Uma mulher forte, determinada, corajosa, bonita e extremamente talentosa. Assim pode ser definida a atriz, cantora, ativista política, compositora e pianista Hazel Dorothy Scott, uma das figuras mais importantes – e, infelizmente, bem pouco lembrada nos dias de hoje – na luta pelos direitos civis, especialmente durante as décadas de 40 e 50.
Nascida no dia 11 de junho de 1920, em Port of Spain, Trinidad e Tobago, sua família emigrou para os Estados Unidos em 1924, fixando residência em Nova Iorque. O pai, Thomas Scott, era inglês de Liverpool e um respeitado professor universitário em Trinidad e Tobago, e permaneceu no país quando Hazel, sua mãe e sua avó materna, Margarth, emigraram.
Desde a mais tenra infância, a pequena Hazel demonstrou uma aptidão incomum para as artes, especialmente para a música. Sua mãe, a pianista Alma Long Scott, mantinha uma banda formada exclusivamente por mulheres e algumas vezes a grande Lil Hardin-Armstrong, pianista e primeira mulher de Louis Armstrong se apresentava com as garotas. A casa da família costumava receber a visita de grandes músicos como Art Tatum, Lester Young e Fats Waller, e foi nesse ambiente que o amor de Hazel pela música cresceu e se solidificou.
Considerada uma menina prodígio, aos seis anos Hazel já dava os primeiros passos no trompete e no piano clássico. Aos oito, ganhou uma bolsa de estudos na prestigiosa Juilliard School of Music. Embora as regras da escola exigissem a idade mínima de 16 anos para o início dos estudos, sua performance no “Prelúdio em Sol Menor”, de Rachmaninoff, deixou Oscar Wagner, responsável pela seleção dos alunos, impressionado. Graças ao empenho pessoal de Wagner, a escola abriu uma exceção e aceitou Hazel em seu corpo discente.
Em 1936, ele começou a carreira profissional como pianista da orquestra da rádio Mutual Broadcasting System. A garota era considerada uma celebridade nos meios musicais de Nova Iorque e chegou a se apresentar, várias vezes, no Roseland Dance Hall, acompanhando a orquestra de Count Basie. Além disso, ela manteve durante algum tempo o próprio programa de rádio, na WOR.
Em 1938, participa do seu primeiro musical, “Cotton Club Revue”, seguindo-se os espetáculos da Broadway “Sing Out the News” (1939) e “The Priorities” (1942), todos muito bem recebidos pelo público. Entre 1939 e 1943, Scott manteve-se como atração fixa do Café Society, interpretando jazz, blues, standards e temas do repertório erudito, tendo sido uma das pioneiras da mistura entre jazz e música clássica, criando um estilo conhecido como “swinging the classics”.
Seu espetáculo “From Bach to Boogie-Woogie” ficou quase dois anos em cartaz naquele clube, sempre com muito sucesso de público. Além de composições de Bach, peças de Chopin, Liszt, Mozart e Rachmaninoff eram vertidas para o idioma jazzístico, com competência e refinamento. Os discos em 78 rotações gravados por ela com esse repertório, para selos como Signature e Decca, vendiam aos milhares, tornando seu nome conhecido em todo o território dos Estados Unidos.
A crítica, ainda bastante refratária a qualquer diálogo entre o jazz e a música erudita, não via com bons olhos esse tipo de irreverência, que, de alguma maneira, antecipava em quase uma década as investigações harmônicas concebidas por gente como Dave Brubeck e The Modern Jazz Quartet e sua “Third Stream”. A revista Time, por exemplo, publicou o seguinte: “Enquanto outros pianistas de jazz assassinam a música erudita, Hazel Scott comete, no máximo, um incêndio criminoso”.
