Amigos do jazz + bossa

quinta-feira, 29 de julho de 2010

MAYNARD, UM LUTADOR



Dono de uma renda per capita de quase 40.000 dólares anuais e de indicadores sociais dos mais elevados do planeta, o Canadá é famoso por ser a terra do invocado James “Logan” Howlett, da Tropa Alfa, da Polícia Montada, do hóquei sobre o gelo e do sanguinário wolverine (um parente radical da lontra, também conhecido como carcaju).

No que se refere ao jazz, o Canadá deu ao mundo nomes como Oscar Peterson, Paul Bley, Gil Evans e a diva Diana Krall, e foi ali que se reuniu o, provavelmente, mais espetacular combo jazzístico a ter se apresentado em qualquer palco do planeta: Charlie Parker, Bud Powell, Dizzy Gillespie, Charles Mingus e Max Roach estavam juntos em Toronto, em maio de 1953, quando gravaram o seminal “Jazz At Massey Hall”.

Outra grande contribuição canadense para o jazz foi o trompetista Walter Maynard Ferguson, nascido no distrito de Verdun, Montreal, no dia 04 de maio de 1928. Filho de um casal de músicos – a mãe era violinista da Ottawa Symphony Orchestra – começou a estudar música com apenas quatro anos. Primeiramente, o violino e depois, o piano. O trompete chegou-lhe às mãos quando tinha nove anos, idade em que ingressou no French Conservatory of Music, a fim de receber educação musical formal. Seu primeiro herói no instrumento foi, por óbvio, Louis Armstrong.

Com 11 anos, já se apresentava na orquestra da Canadian Broadcasting Corporation, um dos mais importantes grupos de comunicação do país. Ali, o garoto assombrava a audiência, tocando com a maior competência e naturalidade os grandes sucessos do swing e os standards do jazz. Em sua homenagem, o compositor Morris Davis escreveu a música “Serenade For A Trumpet In Jazz”.

Enquanto cursava a Montreal High School, montou um pequeno grupo de jazz, o “Montreal Victory Serenaders”, que congregava os talentos de Maynard, do seu irmão, Percy, e do futuro astro Oscar Peterson. Aos 15 anos e com a anuência dos pais, Ferguson abandonou a escola e matriculou-se no Conservatoire de Musique du Québec à Montréal, onde estudou entre 1943 e 1948, sob a tutela de Bernard Baker.

Naquela época, já era reconhecido em seu país como um músico de técnica superior. Integrou a “Chez Maurice Ballroom”, sob a liderança do saxofonista Roland David e acompanhou renomados músicos locais, como o saxofonista Stan Wood e o trompetista Johnny Holmes. Com tantos predicados, sentiu-se à vontade para o primeiro grande desafio: vencer na terra do jazz.

Imbuído deste propósito, desembarcou nos Estados Unidos em 1948. Seu primeiro emprego foi na orquestra de Boyd Raeburn, mas logo vieram trabalhos ao lado de Jimmy Dorsey e Charlie Barnet, onde era um dos principais solistas e se apresentava com regularidade no Café Society, em Nova Iorque. Barnet desfez a sua orquestra no final de 1949, e Ferguson pôde aceitar o convite de Stan Kenton, para se juntar à sua revolucionária big band, onde ingressou em janeiro do ano seguinte e onde permaneceria até 1953.

Ao lado do bandleader, Ferguson participou de dois importantes projetos, a ambiciosa Innovations Orchestra, composta por 40 músicos, inclusive com a participação de instrumentos de cordas, e a orquestra propriamente dita, nos moldes tradicionais e com cerca de 18 integrantes. Participou de álbuns históricos de Kenton, como “New Concepts Of Artistry In Rhythm”, de 1952, ao lado de Richie Kamuca, Conte Candoli, Bill Holman, Lee Konitz, Frank Rosolino, Sal Salvador, Bill Russo e outras feras.

