Amigos do jazz + bossa

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

NA TERRA DO JAZZ


A escola texana de tenoristas, como Illinois Jacquet, Buddy Tate, David “Fathead” Newman, Dewey Redman, James Clay e Arnett Cobb é famosa pelo vigor e pela versatilidade de seus integrantes, capazes de transitar pelo bebop, hard bop, R&B, blues, soul e outros estilos da música negra norte-americana com a mesma competência e desenvoltura. Harold Paul de Vance Land, nascido em Houston, Texas, no dia 18 de fevereiro de 1928, poderia, tranqüilamente, ser incluído no rol dos ferozes “Texas Tenors”, não fosse por um detalhe: quando ainda estava com poucos meses de nascido, o futuro saxofonista e sua família se mudaram para San Diego, na Califórnia.

Eclipsada pelas cosmopolitas Los Angeles e San Francisco, San Diego é uma espécie de “patinho feio” do jazz californiano, o que é uma tremenda injustiça, já que a movimentada cena local dos anos 40 e 50 era forte o bastante para qualificá-la como um dos mais ricos celeiros de grandes músicos de jazz. Lamentavelmente, a maioria deles permanece na obscuridade. Nomes como o do baterista Leon Petties, do contrabaixista Ralph Houston ou do trompetista Froebel Brigham dizem muito pouco aos jazzófilos mais curiosos, mas estes eram alguns dos mais importantes e influentes da cena musical de San Diego, onde Land despontou para o jazz.

O primeiro contato de Land com a música veio através das aulas de piano, recebidas nos anos em que estudou no San Diego High School e o primeiro músico a despertar sua atenção foi Coleman Hawkins, por conta de sua célebre versão de “Body And Soul”. Em meados dos anos 40 o garoto ganhou um saxofone de presente e abandonou o piano, para se dedicar com exclusividade ao novo instrumento. O jazz vivia um de seus momentos cruciais, graças à subversiva atuação de Charlie Parker, Buddy Powell, Dizzy Gillespie e outros jovens músicos, que estavam, então, demolindo as estruturas do velho swing e criando uma escola completamente nova: o bebop.

O jovem Land não ficou alheio a essa revolução e passou a consumir, avidamente, os discos que essa turma da pesada produzia na longínqua Nova Iorque. Remonta dessa época a sua admiração pelo extraordinário Lucky Thompson que, juntamente com Parker, passou a ser sua grande fonte de inspiração. Concluído o colegial, Land foi convidado por Ralph Houston para integrar a sua banda. Pouco tempo depois, o saxofonista se juntou à banda de Brigham, cujos recursos técnicos eram tão soberbos que ele foi convidado por astros como Duke Ellington e Billy Eckstine para integrar as suas respectivas orquestras.

Mais do que satisfeito com a vida que levava em San Diego, Brigham recusou todos os convites para sair dali. Contudo, suas bandas eram consideradas de primeira linha e se apresentavam em concorridos shows nas mais renomadas casas de espetáculo e boates da cidade, como o Creole Palace e o Black And Tan Club. Além disso, eram freqüentes as visitas de músicos de Los Angeles, como Dexter Gordon, Teddy Edwards, Sonny Criss, Herb Geller e Hampton Hawes, que costumavam participar de gigs com os músicos locais.

Em 1949, a banda de Brigham passou uma temporada em Los Angeles e ali fez algumas gravações para a Savoy. Land foi o grande destaque individual e seu nome se tornou relativamente conhecido entre os músicos da Cidade dos Anjos. Pouco tempo depois, foi contratado pelo guitarrista de rhythm & blues Jimmy Liggins, em cuja banda também tocava o baterista Leon Petties, seu colega dos tempos de escola. Após cerca de um ano com Liggins, Harold se estabeleceu como freelancer na região de San Diago, até 1954, quando decidiu tentar a sorte em Los Angeles.

Como já era razoavelmente conhecido pelos músicos da cidade, não teve muita dificuldade para se integrar à cena local, que vivia uma espécie de apogeu criativo, graças ao chamado West Coast Jazz, que causava furor entre os jovens californianos da época. Um dos seus primeiros amigos em Los Angeles foi um jovem multiinstrumentista chamado Eric Dolphy, em cuja casa havia um pequeno estúdio onde os músicos de Los Angeles costumavam se reunir para tocar.