Apesar do mau humor da crítica, não demorou muito para que o talento de Hazel fosse descoberto por Hollywood. Ela participou de filmes como “I Dood It” (MGM, 1943), “Broadway Rhythm” (também para a MGM, de 1944, onde contracena com a extraordinária Lena Horne, sob a direção de Vincente Minelli), “The Heat’s On” (Columbia Pictures, 1943, estrelado pela lendária Mae West), “Something to Shout About” (Columbia Pictures, 1943) e “Rhapsody in Blue” (Warner Bros, 1945). Na seara erudita, Hazel realizou concertos no prestigioso Carnegie Hall, em 1941 e 1943.
Durante aquele período, conheceu o pastor Adam Clayton Powell, Jr., um militante da causa negra que viria a se tornar o primeiro afro-americano eleito para o Congresso. Os dois se casaram em 1945 e, segundo o jornalista Mike Wallace, o casamento foi um evento muito badalado: “Ambos eram estrelas, não apenas no âmbito da comunidade negra, mas também entre os brancos. O casamento dos dois foi um fato extraordinário”.
Orgulhosa de suas origens e bastante engajada politicamente, Hazel foi uma das primeiras artistas negras a se recusar a tocar para platéias segregadas. Na época era comum que brancos e negros se sentassem em espaços separados nos teatros e clubes e ela simplesmente não tocava em locais que adotassem essa prática. Dizia a pianista: “Porque deveria aceitar o fato de que alguém venha assistir ao concerto de uma negra e se recuse a sentar ao lado de outro negro como eu?”.
A nossa heroína foi também a primeira artista negra a ter o seu próprio programa de TV, “The Hazel Scott Show”, cuja primeira edição foi ao ar, por uma pequena emissora, a pioneira DuMont Television Network, no dia 03 de julho de 1950. O programa teve vida curta, devido à falta de anunciantes, e sua última edição foi apresentada no dia 29 de setembro daquele mesmo ano. A DuMont, considerada a primeira emissora comercial do mundo, criada em 1946, não teria vida longa e encerraria suas atividades em 1956.
As posições políticas de Scott e sua intensa luta contra a segregação racial lhe valeram o ódio do senador ultraconservador Joseph McCarthy. Paranóico e autoritário, McCarthy iniciou uma verdadeira cruzada contra todo e qualquer cidadão suspeito de possuir algum tipo de ligação ou simpatia com os movimentos de esquerda. O Macartismo, que perdurou de 1950 a 1956, promoveu uma verdadeira caça às bruxas, só que ao invés do obscurantismo da Idade Média, os processos com falsificação de provas, ameaças, invasão de privacidade e chantagens de todo tipo eram praticados em pleno século XX, naquela que é considerada a maior democracia ocidental.
Pois foi contra essa verdadeira máquina de moer reputações que a corajosa Hazel Scott se posicionou. Ela não teve medo de enfrentar o Macartismo, um dos períodos mais sombrios da história recente dos Estados Unidos, e um marco simbólico do que pode acontecer a uma sociedade subjugado pelo medo e pela histeria, onde os cidadãos, docilmente, abrem mão de suas liberdades e de seus direitos civis, em nome de uma pretensa segurança nacional. Após ser acusada de realizar concertos em entidades consideradas simpatizantes do comunismo, Hazel se dispôs a depor no Comitê de Atividades Anti-Americanas, comandado por McCarthy.
O depoimento foi dado no dia 22 de setembro de 1950 e ela encerrou o seu discurso histórico, com as seguintes palavras: “Eu gostaria de terminar fazendo um pedido a este comitê. Que ele realmente se interesse em proteger aqueles americanos que, honesta, sadia e desinteressadamente se esforçam para aperfeiçoar este país e para assegurar que as garantias constitucionais, de fato, façam parte de nossas vidas. Os atores, músicos, artistas, compositores e todos os homens e mulheres das artes estão ansiosos para servir ao nosso país, que precisa de nós mais do que nunca. Nós não podemos e nem devemos ser anulados pelas calúnias, cruéis e mesquinhas, feitas por homens pequenos”.