Proprietário de um estilo único e vibrante, capaz de alongar as notas quase infinitamente e de transitar com ferocidade pelos registros mais agudos do trompete, o impacto de Maynard na cena jazzística foi tamanho que ele foi agraciado com o prêmio de melhor trompetista pela Down Beat nos anos de 1950, 1951 e 1952.

Após deixar a orquestra de Kenton, Ferguson foi arregimentado pela Paramount Pictures e participou da trilha sonora de dezenas de produções do estúdio, incluindo a do badalado filme “Os 10 mandamentos”, estrelado por Charlton Heston. Durante esse período, Maynard lançou seus primeiros álbuns como líder – a Paramount proibia o trompetista de fazer apresentações ao vivo, mas não impunha restrições a que atuasse em estúdio – para selos como EmArcy, Fresh Sound, RCA e Roulette.

Como acompanhante, participou de gravações sob a liderança de Shorty Rogers, Dinah Washington, Howard Rumsey, Frank Rosolino, Louis Bellson, June Christy, Ella Fitzgerald, Pete Rugolo e outros. Em agosto de 1954, dividiu os estúdios com dois dos mais espetaculares trompetistas de todos os tempos, Clark Terry e Clifford Brown, em uma sessão para a EmArcy, lançada com o título “Jam Session”. O trio conta com o luxuoso suporte de Herb Geller e Harold Land no sax tenor, Richie Powell e Junior Mance no piano, Keeter Betts e George Morrow no contrabaixo e Max Roach na bateria.

No ano seguinte e novamente pela EmArcy, Ferguson gravaria um álbum que é considerado dos mais brilhante de sua longeva carreira. Chama-se “Maynard Ferguson Octet” e foi gravado nos dias 25 e 27 de abril de 1955. Sete das oito faixas são de autoria de Bill Holman, antigo companheiro do líder na orquestra de Kenton.

A banda que acompanha Ferguson é um verdadeiro Estado-Maior do West Coast: Bob Gordon no sax barítono, Georgie Auld no sax tenor, Herb Geller no sax alto, Milt Bernhart no trombone, Conte Candoli no trompete, Ian Bernhard no piano, Red Callender no contrabaixo e Shelly Manne na bateria. O líder toca, além do habitual trompete, trompete baixo e trombone de válvula.

O disco abre com “Finger Snappin’”, uma contagiante homenagem aos anos dourados do swing. Destaques para os inflamados solos do líder e do sax barítono de Gordon, e para o incansável Manne. “My New Flame” é uma balada em tempo médio, relaxada e convidativa, com uma atmosfera que evoca Duke Ellington. Aqui é o habilidoso Geller, com inflexões à Johnny Hodges, quem merece os maiores elogios.

O arranjo de “Autumn Leaves”, de Joseph Kosma, Jacques Prévert e Johnny Mercer, foi feito para que o líder pudesse brilhar com intensidade – e ele não decepciona. Seu sopro é vigoroso e robusto, perfeito para impingir a esse verdadeiro clássico toda a dramaticidade que ele exige. A ensolarada “Inter-Space” é o típico tema west coast, e sua estrutura, tributária do blues, realça o ótimo entrosamento do conjunto. O maior destaque individual fica por conta de Auld, outro canadense de nascimento, cuja sonoridade se aproxima da escola texana de Illinois Jacquet e Arnett Cobb.

“20, Rue De Madrid” é uma homenagem ao casal Eddie e Nicole Barclay, célebres produtores franceses, fundadores do selo “Blue Star Record Company” e da revista “Jazz Magazine”. O título, aliás, faz referência ao endereço da gravadora, em Paris, e é a mais bopper das faixas do álbum, com fabulosas intervenções do líder e de Geller, que lembram os diálogos de Parker e Gillespie da década anterior.

