Amigos do jazz + bossa

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O ESPÍRITO DO CONTRABAIXO


Considerado um dos maiores contrabaixistas em atividade, Rufus Reid nasceu no dia 10 de fevereiro de 1944, na cidade de Atlanta, Geórgia. Ainda na infância, mudou-se com a família para Sacramento, na Califórnia, iniciando ali seus estudos musicais. O primeiro instrumento a que se dedicou foi o trompete, tendo participado de várias orquestras na Sacramento High School. Com a conclusão do ensino médio, ingressou na Força Aérea, sendo destacado para o serviço militar na base Maxwell Field, em Montgomery, no Alabama.

Durante seus momentos de folga na corporação, começou se dedicar seriamente ao estudo do contrabaixo, seguindo o método de Bob Haggart, mais conhecido por seu trabalho na “The World’s Greatest Jazz Band”, grupo “all stars” que se apresentou seguidamente a partir de 1974 no “Festival de Nice”. Seu primeiro trabalho como baixista profissional, tocando contrabaixo elétrico, foi na banda de Al Stringer, que se apresentava em clubes da região, com um repertório basicamente voltado para o “rhythm and blues” e os sucessos da época. Pouco depois, o diretor musical da orquestra da Força Aérea o arregimentou para tocar o contrabaixo acústico.

Ainda durante o serviço militar, ele foi designado para uma base no Japão, onde, por acaso, ouviu uma gravação de Ray Brown e ficou completamente apaixonado pela sonoridade do lendário contrabaixista. Quando Ray Brown foi ao oriente, em uma excursão, Reid teve a honra de ciceroneá-lo e durante duas semanas pôde conviver de maneira bastante próxima com o ídolo.

Dispensado do serviço militar em 1966, Rufus retornou a Sacramento, onde passou a tocar com Buddy Montgomery, irmão do grande Wes Montgomery. Após essa experiência, ele foi morar com um irmão em Seattle, onde estudou com James Harnett, integrante da orquestra sinfônica daquela cidade. Em 1969 se muda novamente, desta feita para Chicago, e inicia os estudos na Northwestern University, em Evanston, Illinois. Dentre seus professores, estavam Warren Benfield e Joseph Guastefeste, ambos pertencentes à Chicago Symphony. Concluiu o curso de bacharel em música em 1971, obtendo a qualificação de “Performance Major on the Double Bass”.

Trabalhando intensamente em Chicago, Rufus foi contratado pelo empresário Joe Segal para trabalhar como integrante da banda do “The Jazz Showcase”, clube localizado no “North Park Hotel”, por onde passaram nomes como Ira Sullivan, Frank Morgan, Larry Coryell, McCoy Tyner, Dexter Gordon e muitos outros. O clube foi palco das gravações do álbum “Chicago Revisited”, do formidável pianista Ahmad Jamal, em 1992. Ali Reid teve a oportunidade de tocar com diversos expoentes do jazz, como Gene Ammons, Dexter Gordon, Kenny Burrell, Lee Konitz, James Moody, Harold Land, Bobby Hutcherson, Roy Haynes, Philly Joe Jones e outros.

Em 1970 o clube sediou uma série de concertos em homenagem a Charlie Parker, e o baixista fez parte de uma banda que contava com os talentos de Red Rodney, Kenny Dorham, Ray Nance e Howard McGhee. Naquele mesmo ano, Rufus fez as suas primeiras gravações como “sideman”. Pouco depois, acompanharia figuras do gabarito de Eddie Harris, Harold Land e Bobby Hutcherson em suas temporadas européias.