Uma dessas jams teve como convidado de honra ninguém menos que Clifford Brown, que liderava, ao lado do baterista Max Roach, era simplesmente um dos combos mais poderosos e de maior prestígio de todos os tempos. Brown ficou tão impressionado com as habilidades do jovem saxofonista, que no dia seguinte levou Roach até a casa de Dolphy e o apresentou a Land. A empatia entre os três músicos foi imediata e Harold foi convidado a se juntar ao grupo.

Ao lado do Clifford Brown/Max Roach Quintet, Land, que se mudou para a Filadélfia, participou de gravações históricas, como “Study in Brown” e “Brown And Roach Incorporated”. Por conta de problemas de saúde na família – a avó, a quem era muito ligado, ficou gravemente doente – Land teve que deixar o quinteto e voltou para Los Angeles, no final de 1955. Se isto significa alguma coisa, basta dizer que o seu substituto no combo de Brown e Roach foi, simplesmente, Sonny Rollins.

Após a morte da avó, Land decidiu permanecer em Los Angeles. Atuou como freelancer em discos de gente como Wes Montgomery, Jack Sheldon, Hampton Hawes, Herb Geller, Jimmy Rowles, Frank Rosolino, Victor Feldman e outros nomes importantes do cenário californiano. Convidado pelo baixista Curtis Counce, Land integrou o seu conjunto entre 1956 e 1958. O combo, por onde passaram músicos relevantes como o baterista Frank Butler e o pianista Carl Perkins, foi um dos mais influentes da Costa Oeste e deu ao trabalho de Land uma visibilidade até então inédita.

O saxofonista resolveu então montar seu próprio grupo e, para tanto, chamou o pianista Elmo Hope, um novaiorquino amigo de Bud Powell e Thelonious Monk, e que há alguns anos estava estabelecido na Califórnia. Land gravou vários álbuns em seu próprio nome, lançados por selos como Jazzland e Contemporary, incluindo o elogiado “West Coast Blues!”, de 1960, que conta com uma retaguarda estelar: Barry Harris no piano, Joe Gordon no trompete, Wes Montgomery na guitarra, Sam Jones no contrabaixo e Louis Hayes na bacteria.

Antes disso, já havia dado ao mundo aquele que, para muitos críticos, é considerado a sua obra-prima: “The Fox”. Gravado em agosto de 1959, com produção de David Axelrod, para a Contemporary, o disco traz as presenças de Elmo Hope no piano, Dupree Bolton no trompete, Herb Lewis no baixo e Frank Butler na bateria. O repertório é integrado apenas por composições de Land (duas) e de Hope (quatro) e o título do disco (A Raposa) era um dos apelidos de Land, dado pelo baterista Lawrence Marable, por causa da enorme habilidade do saxofonista.

O disco inicia com a faixa homônima, de autoria do líder. Bebop de andamento ultra rápido e de estrutura complexa, é um fabuloso exercício de virtuosismo. Baixo e bateria pulsando a mil, com um diálogo dos mais incandescentes entre Land e Bolton. Este, aliás, é um dos personagens mais intrigantes da história do jazz. Dono de uma técnica incomum, versátil e extremamente criativo, despontou em meados dos anos 40, trabalhando com Jay McShann e Buddy Johnson. Profundamente influenciado por Fats Navarro, Bolton poderia ter se tornado um dos maiores trompetistas de todos os tempos.

Todavia, por conta da personalidade errática e do vício em drogas, Bolton jamais conseguiu escapar da obscuridade. Passou alguns anos preso em Lexington, uma espécie de hospital penitenciário do Kentucky, e nos anos 60 tocou com o saxofonista Curtis Amy e o bandleader Onzy Matthews. Também acompanhou o cantor Lou Rawls e o pianista Dolo Coker. Pouco se sabe acerca de sua vida pessoal, exceto que nasceu em Oklahoma em 1929, que fugiu de casa aos 14 anos e que faleceu em 1993, no Marina Convalescent Hospital, em Alameda, Califórnia.

Apesar de ter gravado um álbum como líder (“Fireball”, para o pequeno selo Uptown), seu grande momento realmente foi neste álbum de Land, sendo que na opinião mais do que abalizada do crítico Ted Gioia, aqui Bolton soa “como o Arcanjo Gabriel, anunciando a chegada do Juízo Final”. Land conheceu o trompetista em uma gig em Los Angeles e não hesitou em convidá-lo para a sessão. Alguns anos depois desta gravação, o saxofonista comentou: “Se as coisas tivessem dado certo para Dupree, ele poderia ter sido um dos trompetistas mais importantes do nosso tempo. Havia uma certa grandeza em sua música, que somente ele era capaz de captar. Ele tinha uma coisa nova, única, uma qualidade que o fazia diferente”.