A exuberante “Super-G” possui um arranjo dos mais complexos do disco, que exige uma excelente coordenação entre os músicos, mas que também privilegia o trabalho dos solistas. Pela ordem, Auld, Geller, Ferguson, Gordon e Bernhard (o pianista) brindam o ouvinte com solos impecavelmente ricos. “What Was Her Name”, onde brilha o trombonista Bernhart, e a estrepitosa “Yeah” completam o disco, mantendo elevadíssimos os níveis de histamina. Um disco altamente recomendável e bastante representativo da fase áurea do trompetista.

Embora o emprego na Paramount lhe assegurasse segurança e conforto material, o trompetista não estava contente com os rumos da carreira, e uma das principais razões era porque o contrato com a companhia cinematográfica o proibia, expressamente, de se apresentar em clubes de jazz. Por essa razão, deixou o estúdio em 1956 e aceitou um novo desafio em sua carreira.

Atendendo a um convite do empresário e produtor Morris Levy, Ferguson mudou-se para Nova Iorque, a fim de comandar a big band do clube Birdland, de propriedade de Levy. Apropriadamente chamada de Birdland Dream Band, a orquestra congregou os talentos de gente como Slide Hampton, Don Ellis, Joe Farrell, Budd Johnson, John Bunch, Joe Zawinul, Jaki Byard, Don Menza, Hank Jones, Herb Geller e contava com arranjadores do calibre de Bob Brookmeyer, Al Cohn, Jimmy Giuffre, Bill Holman, Ernie Wilkins, Don Sebesky e Marty Paich.

Ferguson permaneceu à frente do projeto até 1967, intercalando o trabalho como bandleader com o de músico freelancer, mas as dificuldades econômicas eram enormes e o músico foi obrigado a desfazer a sua orquestra. Entre 1968 e 1969, o trompetista morou na Índia, juntamente com a família, a fim de estudar as doutrinas espirituais de Krishna, na Rhishi Valley School, próxima a Madras.

Findos os estudos, Ferguson montou uma banda chamada “Top Brass”, com a qual excursionou pela Europa, estabelecendo-se em Londres. Na Inglaterra, ele foi contratado para confeccionar o design de trompetes e bocais para uma fábrica em Manchester. Além disso, participava regularmente de concertos e festivais por todo o Velho Continente e atuava como músico da rede de TV estatal BBC.

No final dos anos 60, foi contratado pela CBS inglesa e lançou álbuns nos quais interpreta canções de sucesso, em versões jazzificadas. Temas como “Livin’ For The City”, “MacArthur Park”, “Theme From Shaft”, “Hey Jude” e outros, fizeram dos álbuns de Ferguson verdadeiros campeões de venda. Em 1973 decidiu retornar aos Estados Unidos, fixando-se em Nova Iorque. Em 1976 teve a honra de participar do show de encerramento dos Jogos Olímpicos de Montreal.

O maior sucesso da carreira viria em 1977, com a inesquecível “Gonna Fly Now”, tema composto por Bill Conti para o filme “Rocky, um lutador”. Incluída no álbum “Conquistador”, fez com que o LP vendesse horrores e ficasse meses nas paradas de sucesso, rendendo a Ferguson uma indicação ao Grammy, no ano seguinte. A big band que o acompanha na empreitada traz, entre outros, os estelares George Benson, Joe Farrell, Bob James, Jon Faddis, Julian Priester, Harvey Mason, Randy Brecker e Peter Erskine.

No final dos anos 80, encarou com galhardia mais um desafio: criou a “Big Bop Nouveau Band”, dedicada a resgatar a magia das grandes orquestras do swing, mas com um tempero moderno e arejado, sem desprezar a influência de Parker e Gillespie – o Bop incluído no nome da orquestra não é mera figura de retórica.

Com vários uma formação que incluía quatro trompetes, dois trombones, quatro saxofones, piano, contrabaixo e bateria, a orquestra gravou diversos álbuns, lançados principalmente pela Concord, incluindo os elogiados “Brass Atitude” e “One More Trip To Birdland”. Também participou de gravações ao lado de vocalistas do quilate de Diane Schuur e Michael Feinstein.

