Amigos do jazz + bossa

domingo, 23 de maio de 2010

MOMENTOS ROUBADOS



O saxofonista, clarinetista, maestro, arranjador, compositor e bandleader Oliver Edward Nelson veio ao mundo no dia 04 de junho de 1932, na cidade de Saint Louis, estado do Missouri. A música era algo bastante natural à família Nelson: o avô materno, de ascendência portuguesa, era músico amador e tocava diversos instrumentos, um de seus irmãos mais velhos, Eugene Nelson, também era saxofonista e havia integrado a orquestra de Cootie Williams, durante a década de 40 e sua irmã, Leontine Nelson, era cantora e pianista. O piano, aliás, foi o primeiro instrumento do pequeno Oliver, cujas lições começou a receber quando tinha apenas seis anos. Não por acaso, seu primeiro ídolo foi Willie “The Lion” Smith.

Ao onze, encantado com a maravilhosa sonoridade que Johnny Hodges impunha à orquestra de Duke Ellington, decidiu trocar o piano pelo saxofone alto – embora no futuro também fosse se destacar no sax soprano e no tenor. Paralelamente aos estudos, Nelson começou bastante cedo a carreira profissional, tocando em diversas bandas da cidade natal. A partir de 1947, tocaria com a Jeter-Pillars Orchestra e com as orquestras de George Hudson, Nat Towles e Eddie Randall.

A primeira grande chance veio em 1950, quando foi contratado para tocar e elaborar os arranjos da orquestra de Louis Jordan, com quem faria a sua primeira gravação, em 1951. A parceria foi desfeita em 1952, por conta da convocação de Nelson pela marinha, onde fez parte da orquestra e serviu em bases no Japão e na Coréia do Sul. Após sair da corporação, em 1954, Nelson decidiu retornar a Saint Louis, a fim de estudar teoria musical e arranjo na Washington University. Pouco depois, entraria para a Lincoln University, em Jefferson City, onde se graduaria em composição, no ano de 1958.

Durante o período na universidade, a segregação racial ainda era bastante intensa no sul dos Estados Unidos e os restaurantes eram fechados aos alunos negros. Por essa razão, Nelson era obrigado a almoçar dentro do carro. Alguns anos depois, já considerado um dos mais importantes compositores e arranjadores do país, Nelson voltaria à Lincoln University como professor convidado, quando a chaga da segregação racial, felizmente, já havia sido definitivamente abandonada.

Casado com Eileen Mitchell e com um filho pequeno para criar (Oliver Nelson Jr., que no futuro seria músico também), Nelson resolveu mudar-se para Nova Iorque, em busca de melhores possibilidades de trabalho. Ali, integrou-se às orquestras de Erskine Hawkins e Wild Bill Davis, além de ter sido contratado como arranjador do célebre Apollo Theater, no Harlem. Em 1959, tocou por alguns meses com a big band de Louie Bellson e começou a liderar seus próprios conjuntos.

Entre 1960 e 1961, Nelson fez parte da orquestra de Quincy Jones, tendo excursionado pelos Estados Unidos e pela Europa com freqüência. Também nessa época, tocou brevemente nas orquestras de Duke Ellington (sax alto) e Count Basie (sax tenor), e elaborou os arranjos para big band do álbum “Trane Whistle”, de Eddie Lockjaw Davis. Outro trabalho que lhe deu enorme notoriedade foi a feitura dos arranjos do álbum “Bashin”, de Jimmy Smith, em 1962.

Como acompanhante, atuou com, entre outros, Cannonball Adderley, Etta James, Gene Ammons, Gary McFarland, Sonny Stitt, Mundell Lowe, Art Farmer, Joe Williams, Nancy Wilson, J. J. Johnson, Della Reese, Red Garland e Sonny Rollins sendo que em muitos dos álbuns desses artistas Nelson também era o responsável pelos arranjos – e nesse metier, Nelson era praticamente imbatível, com trabalhos para, entre outros, Wes Montgomery, Billy Taylor, Stanley Turrentine, Benny Golson, Louis Armstrong, Johnny Hartman, Ray Brown, Milt Jackson, Jimmy Rushing, Pee Wee Russell e muitos mais.