Na primeira metade dos anos 70 Reid passou a se dedicar ao ensino, não apenas para escapar da rotina de viagens e concertos, mas também como forma de juntar economias e obter uma maior estabilidade financeira. Durante uma visita a Nova Iorque, conheceu o grande contrabaixista Richard Davis e, inspirando-se em suas múltiplas atividades, resolveu fazer o mesmo – passou a lecionar e também a atuar em orquestras da Broadway, sem esquecer o trabalho como sideman. Nessa qualidade, participa de álbuns de Eddie Harris, agrega-se à Thad Jones / Mel Lewis Orchestra (na qual permanece alguns anos) e faz parte da seção rítmica de Nancy Wilson.

Já bastante envolvido com a educação musical, Rufus lança pela “Columbia Pictures Publications”, em 1974, o método “The Evolving Bassist”, considerado um dos mais completos livros didáticos sobre o contrabaixo jazzístico. Em 2003 o livro foi relançado, acompanhado de um DVD que, além das aulas práticas, apresenta o baixista em um concerto ao lado dos ótimos Mulgrew Miller e Lewis Nash. Outro livro de sua autoria é “Evolving Upward – Bass Book II”, publicado em 1977.

Entre 1977 e 1978, Rufus assume o contrabaixo da banda de Dexter Gordon, realizando diversas temporadas com o saxofonista e participando de gravações, com destaque para o álbum “Sophisticated Giant”.  Gravou também, em 1979, o álbum “Love Song”, sob a liderança do pianista George Cables. Em 1980 Reid inicia uma longa associação com o “William Paterson College”, de Nova Jérsei, onde dirigiu o “Jazz Studies and Performance Program”. Ainda naquele ano, faz a sua primeira gravação como líder (“Perpetual Stroll”, para o selo Sunnyside, secundado pelo pianista Kirk Lightsey e pelo baterista Eddie Gladden).

A partir de 1984 Rufus monta um trio com Terri Lyne Carrington e Jim McNeely. Outro projeto de grande relevo foi o grupo Tana-Reid, um quinteto nos moldes dos Jazz Messengers, co-liderado pelo baterista Akira Tana. A banda se manteve em atividade de 1990 a 2001 e gravou cinco álbuns: “Yours and Mine” e “Passing Thoughts”, para a Concord Records e “Blue Motion”, “Looking Forward” “Back To Front”, para o selo Evidence Music.

Reid tem sido uma figura constante nos palcos e estúdios de gravação ao longo dos últimos 40 anos, com surpreendente ecletismo de parceiros e de estilos. Como sideman, emprestou seu talento para gente como Kenny Dorham, Eddie Harris, Thad Jones, Muhal Richard Abrams, Andrew Hill, Dexter Gordon, J. J. Johnson, Gene Ammons, Lee Konitz, Henry Threadgill, Art Farmer, Ran Blake, Tommy Flanagan, Eddie Daniels, Hamiet Bluiett, Helen Merrill, Kenny Burrell, Jim Hall, Jimmy Heath, John Stubblefield, Jack DeJohnette, Frank Foster, Frank Wess, James Williams, Nancy Wilson, Bob Mintzer, George Cables, Billy Hart, Sonny Stitt, Don Byas, Bill Evans, Bobby Hutcherson, Etta Jones, Mel Tormé, Kenny Barron, Cláudio Roditi, Tete Montoliu, Benny Golson, Joe Henderson, Jane Ira Bloom, Conrad Herwig, Nick Brignola e uma infinidade de outros.

Em seus álbuns como líder, lançados por selos como Double Time Records, Wave Records, Concord, Sunnyside e Motéma Records, ele sempre fez questão de se cercar de alguns dos mais brilhantes músicos da atualidade, como Bobby Watson, Harold Danko, Tom Harrell, Rob Schneiderman, Jesse Davis, Kenny Burrell, Ralph Moore, Gene Bertoncini e Kevin Eubanks, além dos brasileiros Toninho Horta e Duduka da Fonseca. Gravou álbuns em dueto com os baixistas Michael Moore (“Intimacy of the Bass”, 1999, Double-Time Records) e Peter Ind (“Alone Together, 2000, Wave Records).

