Amigos do jazz + bossa

sábado, 26 de setembro de 2009

UM PETARDO SONORO CHAMADO CURTIS FULLER


Curtis DuBois Fuller é considerado pela crítica especializada o trombonista mais importante do hard bop, com relevância comparável à que teve J. J. Johnson (uma de suas mais significativas influências, ao lado de Jimmy Cleveland e Urbie Green) para o bebop. Nasceu em Detroit, no dia 15 de dezembro de 1934, e a música entrou em sua vida ainda no colegial. Curiosamente, seu primeiro instrumento foi o sax barítono, trocado pouco tempo depois pelo trombone.

O ambiente musical da cidade, altamente estimulante, permitiu o convívio com futuros astros do jazz, como Donald Byrd, Paul Chambers, Pepper Adams, Kenny Burrell e Elvin Jones, com quem Fuller mantinha, além da amizade pessoal, uma intensa troca de informações musicais e um estreito convívio nos clubes e casas noturnas da Capital do Automóvel, onde todos eles começaram suas respectivas carreiras profissionais.

Para se ter uma idéia de como era bem representativa a cena musical da Detroit dos anos 50, basta dizer que ali pontuavam estrelas como Thad Jones, Louis Hayes, Barry Harris, Hank Jones, Yusef Lateef, Roland Hanna, Doug Watkins e Tommy Flanagan. Em 1953 Fuller esteve no exército, onde conheceu Cannonball Adderley, então sargento da companhia em que ambos serviam. De volta à vida civil, gravou o primeiro álbum como líder, “Introducing Curtis Fuller”, para o selo Transition (1956) e integrou-se ao quinteto de Yusef Lateef, ao lado de quem desembarcou em Nova Iorque em 1957, para gravar alguns álbuns para a Savoy e a Verve.

Nesse período, o seu fraseado potente e encorpado chamou a atenção de gente como John Coltrane, Jimmy Smith, Bud Powell, Benny Golson, Miles Davis, Sonny Clark, Phil Woods, Hank Mobley, Horace Silver, Sonny Rollins, Paul Quinichette, Clifford Jordan, Lester Young, Kenny Dorham, Blue Mitchell, Lee Morgan e outros, tendo sido um dos mais requisitados músicos de apoio do final dos anos 50. Compositor inspirado, Fuller é o autor de verdadeiros clássicos do hard bop, como “Vonce # 5”, “Transportation Blues” e “Cashmere”, tendo gravado com regularidade para selos como Savoy, Prestige, Blue Note, Atlantic e Impulse, entre as décadas de 50 e 60.

Em 1959, lançou o seminal “Blues-ette”, pela Savoy, ao lado de Benny Golson, Tommy Flanagan, Jimmy Garrison e Al Harewood. Sobre a importância deste disco, basta dizer que 34 anos depois, em 1993, o quinteto se reuniu novamente para “Blues-ette – Pt. 2”, novamente para a Savoy, mas com Ray Drummond substituindo o falecido Jimmy Garrison. Ainda em 1959, foi convidado por Golson para integrar o Jazztet, combo fundado por ele e pelo trompetista Art Farmer.

Em 1957, Fuller viveu um ano admirável. Além dos discos para a Prestige, lançou o magistral “The Opener”, sua primeira gravação como líder para a Blue Note, onde chegou com status de estrela em ascensão. Hank Mobley (ts), Bobby Timmons (p), Paul Chambers (b) e Art Taylor (bt) foram os companheiros convocados para a empreitada, cujo resultado é um álbum impecável, não apenas porque todos os músicos são verdadeiros mestres em seus respectivos instrumentos, mas também por conta de um repertório muito bem escolhido, que permite a todos, sem exceção, exibir competência técnica, inventividade e elevada capacidade de improvisação.

Em “A Lovely Way To Spend An Evening”, que abre o disco, o trombone de Fuller é doce e envolvente, criando um clima altamente sedutor. A primorosa remasterização de Rudy Van Gelder permite que se ouçam todos os instrumentos e que se perceba toda a delicadeza dessa faixa encantadora – o elegantérrimo solo de Timmons merece ser ouvido mil vezes. “Hugore”, com sua levada funky e seu leve sabor de blues é o veículo mais que apropriado para as intervenções altamente criativas de Mobley. A sacolejante “Oscalypso”, de Oscar Pettiford, com a sua levada ondulante e cálida, evoca um mergulho nas águas cristalinas do Caribe, com um diálogo extraordinário entre Fuller e Mobley.