Entre 1959 e 1961, Nelson gravou diversos discos para a Prestige, tendo a seu lado acompanhantes da estatura de Kenny Dorham, Eric Dolphy, Roy Haynes, Ray Bryant, Art Taylor, Richard Wyands, King Curtis e Jimmy Forrest. Apesar da boa receptividade desses álbuns, a maior parte da crítica e do público considera o álbum “The Blues And The Abstract Truth” (Impulse, 1961) a sua obra-prima. De fato, trata-se de um álbum verdadeiramente indispensável, que apresenta a versão definitiva do standard “Stolen Moments” (de sua autoria e que havia sido gravado no ano anterior por Eddie Lockjaw Davis) e traz performances extraordinárias de Bill Evans, Freddie Hubbard e Eric Dolphy.

Mas o álbum sobre o qual se deseja falar é o bem menos conhecido e muito menos incensado “Screamin’ The Blues”. Gravado para a Prestige no dia 27 de maio de 1960, no Estúdio Van Gelder, o álbum apresenta Nelson à frente de um sexteto composto, ainda, por Eric Dolphy (sax alto, clarinete baixo e flauta) Richard Williams (trompete), Richard Wyands (piano), George Duvivier (contrabaixo) e Roy Haynes (bateria). Trata-se do primeiro de uma série de memoráveis encontros entre Nelson e o ultravirtuose Eric Dolphy e os resultados são, sob qualquer ponto de vista, notáveis.

O álbum faz, basicamente, uma releitura do blues, dando-lhe uma abordagem contemporânea, mas sem abrir mão do feeling. A tensão entre modernidade e tradição está bastante visível – ou melhor, audível – na faixa de abertura, que também dá nome ao álbum. Em seus 10min58seg de pura energia, Nelson, com o tenor, e Dolphy, com o clarinete baixo, fazem um passeio que remonta à origem do jazz e à tradição de reproduzir nos instrumentos de sopro a voz humana – daí o título, pois aqui o blues é “gritado” com enorme intensidade. Magistrais as participações de Duvivier e Wyands, merecendo destaque também o fabuloso solo do pouco conhecido Richard Williams (com trabalhos ao lado de Charles Mingus, Grant Green, Lou Donaldson, Yusef Lateef e na Thad Jones-Mel Lewis Orchestra).

Em seguida, um blues de andamento marcial, “March on, March on”, de Esmond Edwards, também produtor do disco. A bela introdução fica a cargo de Duvivier, e, aos poucos, todos os demais instrumentos vão se agregando ao tema. Pela ordem, os solos são elaborados por Williams, Nelson (que pilota o sax tenor), Dolphy (a bordo de um flamejante sax alto), Wyands e, novamente, Duvivier.

A levada irresistível de “The Drive”, composta pelo líder, é um dos pontos altos do álbum e uma das duas únicas que não se aferra à estrutura do blues – é um hard bop pulsante e de muito groove. Já foi dito que as músicas de Nelson são fáceis de ouvir e difíceis de tocar e esta afirmação fica bastante evidente nesta faixa. Haynes, com sua percussão articulada, e os infatigáveis Wyands e Duvivier dão o suporte e a coesão necessários para os vôos de Dolphy, particularmente inspirado, Nelson e Williams, cujo estilo melodioso e lírico, mesmo nos contextos mais quentes, é comparável ao do grande Kenny Dorham.

O blues retorna com força total em “The Meetin’”, uma verdadeira pérola da oficina de sons de Nelson, com uma pegada gospel e repleta de evocações a mestres como Jay McShann e Ray Charles. Dolphy parece decidido a ultrapassar todas as fronteiras harmônicas impostas pela física ao sax alto e seu solo é pungente, assimétrico, selvagem, dramático, genial. Também são dignas de nota as fabulosas performances de Williams e de Wyands, cujo solo reproduz com intensidade o melhor da tradição do blues.

“Three Seconds” também bebe na fonte do blues, mas bem menos ortodoxo em sua concepção. Solos muito bem construídos, por parte do líder, de Williams e, como sempre, de Dolphy. Wyands é o responsável por um dos mais belos solos do álbum, no qual exibe influências da música erudita, em especial Chopin. Estupenda a atuação de Duvivier, cuja segurança e familiaridade com as sutilezas do blues impressionam.