Além do sucesso comercial, Ferguson recebeu ao longo da vida diversas homenagens. Em 1992, seu nome foi incluído no Down Beat Jazz Hall of Fame. Em 2000 a Universidade de Rowan concedeu-lhe o título de Doutor Honorário e criou o “Maynard Ferguson Institute of Jazz Studies”, sob o comando de Denis Diblasio e dedicado a apoiar jovens músicos em início de carreira.

Como lembra o jornalista Marc Myers, titular do ótimo site Jazz Wax, “durante um período de cerca de 15 anos, a partir de 1950, Maynard Ferguson foi um dos solistas mais espetaculares na cena jazzística. Liderou uma série de grandes bandas, com as quais gravou alguns dos discos de jazz mais consistentes e interessantes daquela época. Cada álbum superava o anterior e seus músicos eram sempre solistas de primeira linha”.

O trompetista faleceu em decorrência de uma infecção abdominal, que acarretou a parada das funções renais e hepáticas, no dia 23 de agosto 2006, no Community Memorial Hospital, em Ventura, na Califórnia. Havia acabado de gravar mais um álbum e vinha de uma vitoriosa temporada no Blue Note, em Nova Iorque. Seu legado, apesar de algumas restrições por parte da crítica, é o de alguém que, acima de tudo, encarava a música como uma arte avessa a qualquer preconceito.

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24 comentários:

Paul Constantinides disse...

mestre erico , o maynard fergunson é uma delicia aos ouvidos..pena q não esta aparecendo hoje no meu pc o quadro onde possa se ouvir a musica q vc postou..
o Canadá tem uma contribuição cultural muito interessante para a musica de modo geral, além dos q vc citou e são genuinamente jazzisticos..gosto muito do Leonard Cohen, da K.D.Lang,da Joni Mitchell, do Neil Young...putz super lista ah ah ...um pouquinho da Alanis

abs
paul

Érico Cordeiro disse...

Grande Paul,
Pois é, tem muita coisa boa vinda de Canadá, inclusive a mítica The Band, que acompanhou Bob Dylan durante muito tempo, além dos grande nomes citados por você.
Não sei o que passa com o som, pois aqui está tudo ok!
Tenta usar outro navegador, tá legal?
Abração!

Paul Constantinides disse...

ericao voltei agora pro teu blog e o som tá beleza..vai saber, as vezes o tempo para na rede..kk
abs
e é mesmo rapaz, The Band é um som de primeira...
abs
paul

Érico Cordeiro disse...

Valeu, meu embaixador!

APÓSTOLO disse...

Estimado ÉRICO:

Belas resenha e gravação.
MAYNARD é um craque e os arranjos (logo de quem!!!) superlativos.
Ainda considero o LP duplo "Maynard Ferguson - Stratospheric" lançado entre nós pela "Phonogram" ("The EmArcy Jazz Series"), com 20 faixas gravadas de 1954 a 1956, uma "masterpiece".
Ao lado do "Maynard Ferguson - A Message From Newport" (gravação de maio/1958), com uma "big band" do céu, são itens que reputo obrigatórios em qualquer barzinho de respeito, como o seu, que tanta alegria e bons momentos nos proporciona.

Sergio disse...

"No Velho Oeste ele nasceu
e entre os bravos se criou
o tempo se enlouqueceu
Bat Masterson, Bat Masterson..."

Tudo bem, bibi, mas faz sentido, seu san. Faz sentido.

Érico Cordeiro disse...

Caros Apóstolo e Sérgio,
Sejam muito bem-vindos.
Infelizmente, Mestre, não possuo essas gravações - embora parte do Stratospheric esteja disponível na coletânea Verve Jazz Masters (um dos três discos do Maynard que possuo - o terceiro é o “One More Trip To Birdland”.
Mas já ficam na listinha para futuras aquisições.
Quanto ao Masterson, repito um conhecido meu: "Não intindi"!!!!!
Abração aos dois!

Sergio disse...