“Mirror-Mind Rose” é uma balada das mais sensíveis, de autoria de Hope, cuja performance intimista é um dos pontos altos desta faixa. O lirismo pungente de Land evidencia quão intensa é a influência de Lucky Thompson em sua forma de tocar. As delicadas intervenções de Bolton, usando as notas com parcimônia, guardam semelhança com a maneira econômica de Miles Davis.

Em “One Second, Please”, outro tema de Hope, o clima volta a esquentar. Hard bop trepidante, com direito a uma bombástica atuação de Butler, aqui tornamos a presenciar alguns estupendos duelos entre Land e Bolton. Ambos são músicos intensos e passionais, e o vigor que imprimem às suas respectivas atuações ganha colorido ainda mais especial por causa do contraponto feito pelo piano fugidio de Hope, cuja leveza lembra o vôo de uma borboleta, conforme anotam os críticos Brian Morton e Richard Cook.

Com sua estrutura escorregadia e suas alternâncias harmônicas intrincadas, “Sims A-Plenty” é um hard bop elaborado, que exige bastante dos músicos. Bolton aqui rivaliza em audácia e habilidade com um Lee Morgan. Muito à vontade, Hope tempera a sua execução com uma boa dose de blues. Os solos de Land são particularmente notáveis e sua técnica impressiona. A solidez da dupla Butler- Lewis contribui enormemente para dar ao tema a necessária coesão.

“Little Chris” é uma homenagem de Land ao filho, então com nove anos. Menos acelerada que a faixa anterior, mas tão elaborada quanto, evoca a complexidade das composições de Waynwe Shorter. Para concluir os trabalhos, o quinteto apresenta “One Down”, também composta pelo pianista. Festiva e despretensiosa, a faixa flerta com a música latina. Aqui os inspirados Bolton e Land passam a impressão de que estão se divertindo à larga, como se estivessem tocando em uma jam entre amigos. Aliás creio que este é mesmo o espírito deste disco soberbo: uma fabulosa jam entre amigos, para deleite dos ouvintes.

Muitos anos depois, “The Fox” continua a merecer um lugar especial nas afeições do saxofonista. Em uma entrevista, chegou a dizer que “os destaques da sessão foram a excelente interação entre os músicos e as composições de Elmo. Mesmo quando eu estava na Europa, no verão de 1969, pessoas me perguntavam sobre este álbum. A sessão sempre pairou em minha mente como um evento muito importante”.

Nos anos 60, Land se manteria em grande atividade. Participou da histórica gravação do album “Thelonious Monk Quartet Plus Two At The Blackhawk”, em 1960 envolveu-se com alguns dos jovens músicos estabelecidos na Costa Oeste e que estavam, escrevendo um novo capítulo na evolução do jazz. Harold tornou-se amigo e costumava tocar com Ornette Coleman, Paul Bley, Charlie Haden, Don Cherry e Scott LaFaro, todos ligados, de uma forma ou de outra, às experiências sonoras radicais que, para o bem ou para o mal, passaram à história com o nome de free jazz. Sobre aquela época e, em especial, sobre a música vanguardista que aquele grupo estava fazendo, Harold certa vez declarou: “Nós estávamos fazendo grandes progressos em Los Angeles, mesmo que ninguém tivesse conhecimento disso. Não havia muito dinheiro, mas nós tínhamos ali um monte de belos momentos musicais”.

O saxofonista co-liderou um quinteto ao lado do baixista Red Mitchell e trabalhou com regularidade com o trompetista Carmell Jones, tendo participado do histórico “Jazz Impressions Of Folk Music”, de 1963. Também atuou com Nancy Wilson, King Pleasure, Joe Pass, Shorty Rogers, Al Hibbler, Jimmy Witherspoon, Carl Fontana, Gerald Wilson, Sam Cooke, Richard “Groove” Holmes, Ray Brown, Johnny Hartman, Kenny Burrell, Dinah Washington e muitos outros. De 1967 a 1971, associou-se a Bobby Hutcherson, com quem gravou diversos álbuns e excursionou algumas vezes pela Europa.