Mesmo com uma vida extremamente movimentada, Scott não abandonara o jazz. Ao contrário, dividia-se entre Nova Iorque e Washington, onde o marido, congressista, residia, e se apresentava com freqüência em teatros e auditórios dessas cidades. Em comum acordo com o marido, que além de deputado era pastor, Hazel evitava apresentações em clubes e boates. De qualquer maneira, seus trios eram integrados por músicos de primeira linha, como os bateristas Bill English e Rudie Nichols e os baixistas Martin Rivera e Charles Mingus.
E foi exatamente pela gravadora de Mingus, a independente Debut Records, que a pianista gravou aquele que é considerado seu melhor álbum: “Relaxed Piano Moods”. Contando com o próprio Charles Mingus no contrabaixo e o não menos genial Max Roach na bateria, o disco foi gravado no dia 21 de janeiro de 1955, nos estúdios de Rudy Van Gelder, responsável pela engenharia de som.
A faixa de abertura é a doce “Like Someone in Love”, balada de autoria de James Van Heusen e Johnny Burke, que aqui é executada com um charmoso acento camerístico e com uma nítida influência de Teddy Wilson, reconhecido por Hazel como a sua maior influência. Também são perceptíveis no fraseado de Scott ecos da música erudita, especialmente de compositores franceses modernos, especialmente Erik Satie e Claude Debussy.
Em seguida, mais uma balada, “Peace of Mind”, composta pela pianista. Curioso notar que suas composições, embora firmemente assentadas na tradição do jazz, conservam uma estreita ligação com o universo erudito, especialmente no que toca ao rigor na escolha dos timbres e à preocupação com a hierarquia das tonalidades. Mingus e Roach, dois dos mais completos virtuoses do jazz, não demonstram o menor constrangimento em assumir uma postura discreta, quase minimalista e que realça o brilhantismo da execução de Hazel.
J. J. Johnson contribui com uma de suas composições mais conhecidas, a lindíssima balada “Lament”. Mingus adota aqui uma postura mais incisiva, ritmicamente desafiadora, sombria e pouco linear. Suas intervenções contribuem para dar ao tema uma atmosfera densa, em flagrante contraste com a abordagem fluida e mais centrada na melodia da líder. Roach trafega entre esses dois pólos e sua notável habilidade percussiva representa o ponto de equilíbrio e coesão.
A animada “The Jeep Is Jumpin’” é um tema de autoria de Duke Ellington, em parceria com seus fiéis escudeiros Billy Strayhorn e Johnny Hodges. Hazel e seus comandados dão uma aula de swing e habilidade técnica, acelerando os andamentos, executando pausas inesperadas, elaborando improvisos inquietos e empolgantes. A sintaxe bop se faz presente com bastante eloqüência, sobretudo graças aos alucinantes ataques de Roach.
O blues “Git Up From There”, também de autoria de Hazel, vem a seguir e o resultado é extasiante. Mingus expõe a sua pegada vigorosa, sempre buscando os registros mais graves do contrabaixo, enquanto Roach subverte o andamento do blues com uma levada nada ortodoxa, mostrando porque é um dos mais versáteis e originais bateristas da história do jazz. Scott é uma intérprete soberba e seu piano produz uma sonoridade volumosa, encorpada, visceral, impactante sob o ponto de vista técnico e, mais ainda, sob o ponto de vista emocional.
“A Foggy Day”, clássico dos irmãos Gershwin, recebe um arranjo ousado, num andamento supersônico, que exige do trio um amplo domínio dos meandros do bebop. Scott se mostra à altura da excelência dos parceiros e seu ataque é vibrante, sem hesitações ou reservas. A vitalidade de Mingus e a astúcia de Roach, perfeitos como sempre, não intimidam a líder e seus improvisos se impõem pelo brilhantismo técnico e pela complexidade harmônica.