Bebop para big bands. Esse é o mote de “Alto-itis”, mais um tema de Nelson, que encerra o disco. Escrita especialmente para este álbum a faixa celebra a destreza do autor e do seu convidado mais que especial. O duelo entre os dois é fabuloso – Nelson mais centrado na tradição bop, fielmente assentado na trilha aberta por predecessores ilustres como Parker e Dolphy extremamente arrojado e preocupado em apontar novas direções para o saxofone jazzístico. Habilidade, destreza e técnica a serviço do jazz, que fazem deste um álbum indispensável a qualquer discoteca, destacando-se também a maravilhosa remasterização, a cargo do próprio Van Gelder.

Após o período na Prestige, Nelson fez alguns trabalhos para a Argo e a Verve, e continuou a sua vitoriosa carreira de músico e arranjador, sendo um dos mais disputados dos anos 60. Provavelmente, é o único sujeito no mundo que trabalhou com Thelonious Monk (fez os arranjos do álbum “Monk’s Blues”, de 1968) e Ringo Starr (foi um dos arranjadores do disco “Sentimental Journey”, de 1970). Aliás, elaborar arranjos para astros da música pop era uma constante na carreira de Nelson, que trabalhou com Diana Ross, Leon Thomas, The Temptations, James Brown, Esther Philips e Ray Charles.

Nelson foi o responsável pelos arranjos e pela condução da orquestra que atuou no álbum “Leonard Feather's Encyclopedia of Jazz All Stars”, uma compilação gravada pela Verve em 1966 para a série Encyclopedia of Jazz, produzida pelo renomado crítico Leonard Feather, onde pontuavam os estelares J.J. Johnson, Phil Woods, Ron Carter e Clark Terry. Em 1969 realizou o antigo sonho de excursionar pela África.

Por sua própria all-star big band, que permaneceu em atividade entre 1966 e 1975, passaram músicos do calibre de Phil Woods, Grady Tate, Conte Candoli, Jack Nimitz, Tom Scott, Bill Perkins, Frank Strozier, Ed Thigpen, Jerome Richardson e muitos outros, fazendo apresentações em Berlin, Montreux e Nova Iorque. Em 1967, mudou-se para Los Angeles, a fim de trabalhar como compositor e arranjador de trilhas sonoras para a televisão, primeiramente para a série “Ironside”, produzida pela rede NBC. Posteriormente, vieram scores para os seriados “Columbo” (também produzido pela NBC e estrelado por Peter Falk), “The Six Million Dollar Man” e “The Bionic Woman” (estes dois últimos, produzidos pela ABC, foram um estrondoso sucesso nos 70).

Também compôs a trilha para o western “Death of a Gunfighter” (no Brasil, “A morte de um pistoleiro”, com Richard Widmark e Lena Horne, de 1969) e escreveu os arranjos para a trilha sonora do filme “O último tango em Paris”, composta por Gato Barbieri. Nelson também compunha peças eruditas, como sinfonias, e era um apaixonado pela educação musical, sendo que a partir de 1969 dava concorridos cursos de verão na Washington University, para os quais costumava levar, como artistas convidados, amigos como Phil Woods, Mel Lewis, Thad Jones, Sir Roland Hanna e Ron Carter. Também escreveu o livro “Patterns for Saxophone”, bastante popular entre os estudantes de saxofone.

Em 1970, Nelson gravou “Black, Brown And Beautiful”, disco tributo em homenagem a Mertin Luther King, assassinado dois anos antes. Além de composições do próprio Nelson, o disco incluía temas de Duke Ellington e do nosso maestro Tom Jobim (“Meditação”). Entre os músicos que participaram do projeto, estavam o baixista Ron Carter, o guitarrista Denis Budimir, o jovem trompetista Randy Brecker, os trombonistas Garnett Brown e Al Grey, os bateristas John Guerin, Shelly Manne e Roy Haynes, os saxofonistas Johnny Hodges e Jerome Richardson e os pianistas Roger Kellaway, Hank Jones e Earl Hines.

No dia 28 de outubro de 1975, quando se encontrava no auge do prestígio como arranjador, Oliver Nelson faleceu de maneira precoce e absolutamente inesperada. Tinha apenas 43 anos e um futuro brilhante pela frente. Primeiramente, atribuiu-se a sua morte a um ataque cardíaco fulminante, especialmente porque nos últimos dias ele vinha trabalhando exaustivamente na elaboração da trilha sonora da série “The Six Million Dollar Man”. Posteriormente, soube-se que o verdadeiro motivo de sua morte foi uma pancreatite aguda – doença traiçoeira que ataca o fígado e que, na enorme maioria dos casos, é fatal. Resta o consolo de sua obra, uma das mais belas e consistentes em toda a história do jazz.