Na década de 70, Land modificou um pouco o seu estilo, passando a exibir uma grande influência de John Coltrane. Datam desse período a conversão ao budismo e as gravações ao lado de Donald Byrd, Ella Fitzgerald, Blue Mitchell, Red Garland, Bill Evans e Roy Ayers. Nos anos 80, tocou com os trompetistas Freddie Hubbard e Jon Faddis e integrou o supergrupo Timeless All Stars, ligado à gravadora Timeless, do qual faziam parte o pianista Cedar Walton, o baixista Buster Williams, o baterista Billy Higgins, o trombonista Curtis Fuller e o vibrafonista Bobby Hutcherson.

Em 1995 lançou, pela Postcards, o elogiado álbum “A Lazy Afternoon”, no qual está acompanhado por uma orquestra de cordas, com arranjos e regência de Ray Ellis. Em 1996 assumiu o cargo de professor da University of California, Los Angeles, vinculando-se ao UCLA Jazz Studies Program. De acordo com o guitarrrista Kenny Burrell, fundador do programa de estudos de jazz da universidade, “Harold Land possui uma das maiores contribuições para a história do saxofone do jazz”. Ele também costumava ministrar concorridas oficinas na não menos prestigiosa Stanford University.

Na década seguinte, o saxofonista trabalhou com o baterista T. S. Monk e o trompetista Don Sickler. Land continuou a gravar e a se apresentar regularmente em clubes como o Hop Singhs, em Los Angeles e o Keystone Korner, em San Francisco, praticamente até a morte, ocorrida no dia 27 de julho de 2001, em conseqüência de um AVC. Em muitos dos seus concertos, estava acompanhado pelo filho, o pianista Harold Land Jr., cujo currículo exibe trabalhos com Gerald Wilson, Bobby Hutcherson, Marvin Gaye, Joe Henderson, Freddie Hubbard e Ray Brown.

Embora não seja dos mais conhecidos, deixou uma obra de fôlego, espalhada em seus discos lançados por selos como Blue Note, Imperial, Atlantic, Cadet, Mainstream, Concord, Muse e muitos outros, sendo que boa parte deles está disponível em cd. Seu último disco como líder, gravado em 2000 e lançado postumamente no ano seguinte, foi “Promised Land” (Audiophonic), onde Land está acompanhado por Mulgrew Miller (piano), Ray Drummond (baixo) e Billy Higgins (bateria).

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30 comentários:

José Domingos Raffaelli disse...

Ora, viva!

Que agradável surpresa abrir o terminal do computador e deparar-me com outra requintada obra crítica de nosso Grand Master:

THE FOX é um disco monumental, um clássico do hard bop, uma obra prima do quinteto de Harold Land, trazendo à toracolo o fenomenal Dupree Bolton (uma das figuras mais misteriosas da história do jazz, outra vida trágica que afundou-se no mundo da perdição e jamais teve o reconhecimento que mereceria, com exceção de alguns músicos).

Melhor que ninguém, nosso mentor disseca faixa a faixa os interstícios de cada tema, cada solo, cada passagem e cada nuance. Nada lhe passa despercebido, seu ouvido privilegiado fornece todos os detalhes!

O que dizer mais sobre Harold Land e seus companheiros de jornada ?

A propósito, Harold Land esteve no Rio em 1980 como diretor musical de Tony Bennett. Na ocasião, entrevistei-o para o Jornal do Brasil e foi híper receeptivo e educado. Naquela ocasião, disse-me que desejaria formar um novo quinteto, mas isso teria de esperar. Um "colega" de imprensa, sem saber direito quem era Harold Land, perguntou-lhe qual "seu último disco na parada de sucessos"!!! Pensou que ele era cantor ????!!!!!!?????

Falando em Texas tenors, penso que nesta denominação também cabem Herschell Evans e Teddy Edwards. By the way, Edwards e Land eram amicíssimos. Edwards sempre clamou ter sido o primeiro saxofonista tenor a gravar um solo bebop em "Blues in Teddy's Flat".

Teddy é um dos meus grandes favoritos, foi outro que, a meu ver, também não foi devidamente reconhecido. Seus CDs para a Contemporary com quarteto e octeto são "out of this world"...

A propósito, o baterista Billy Higgins disse-me que considerava-o superior a Harold Land.

Parabéns por mais esta impecável análise.