O álbum encerra com uma deliciosa versão de “Mountain Greenery”, composta por Richard Rodgers e Lorenz Hart em 1926, para o musical “The Garrick Gaieties”. Aqui a canção é executada em um contagiante tempo médio. Scott injeta no tema um indisfarçável tempero de blues, enquanto Mingus elabora uma marcação opulenta. A crueza da percussão de Roach e seus timbres exuberantes merecem ser ouvidos com bastante atenção.
O disco foi relançado, no formato de cd, pela Original Jazz Classics e como bônus traz takes alternativos de “Git Up From There” e “Lament”. É uma ótima amostra do talento, da criatividade e da altivez de uma mulher que contribuiu imensamente para a afirmação da cultura afro-americana, sem ter feito qualquer concessão ao estabilishment. Para além das virtudes pessoais da autora, a excelência do disco é atestada por sua inclusão no seleto rol de gravações qualificadas pela National Public Radio como “Basic Jazz Record Library”. A pianista gravaria apenas mais um disco depois desta sessão, “Round Midnight”, para a Decca, em 1957.
Hazel e Powell se separaram em 1956 e no ano seguinte, cansada de lutar contra a segregação e o racismo, a pianista decide ir morar na Europa, fixando-se em Paris. Ali, chegou a trabalhar no cinema (ela aparece no filme “Le Desordre et la Nuit’’, de 1958, dirigido por Gilles Grangier e estrelado por Jean Gabin) e manteve uma agenda bastante ocupada, apresentando-se em clubes de toda a Europa.
Em seu apartamento, localizado às margens do Rio Sena, eram comuns as visitas de intelectuais e artistas então expatriados ou em visita ao Velho Continente, como o escritor James Baldwin, o fotógrafo Richard Avedon, o crítico Leonard Feather, o ator Anthony Quinn e os músicos Quincy Jones, Mary Lou Williams, Dizzy Gillespie, Count Basie e Max Roach, entre outros. Lester Young, seu grande amigo, costumava freqüentar o apartamento e os dois passavam horas escutando o disco “Only The Lonely”, de Frank Sinatra.
Durante seu exílio auto-imposto, Hazel voltou a casar-se, com o clarinetista italiano Enzio Bedin, 15 anos mais novo. Além das diferenças culturais e da idade, o ciúme doentio de Bedin acabou por minar a relação, que durou apenas dois anos. A um amigo comum, o clarinetista desabafou: “Hazel é uma Maserati e eu mal consigo dirigir um Fiat”.
Hazel retornou aos Estados Unidos em 1967, mas jamais voltaria a gozar do prestígio e do antigo sucesso. Continuou a se apresentar em Nova Iorque, especialmente no clube do Milford Plaza Hotel, onde seria atração fixa até praticamente o fim da vida. Ao mesmo tempo, deu prosseguimento à carreira de atriz, fazendo pequenos papéis em novelas e seriados de TV como “The Bold Ones: The New Doctors” (NBC, 1969) e “One Life to Live” (ABC, 1973).
E se havia algo que a deixava amargurada era a falta de reconhecimento por parte da comunidade negra. Em uma entrevista de 1968, ele declarou à Ebony Magazine: “Eu tenho muitas reservas aos chamados ‘Novos Negros’, pois acho que esse movimento surgiu tarde demais. Eu gostaria de saber onde eles estavam – é claro que muitos vão dizer que ainda não tinham nascido, mas seus pais sim – há vinte e cinco anos, quando eu enfrentei todo tipo de preconceito para realizar o meu trabalho, quando fui chamada de tudo o que se possa imaginar. Me chamavam de Joana D’Arc Negra, de comunista, de radical profissional, de apologista da raça negra. Diziam que eu usava a cor da minha pele como uma bandeira. Então, eu não posso ficar sentada, ouvindo as pessoas dizerem que nada foi feito antes da chegada desses ‘Novos Negros’ e seus cabelos enormes”.