Considerado um dos melhores álbuns de sua relativamente curta discografia como líder, “The Gait Keeper” traz algumas das melhores performances de Rufus e revela um pouco do seu talento composicional. O disco, gravado entre os dias 31 de julho e 1º de agosto de 2002, foi lançado pela Sunnyside e reúne peças compostas por Reid para a Cornell University Jazz Ensemble, big band formada por alunos e professores daquela renomada universidade. Apenas duas das oito faixas não foram compostas pelo baixista, que está acompanhado por músicos pouco conhecidos mas extremamente competentes: o saxofonista Rich Perry, o trompetista Fred Hendrix, o pianista canadense John Stetch e o baterista Montez Coleman.

O disco abre com “The Meddler”, cuja estrutura fragmentária e evasiva remete ao Coltrane da segunda metade dos anos 60. O contrabaixo, incansável, não apenas faz o aporte rítmico, mas também sublinha as frases dos demais solistas, em um trabalho de pura ourivesaria sonora. Reid elabora riffs infecciosos e seu solo é pujante, robusto e sumamente criativo. A sonoridade de Stetch se mostra fluida e bastante articulada, enquanto trompete e saxofone executam um diálogo repleto de dissonâncias.

A serpenteante “Ode to Ray” é uma homenagem de Reid ao ídolo Ray Brown e nela o quinteto flerta discretamente com a música oriental, com uma belíssima performance de Coleman. O líder constrói frases extremamente eloqüentes e seu sentido harmônico é estupendo, com direito ainda a um majestoso solo, usando o arco com extrema maestria. Destaque também para Perry, oriundo da orquestra de Maria Schneider e da banda do pianista Fred Hersch, e sua abordagem imprevisível, à Joe Henderson.

“Whims of the Blebird” é um mergulho nas águas do bop contemporâneo, com um trabalho notável do pianista Stetch, bastante seguro do ponto de vista rítmico e extremamente inventivo no que tange à capacidade de improvisar. Hendrix, usando a surdina, possui um apurado senso melódico e sua abordagem, repleta de texturas, mesmo usando poucas notas, lembra o minimalismo de Miles Davis. A integração entre contrabaixo e bateria também merece uma audição bastante atenta.

“Falling in Love” é um tema de autoria do vibrafonista e pianista Victor Feldman. Hipnótica e pouco ortodoxa, é uma balada sombria, na qual os instrumentos parecem flutuar. Hendrix é o maior destaque individual, desta feita usando o flugelhorn de maneira deveras convincente. “The Gait Keeper”, faixa que dá nome ao disco, começa com uma primorosa intervenção de Coleman. Pouco a pouco, os outros instrumentos vão sendo agregados e constroem uma melodia cheia de alternâncias harmônicas. Post-bop em sua essência, remete aos discos de Wayne Shorter para a Blue Note na década de 60, associação que fica ainda mais evidente ao se ouvir o formidável trabalho de Perry.

A contagiante “You Make Me Smile” é temperada com ritmos afro-caribenhos, com direito a participações entusiásticas de Perry e Hendrix. “Celestial Dance” é outro tema complexo, elaborado sobre bases harmônicas quebradiças e melodia labiríntica. O som volumoso de Reid conduz a harmonia com inquestionável autoridade, intercalando momentos reflexivos com andamentos mais velozes. O piano de Stetch soa como uma inebriante cascata de acordes, enquanto o trompete de Hendrix pontua as frases mais dramáticas com furiosa veemência.

A faixa de encerramento, “Seven Minds”, é uma composição do grande Sam Jones. A longa introdução mostra uma das especialidades de Reid, que é o trabalho com o arco. Tocando sem nenhum acompanhamento, ele, em seguida, começa a usar a técnica de pizzicato, quando só então os demais instrumentos se apresentam. Hard bop vibrante e matizado, o tema serve como veículo para exibições empolgantes de Perry, Stetch e Hendrix.