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Caros confrades,

Como sempre, volto para um adendo:

Quem tiver o CD WEST COAST BLUES, de Harold Land (uma maravilha!), ouça com atenção sua belíssima composição URSULA - Depois de ouví-la, digam-me se não parece em forma e conteúdo melódico-harmônico uma inconfundível criação do mago Tadd Dameron ?

Keep swinging,
Raffaelli

APÓSTOLO disse...

Estimado ÉRICO:

Belíssima resenha, estupendo discaço, obrigatório ! ! !
Essa gravação, "The Fox", é uma aula para os iniciados e um deleite permanente para os que apreciam a "Arte Popular Maior".
Mestre RAFFAELLI acertou na mosca com o tema "URSULA" de H.L., peça de beleza superior e que, sem dúvida, nos remete a Dameron.
A "universidade" dos "Texas Tenors" é vasta e inclui muitos "pós-graduados"; nessa linha há um CD que considero espetacular, exatamente o "Texas Tenors Flying", que veio como anexo à edição de julho/2002 da revista italiana "Musica Jazz" = 17 faixas com titãs do tenor.
Parabéns ÉRICO, por mais esse golaço (terá sido em homenagem ao "pó-de-arroz" ? ? ?)

Érico Cordeiro disse...

Caros Raffaelli e Apóstolo,
Sejam muito bem-vindos e algo me dizia que o Land estava entre os favoritos de vocês.
Fiquei na dúvida entre este disco postado e o West Coast Blues, com seu escrete fenomenal. No fim das contas, optei por este, muito por causa do Dupree, cujo trabalho merece ser mais conhecido.
Também gosto muito do Teddy Edwards e já resenhei um álbum dele aqui no jazzbarzinho, ao lado do trompetista Howard McGhee. Outro cracaço!
Quanto à homenagem ao Flu, confesso que não fiquei de todo descontente com o título. Acho que ficou em ótimas mãos e foi bastante justo. O Muricy confirmou que é um excelente técnico e que isso sirva de exemplo para o nosso Vasquinho (se não fossem tantos vacilos, permitindo empates em jogos praticamente ganhos, talvez hoje estivéssemos até na Libertadores).
Quem deve estar vibrando é o Sérgio, tricolor doente.
Abração aos dois!

Érico Cordeiro disse...

Caros Raffaelli e Apóstolo,
Sejam muito bem-vindos e algo me dizia que o Land estava entre os favoritos de vocês.
Fiquei na dúvida entre este disco postado e o West Coast Blues, com seu escrete fenomenal. No fim das contas, optei por este, muito por causa do Dupree, cujo trabalho merece ser mais conhecido.
Também gosto muito do Teddy Edwards e já resenhei um álbum dele aqui no jazzbarzinho, ao lado do trompetista Howard McGhee. Outro cracaço!
Quanto à homenagem ao Flu, confesso que não fiquei de todo descontente com o título. Acho que ficou em ótimas mãos e foi bastante justo. O Muricy confirmou que é um excelente técnico e que isso sirva de exemplo para o nosso Vasquinho (se não fossem tantos vacilos, permitindo empates em jogos praticamente ganhos, talvez hoje estivéssemos até na Libertadores).
Quem deve estar vibrando é o Sérgio, tricolor doente.
Abração aos dois!

Salsa disse...

Harold Land é um dos grandes. Pouco conhecido, mas genial. Compro tudo que acho pela frente.

Érico Cordeiro disse...

Grande Salsa,
Como dizem nos estádios de futebol: "eu já sabia".
Afinal, o Land conjuga duas de suas grandes paixões: toca um sax tenor finíssimo e faz um West Coast jazz de primeiríssima linha!
Valeu!!!!

.Edinho disse...

Caro Érico,

Tanto "The Fox" quanto "West Coast Blues"( gosto mais !) é presença obrigatória em qualquer discoteca que se preza . O homem é fera !

Valeu!

PREDADOR.- disse...

Começo com três perguntas:
1. É justo considerar The Fox um disco "cult", como é mencionado nas notas existentes no encarte do CD ??
2. Vocês conhecem bem o Dupree Bolton ??
3. E Elmo Hope. Porque é tão relegado ao segundo, quiça terceiro plano ??

Érico Cordeiro disse...