Outro grande destaque é a emocionante versão de “Soon”, dos irmãos Gershwin, na qual Timmons, novamente, mostra porque é considerado um dos pianistas mais habilidosos das décadas de 50 e 60 e o brilhante Taylor dá uma aula de versatilidade e ritmo. Em “Lizzy's Bounce”, um bebop matador do próprio Fuller, o destaque é Chambers, soberbo tanto na parte rítmica quanto nos solos. “Here's to My Lady”, de Johnny Mercer, completa este set verdadeiramente indispensável, com Fuller desintegrando tudo ao redor, com o seu aparentemente inesgotável vigor físico e sua proverbial criatividade. Um álbum para se ouvir muitas e muitas vezes!

O trombonista também participaria de uma das formações mais arrojadas e criativas dos Jazz Messengers de Art Blakey, entre 1961 e 1965, e que incluía o pianista Cedar Walton, o saxofonista Wayne Shorter e o trompetista Freddie Hubbard. Nesse período, os Messengers lançaram alguns dos seus álbuns mais primorosos, como “Mosaic”, “Ugetsu” e “Free For All”. Ainda nos anos 60, excursionou com Dizzy Gillespie e se manteve bastante ativo, conservando-se como um dos músicos mais requisitados de Nova Iorque e acompanhando tanto veteranos como Philly Joe Jones, quanto estrelas em ascensão, como Booker Little, Houston Person, Joe Henderson e Wayne Shorter. Nos anos 70, tocou ao lado de Stanley Clarke e integrou a orquestra de Count Basie.

De lá para cá, lançou alguns poucos discos, ao lado de figuras como Cedar Walton, Kai Winding, Javon Jackson, Paul Jeffrey, Larry Willis e dos velhos companheiros Pepper Adams, Louis Hayes, Tommy Flanagan, Art Blakey e Benny Golson. Após a morte de Blakey, uniu-se a Terence Blanchard, Benny Golson, Geoff Keezer e Lewis Nash para lançar o tributo “The Legacy Of Art Blakey”, pela Telarc, em 1997. Permanece em atividade até hoje, gravando regularmente e tocando em festivais de jazz pelo planeta afora. Sorte nossa!

34 comentários:

pituco disse...

grande érico,
ainda não li essa resenha e não deixo comentário por aqui há algum tempo...desculpe.

passei apenas pra agradecer-te os presentões via pando...obrigatô...rs

abraçsons pacíficos

Érico Cordeiro disse...

Valeu, Seu Mr. Pituco-San,
Não ter tempo, no caso de músico, significa que ele está tocando muito e ganhando muito dinheiro (yens, euros e dólar - rs, rs, rs).
Assim, não se preocupe - na hora que tiver um tempinho sobrando, dá uma passada com calma - e outros "presentes" virão.
Abraços fraternos e sonoros!!!!

Sergio disse...

Curtis Fuller é f... com PH e Du-K! P’rum entusiastas não tem rapapé. O trombone, um caso de amor meu... Nada a ver com aquele 'meu' pronome possessivo afetado paulista. É bairrista, vragarái, o trombone. Carioquíssimo... É Raul na veia! Malandro agulha na estica. Estudantina, gafeérico - aí, seu Érico, quase teu xará... Isso, fosses tu pernambucano. Porque não importa dadindonde nasceu o trombone, quando deu de cara c’as docas da Mauá, sentiu-se em casa, naturalizou-se na Lapa, amasiou-se com uma da gema, depois, segundo a trilha dos bon vivant, a francesa, mandou a moça passear e procriar no Ricife, pra animar uns bonecos de Olinda lá. E é isso que boto fé o trombone é.

Tudo bem que o verbete Fuller e o jazz, começaram bem a jogada lá de trás - mas pro bem de uma boa causa, foi pro [nosso!] gol de placa. Eaí, vai encara?

Érico Cordeiro disse...

Mr. Sonic,
Concordo em GNG - e se o Raul é o nosso J. J. Johnson, o Zé da Velha é o nosso Fuller!!!!
Adoro o som do trombone e recomento o Frank Rosolino, sobre quem falarei em breve neste bat-canal.
Agora: "Tudo bem que o verbete Fuller e o jazz, começaram bem a jogada lá de trás - mas pro bem de uma boa causa, foi pro [nosso!] gol de placa. Eaí, vai encara?"
Te confesso que tô boiando - explica aí, seu Sonic-boy, porque Tico e Teco tão de licença-paternidade!!!!
Abração!