O sempre atento Pedro “Apóstolo” Cardoso, assevera, com grande propriedade, que Rufus “é um solista da nova geração, com muitas imaginação e velocidade, sempre mantendo a característica de igualdade de som em todos os registros.   Sua grande facilidade e soltura rítmica permitem a construção de linhas de baixo, combinando elementos harmônicos convencionais e mudanças imprevisíveis de tessitura.  Quando utiliza o arco Rufus inspira-se claramente nos músicos clássicos, com sonoridade que beira o suspense”.

Reid é um emérito colecionador de prêmios e homenagens. Recebeu o “Humanitarian Award”, em 1997, concedido pela “International Association Of Jazz Educators”. Foi nomeado “Jazz Educator Achievement Award” em 1998, pela “Bass Player Magazine”. Em 1999 ganhou o título de “Outstanding Educator”, novamente pela “Internacional Association Of Jazz Educators” e em 2001 recebeu o “The Distinguished Achievement Award”, dado pela “International Society Of Bassists”.

Seu trabalho como compositor também tem sido objeto de inúmeras premiações. Em julho de 2000, sua composição “Skies Over Emilia” foi a vencedora do “Charlie Parker Jazz Composition Award”, concedido pela BMI Foundation, em uma competição cujos jurados eram o crítico Dan Morgenstern, o trombonista Slide Hampton e o saxofonista Lee Konitz. O prêmio de três mil dólares foi entregue durante o BMI Jazz Composers Workshop, realizado no Merkin Concert Hall, em Nova Iorque.

Em 2005 Rufus foi agraciado com o “Mellon Jazz Living Legacy Award”, concedido pela Mid-Atlantic Arts Foundation, por sua contribuição ao jazz e à educação musical, sendo considerado pela fundação outorgante como um “tesouro musical norte-americano”. No ano seguinte, o New Jersey State Council on the Arts concedeu-lhe o título de “Fellowship”. Em 2008 foi a vez da John Simon Guggenheim Memorial Foundation nomeá-lo “Guggenheim Fellow”.

O contrabaixista também envereda pela seara erudita com bastante desenvoltura, tendo participado de um concerto ao lado do pianista Andre Previn, da cantora lírica Kathleen Battle e da St. Lukes Chamber Orchestra, em 1992. Em 2003 Reid compôs “Linear Surroundings”, cuja execução ficou a cargo da The Chamber Music America, ligada à Doris Duke Charitable Foundation. Em 2006 compôs, a convite da “Sackler Composition Commission Prize”, uma suíte inspirada nas esculturas de Elizabeth Catlett. Dividida em quatro movimentos, a peça recebeu o nome de “Quiet Pride” e foi apresentada nas universidades de Connecticut, Storrs e Stanford.

Respeitado como intérprete, educador, compositor e arranjador, Rufus Reid é um dos mais requisitados músicos da atualidade e sua agenda é das mais concorridas. São concertos, gravações, oficinas e aulas em instituições como Rosa Parks Fine Arts High School, The Jamey Aebersold Summer Jazz Camps, The Steans Institute for Young Artists, The Stanford University Jazz Workshop, Lake Placid Institute e The Richard Davis Foundation for Young Bassists. Ele ainda encontra tempo para exercer a função de Diretor Musical do projeto “Jazz For Teens”, mantido pelo New Jersey Performing Arts Center, em Newark.

Para Benny Golson, o contrabaixista “não tem medo de correr riscos. Seu som é excelente e se mantém sempre em altíssimo nível. Como intérprete, ele é capaz de tocar em qualquer contexto. Rufus faz as coisas acontecerem da maneira mais eficaz possível, enriquecendo cada situação com extrema competência”. Fazendo eco às palavras do saxofonista, Ron Carter vaticina: “Rufus Reid é um dos baixistas mais honestos que eu conheço. Ele toca com conhecimento e respeito”.