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31 comentários:

Salsa disse...

Stolen moments é um dos temas que eu mais gosto. Sensacional.
Outro grande post.

Salsa disse...

Ps- o predador detesta esse disco. Espero que ele nâo envie nenhum vírus intergalático para limar o post.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Salsa,
Também adoro esse tema. Mas como é que alguém pode detestar esse disco?

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

SEu Érico,

este é um gigante, tanto como instrumentista qto como arranjador e compositor.

Estou colocando escudos defletores ionizados intergaláticos, para q a sanha vingativa do Predador não surta nenhum efeito nem danifique nenhuma faixa da radiola.
Onde já se viu não gostar de uma maravilha dessa? aiaiai tem cada uma viu?
kkkkkkkkkkkkk

Abraços

Ô¬Ô

Érico Cordeiro disse...

Valeu Mauro!
Estamos a postos, com uma bateria de torpedos de fótons, para qualquer eventualidade intergalática!
Abração!!!!

PREDADOR.- disse...

O disco comentado por você mr.Cordeiro, bastante conhecido por "Esculhambando o blues"-aguentar Eric Dolphy é dose.

Valéria Martins disse...

Caramba, esse Nelson rodou o mundo e era versátil pacas, né?

Beijos, querido Erico. Uma boa semana pra ti!

Érico Cordeiro disse...

Não adianta, Mr. Predador,
Nem mesmo com o seu arsenal de mísseis de prótons e raios de nêutrons será capaz de detonar essa obra-prima! Pera lá, o Eric Dolphy tem umas paradas bem sinistras - incluindo aí o incensado Out To Lunch (eu nunca entendi qual é a desse disco, embora já tenha ouvido diversas vezes). Mas esse disco é muuuuuuuuito bom!!! Aliás, é Excelente!!! E o Oliver Nelson tem uma obra de respeito, como compositor, arranjador, bandleader e instrumentista. Olha lá que eu vou avisar o Steve Austin, que é "assim" com o Nelson!!!
Querida Valéria,
Você é sempre muito bem-vinda aqui no barzinho!!! Pois é, o Nelson viveu intensamente e realizou, em apenas 43 anos, coisas que muita gente não realizaria em 430!
Obrigado pela presença e uma excelente semana prá você também.
Um fraterno abraço aos dois!!!!

Takechi disse...

Grande disco do grande Oliver Nelson. Tem um outro ("Straight Ahead", 1961), com o mesmo time, que também é muito bom!
O Eric Dolphy, quando é sideman e está devidamente "domado", é sensacional. Mesmo que o domador seja o não-convencional Ken McIntyre (o ótimo "Looking Ahead"), músico que você mesmo resenhou aqui.
Mas quando ele está livre, leve e solto, apesar de todo o seu talento técnico e musical, sai de baixo! É um porre! Neese ponto concordo com o Predador. O "Out of Lunch", por exemplo, eu tenho que fazer uma preparação especial para ouvir. (Nessas ocasiões, minha mulher foge da eletrola como o diabo da cruz!!!) Um dia desses vi/ouvi um vídeo com um solo de flauta dele com o John Coltrane. Pró meu gosto, não deu certo.
Abraço,
Takechi

APÓSTOLO disse...

Estimado ÉRICO:

Bela, sucinta e mais que precisa resenha, com excelente escolha de gravação.
Na formação - Eric Dolphy, Richard Williams, Richard Wyands, George Duvivier e Roy Haynes - sempre ouço com muita alegria o trabalho de Wyands que, nos acordes, lembra o grande ANDRÉ PERSIANI.
Oliver Nelson deixou-nos muitos "momentos roubados" por sua ida prematura mas, por outra parte, legou-nos tantos e incontáveis "momentos eternos" por sua magnífica obra.

Érico Cordeiro disse...

Grande Takechi - aka "The Winner" (rs, rs, rs)
Seja muito bem vindo! Pois é, meu amigo, o Dolphy tem dessas coisas - precisa segurar a fera senão ele viaja muito!!!
Mas tenho um disco sensacional dele, ao vivo no Five Spot Cafe (vol. I), com Mal Waldron, Booker Little, Richard Davis e Eddie Blackwell. No geral, gosto bastante dos seus álbuns na Prestige e esse "Straight Ahead", do Nelson como líder, também é muito bom.
Gosto muito do som do clarinete baixo, é bastante peculiar (o David Murray também é craque nesse instrumento).
Quanto à união Dolphy/Coltrane, também não é das minhas favoritas (apesar da genialidade de ambos, mas parece que os caras estavam em outra galáxia - rs, rs, rs).
Valeu pela presença e volte sempre!!!