Sergio disse...

Muito simples, seu sanérico: a jogada' começa lá atrás quando acordei, abri a janela e o dia estava ensolarado. É preciso explicar a relação q temos com dias nublados? A Calcanhoto já tinha manjado, quase q num clichê, né? E o clichê é vero. Mas daí nasceu a minha empolgação.

Bem, como vc mesmo concordou, o trmbone, embora a jogada tenha começado lá atrás, no jazz, é ainda mais gafieira, e gafieira é Rio. Daí a brincadeira. Perdoe o "vai encarar?" foi só pra manter a minha (má) fama de bairrista.

Mas, é verdade: JJ Johnson é mais verbete de trombonista q Curtis Fuller, aí apelei.

Tudo explicadin?

Érico Cordeiro disse...

Como diria Guilherme (quando era bem pequenininho) - Ah, nãoa tem "proglema", Seu Mr. Sonic,
Captei a sua mensagem!
E o Fuller tem uns disquinhos pela Prestige (inclusive um com o Red Garland) que são ótimos - esse pela savoy também (o Blues-ette, que pegou trocentas estrelas no allmusic).
E, decerto, cariocas não gostam de dias nublados, né seu garimpeiro-mor?
Abração!!!!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

Mais uma na veia ! ! !.

Érico Cordeiro disse...

Mestre Apóstolo,
Obrigado pela visita - e que bom que você também é um admirador do Fuller!!!
Esse manda muito bem - é craque!
Abração!

edú disse...

Caro sr.Cordeiro,
falar de Detroit em razão da fertilidade de talentos , principalmente no jazz, é deixar de mencionar - por esquecimento - alguns músicos q deixaram rastros na sua corroída camada de asfalto .Permita-me lembrar na primeira hora, e certamente sujeito a novas correções, tb de Cecil McBee,Hugh Lawson,Barry Harris e Kirk Lightsey.O território q Barack Obama quase promoveu a 51º estado americano,ao estatizar a GM, promoveu um dos melhores festivais de jazz, nos padrões conservadores dos chamados jazzofilos,no mês de setembro: a trigésima edição do Detroit Jazz Festival. Quem tiver a curiosidade de conferir a programação : http://www.detroitjazzfest.com/09lineup.html
Quanto ao Curtis Fuller , nice job.

Salsa disse...

Tenho todos os citados. Fuller é bom mesmo. Tem um jovem trombonista aqui em Vitória, o Rocha, que, espero, pois tem potencial para isso, será um grande nome desse instrumento. Gravarei minha discografia e o presentearei assim que possível. Fuller é um bom exemplo a ser seguido.

Érico Cordeiro disse...

Caros Edú e Salsa,
Prazer tê-los a bordo.
Detroit é berço de dezenas de músicos de primeiríssima linha. Impresssionante. Dá prá fazer umas trinta resenhas seguidas só de músicos de lá.
Barry Harris, o professsor, é uma das minhas paixões jazzófilas - o sujeito é de uma elegância a toda prova e seus discos em trio são verdadeiras aulas. Uma hora dessas vira postagem (rs, rs, rs).
Lightsey é ótimo também - tenho alguns discoss dele e destaco o Lightsey to Gladden (fenomenal).
Quanto ao Rocha, será um ótimo presente. Que ele possa ouvir os grandes mestres, aprender com eles e encontrar a sua própria voz.
Abração aos dois!!!!

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

Lembrar que podemos assistir CURTIS FULLER ao vivo (entre outros documentários) em VHS/DVD no "The Historic All-Star Reunion Concert - One Night With Blue Note", gravado em 22/fevereiro/1985 (Town Hall, New York).
No Brasil a EMI.Odeon lançou a série de 04 LP's (mais tarde CD's) do selo Blue Note da mesma gravação, destacando o grande Curtis Fuller no volume 3, no clássico de Bobby Timmons "Moanin'".
Já que você citou Mestre Barry Harris, espero que possua o VHS (até onde pesquisei não foi lançado o DVD) "Passing In On - A Musical Portrait Of Barry Harris, Pianista And Teacher", uma delícia em 23 minutos. O cidadão é a classe em pessoa e a quintessência do pianismo.
É conferir ! ! !

Érico Cordeiro disse...