O baixista vive com a esposa em Teaneck, Nova Jérsei. Aposentado como Professor Emérito do “William Paterson College”, onde lecionou por vinte e três anos, Reid costuma passar horas praticando com o seu contrabaixo alemão, fabricado por Josef Reiger em 1805. Em uma entrevista recente, declarou: “Eu me orgulho de conseguir tocar sem ter conhecimento prévio da situação musical que vou encontrar. Não saber como a música vai se desdobrar é sumamente excitante. Para mim, isto é o verdadeiro significado do jazz. Eu vivo para o desconhecido!”

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28 comentários:

Érico Peixoto disse...

"Entre 1977 e 1978, Rufus assume o contrabaixo da banda de Dexter Gordon, realizando diversas temporadas com o saxofonista e participando de gravações, com destaque para o álbum “Sophisticated Giant”."

Não sabia dessa informação, meu caro xará. Faz tempo que não escuto esse disco. Vou garantir uma nova e atenciosa audição.

Seu texto, como sempre, maravilhoso e riquíssimo, meu amigo. Aproveito e informo-lhe que fiz uma nova indicação de seu blog em um de meus recentes textos.

Um grande abraço e até a próxima!

Érico Cordeiro disse...

Xará,
É sempe bom tê-lo a bordo.
Esse disco é sensacional. O cd que eu tenho saiu pela série Best Values, foi bem baratinho mas com direito a um extenso texto de apresentação e muitas fotos. Numa delas o Reid aparece com óculos escuros e headfone no ouvido - estiloso o rapaz! :-)
Abração e volte sempre!

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Estimado ÉRICO:

Na velocidade de publicação de suas resenhas, breve teremos não mais o "Confesso Que Ouví, Vol. II", mas uma verdadeira "Enciclopédia das Melhores Audições".
Bela resenha para um dos grandes do contrabaixo, capaz de deliciar-nos em quaisquer contextos.
Grato pela música, que não conhecia até o momento.

Sergio disse...

Meu amigo, tou tão focado no Sphere que só tenho a lhe dizer q esse papo de álbum baratinho me lembra que realmente, os discos da banda de Rouse, Barron, Riley e ... que baixista é esse tal de Buster Williams???!!! estão da mesma forma, baratérrimos! Espero q tenhas encomendado todos, pq os discos são ex-ce-lentes!

Aproveito o espaço para agradecer ao Pituco a visita. Acho q nossos blogs estão sempre em conflito, oras é o dele que não me deixa comentar, oras é o meu pro comentário dele. Então vai por aqui: feliz ano novo japa-brazuca! Natal tbm, claro, mas o ano novo é pro ano todo...

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Prezado SÉRGIO:

Com bastante certeza as notas seguintes são de seu conhecimento, mas como escreveu "Buster Williams" como se não soubesse quem era, desculpo-me antecipadamente por "meter a colher".
"Buster" Williams (Charles Anthony Jr., Camden / New Jersey, 17/abril/1942) atuou no grupo de Gene Ammons e Sonny Stitt (1960), depois com Dakota Staton (1961/1962), Betty Carter (1963), Sarah Vaughan (1964/1968) e Nancy Wilson (1968); simultaneamente de 1965 a 1968 integrou os "Jazz Crusaders". Em 1967 substituiu Ron Carter no grupo de Miles Davis, em 1969 esteve com Herbie Hancock etc etc etc.
Essa é apenas uma mínima amostra do "curriculum" de "Buster", um contrabaixista de alto nivel técnico, preciso e com absoluto domínio sonoro, largamente recrutado para grupos "pós-bebop" e "harbop".
Desculpe-me pelo atrevimento, mas como "Buster" é um dos contrabaixistas que mais aprecio, "metí a colher" por bons motivos emocionais.

Sergio disse...

Pois é mr. Apostolo, a impressão q me dá é que Williams diz, "posso ir?" E naturalmente, todos dizem: "pela mor de deus, vai"!