A brava Hazel Scott sucumbiu ao câncer de pâncreas, no dia 02 de outubro 1981, nas dependências do Mount Sinai Medical Center, em Nova Iorque. Seu corpo foi enterrado no Flushing Cemetery, no bairro de Queens, o mesmo onde repousam gênios do jazz como Louis Armstrong, Johnny Hodges, Charlie Shavers e Dizzy Gillespie. Três anos antes, em 1978, ela recebeu a última grande homenagem, ao ter seu nome inscrito no “Black Filmmakers Hall of Fame”.
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30 comentários:
Meu mais que estimado ÉRICO:
Belíssima resenha que resgata uma MULHER ! ! !
Dama que honra a todos nós, seres humanos, por sua vida, suas posturas, sua música.
Gol de placa ÉRICO !
Estimado ÉRICO:
Por oportuno receba meus mais calorosos votos de um FELIZ ANIVERSÀRIO.
Jovem na idade, maduro na profissão e já veterano nas hostes da "Arte Popular Maior".
Mestre Apóstolo,
Obrigado pela presença e pela lembrança!
Fico um aninho mais novo hoje e o melhor presente que posso receber e ter amigos tão generosos como você por perto!
Grande abraço pra você e toda a família Apostólica, em especial á Dona Matilde!
Muito bom o post, Erico!
Infelizmente a proporção de mulheres no jazz sempre foi muito pequena, principalmente nos primeiros anos. Elas tinham que ser muito boas mesmo para ganhar algum destaque.
Abraços!
Grande Edison!
Salve, salve!
É isso aí. Em breve pinta por aqui outra importante figura feminina no jazz, a pianista Marian McPartland.
Já publiquei posts sobre as pianistas Marian McPartland e Jutta Hipp, sobre a guitarrista Emily Remler e sobre a cantora Mabel Mercer.
Abraços!
érico san,
postaço...as musas e mucisitas...
não sabia...li acima...happy tudo pra ti e boa páscoa...
abrçsonoros
Valeu, Mr. Pituco, meu embaixador na Terra do Sol Nascente!
Grande abraço, meu caro e uma ótima Páscoa - com muito amor, paz, saúde, alegria e jazz e que o coelhinho seja bem generoso!!!!!
Pô, feliz aniversário, Érico, tudo di bom!... (e desculpe a pressa, d'eu na correria do domingão).
Valeu, Mr. Sérgio!
Que a Lojinha arrebente a boca do balão hoje e que faça muito sol.
O Dudu agradece! :-)
Grande abraço!
Érico,
creio que, até o fim das 24 horas seguintes, o clima ainda está presente e a pressão dos abraços também. Então, aproveito para deixar o meu abraço pelo seu aniversário transcorrido ontem, e os votos de sempre: saúde, muita saúde, paz, e muito jazz.
Um beijo, Tio Faria.
Obrigado, Tio!
Vou descontar esse atraso em bolinhos de bacalhau do Adônis, viu? :-)
E que os Deuses do Jazz nos abençoem e nos concedam muitos e muitos anos de audições encantadoras!
Um beijo grande - nem precisa dizer que estou morrendo de saudades do Rio e de vocês todos!
Oie, tudo bem?
Obrigada por me seguir.
Seu blog é um encanto
bjos
Oi, Leila!
Seja muito bem vinda e obrigado pelas palavras tão generosas.
Espero que você se junte à nossa confraria.
Paz, luz e muito jazz!
Beijo grande!
Hazel Scott, fundo do meu, seu, nosso, baú.
Só mesmo o Mestre para essas lembranças.
E que história é essa de aniversário longe da gente, ausente do festão maranhense ? PARABÉNS.
Um grande abraço.
(não consegui reproduzir)
Mestre Coimbra,
Feliz em tê-lo a bordo!
E aguarde que vem muita gente boa por aí, inclusive dois trompetistas excepcionais, mas bem obscuros: Sam Noto (em um disco do Kenny Drew para a Xanadu, onde ele arrebenta) e Don Sleet.