Mestre Apóstolo,
Obrigado pelas dicas, especialmente do Barry Harris.
Infelizmente, não possuo nenhum dos dois vídeos (nem os cds da Blue Note).
Esse do Barry Harris deve ser maravilhoso e ele foi professor de meio mundo em Detroit - era uma referência como músico e educador.
Talvez no Youtube eu encontre algo dele - e a palavra exata para definir o seu som é essa mesmo: classe!!!!
Um fraterno abraço!

Sergio disse...

Domingo é dia de tv, certo? Errado! É é dia de bbbb, tbm. Bem, a cena mais genial do domingão foi sair com 2a1 (preles), encher os córnis acreditando (e tbm já make evacuando e caminhando) que dos 2a1, o lado do 1 não evoluirá. E chegar num bar pra saideira e ver uma mesa com 11 tricolores uniformizados. Aí, vc grita: não acredito, ganhamos?!!! Daí em diante, craro, bebe-se mais. Nense! Ruma a tankyou.

John Lester disse...

Já está ficando repetitivo: texto e música sempre excelentes. Obrigado Mr. Cordeiro, por manter em alto nível este blog dedicado ao jazz, nossa repetitiva paixão.

Grande abraço, JL.

Érico Cordeiro disse...

Zeu Zérgio, zuzu bem? Finarmente ganharam uma, né?
Mr. Lester, brigado pela presença e pelas palavras sempre muito gentis.
Abração aos dois!!!!!

pituco disse...

por quê será que se diz...pôr a boca no trombone?

o som desse intrumento é tão redondo...rs
deveria ser...pôr a boca no trompete, não é verdade?

érico san,
creio que a galera aqui não curti muito o 'bocato'...acertei?

abraçsons pacíficos
ps.amanhã, dia 29, vou assistir joyce e donato...a convite da própria artista...uau.

Érico Cordeiro disse...

Pois é, Seu Mr. Pituco,
Uma questão a esclarecer - e um trompete às seis da matina, daquele que acorda o regimento inteiro, já pensou?
A imagem fica mais verossímil.
A galera não sei, mas eu gosto dele pra caramba, embora não tenha nenhum cd dele (tenho ele tocando com outros artistas).
Também ouvi ele tocando com a Léa Freire (o disco, salvo engano, é Antologia da Música Brasileira) e é sshow de bola - tô louco prá comprar!!!
E que moral, pô seu Mr. Pituco San, aproveita a "imunidade diplomática" e faz o comercial do JAZZ + BOSSA por aí, sobretudo com o Donato, que é fã de jazz (acho que embreve posto um disco dele da década de 60).
Abração, meu nobre embaixador!!!!!

José Domingos Raffaelli disse...

Caros correligionários,

Por alguma razão que ninguém conseguiu descobrir, durante a temporada do American Jazz Festival no Rio e SP, em 1961, Curtis Fuller e Al Cohn odiavam-se mutualmnente. A coisa chegou a tal ponto e tão evidente que, quando os tocavam no palco, Al Cohn ficava numa extremidade e Curtis Fuller na outra, nunca se olhavam e andavam um do outro o mais afastado possível. Perguntei ao baterista Dave Bailey e ao baixista Ben Tucker, mas nenhum deles sabia (ou não quis dizer) o motivo. Deve ter sido por isso que, na volta aos USA, Curtis Fuller escolheu Zoot Sims para gravar um disco dele com temas de bossa nova.
Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Prazer enorme tê-lo a bordo.
Esses ódios inexplicáveis, geralmente, têm como motivo os favores de uma belíssima signora, não é mesmo?
Vai ver foi esse o caso (rs, rs, rs).
Mas a escolha do saxofonista também revela que o ódio, talvez, não fosse lá tão intenso, afinal, qual ocorria com Lee Konitz e Warne Marsh, o Zoot era uma espécie de alter-ego do Al e ambos "amigos irmãos", não é mesmo?
Falando nisso o Zoot estará brevemente no JAZZ + BOSSA como convidado de honra de uma certa senhorita alemã que tocava um piano magistral!!!
Um fraterno abraço!!!!

José Domingos Raffaelli disse...