Érico Cordeiro disse...

Meus caros Apóstolo (mais do que fonte inspiradora, o verdadeiro artífice do texto sobre o Reid) e Sérgio,
Uma honra recebê-los no barzinho.
Ao primeiro, digo que com esse "ghost writter" dá pra escrever umas dez enciclopédias de jazz, fácil, fácil :-) O que seria do barzinho sem você?
E o ritmo tá bom mesmo - além do Phineas Newborn e o Jimmy Rowles (devidamente "apostolados"), estou trabalhando em resenhas sobre o Sonny Fortune (o disco é o You, and the Night and the Music, com George Cables no piano), Ron Carter (o disco será, provavelmente, o sensacional Third Plane, com Herbie Hancock e Tony Williams) e Roland Kirk.
No aguardo, é claro, dos bons e velhos Teddy e Mary :-)
Mr. San, estou ansioso pela chegada dos bichinhos. Pela amostra lá do sonicbar, o negócio é briga de cachorro gigante. E viu aí como o barzinho é chique, mal falou no Buster, já pintaram informações mais do que preciosas (tenho dezenas de gravações com ele como sideman, mas nenhuma como líder - vou tentar reparar esse erro).
Grande abraço aos dois!

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss Érico,

The man who never sleeps rides again! Sua vitalidade, entusiasmo e disposição são de darem inveja aos idosos alquebrados como eu!

Rufus Reis tocou com o quarteto de Dexter Gordon no Festival de Jazz de São Paulo de 1978 - excepcional concerto! Os demais integrantes do grupo eram Kirk Lightsey (piano) e Eddie Gladden (bateria).

Pelo que sei, o CD mais recente de Rufus é com o seu trio, do qual faz parte o baterista Duduka da Fonseca, meu grande amigo de longa data (apesar de ele ser bem mais jovem que eu). By the way, como fazem todos os anos, Duduka, sua esposa Maucha Adnet e filhas chegarão na próxima semana ao Rio para passar as festas de fim de ano com suas respectivas famílias.

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Com licença desculpo-me com meus preclaros companheiros jazzófilos.

Uma correção no post anterior:

NOME CORRETO É RUFUS REID, NÃO RUFUS REIS !!!????

Sorry and keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Esse festival entrou para a história como o mais importante realizado no Brasil e contou com atrações de altíssimo nível, não é mesmo? Comparável a ele, em qualidade das atrações, só mesmo o American Jazz Festival, realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1961 e que trouxe ao Brasil pesos-pesados como Al Cohn, Zoot Sims, Kenny Dorham, Curtis Fuller, Herbie Mann, Coleman Hawkins, Roy Eldrige, Tommy Flanagan, Chris Connor, Jo Jone e Ray Mantila, entre outros.
Quanto ao disco do Reid com o Duduka, é o Out Front, que eu tenho e gosto bastante, embora tenha um clima mais reflexivo, com algumas incursões pelo jazz de vanguarda.
Grande abraço - é sempre muito bom tê-lo no barzinho.

José Domingos Raffaelli disse...

Dear Gran Master Boss Érico,

Realmente, os concertos do American Jazz Festival no Rio e São Paulo figuram entre os melhores de todos os tempos relizados no Brasil. Por sinal, um desses concertos está documentado no LP e posteriormente editado em 2 CDs) pela gravadora Imagem, de saudosa memória com o título "JAZZ NO MUNICIPAL", para o qual redigi as notas do texto (que na edição em CDs foi drasticamente cortado).

Poucos sabem que non AJF originalmente estavam escalados J. J. Johnson (trombone), Sonny Stitt (sax alto) e Jimmy Rushing (cantor), porém, por razões ignoradas, na última hora foram substituidos respectivamente por Curtis Fuller, Al Cohn e Chris Connor.

