Amigos do jazz + bossa

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

TODOS OS HOMENS DE SHELLY MANNE


“No sax alto, Frank Strozier, de Menphis, Tenesse. Ao piano, Russ Freeman, de Chicago, Illinois. No trompete, Conte Candolli, de Mishawaka, Indiana. No contrabaixo, Monty Budwig, de Pender, Nebraska. Eu sou Shelly Manne, de New York City. Todos nós tocamos o West Coast Jazz”. Era com essa frase bem humorada que Sheldon Manne costumava apresentar a sua banda, durante os incontáveis concertos que fez ao longo de seus mais de quarenta anos de carreira.

E os músicos citados são apenas uma pequena amostra de grandes nomes do jazz que passaram por seus célebres combos, geralmente denominados de “Shelly Manne and His Men”. Dentre eles, podemos mencionar os saxofonistas Teddy Edwards, Art Pepper, Richie Kamuca, Joe Maini, Charlie Mariano, Herb Geller, Bill Holman e Jimmy Giuffre, os trompetistas Stu Williamson, Joe Gordon e Shorty Rogers, os pianistas André Previn e Victor Feldman, o trombonista Bob Enevoldsen e os baixistas Ralph Pena, Leroy Vinnegar e Chuck Berghofer, e muitos outros.

Nascido no dia 11 de junho de 1920, Manne era filho e sobrinho de bateristas. Tanto o pai, Max Manne, quanto o tio, Morris Manne, eram respeitados músicos de estúdio, e trabalharam exaustivamente em trilhas sonoras de filmes e desenhos animados. Tornar-se baterista, portanto, seria algo muito natural para o garoto. Todavia, o primeiro instrumento do jovem Shelly foi o saxofone.

Somente aos 18 anos é que o jovem se decidiu pela bateria – o chamado do DNA foi mais forte – e atirou-se à tarefa com um apetite insaciável. Primeiro, estudou com Billy Gladstone, amigo do seu pai e considerado, na época, um dos mais importantes bateristas da cena musical novaiorquina. Em seguida, iniciou uma bem sucedida carreira profissional pelos clubes e estúdios de Nova Iorque. Seu primeiro emprego foi na orquestra de Bobby Byrne, em 1940.

A seguir, tocou nas orquestras de Will Bradley, Raymond Scott e Les Brown e sua primeira gravação aconteceu em 1941, quando integrava a big band de Joe Marsala. Suas primeiras influências foram Jo Jones e Dave Tough, mas quando descobriu o bebop, adicionou ao seu vasto repertório alguns dos truques que faziam de Art Blakey, Kenny Clarke e Max Roach os maiores nomes da bateria de então. Seguindo os passos do pai e do tio, Shelly tocou na trilha sonora do filme “Seven Days Leave”, produção de 1942 estrelada por Victor Mature.

Naquela época, o baterista era um assíduo freqüentador dos clubes da Rua 52, tocando com Dizzy Gillespie e Charlie Parker – chegou a gravar com ambos – Lennie Tristano, Lee Konitz, Flip Phillips, Charlie Ventura e outras feras. A turma da velha guarda também fazia parte do universo musical de Manne, que acompanhou gente como Rex Stewart, Charlie Shavers, Johnny Hodges, Lawrence Brown e Don Byas e atuou na gravação que Coleman Hawkins fez de “The Man I Love”, em 1943.

Em 1946, Manne foi arregimentado por Stan Kenton, um dos grandes inovadores do jazz, e permaneceu em sua orquestra até 1952. O trabalho lhe deu visibilidade a seu trabalho – tanto é que no ano seguinte arrebataria o prêmio de melhor baterista da Down Beat Magazine – e permitiu-lhe expandir os seus horizontes musicais, já que a música que a orquestra fazia conseguia ser, ao mesmo tempo, de forte apelo comercial e altamente complexa. Ao mesmo tempo, Shelly também fez parte da caravana Jazz at the Philharmonic, nos anos de 1948 e 1949, e passou um breve período na orquestra de Woody Herman, em1949.

Em 1952, após deixar a orquestra de Kenton, Manne se estabeleceu em um rancho nos arredores Los Angeles, onde sua carreira musical atingiria o ápice criativo e teria merecido reconhecimento de público e crítica. Foi, sem dúvida, um dos principais responsáveis pelo movimento que passou à história como West Coast Jazz. Além da música, Shelly era apaixonado por cavalos e manteve um haras durante muitos anos.

O baterista não teve nenhuma dificuldade em se integrar à cena local e nas incontáveis gigs e gravações, tocou com Stan Getz, Shorty Rogers, Chet Baker, Wardell Gray, Leroy Vinnegar, Jack Montrose, Pete Jolly, Howard McGhee, Red Mitchell, Benny Carter, Bill Evans, Earl Hines, Jimmy Rowles, Clifford Brown, Bob Gordon, Howard Rumsey, Conte Candoli, Pete Candoli, Al Cohn, Zoot Sims, Teddy Charles, Benny Goodman, Ben Webster, Hampton Hawes, Bud Shank, Red Mitchell, Barney Kessel, Art Pepper, Maynard Ferguson, Russ Freeman, Frank Rosolino, Rahsaan Roland Kirk, Lennie Niehaus, John Coltrane, Sonny Criss, entre outros – muitos desses músicos eram seus ex-companheiros na orquestra de Kenton.