Mr. Masterson, foi a 1ª coisa q me veio, para indicar o quão rápido no gatilho és. A musiquinha veio pronta, mas pra falar a verdade, nem lembro se a característica do personagem era essa - ligeireza. Só lembro q tinha uma bengalinha na parada.

Mas, anfã. Foi o q me veio na hora foi o q escrevi.

Mas... sejamos úteis:

http://boogiewoody.blogspot.com/2010/05/quintet-jazz-at-massey-hall-1953.html

O Quinteto - dizzy, parker, bud, mingus & roach -, q não tinha e nem sabia da existência do álbum, encontra-se no endereço acima. Blog do meu amigo Boogie Woody.

Ainda não li o texto do Maynard, mas, sabe comé né, os olhos de lince pra encontrar disco importante, continuam funcionando direitinho, mesmo depois da cervejada.

Abraços.

Érico Cordeiro disse...

Mr. San,
Agora tá "expricado"!
O Quintet tem um sonzinho muito ruim (a qualidade da gravação e não dos músicos, é claro).
Dá uma vontade de pegar as fitas master e entregar lá no RVG Studio, pro fabuloso Rudy fazer a sua magia (rs, rs, rs).
E já que você ainda não leu a resenha, creio que estou a dialogar com Mr. Paulo Salim (aquele que fala por Sérgio 0 lembra?).
Entonces, un abrazo - ainda não ouvi a música mandada dantes por absoluta falta de tempo e agora porque o computador que opero não tem caixas de som.
Valeu!

Sergio disse...

SEU MR. ÉRICO, (EM CAIXA ALTA Q É PRA FRISAR): LEIA O TEXTO DO BLOG DO WOODY, CUJO ENDEREÇO DESSA POSTAGEM ESPECIFICA, POSTO DE NOVO MAIS ABAIXO.

(...) "Mas não é só isso, este álbum apresenta ainda uma série de peculiaridades que o tornam ainda mais interessante. Para interá-los da coisa, deixo vocês com o texto de um especialista no assunto: Emerson Marques Lopes, editor do Guia do Jazz na Internet. Antes, gostaria de esclarecer que o CD postado aqui eu comprei há uns cinco anos e trata-se de uma edição remasterizada, importada da Alemanha, utilizando processos tecnológicos que conseguiram sanar as falhas mencionadas no texto abaixo, agora, o baixo de Mingus é perfeitamente audível em todas as faixas." (...)

http://boogiewoody.blogspot.com/2010/05/quintet-jazz-at-massey-hall-1953.html

Prestenção seu, mr....! Vá e veja, e claro, ouça.

Érico Cordeiro disse...

Dando uma passada lá, Mr. San.
Eu tenho o cd do concerto no Massey Hall, apenas não escuto tanto.
De repente a resenha me ajuda a ser menos chato com a qualidade da gravação.
Abração!

osvjor disse...

Que bom ler um post sobre o Maynard Ferguson, que nunca é citado entre os grandes trompetistas. Fico até feliz de ser bastante ignorante no assunto, porque quase tudo foi novidade pra mim nesse post e eu agora tenho o que procurar, sem ter que navegar às cegas. Confesso que algumas coisas do Maynard de fato não me agradam, coisas mais recentes, aquela história de big band, swing, ele cantando etc. Mas duas coisas sempre admirei: a técnica absurda dele (meu professor de trompete colocava uns vídeos dele e a gente ficava babando vendo/ouvindo o Maynard dar aqueles agudos incríveis) e o jeito com que ele ficava totalmente à vontade à frente de 500 mil músicos da orquestra dele, com as músicas sempre tocadas a uns 500 km/h. Falam em exibicionismo etc. Já ouvi essa acusação ao sensacional Arturo Sandoval também. Mas pra mim não cola: se o cara tem a técnica, tem que mostrar mesmo. As questões são outras: soa artificial? sem sentido? sem emoção? sem beleza? abride a integridade da música?