Com relação aos integrantes do AJF, permitam-me uma observação, porém sem qualquer intenção de criar polêmicas, que não levam a nada. Trata-se do trompetista Kenny Dorham, que veio com o grupo, que a meu ver jamais teve o reconhecimento que mereceu, exceto por Art Blakey, que chamou-o de "O Rei sem coroa do trompete".
Em minha opinião, KD foi um dos melhores, mais articulados e mais inventivos trompetistas revelados no período do bebop. Sempre admirei-o por sua capacidade de desenvolver seus solos repletos de idéias melódicas soberbamenrte articuladas, além de possuir uma sonoridade própria facilmente reconhecível.

Sei que certos jazzófilos torcem o nariz ao ouví-lo, porém a esses recomendo ouvír atentamente suas preciosas e maravilhosas intervenções em "Like Someone in Love", com os Jazz Messengers ao vivo no Café Bohemia (Blue Note) ou em "Delirium", no CD "Fontainebleu", de Tadd Dameron, gravado para a Prestige. A propósito, sempre fui admirador incondicional de Dameron, o melhor compositor e arranjador do jazz moderno.Há tempos comecei a escrever um artigo sobre ele, porém não o terminei. Estou pensando em retomar essa tarefa.

Desculpem tanto blá-blá-blá, por isso prometo não voltar a abusar da paciência de vocês.
Keep swnging.

Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Esse festival de 1961 realmente deve ter sido um sonho! Quanta gente boa...
Quanto ao Dorham, assino embaixo - ele foi tão genial quanto Clifford Brown ou Dizzy Gillespie, mas nunca foi muito reconhecido - uma pena (adoro seus discos para a Blue Note).
E pode continuar "abusando", que a clientela do barzinho fica mais do que satisfeita com os seus "acepipes"!!!!!

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Estimado ÉRICO e prezado JDR:

Como o texto original relativo ao AJF (Teatro Municipal do Rio de Janeiro, 16/julho/1961)foi cortado na edição dos 02 CD's, fui forçado quando do lançamento destes a copiar o texto integral dos LP's e utilizá-lo como encarte do CD1.

Érico Cordeiro disse...

Esteja à vontade para disponibilizar pros clientes do barzinho, Mestre!

MARIO JORGE JACQUES disse...

Grande Raffa tem razão Kenny Dorhan é genial. Quanto ao baixista Reid muito bom um dos melhores da atualidade.
Abraços

Érico Cordeiro disse...

Meu querido MaJor,
Alcaide da região serrana e vice-rei de itaipava e adjacências!
É sempre muito bom tê-lo no barzinho - o Reid toca muito, impressionante como ele é tranqüilo, mesmo nos momentos mais tensos. Tenho um dvd gravado em Viena, em que ele lidera um trio formidável (com Fritz Pauer no piano e John Hollenbeck na bateria) e o show é de cair o queixo.
Abração!

Rogério Coimbra disse...

Mestre Cordeiro:
Sempre, boas lembranças e fantásticas informações.

Vou subir na minha escadinha para buscar os Cds nos quais o Rufus está.
Só não posso cair.

Paul Chambers, Ray Brown, Percy Heath, Chuck Israel, Sam Jones, essa turma, sempre pegou pesado, firme, acentuando no keep walking.

Continue, Mr. Cordeiro, mandando essa informações preciosas para que a gente continue sempre a brincar e a gostar de jazz.

Érico Cordeiro disse...

Mestre Coimbra,
Muito bom lê-lo!
Pois tome cuidado com a escada, mas junte tudo que tiver do Reid, porque ele vale a pena.
Dos citados, Paul Chambers e Ray Brown já deram as caras por aqui e Sam Jones, assim como Ron Carter, o farão em breve.
Abração!

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Estimado ÉRICO:

O texto foi por email.

figbatera disse...