Obrigado pela lembrança - festa só ano que vem :-)
Se der certo, faço um arrasta-pé em casa.
Grande abraço a você e a todos os amigos do Clube das Terças - meu tio Frutuoso disse que vai hoje.
Dear Gran Master Boss Érico,
Com imenso atraso, pois não sabia sobre seu aniversário, que, sem dúvida, é uma data festiva para todos os que têm a felicidade de freqüentar este magnífico blog que você, com seus vastos conhecimento, entusiasmo e incontida dedicação, realça com devoção e verdadeira paixão a beleza e a trajetória incomparável dos gênios musicais que perpetuaram com seu talento e vivência a história incomparável da nossa venerada "música dos músicos".
Peço a Deus que continue iluminando seus caminhos dando-lhe muita saúde, felicidade e disposição para prosseguir em sua missão de comentar, criticar e ensinar a todos seus amigos deste blog os segredos e as obras primas do jazz.
Grande abraço e keep swinging,
Raffaelli
P.S. Esse CD de Hazel Scott faz parte da excepcional caixa "The Debut Recordings of Charlie Mingue" que, como todas as demais matrizes das gravadoras de jazz, foram destruídas por ocasião do "Triste fim das gravadoras de jazz" que fecharam as portas definitivamente ocasionado pela devastação motivada pela quantidade infindável de milhões de CDs baixados gratuitamente pela Internet, sepultando definitivamente tudo o que foi gravado em anos e anos a fio.
Keep swinging,
Raffaelli
Keep swinging,
Rafaelli
Caríssimo Mestre rafaelli,
Recebo seus cumprimentos com uma alegria e um imenso carinho!
Desnecessário dizer do apreço, da amizade e da consideração que tenho pelo crítico José Domingos Rafaelli e, sobretudo, pelo ser humano sé Domingos Rafaelli.
Muito obrigado pelas palavras tão carinhosas e espero continuar nessa trilha, que você não apenas abriu, mas pavimentou e mantém permanentemente iluminada.
Tenho alguns discos da Debut Records, incluindo o célebre Quintet at Massey Hall, o primeiro do Paul Bley, esse da Hazel e outros do Charlie Mingus. Se as matrizes dessas preciosidades foram mesmo destruídas - espero que os executivos tenham tido a sanidade de mantê-los a salvo - realmente é uma perda enorme para as gerações futuras.
Um fraterno abraço e tudo de bom, meu querido Mestre!
Dear Gran Master Boss Érico,
Re: Tenho alguns discos da Debut, inclusive o célebre Quintet at Massey Hall, o primeiro do Paul Bley, esse da Hazel e outros do Charlie Mingus. Se as matrizes dessas preciosidades foram mesmo destruídas - espero que os executivos tenham tido a sanidade de mantê-los a salvo - realmente é uma perda enorme para as gerações futuras.
Um fraterno abraço e tudo de bom, meu querido Mestre!
Adendo a seu email: Jazz at the Massey Hall é um híper clássico do
jazz, indispensável aos que professam, como nós, a maior paixão pela música dos músicos. Também é um documento significativo para os que pensam que o jazz começou com Miles Davis e John Coltrane (nada contra ambos, mas já ouvi de alguns fanáticos que antes de Miles e Coltrane não havia jazz de qualidade.......)
Outro adendo: em 1954, em minha minha primeira viagem a NY, toda segunda-feira havia jam session no Birdland. O maior fominha era Paul Bley, que logo se apropriava do piano, impedindo que os demais pianistas pudessem tocar. Numa dessas ocasiões, George Wallington retirou-se visivelmente aborrecido por não ter tocado. Naquela ocasião Paul Bley era magérrimo, mas quando veio ao Rio num festival de jazz, nos anos 90, estava tão inchado e vermelhão (de tanta bebida, inclusive) que mal cabia no banquinho do piano...