Érico Cordeiro disse...

Mestre Apóstolo,
Postagens simultâneas (rs, rs, rs)!
Tenho dois discos do Wyands, ambos fabulosos! É um musician's musician, não muito conhecido, mas craque à toda prova.
Outro pianista que trilha nos mesmos caminhos é o Ronnie Matthews, elegantérrimo.
O Nelson é outro grande músico que partiu antes da horae que poderia ter nos dado ainda mais beleza!!! Mas tudo tem o seu tempo e resta a sua obra!
Abração!

Takechi disse...

Pois tenho um do Mal Waldron, Booker Ervin, Eric Dolphy, Charlie Persip, Joe Benjamin e Ron Carter no cello ("The Quest"), músicas todas do Mal Waldron, que é uma beleza! Pr'o meu gosto O Eric Dolphy está muito bem (-- claro, com suas fugidas habituais!). E o Booker Ervin, então, nem se fala....
Abraço,
Takechi

Sergio disse...

Ainda não li o texto. Tenho ótimos álbuns do Nelson: Afro-American Sketches 1960; Black, Brown & Beautiful 1969; Oliver Nelson Skull Session 1975 Q Capa!... Oliver Nelson The Blues And The Abstract Truth 1961... Q disco!!!...

Mas só os comentários já me divertiram por demais!... Salsa levantou, Mauro matou no peito, Érico só deu um toquinho com catigoria e Predador estufou as redes! Baixarei esse disco pra ver o quanto o Predador foi humorista! E quanto mais eu gostar desse álbum, mais golaço de humor foi o gol do Predador. E eu tou falando de humor, sério, não é humor irônico, muito menos pastelão.

Por falar nisso, seu san, inventei essa agora: mede-se o amor pelo jazz dependendo da quantidade de vezes que se ouve Out To Lunch. Não amo de verdade o jazz. Só agüentei ouvir duas vezes esse disco – assim mesmo aos pedaços!. Já vc, "várias vezes"! Nem interessa quantas, a partir de 3 já é paixão avassaladora pelo jazz.

Abraços!

Érico Cordeiro disse...

Grandes Takechi e San,
Ao primeiro, digo que também gosto bastante desse The Quest (tem uns momentos meio sombrios mas é um ótimo disco), mas não é uma audição prá todas as horas!
Já ao segundo, por favor, dada de parábolas futebolístecas, ok? Cabeça inchada - parece que a segundona tá bem perto de novo! Mas o Predador não tem razão dessa vez - o disco é supimpa!!!!
Abração aos dois!

Sergio disse...

Meu amigo, sairei pra dar uma camelada ao som de Lenny Breau, minha última descoberta. Simplesmente o melhor guitarrista do mundo!, na cidade mais linda do mundo!, e como torcedor do tricolor, time mais charmoso do planeta! Infelizmente - mas desajuizadamente - perdedor daquela coringada lá... Contudo, nesse descalabro, como diria o filósofo Antônio Carlos Bernardes Gomes*: "tou tranquilis".

E seu san, à beira do gramado do Soccer City, entre Johanesburgo e Soweto, vc acha q dá para não fazer parábolas futebolescas? Poxa, veja a minha 1ª postagem lá no sônico, q permanecerá por lá até o último jogo do Brasil!... É psicologicamente impossível pra mim, não falar na linguagem da bola... E o Vasco... Bem, o Vasco... Pois é, seu san... tá grave a situação do Vasco. Vou dar um tempinho daqui (pq a cabeça, tronco e membros, é só futebol). Sem ressentimentos, seu san.

* para quem não ligou o filósofo ao nome de batismo, o filósofo tbm respondia pela alcunha de Mussum.

Érico Cordeiro disse...

Seu San,
A discografia do cara é robusta e tem alguns disquinhos a preços bem camaradas. Quem sabe eu não me arrisco, não é?
Grande Antônio Carlos: futebol e mé - tudo a ver!!!! Mas o eixo Johanesburgo - Cape Town - Soweto merece que a gente fique ligado, pois tá no sangue!!! Já o meu vasquinzin... pelo menos o Celso Roth sabe armar um time pequeno (e, infelizmente, é o que o vasquinzin é hoje...).
Valeu!!!!