Prezado Érico,

A tal senhorita alema será, por acaso, Jutta Hipp ? Ela gravou dois ótimos LPs para a Blue Note, um deles com Zoot. Quando ela morreu, em New York, há alguns anos, seu corpo foi doado a uma universidade local, pois ela não tinha parentes nem amigos para sepultá-la. Jutta gravou alguns discos ótimos na Alemanha, quando era uma discípula talentosíssima do grande Lennie Tristano - um pianista/compositor originalíssimo que jamais teve o reconhecimento da crítica (com uma exceção) e muito menos do público.
Keep swinging,
Raffaelli

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:

Muito boa a lembrança do J.D.Raffaelli, já que podemos ouvir CURTIS FULLER no volume 2 do "Jazz No Municipal", dando um senhor recado no clássico "It's All Right With Me", selo Imagem.
Esse não foi um festival de JAZZ: foi "O" Festival de Jazz, em que pudemos desfrutar da arte de Coleman Hawkins, Tommy Flanagan, Kenny Dorham, Ronnie Ball, Ben Tucker, Roy Eldridge, Jo Jones, Chris Connor, Zoot Sims, Al Cohn............
Melhor impossível.

Érico Cordeiro disse...

Bem-vindos, Mestres Raffaelli e Apóstolo .
Suas presenças são sempre alvissareiras!!!
Ao primeiro, digo que a pianista Jutta Hipp vai fazer, em breve, uma escala aqui no JAZZ + BOSSA, a bordo do seu extraordinário "Juta Hipp With Zoot Sims" - maravilhoso, não consigo parar de ouvir!!!! E que final triste ela teve, não?
Ao segundo, que posso eu dizer senão aquela velha frase: já não se fazem mais festivais como antigamente...
Um carinhoso abraço aos dois!!!!!

edú disse...

Pequenos pitacos,
• o conjunto de discos - q se tornaram dois volumes de cds - gravados no Municipal do Rio de Janeiro, salvo engano em 1961, durante esse referido festival de jazz foi um das dezenas de discos q deixei passar.Saíram pelo nosso selo Imagem por preço ridiculamente acessível.Deixando-me , por ingenuidade, com o pé atrás.Dizem q foi o festival de jazz, digamos assim, mais coeso em nosso território varonil.
• Tenho dois cds do Bocato e 3 lps( um deles da Banda Metalurgia, da qual era um dos lideres).Ele tocava num bar, ás sextas feiras , sempre depois das duas da manhã,próximo de meu antigo endereço.Saiu da estabilidade de músico com carteira assinada do Faustão para retomar essa indômita vida cigana.Dizem q o maior mérito do Bocato foi ter sido o genro favorito da Ruth Escobar.Sou fã do cara.
• O cd Antologia da Música Popular Brasileira(gravadora Maritaca) é formado por dois volumes e destacaria tb o pianista Michel Friedson e o multi instrumentista ,Arismar do Espírito Santo, nesse trabalho.

Érico Cordeiro disse...

Caro Edú,
O Bocato é um dos nossos grandes trombonistas. Nunca tive a honra de assisti-lo, mas gosto bastante dele.
E acho que a antologia, com a Léa Freire, tem à venda na Livraria Cultura - uma hora dessas eu peço.
Quanto ao Jazz no Municipal, comigo aconteceu algo semelhante - deixei de comprá-los, preferindo um Chet ou Miles, creio eu (vão aí bons 20 anos ou mais).
Anyway, são registros históricos desse que foi "o" festival.
Abração!!!!

APÓSTOLO disse...

Prezados EDÚ e ÉRICO:

BOCATO é trombonista de exceção, muito superior à imensa maioria, talvez pouco "assimilado" por suas idéias quilômetros á frente.
No nivel superior mas com outras linguagens, temos mais 02 entre nós que são muitíssimos bons: o jovem maestro, arranjador e senhor trombonista VITTOR SANTOS (se ainda não ouviram, ouçam pelo selo Biscoito Fino o CD "Renovando as Considerações", assunto muito sério) e Roberto Marques (da Rio Dixieland e do Quinteto Brasileiro de Metais), trombonista que tive a honra e o prazer de assistir trocando "chorus" com Arturo Sandoval na Sala Cecília Meirelles no Rio de Janeiro, em um "duelo" musical infelizmente não gravado.

APÓSTOLO disse...

Prezados EDÚ e ÉRICO:

Em tempo e corrigindo - ....trocando "choruses" com.....

Érico Cordeiro disse...

Caro Apóstolo,
O Víttor é, de fato, um senhor talento. Tecnicamente rivaliza com o Bocato, embora seja menos subvesivo que este.
O Renovando é um dos bons discos lançados pela Biscoito Fino nos últimos tempos.
Já o Roberto ainda não tive a honra de conhecer, mas vem muitíssimo bem recomendade!
Abraços!

pituco disse...