Último adendo: "Se as matrizes dessas preciosidades foram mesmo destruídas - espero que os executivos tenham tido a sanidade de mantê-los a salvo - realmente é uma perda enorme para as gerações futuras".
Sim, as matrizes foram todas destruídas por duas razões: 1) para desocupar dezenas de depósitos e escritórios daws gravadoras; 2) com a destruiçao das mesmas, eliminou-se a possilidade da pirataria apossar-se delas para lançá-las em discos.
3) antes da destruição, a Columbia japonesa comprou as matrizes da gravadora Savoy, passando a editá-las em CD.
4) com o fim das gravadoras (escrevi para a Folha da Estância a matéria "O Triste Fim das Gravadoras de Jazz", mencionando-as nominalmente), Rudy Van Gelder, o papa dos engenheiros de som, fechou seu estúdio e mudou de profissão, passando a ser fotógrafo.
Keep swinging,
Raffaelli
Grande Mestre Raffaelli!
Testemunha ocular e auditiva dos grandes momentos do jazz. Quer dizer que o Bley era um fominha - essa é ótima!
Ele andou se "desencaminhando" a partir do final dos anos 50 e andou fazendo uns troços muito "experimentais" pro meu gosto, mas nos anos 90 retomou a veia bop com alguns excelentes discos para a SteepleChase. Uma coisa é certa: ele não perdeu a mão e continua sendo um pianista fantástico. Ora, o sujeito que "herda" o trio de Oscar Peterson, toca com Charlie Parker e grava o primeiro disco com Charlie Mingus e Art Blakey só pode ser um monstro!
Quanto à destruição das matrizes, ainda bem que hoje existe tecnologia suficiente para recuperar gravações diretamente dos LP's, fitas K7 e cds e boa parte dos catálogos das gravadoras ainda está disponível na internet.
De alguma maneira, se isso trouxe prejuízos às gravadoras (sempre tidas como vilãs do showbusiness, pois o artista sempre ganhou uma parcela ínfima pela venda dos discos), por outro lado a disponibilização digital de músicas permite que as novas gerações tenham acesso a artistas que, de outra maneira, estariam completamente esquecidos.
Grande abraço!
Meu 1 ano mais velho (e vivido) amigo, mr. Seu Sam, seus livros foram entregues lá na Senador Vergueiro, tá?
Quanto a Hazel, ainda não li. Mas ouvi uma Chronological 1939-45, cantando e este resenhado, tocando. Bem, como não li - aí está a diferença, nas artes, em conhecer primeiro a vida para avaliar - posso ser mais frio: embora bastante datados tanto canto como o instrumental, ao piano ms. Hazel é bem melhor.
Grande Mr. Seu San!
Confesso que não conheço o trabalho da Hazel como cantora - suas gravações são ainda mais raras que as como pianista.
Mas ao piano a moça mandava muito bem. Imagina um disco que tem na "cozinha" Charles Mingus e Max Roach?
Estou "encafifado" é com o que um certo exterminador de planetas vai dizer!
Ah, e em breve posto um disco adquirido "no lojinha". Mas é surpresa. Só posso dizer que é fantabulosomidável!
Abração!
Será uma honra, mestre.
Bom, A Hazel naquele baixador soulseek não é tão rara, o "Chronological 1939-45" é só cantado e é um canto assim, Dalva de Oliveira, guardadas as devidas diferenças de gênero musical. A voz é possante mas empoeirada, se é q vc me entende.
Mas, por falar em cantora, agora estou enamorado e pegando (quis dizer baixando tudo) a Julie London, meu amigo... ao contrário da Hazel, a London é moderna pros padrões até de hoje! E o que ela não tinha de vozeirão, compensava com uma sensualidade que arrebata o mais radical dos celibatários. Eu não sei se tens algo dela, mas procure nos amazons da vida, porque, assim como lá Hayworth, nunca haverá uma mulher como Julie! Que gata além do mais...