Eu não conheço o trabalho do Maynard com grupos menores. Agora, sabendo que ele tem um disco com o Clifford Brown e o Clark Terry, é esse que eu vou procurar. A segunda opção é a sua sugestão mesmo, o Octet. Espero gostar.

Quando falam em Canadá, eu lembro também da trompetista Ingrid Jensen. Adoro o jeito dela tocar, aquele negócio entre o blues e uma abordagem quase free.

abs

Érico Cordeiro disse...

Caro osvjor,
Seja muito-bem vindo e espero que sua busca seja frutífera - o Maynar tem muita coisa legal. Tenho um dvd onde ele se apresenta numa super jam, com Herbie Hancock, Ron Carter, Don Cherry, Al Hirt, Billy Higgins e muitos outros craques e ele simplesmente arrebenta em I Can't Get Started.
Essa acusação de que ele pecaria por um certo exibicionismo é completamente furada mesmo. Ele tem um estilo e toca daquele jeito porque aquela é a sua maneira de se expressar. O Sandoval idem.
Valeu pela presença e um grande abraço!

PREDADOR.- disse...

Bom, depois da tempestade vem a bonança. Após o "rei das conchas" e do "imitador de Bill Evans", as postagens melhoraram consideravelmente mr.Cordeiro, e sôbre os dois músicos acima citados (Turre e Pieranunzi) não vou comentar mais nada
evitando gerar polêmica. Fico calado e recolho-me a minha insignificância. Apenas sugerir de Sonny Criss o album "Portrait of Sonny Criss" e de Maynard Ferguson, para "embolar mais o meio de campo", os álbums, com orquestra integrada pela maioria daquele pessoal fantástico da West Coast: "Plays jazz for dancing" de 1959 e "Let's face music and dance" de 1960. Dois albums agradabilíssimos de se ouvir. Alias, o sr. Apóstolo está com toda a razão em mencionar as duas pérolas "Stratospheric e "A message from Newport" como verdadeiras "masterpieces". É isso!

woody disse...

Hello Érico,

aqui estou retribuindo a sua visita, pelo visto já andaram falando de mim aqui na área! Não pude deixar de notar o baixo usado como seu avatar. Por acaso você é baixista como eu? Bem, quase como eu, pois eu toco baixo elétrico, o meu é um fretless, pois acho o som mais legal sem os trastes. As vezes penso em tocar um pouco de acústico, mas o preço do instrumento é de amargar. Um Fender fretless como o meu a gente encontra por aí na casa de 4 mil Reais. Já um rabecão de boa qualidade não sai por menos de 10 mil. Sei bem porque tenho um amigo aqui em São Paulo que é considerado um dos melhores Luthiers do planeta, aliás se chama Paulo Gomes (Paulo Minhoca para os mais chegados), se você se interessar ou precisar, aqui está o link do estúdio dele (http://www.paulogomes.com.br), se precisar falar com ele, pode dizer que me conhece, só que ele não sabe quem é woody, para ele eu sou Alberto Woodward (meu verdadeiro nome). Bueno, é isso. Vou aparecer mais vezes para conferir as novidades e já adicionei seu link no meus favoritos tb.

Abraço,
woody

Érico Cordeiro disse...

Caros Predador e Woody,
Sejam muito bem-vindos (espero que você, Woody, se junte à nossa confraria e volte sempre).
Ao primeiro, expresso meu alívio por não ser detonado e agradeço as sugestões prá célebre listinha. Mas os monges trapistas que tocam ocarina e flauta de bambu em breve pintam aqui.
Ao segundo, digo que a foto foi, exatamente, tirada da home page do Paulo Gomes, que visito com freqüencia. Gosto muito da sonoridado do baixo acústico e pus a foto por isso, mas não toco contrabaixo.
Infelizmente, não toco nenhum instrumento - tenho um sax alto, mas as lições estão meio paradas. Mas uma hora dessas eu aprendo.
Grande abraço aos dois e obrigado pelas visitas.

