nova postagem. Mas, isto é apenas uma observação que você não deverá levar em consideração, pois, este "espaçamento" e bom e necessário(O Raffaelli e eu iremos gostar). Dá mais tempo p'ra gente "respirar". Ufa!!!
Caro Érico,
WHERE ARE YOU ? Conhece esta lindíssima balada ? A versão de Randy Weston é maravilhosa. É a pergunta que faço endossando plenamente as palavras do confrade PREDADOR.
De fato, você nos acostumou muito mal com sua constante atividade em nos oferecer as excepcionais resenhas de inúmeros CDs de jazz. Com a interrupção da sua série, ficamos a ver navios ou, se preferir, jazzisticamente ficamos órfãos.
Desejando seu imediato retorno, com meu fraternal abraço, keep swinging,
Raffaelli
Caros Predador e Raffaelli,
Peço desculpas pelo "abandono" do blog, mas os motivos são mais do que poderosos. Primeiramente porque desde outubro estou sozinho aqui na VT de Pinheiro (férias do colega), o que implicou em audiências de manhã e à tarde, ficando as noites para as sentenças (foram mais de 180, só em outubro).
Além disso, város outros fatores relacionados ao trabalho (semana da conciliação, correição anual, itinerância, etc) e à família (os meninos passaram as duas últimas semanas muito gripados, sendo que quando estava em São Luís tinha que, necessariamente, ficar o tempo praticamente inteiro com eles) tornaram difícil a manutençao do ritmo de trabalho.
Espero retomar os serviços nesse final de semana, se tudo der certo.
No mais, essa belíssima balada é uma das mais preciosas do cancioneiro americano. A versão de Mr. B é sensacional, mas não tenho certeza se tenho com o Randy Weston!
Um grande abraço aos dois amigos e até muito breve, ok?
CARO ERICO,
WELCOME BACK HOME, GRAND MASTER!!!
Nossa alegria é imensa por seu retorno, porém sabíamos que os motivos do afastamento temporário
só poderia ser por absoluta necessidade do imponderável.
Escrevo no plural na certeza de que nossos confrades pensam como eu, porém nem de longe imegine que essa atitude deva-se a qualquer atrevimento em pretender arvorar-me como porta-voz da turma.
A maravilhosa gravação de Randy Weston na obra prima "Where Are You?" foi perpetuada no CD "Get Happy", o segundo da sua carreira.
Um efusivo abraço e keep swinging,
Raffaelli
Prezado Mr. Cordeiro,
Sua ausência prolongada causou uma espécie de vazio em nosso blog.
Suas observações, sugestões e críticas sempre enriqueceram o Jazzseen e seu retorno é sinal de que a paixão pela música pode superar qualquer obstáculo.
Creio que o prêmio do Desafio Jazzseen 2010 raramente poderia estar em melhores mãos.
Grande abraço, JL.
érico san,
folgo em saber que foste o contemplado...parabéns
força e saúde prati e os teus
abraçsonoros
Ia perguntar "onde anda você" também, mas vi a resposta que deu aos outros "adeptos" do blog.
Parabéns pelo prémio que vi atrás também!
E John Lester por onde anda também? velho amigo dos primeiros passos no blog do falcão...
Adorei ir ouvir o Jazz Belga. Ignorante, eu. Não conhecia. Estou a pensar roubar um pouco de texto para um post, para mostra cá deste lado do oceano!
Tanto mar, não é? Mas a gente vê-se...
Abraço aos dois e até sempre!
Prezados Raffaelli, Lester, Pituco e MJ Falcão,
Sejam mais que bem-vindos ao jazzbarzinho. Sei que o atendimento não anda lá essas coisas (este garçon está um tanto quanto assoberbado de trabalho), mas obrigado por se manterem como clientes fiéis.
Até sexta-feira, teremos nova postagem na casa (estou quase terminando uma resenha sobre um belíssimo clarinetista).
Um fraterno abraço aos quatro queridos amigos (e, minha cara MJ Falcão, fique à vontade para usar os textos que desejar - será sempre uma honra ser lembrado no ninho do Falcão).
Obrigada! Vou estar fora, mas na 3ª feira já aqui venho espreitar o blog, o tal jazzbarzinho...
Abração
Prezada MJ Falcão,
Quando você chegar, irá perceber que já retomamos as postagens.
Um fraterno abraço!
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