Após esse verdadeiro "show" de informações, só posso dizer: obrigado, gente!
Aqui, tanto o editor-chefe como os comentaristas são de altíssimo nível e a gente (nós, os simples mortais) pode se deliciar com estas maravilhosas aulas sobre o amado JAZZ!

Érico Cordeiro disse...

Caríssimos Apóstolo e Fig,
Ao primeiro, só tenho a agradecer - penso em postar o texto, mas para isso teria que ter os discos do festival, que in felizmente não possuo. Vou tentar com o amigo Sônico, ok?
Ao segundo, espero que a festa de arromba tenha sido espetecular, como aliás já se anunciava desde seus primórdios. Muitas felicidades e obrigado por sua presença no barzinho, sempre generoso com as palavras!
Um fraterno abraço aos dois!

José Domingos Raffaelli disse...

Estimados amigos e correligionários
jazzófilos,

Com relação a Kenny Dorham, em 1972foi descoberto que ele necessitava de um transplante de rim com a máxima urgência. Nesse sentido, vários amigos músicos mobilizaram-se para angariar recursos para o transplante. Um de deles foi o saxofonista Joe Henderson, que Kenny Dorham lançou na vida profissional gravando com ele para a Blue Note. Quando veio ao Rio, na entrevista que fiz com Joe Henderson, relatou-me este fato relativo ao transplante.

Um dos amigos de Kenny Dorham procurou Miles Davis solicitando-lhe sua contribuição. Este, como quase sempre mal humorado, desaforado e grosseiro, respondeu:

- Meu dinheiro é para ser gasto com coisas boas da vida e não para ajudar um trompetista mediocre.

Partindo de quem foi, não admira em absoluto....

A despeito dos esforços dos amigos de KD, não conseguiram o montante desejado para o salvador transplante, e ele faleceu em dezembro de 1972, caso minha memória não esteja rateando.

Keep swinging,
Raffaelli

PREDADOR.- disse...

Não esperavamos outra coisa de Miles Davis, ele sim um trompetista mais que medíocre e ainda por cima desumano, mal educado e "munheca de samambaia".

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli e Predador,
Sejam mais que bem-vindos!
Pena que o Dorham tenha ido tão cedo e em circunstâncias tão dramáticas.
Além de soberbo trompetista ele também era extremamente politizadpo e muito articulado intelectualmente - escrevia artigos para a Down Beat e a Metronome com freqüência.
Mr. Predador, mas que diabos é "munheca de samambaia"? Essa eu não conhecia!
Abração!

Érico Cordeiro disse...

Valeu, Renato!
Ficam as ótimas dicas para os amigos do barzinho!

pituco disse...

érico san,

ouço e leio...resenha e comentários...que também enriquecem o babado por aqui...parabéns por mais essa aula...obrigado

signores...vale lembrar que donativos não são obrigatórios...e quem há de confirmar a veracidade da resposta de mr.miles???...

abrçsons

Érico Cordeiro disse...

Grande Mr. Pituco,
Sonzeira bacanuda a de Mr. Reid.
Quanto ao Miles, na resenha que estou fazendo sobre o Ron Carter, o baixista só fala bem do cara - o Jimmy Cobb, sobre quem já publiquei um post aqui, também.
Acho que muita gente aproveitava o temperamento difícil do cara pra espalhar histórias cabeludas sobre ele - de repente quem contou essa história pro Mestre Raffaelli nem chegou a falar com ele - nos anos 70 Miles tava gravando três ou quatro discos por ano e excursionando em esquemas parecidos com uma banda de superstars do rock. Vai ver ele nem soube da doença do Dorham ou nem foi procurado pra ajudar e aí alguém vai lá e diz que ele se recusou...
Abração!

Unknown disse...

Que maravilha de BLOG, caramba o lugar aqui esta repleto de gente de altíssimo bom gosto musical, aliás já que estou aqui gostaria de dizer que este contrabaixista é um dos que eu mais gosto.
Parabens por este BLOG super bacan

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