APÓSTOLO disse...

Prezado OSVJOR e mais que estimado ÉRICO:

MAYNARD e SANDOVAL não são exibicionistas (e se o forem, fazem muito bem, já que qualidade tem que ser exibida). São trumpetistas da mais alta qualidade e que superaram determinadas "barreiras" de emissão, ataque, fraseado, respiração e digitação: tem que utilizar os recursos que alcançaram, porque isso é a música deles.
Quanto à "jam" a que se refere ÉRICO, é importante frizar que a "Divina" SARAH VAUGHAN dá um verdadeiro show de fraseado, em meio a tantos "cobras" (quando ela se retira do palco DIZZY GILLESPIE, que também participa do conclave, pegunta-lhe "se ela nunca erra").
O clássico de IRA GERSHWIN e VERNON DUKE "I Can't Get Started" era uma das assinaturas de MAYNARD.

Érico Cordeiro disse...

É isso aí, mestre Apóstolo, assino embaixo. Quem sabe tem mais é que mostrar o que sabe!!!
Quanto ao dvd, é uma pérola - os músicos super relaxados, em clima de total camaradagem. E a divina Sarah faz miséria com a voz, brinca com a platéia e se diverte à beça.
Esse dvd estava bem baratinho - salvo engano comprei em um supermercado aqui de São Luís, por algo eem torno de R$ 9,90 e fiquei maravilhado!
Abração!!!!!

osvjor disse...

R$ 9,90 por um DVD desse??? kct, tô por fora das coisas mesmo. vou pesquisar agora nas baiúcas do RJ.

Apósto e Érico, é isso mesmo, não aguento essa história de exibicionista, é um julgamente totalmente subjetivo. É mais honesto vc dizer que não gosta do som, não gosta dos improvisos etc, do que ficar prejulgando o cara, a menos que vc prive da intimidade do cidadão.

Vejo que o Predador ainda não digeriu aquela história de tocador de concha! Agora, imitador de Bill Evans?? Essa foi meio pesada, esse Predador é implacável mesmo! :)

abs gerais

osvjor disse...

desculpe, onde se lê Apósto leia-se Apóstolo...

Érico Cordeiro disse...

Meu bom osvjor, você ainda não viu nada (rs, rs, rs).
Quando o Predador detona, ele detona mesmo (vê o que ele escreveu sobre o Randy Weston - rs, rs, rs).
O nome do dvd é Jazz Jam Session, gravado no Provincial Hotel, em New Orleans e lançado pela Movie Play Music (MUDV 621125). Se você encontrar, pode comprar sem medo, vale a pena.
Abração!

MJ FALCÃO disse...

Já fiquei a saber mais... Sou muito ignorante ainda: nunvca pensei que o Canadá tinha tantos músicos! sabia de Diana Krall, Leonard Cohen e mais nada...
Abração
Vou ouvir Maynard!

Érico Cordeiro disse...

Cara MJ Falcão,
Estive n'O Falcão de Jade e li o belíssomo texto sobre o livro A Sangue Frio (não estou conseguindo postar um comentário ali, embora consiga ler os que foram postados, pois no espaço para os comentários fica aparecendo a informação "Não é possível localizar a página da Web").
Mas esse livro, um "romance de não ficção", é um clássico da literatura contemporânea. Uma reportagem que relata como o horror e o inexplicável podem estar perto de nós.
Quanto aos músicos canadenses, em breve aparecerão por aqui o Paul Blay, o Gil Evans e o Oscar Peterson.
Um fraterno abraço e obrigado pela visita!!!!

SENÔ BEZERRA disse...

Esse sempre foi o meu trumpetista preferido e ficava horas ouvindo-o. Colocava o fone de ouvido e abria o volume. Era uma viagem incrível.Quanta técnica e criatividade.Via de regra músicos de jazz só gravam com aqueles que se adequem à proposta da obra a ser produzida.Tem a questão da sonoridade, estilo, técnica,interpretação.

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