Caros Edinho e Predador,
Sejam mais que bem-vindos.
Ao primeiro, digo que assino embaixo e concordo em GNG, como diria o Sonic-boy.
Ao segundo, respondo, tópica e sinteticamente, às suas perguntas:
1) Sim.
2) Não. Na verdade, creio que nem Dupree Bolton conhecia bem Dupree Bolton :-)
3) Não sei. Mas o jazzbarzinho já fez a sua parte para manter vivo o nome desse portentoso pianista (vide: http://ericocordeiro.blogspot.com/search/label/Elmo%20Hope )
Abração aos dois!

figbatera disse...

Gostei muito!
É uma pena vc não disponibilizar os links para gente baixar as músicas.

PREDADOR.- disse...

Mr.Cordeiro, conheço "The Fox desde pequeno quando eu era criançinha lá em Predatoria". Apesar de ser um bom disco com muitas "feras" envolvidas,discordo dessas afirmativas que o nominam como um disco "cult", assim como, para não perder a viagem, "cult" também não é Kind of Blue. Quanto ao Dupree Bolton, conheço-o "desde outros carnavais", jazzisticos lógicamente. No meu entendimento, seu grande momento não foi esse com Harold Land, nem no disco Fireball e sim com o multinstrumentista dos sopros(tenor, barítono, flauta...) Curtis Amy em um disco 5 estrelas chamado KATANGA!, o melhor do "mainstream/west coast jazz", gravado em 1962/3, lançado pelo selo Blue Note. Finalizando com Elmo Hope, também não sei porque passou pelo jazz sem ter sido devidamente considerado como um dos fantásticos pianistas que foi. "No frigir dos ovos" ombreava-se com Bud Powell e outros gênios do piano em sua época, mas morreu cedo e nunca teve o devido reconhecimento. Coisas do Jazz!

pituco disse...

érico san,

coisadeloco...leio tua resenha e comentários mais do que imprescíndíveis dos amigos blogueiros...mas, ouço a radiola de mr.salsa, enquanto escrevo...rs

de mr.land creio que só tenho em cd como sideman...study in brown...como líder apenas em mp3...take aim e o fox...

saio pra rotina da labuta...
abraçsonros e vamuquivamu

APÓSTOLO disse...

Prezados ÉRICO e PREDADOR:
Enfim uma voz (diria melhor, letra), a do PREDADOR, para reduzir "Kind Of Blue" a um bom disco, nunca "cult", por mais que crítica e livro exclusivo assim o queiram...
ELMO HOPE é "pedra 90", cultuado ou não = um mestre consumado das 88.
Não conheço o "Katanga!", vou correr atrás; quando ao "Fox", conceituo-o como obra de muito peso, sempre ressalvando que é gosto pessoal (sabe-se lá porque).

José Domingos Raffaelli disse...

Caros confrades,

Ontem comecei a ler a biografia de Dupree Bolton de autoria do famoso Ted Gioia.

Em entrevista que realizou com seu focalizado, em 1989, Gioia perguntou-lhe quem foi sua grande influência.

Resposta: Meu herói foi o fenomenal Fats Navarro!

Outro para a imensa lista! Surpresa ? Nem tanto para quem ouviu e conhece a obra de Fats Navarro.

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Caramba! Nada melhor que abris a caixa de mensagens e encontrar um verdadeiro Estado-Maior do Jazzbarzinho!
Sejam todos muito bem vindos!
Ao Fig digo que a disponibilização de links pode trazer alguns probleminhas indesejáveis (o Sérgio teve algumas postagens retiradas pelo Blogspot por conta disso). De qualquer forma, quando estiver em São Luís posso "estar anteciPando" o bichinho :-)
Predador e Mestre Apóstolo, também não acho que Kind Of Blue seja cult - essa palavra remete a uma obra meio "secreta", conhecida apenas por alguns poucos iniciados. No caso do Kind Of Blue, creio ser uma verdadeira obra-prima, que a cada audição revela novos detalhes e nuances. Como escreveu o Jimmy Cobb nas notas, "esse disco parece ter sido feito no céu". Esse The Fox, embora menos badalado, também tem enormes qualidades e, certamente, merece o epíteto de cult, já que ficou restrito a um universo de fãs relativamente pequeno. Acho, por exemplo, A Love Supreme um disco superestimado (prefiro o Giant Steps e, sobretudo, o Blue Train), mas Kind Of Blue, assim como o Time Out do Brubeck, merece todos os encômios que vem recebendo desde 1959.
Quanto ao Katanga, Mestre Apóstolo, ganhei de presente do meu amigo Sérgio Sônico, só que ainda não ouvi. Estando em Saint Louis, posso lhe mandar via Pando (um programinha muito legal, que permite a transferência de arquivos grandes).
Mestre Raffaelli, o Navarro é o preferido de 9 entre 10 trompetistas bop, com uma influência que vai de Kenny Dorham a Dupree Bolton, passando por Leee Morgan, Freddie Hubbard e outras feras. Lamentavelmente, retirou-se de cena cedo demais.
Mestre Pituco, o Salsa pôs lá no jardimbarzinho um guitarrista prá lá de cult :-) O disco do cara é uma raridade! Boa sorte nas gigs desta noite japonesa que é dia por aqui!
Um fraterno abraço aos cinco!!!