Sergio disse...

Seu Érico, olha o emeio q acabo de receber:

Mr. Ilustre Didjei SERgio:

o João Paulo Oleare e eu gostamos tanto das suas compilations que vamos fazer um bloco no Clube da Boa música daqui a pouco - 8 às 10 da noite - www.universitariafm.com.br -

Se der, confira aí.

Vamos falar em você, de você, do seu blog, do seu belo esforço e trabalho.

abração do Oleari e do João Paulo Oleare.

É a minha compilation, Xaq'ueuxuto, seu san! Fazendo sucesso na mais ilustre rádio de Vitória!

Érico Cordeiro disse...

E o Don Oleari é presença assídua aqui no barzinho também - parabéns pela "celebridade radiofônica" (rs, rs, rs).
Mas as coletâneas estão bem bacanudas mesmo!!!!
Abração!

PREDADOR.- disse...

Veja só mr.Cordeiro, já me promoveram a goleador. Acho que vou pleitear uma vaga naquele nosso timinho (Vasco). Pena que continuo jogando(ou correndo atrás da bola, como queiram),mas pela ala esquerda(lateral). Quanto ao album do Oliver Nelson ficou a impressão que eu detesto esse músico. Deveria ter alongado mais um pouquinho meu comentário acima para dizer que não é bem assim. O Nelson é um saxofonista, arranjador, maestro de primeira linha. A maioria de seus discos são ótimos, inclusive o citado "Screamin' the blues". Só que este disco é para você ouvir de tempos em tempos, devido a presença, para meu gosto, de Eric Dolphy, que nem com preparação especial dá para aguentar. Inclusive, acho que já contei a passagem a seguir, aqui no seu blog: um amigo, apreciador do jazz, morador em um Ap no décimo terceiro andar tinha um gato da raça "angorá" adorado por sua mulher. Um dia foi escutar um disco do Eric Dolphy o gato não aguentou e pulou lá do 13 para a morte. Quase deu desquite.

Érico Cordeiro disse...

Maldade pura essa história do gato, Mr. Predador!!! Há uma versão de que o João Gilberto teria cometido uma façanha idêntica!
Pô, o Dolphy, devidamente enquadrado (ou domado, como disse o Takechi) é um músico primoroso. O que ele faz com o clarinete baixo é coisa de maluco ou de gênio (no caso dele, acho que as duas coisas juntas).
Quanto ao Nelson, pelo que eu vejo, nada de restrições, não é mesmo?
Valeu pelos esclarecimentos e ouça o já mencionado At The Five Spot Cafe (vol. I), que é uma monstruosidade em termos de arrojo, técnica, improvisação, etc!
Abração!

figbatera disse...

É... Nada mais a dizer!

Érico Cordeiro disse...

Mestre Fig,
Seja bem-vindo! Essa dupla Nelson x Dolphy é do balacobaco!

Andre Tandeta disse...

Erico,
excelente texto,como sempre, sobre esse verdadeiro gigante do jazz e da musica. Oliver Nelson era um estudioso do blues,compos varios com os mais variados estilos. A sua mais conhecida composição "Stolen Moments" representa muito bem esse interesse.Eu acho genial.
É com toda a certeza obrigatorio pra quem gosta de jazz ter pelo menos alguns discos dele,ja que tem tantos e todos são no minimo excelentes,alguns são verdadeiras obras primas.
E sempre com grandes musicos:Bill Evans,Freddie Hubbard,Pepper Adams,Roy Haynes,Grady Tate,Richard Davis,dentre outros .
Eric quem?
Abraço

Érico Cordeiro disse...

Pô, mais um aliado do Predador na cruzada contra o bom e velho Eric Dolphy (rs, rs, rs).
Que o cara tem umas coisas meio esquisitas, tudo bem, mas também tem coisas geniais - esse disco do Nelson, o The Quest do Mal Waldron, o Looking Ahead do Ken McIntyre e muitos outros discos bacanudos provam que o cara entendia do riscado.
Implicância, só porque o cara fazia solos de 66 minutos no oboé (rs, rs, rs)!!
Valeu Mestre!