érico san,
bocato é um figuraça além do talento musical-artístico estratosférico...

lá pra meados dos 80, estávamos numa recepção meio formal de gravadora e coisa e tal...de repente, o homi sacou do trombone e tocou tudo e um bocato mais...hehehe...piramidal...bons tempos.

sr.apóstolo,não conheço os outros dois trombonistas...vamos ouvi-los,com certeza...obrigadão pela dica.

abraçsons
ps.muito bom joyce e donato...acontece que o blue note aqui é maratona...dois sets 1h30 mais ou menos por noite...assisti ontem,o último 21h30...a galera já vinha desde domingo nesse rodízio...é cansativo,posso entender.

Érico Cordeiro disse...

Valeu, Seu Mr. Pituco-San!!!
Só ter visto a Joyce e o Donato, de pertinho e ao vivo, já deve ter sido maneiríssimo!!!
O Vítor é fera. O Roberto Marques ainda não conheço, mas deve valer a pena!!!
Abração!

José Domingos Raffaelli disse...

Caro Apóstolo aka Pedro Cardoso,

Com relação ao álbum duplo "Jazz no Municipal", permita-me esclarecer algumas peculiaridades relativas ao mesmo.

1) Quando Jonas Silva, meu dileto amigo e titular da gravadora Imagem, entregou-me os tapes do concerto realizado no Teatro Municipal do Rio para ouvir o material a fim de escrever o texto do mesmo, como fiz para dezenas de álbuns do seu selo, durante uma semana passei e repassei sua música anotando as particularidades de cada tema e cada solo a fim de posteriormente escrever minhas observações sobre as mesmas.

2) Além das músicas constantes no álbum duplo original (e, posteriormente, na edição de dois CDs correspondentes ao LP), por falta de espaço Jonas deixou de fora três excelentes interpretações do quinteto Coleman Hawkins-Roy Eldridge e dois sensacionais temas pela dupla Al Cohn-Zoot Sims: "Expense Account" (do baterista Osie Johnson) e o standard "Just You, Just Me".
Em minha opinião, estas duas são superiores às duas que constam no álbum e nos CDs ("Halley's Comet" e "The Red Door", que, diga-se de passagem, também são sensacionais!).
Alertei Jonas Silva sobre isso, ao que ele disse pretender editar outro LP com essas faixas que ficaram de fora.
Infelizmente, por diversos motivos, isso não aconteceu e aquelas interpertações permaneceram inéditas. Quanto aos tapes originais, não sei que fim levaram.

3) Por uma grande falha, as notas do meu texto original do LP foram reduzidas em cerca de 70% na edição dos CDs.

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Caro Mestre Raffaelli,
Resta torcer para que um dia essas preciosidades (hoje fora de catálogo e raríssimas até mesmo nos melhores sebos) voltem às lojas.
De preferência em edição esmerada, com fotos, remasterização à Van Gelder e com a íntegra dos seus elucidativos textos (afinal, sonhar não custa nada, não é mesmo - infelizmente, o panorama não permite grandes expectativas nesse sentido, mas...).
Um fraterno abraço!

José Domingos Raffaelli disse...

Caro Érico,

Com o desaparecimento da Imagem, é bastante problemático que tais gravações sejam reeditadas, especialmente porque o próprio Jonas Silva desconhece o fim que levaram os tapes originais do concerto.

Por outro lado, um selo alemão lançou nos anos 90 um CD com algumas músicas lançadas no LP duplo Imagem, cujo som era superior ao dos lançamentos feitos no Brasil. Ouvi essa gravação na extinta HMV da Quinta Avenida, em New York, esquina da 46nd. Street. Na ocasião, pensei em comprar o CD, mas, por alguma razão que não lembro, acabei desistindo.

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Prezado Mestre,
Com as tecnologias de hoje, quem sabe algum apaixonado (e rico) jazzófilo não se disponha a bancar a remasterização a partir dos cd's e o relançamento dos mesmos?
Endinheirados, manifestem-se - os amantes do jazz agradecem!!!!!
Lembre-se de que a fada madrinha do jazz não costuma dar o ar de sua graça com tanta freqüencia, mas quem iria prever o que ela reservaria ao nosso querido Duke Jordan naquele longínquo 1973 novaiorquino?
Um fraterno abraço!!

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