José Domingos Raffaelli disse...

Amigos, colegas e confrades,

Longe de mim esimular polêmicas, discussões ou colocar lenha na fogueira - coisas que detesto -, porém permitam-me a intrusão para escrever algo sobre "Kind of Blue".

Quando Jimmy Cobb trouxe seu sexteto para reviver e comemorar os 50 anos de "Kind of Blue" no Bridgestone Music Festival, ano passado, a pedido do diretor/produtor do evento, meu amigo de longa data Toy Lima, redigi para o blog do festival um longo artigo sobre a importância no jazz do referido e incensado disco.



Repito para que não seja mal interpretado: serei apenas objetivo em mencionar duas constatações em relação a "Kind of Blue", sem opinar se é bom ou se é cult. Aí vão:

1. Ninguém, nem qualquer crítico que eu tenha lido, mencionou que três composições do repertório de "Kind of Blue" são blues.

2. Ninguém, nem qualquer crítico aue eu tenha lido, mencionou que "So What!

Amigos, colegas e confrades,

Longe de mim esimular polêmicas, discussões ou colocar lenha na fogueira, porém permitam-me esta intrusão para escrever algo sobre "Kind of Blue".

Quando Jimmy Cobb trouxe seu sexteto para reviver e comemorar os 50 anos de "Kind of Blue" no Bridgestone Music Festival, a pedido do diretor/produtor do evento, meu amigo de longa data Toy Lima, redigi para o blog do festival um longo artigo sobre a importância no jazz do referido disco.

Repito para que não ser mal interpretado: serei objetivo para mencionar duas constatações em relação a "Kind of Blue", sem opinar se é bom ou se é cult. Aí vão:

1. Ninguém, nem qualquer crítico que eu tenha lido, jamais mencionou que três composições do repertório de "Kind of Blue" são blues.

2. Ninguém, nem qualquer crítico que eu tenha lido, jamais mencionou que "So What" é plágio da conhecidíssima composição "SOFT WINDS", de Benny Goodman e Lionel Hampton.

Apenas isso.

Obrigado e keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Amigos,

Por alguma razão o post acima saiu truncado, mas vocês saberão encontrar sua continuação sem qualquer problema.

Keep swinging,
Raffaelli

Érico Cordeiro disse...

Mestre Raffaelli,
Pode polemizar à vontade. Já viu barzinho sem polêmica? Aqui tudo se resolve com uns bons croquetes musicais e alguns choppinhos bem gelados :-)
Sempre achei que as composições do Kind Of Blue têm lá um pezinho no blues. Mas a gama de influências do álbum é muito variada, indo desde a música clássica européia até elementos da música oriental.
Por isso eu considero um clássico, porque, no frigir dos ovos, o blues, a música erudita e a música oriental interagem de maneira a não eclipsar o jazz e a improvisação.
Plágio é uma palavra muito forte, Mestre. Digamos que o Velho Miles "tomou emprestados" alguns acordes e compassos de Soft Winds e se esqueceu de devolver :-)
Um grande abraço, Mestre!

Andre Tandeta disse...