Mr. Sérgio, quer dizer que você tá pegando a Julie London!
Caraca, a mulher era perfeita! E ainda cantava que era uma maravilha.
Tenho alguns cds dela, todos muito maneiros.
Seus discos influenciaram bastante a rapaziada da Bossa Nova, especialmente Julie Is Her Name - Vol. 1, com o monstro Barney Kessel na guitarra.
Abração!
Mr Sam, mudando totalmente de foco, estou ouvindo um disquin danado de bom de mais um músico (sax altoísta) de mínimo reconhecimento, que pelo q li no allmusic, nem depois de passado (nos deixou aos 49 anos) 21 anos de sua morte. Seu nome e Sonny Red. Em sua vasta coleção tens algo solo dele. Senão, sugiro uma coletânea boa de cabo a rabo que ouvi sem me abstrair durante os seus 77 minutos: "Red, Blue & Green" 1961.
Amigo, acho que o sax alto deve ser o instrumento mais ingrato da família, pq não dá para entender um músico tão bacana, ser considerado tão abaixo do nível dos mais conhecidos.
Em tempo: já entrei agora na audição do 2º álbum dele q tenho "Out Of The Blue" 1960 e mais uma vez, mesmo elogiando e recomendando, o Yanow não esquece de alfinetar o pobre... Infim, tomara q vc conheça, pq tenho quase certeza q sua opinião vai bater com a minha... O car é muito bom.
errata, a frase não ficou completa: "pelo q li no allmusic, nem depois de passado (nos deixou aos 49 anos) 21 anos de sua morte" a crítica deixou de cair de pau.
Mr. Sérgio,
Já ouvi falar no Sonny Redd, mas não tenho nada dele. Esse disco tá com um precinho até razoável no Amazon, em um vendedor (14 doletas), mas ele não faz entrega internacional. Em outro vendedor no mesmo Amazon tá a inacreditáveis 190 doletas.
Acho que vai ficar pra próxima Recomenda - vai anotando, viu?
No disco só tem fera: Blue Mitchell, Grant Green, Barry Harris, Jimmy Cobb...
Tem horas que esses críticos são bem ranzinzas mesmo! :-)
Abração!
Pois é, seu sam, antes de entrar na sua próxima postagem (acho q nem conheço nada do próximo) QD O PREDADOR? Ele q me socorra ou detone de uma vez, pq as comparações q os dois críticos do allmusic fazem, o yanow e o outro q mais ou menos fala mal e bem do Red Blue & Green são com Bird, Jackie Mclean e Sonny Stit... pô, se o cara está nessa linha e não é tão brilhante como disseram... algum demérito? E o Predador q me salve pq o McLean eu sei q Preda 90 tem sérias restrições. E eu continuo entendendo nada de jazz, pq o sax do Red soa tão agudo no Red, Blue e Green, q escrevi pra vc, mister, acreditando q era o soprano. Por isso disse q era o mais ingrato...
Bom, enfim, vai pra vc mais uma dicaça! Ontem tbm ouvi um álbum perfeito de cabo a rabo: Ray Drummond Quintet "Camera In A Bag" 1990 tou acreditando q não tens pq no allmusic a pérola nem consta. Vou te poupar dos elogios e já pus na sua listinha, então caso tenhas me fale. Mas tem outro do Ray Drummond muito recomendável q chega a estar a menos de 2 dolares: o "Excursion", aliás tou vendo aqui q Ray Drummond tem, no Amazon, uns 3 ou 4 solos bem em conta. Mas esse meu, Camera In A Bag é insuperável.
Meu bom Sérgio,
Vai anotando aí, viu?
Uma hora dessas faço a Recomenda.
Como não conheço nada do Red, só de ouvir falar (nem sei se tenho alguma coisa dele como sideman), não posso dar opinião.
Mas se o homem segue a linha de Parker e Stitt, tá mais do que bem encaminhado, não é mesmo?
Abração - vou procurar o Drummond.
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