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Po Seu Érico,

tenho que vir aqui defender o Eric.
Tudo bem ele fez coisas não ortodoxas, concordo. Mas na mesma época o Coltrane tb fazia, mas falar mal do Coltrane pega mal e tal. Então é o seguinte: SE vão arrepiar com o Eric, por uma questão de coerência detonem a geração toda! Pq ser heterodoxo era praxe da época. Quem dera que ainda tivéssemos hj os inconformados de então. Muita coisa ia estar diferente nessa mesmice que nos cerca! É isso, se vamos linchar, vamos linchar todos, até o Coltrane!!

Tenho dito

Ô¬Ô

Érico Cordeiro disse...

Mr. Mauro,
Não precisa radicalizar (rs, rs, rs)!!! São Coltrane tem até igreja, e era fanzaço do Dolphy. Mas é certo que os caras estavam explorando as últimas fronteiras, os limites da Via Lactea e aí, podia tanto vir coisas geniais como coisas que nós, pobres terráqueos, ainda não pudemos compreender. O importante é que deixaram coisas sublimes!!!!
Tudo paz e amor, olhando a orla maravilhosa de Natal, ouvindo Freddie Redd em Redd's Blues, com um sexteto duca, que inclui Benny Bailey, Jackie McLean, Paul Chambers, Tina Brooks e um certo Sir John Godfrey (nunca tinha ouvido falar, até esse disco).
Abração, meu grande consultor on line para assuntos aquisitivos (rs, rs, rs)!!!!

Sergio disse...

Fechando a missão de audição e aprendizado (a aula) do professor Cordeiro, o disco é excelente do início ao fim. Meu destaque é Three Seconds na veia. Tipo, se tivesse que escolher deste álbum uma só faixa pra fazer uma super compilação, escolheria esta – com seu andamento sensual e tema instigante.

Quanto a brincadeira ligada ao futebol, gol de placa, etc... comento e me divirto com a personalidade forte do muito prezado Predador - a quem presto a maior atenção desde o Jazzssen lá pelo ano de 2006 - imagine ironizar ou criticar o gosto, tanto dele, quanto qualquer outro participante. Só acho muita graça e reafirmo o que disse: quanto mais incensado, à opinião da maioria é o disco, mais graça acho das firmes posições de Predador em contrário. E é só. No mais, ao meu modo de ver, o melhor humor se faz quando nem se deseja – ou dá-se a impressão q nem se deseja. E, pra mim, o humor é tão fundamental quanto o gosto pela beleza. Ou se tem ou se pena – mais do que, naturalmente se precisa penar...

Voltando ao álbim: meu bom - e um ano mais velho - amigo Érico: que grande trompetista é o Richard Williams! Já estou aqui até ouvindo a 1ª do único álbum do sujeito: I can dream, can't i? Álbum, “New Horn In Town” – 1960.

Veja o q diz Scott Yanow sobre o disco: “Considerando a força e o talento com que o trompetista Richard Williams interpreta esta sessão, é difícil acreditar que este seja seu único álbum como líder. Mais conhecido por sua associação com Charles Mingus, Williams foi um forte improvisador bop, com uma vasta gama de recursos. Para este álbum (que é dividido entre as standards e originais) Williams e seu quinteto (sax-altista Leo Wright, o pianista Richard Wyands, o baixista Reggie Workman, eo baterista Bobby Thomas) estão em excelente forma realizando um conjunto hard bop altamente recomendável – bem a tradução é Tabajara Google Tranrleitor, mas é + ou – por aí mesmo.

Érico Cordeiro disse...

Grande Sérgio,
Prazer em vê-lo por aqui. Pois é, o predador é o nosso Grilo Falante, a consciência crítica do barzinho (rs, rs, rs). O Williams é mesmo muito bacanudo, mas não conheço suas obras como líder - vou conferir. Já as suas traduções estão cada dia melhores - o TabaTransleitor funciona que é uma beleza (rs, rs, rs).
Abração!

blog disse...

Dolphy e Nelson conhecem-se como poucos músicos. O clarone é instrumento de ambos, e com excelência.
Predador está velho. Em breve roubará picolé de criança.

Grande disco. Tenho vários de Mr. Oliver.
Abraço.

F. Grijó

Érico Cordeiro disse...

Mais um a cerrar nas fileiras Dolphyanas!
Mas será que prá roubar picolé de criança o glorioso Predador vai usar todo o seu potencial bélico, incluindo o tenebroso detonador atômico?
Mistééééééééério!!!!!

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