Amigos Apostolo e Raffaelli, sobre o disco "Kind of Blue":
nunca foi mencionado que são 3 blues porque são 2, a saber:
1)So What-composição modal,não e' blues
2)Freddie Freeloader-blues
3)Blue In Green-não e' blues
4)All Blues-blues
5)Flamenco Sketches-não e' blues
Qual e' o terceiro blues do disco?
E qual seria o problema de ter 3, 4 ou 10 blues num disco? Depende de quem toca. Exemplo : Coltrane tem um disco excepcional chamado "Coltrane Plays The Blues", acho que quase todas as faixas são blues.
Questões de gosto não se discutem, claro, mas me parece que por ser um disco de Miles Davis ha uma certa implicancia. E se voces querem saber para muitos musicos "Kind Of Blue" e' bem mais que cult, e' uma fonte inesgotavel de ensinamentos.
Acho otima essa divergencia ,com certeza, pois tenho enorme respeito por voces, alem de admira-los e todos nos podemos aprender alguma coisa . Jamais discuto,polemizo ou troco ideias com quem eu não gosto.
Abraços

Érico Cordeiro disse...

Mestre Tandeta,
Como sempre, preciso como um solo de Parker (ou de Phlly Joe, prá ser mais exato).
O blues é elemento essencial do jazz e também não vejo problema em um disco conter alguns (ou muitos) blues. Aliás, é difícil um disco de jazz que não contenha, pelo menos, um vestigiozinho de blues.
Todo mundo bebeu nas fontes do Delta do Mississipi, inclusive Miles. O "Coltrane Plays The Blues" é maravilhoso, um dos melhores de sua fase na Atlantic (no mínimo, é tão bom quanto o "My Favorite Things", gravado na mesma época).
Estando nas mãos certas, o blues é uma das mais belas e pungentes formas de expressão musical.
Abração!

Andre Tandeta disse...

Erico,
e a pergunta que não quer calar : qual e' o terceiro blues do "Kind Of Blue". Recentemente toquei num show , dia 27 /11, todo dedicado ao repertorio desse disco.Ouvi muito, dias seguidos , atentamente e estudando. So' encontrei os 2 blues de sempre: "Freddie Freeloader" e "All Blues". Onde teria ido parar o terceiro?
Misterio, dentre tantos misterios, alguns que não podem ser falados ou escritos sob a ameaça que o chão se abra e o ceu desabe. Nem sempre, entretanto....

Érico Cordeiro disse...

Mestre Tandeta,
Não sou músico, mas a estrutura de So What sempre me pareceu ter um pezinho no blues. Não aquele blues clássico, à Robert Johnson ou Willie Dixon, mas o tema tem um certo peso, uma certa "pegada" bluesy em vários momentos.
Pode ser isso aí, mas esperemos o Mestre Raffaelli nos dar as dicas preciosas!
Abração!

Andre Tandeta disse...

Erico,
"So What" definitivamente não e' um blues ,nem lembra. E' uma composição modal, utiliza 2 acordes , um seria a parte A outro seria a parte B, a forma e' AABA. Ainda espero que alguem memostre o terceiro blues de "Kind Of Blue".

PREDADOR.- disse...

O terceiro blues aparece sòmente no nome do álbum : Kind of Blue. Este é o terceiro e tão "falado" blue. Coisa de maluco!

Andre Tandeta disse...

Predador,
blues e' uma coisa , blue e' outra.
Se quiser eu desenho pra voce entender.

Érico Cordeiro disse...

Essa dupla vai render: o batera Tandeta e o destruidor de mundos (e carregador oficial da mala de ferramentas do primeiro) Predador!

PREDADOR.- disse...

A menção do terceiro blues foi só um "chiste", brincadeirinha. Sei também (será que sei?) que blue é uma coisa, blues é outra. Mas musicalmente, sou meio "zarro" e, se não fosse tomar muito tempo de mr.Tandeta, gostaria que êle fizesse o desenho do blues para que eu pudesse realmente endender. Uma aulinha grátis do "senhor das baquetas" quem não iria querer? Grato a mr.Cordeiro, por permitir intervenções "transversas" em seu blog, com este meu post, sem obter sua prévia concordância.

Érico Cordeiro disse...

Ih, Seu Tandeta...
Agora é que foi!
O Predador quer que você desenhe um blues!!!
Bom, se não der prá ser na caixa de comentários, pode mandar pro meu e-mail que eu publico como postagem do blog :-)
Essa foi boa!!!!

Andre Tandeta disse...

Predador,
fomos, eu e voce, a feira . La compramos laranjas, tangerinas e limões. Então arumamos assim, pra voce ver o que e' um blues:
4 laranjas, 2 tangerinas, 2 laranjas, 1 limão, 1 tangerina, 2 laranjas. Tem que ser exatamente assim, nessa ordem.
Isso e' o blues, no caso um "Citric Blues".
Abraço

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