Além do trabalho como líder ou acompanhante na seara jazzística, o baterista começou uma auspiciosa carreira nos estúdios de cinema e televisão de Hollywood e seu primeiro trabalho foi na trilha sonora do filme “Janela indiscreta”, dirigido por Alfred Hitchcock, em 1954. A excelência técnica de Manne granjeou-lhe convites dos maiores compositores de Hollywood e ele trabalhou com figuras como Bernard Herrmann, John Barry, Elmer Bernstein, Dimitri Tiomkin, Jerry Goldsmith, Johnny Mandel, Michel Legrand, Henry Mancini, Leonard Bernstein e John Williams, entre outros.

Ao mesmo tempo firma amizade com alguns dos mais importantes músicos que pontuavam na cena californiana e com eles firma parcerias extraordinárias. Foi assim com o pianista alemão André Previn, com quem dividiu os créditos em alguns excelentes álbuns, como “West Side Story” ou “My Fair Lady”, ambos lançados pela Contemporary 1956. Foi assim também com o baixista Ray Brown e com o guitarrista Barney Kessel. Os três formaram o combo “The Poll Winners”, que durante os anos 50, 60 e 70 lançou alguns álbuns preciosos.

Manne tinha o espírito bastante aberto para o novo. Em 1954, gravou o experimental “The Three & The Two”, com duas formações – na primeira, tocava com Shorty Rogers e Jimmy Giuffre e na segunda, atuava em dupla com o pianista Russ Freeman – considerando pela crítica como um dos seus mais relevantes e ousados trabalhos. Sua mente desprovida de preconceitos musicais o levou a tocar com Cecil Taylor e com Ornette Coleman, pai do free jazz, com quem gravou o álbum “Tomorrow Is The Question”, de 1959.

No cinema, outra atuação importante foi na trilha do filme “O homem do braço de ouro”, de 1956. Dirigido por Otto Preminger e estrelado por Frank Sinatra, o filme rendeu ao compositor Elmer Bernstein o Oscar de Melhor Trilha Sonore. Em 1957, Manne foi o baterista escolhido por Sonny Rollins para acompanhá-lo no fabuloso “Way Out Of West”, enquanto Ray Brown se responsabilizava pelo contrabaixo.

Entre 1960 e 1974, o baterista comandou seu próprio clube, o “Shelly’s Manne Hole”, em Los Angeles. Por ali passaram grandes nomes do jazz, a exemplo de Thelonious Monk, Jim Hall, Archie Shepp, Roy Haynes, Les McCann, Gabor Szabo e Gerald Wilson. Alguns deles, como é o caso de Bill Evans e Michel Legrand, chegaram a gravar álbuns ao vivo no clube – no caso de Legrand, com a honra de ser acompanhado pelo proprietário do estabelecimento.

Uma prova do prestígio de Manne foi levar Miles Davis – emérito criador de casos – para uma vitoriosa temporada no clube, sem que o temperamental trompetista tivesse criado qualquer problema. Segundo Manne, “Muita gente gosta de falar mal de Miles, e ele tem suas falhas, mas no Shelly’s Hole, ele realmente arrasou. Certa noite, quando a multidão lá fora era enorme, ele convidou alguns músicos que estavam na platéia para o último set e ainda estendeu o bis”.

O envolvimento com o cinema também permitia a Manne manter uma relação de proximidade com alguns dos mais brilhantes compositores de Hollywood. Um deles era John Williams, que na década de 60 ainda era considerado uma promessa – futuramente, o compositor seria um dos campeões de indicação ao Oscar, como autor das trilhas de filmes como “Contatos imediatos de terceiro grau”, “ET”, “Tubarão”, “Guerra nas estrelas”, “Superman” e “Os caçadores da arca perdida”.

Em 1961, Williams havia composto a trilha sonora do seriado televisivo “Checkmate”, que chegou a fazer algum sucesso, e Manne, que havia trabalhado na produção, viu naquele score uma excelente oportunidade de exercitar o seu lado mais experimental. Liderando os seus homens (Richie Kamuca no sax tenor, Conte Candoli no trompete, Russ Freeman no piano e Chuck Berghofer no contrabaixo), o baterista gravou o álbum homônimo entre os dias 17 e 24 de outubro daquele mesmo ano, para a Contemporary.

A faixa de abertura é a subversiva “Checkmate”, que incorpora elementos do blues e do jazz modal proposto por Miles Davis em seu “Kind Of Blue”, de 1959. Manne nunca foi considerado um baterista vulcânico, como Elvin Jones ou Art Blakey, mas consegue impor a seu toque uma cadência e um entusiasmo contagiantes – seu solo é uma aula magna de ritmo e precisão. A interação entre Kamuca e Candoli também merece destaque especial.

Desde a sua abertura, um diálogo entre contrabaixo e piano, até a sua conclusão, a balada “The Isolated Pawn” passa a sensação, exatamente, daquilo que o título sugere: isolamento e solidão. O clima glacial é reforçado pela percussão minimalista de Manne e pelo trompete de Candoli, que com a surdina evoca o lado mais cool de Miles Davis.

A animada “Cyanide Touch” tem um espírito completamente West Coaster e os músicos atuam com a espontaneidade típica de uma despretensiosa jam session no clube Lighthouse. Candoli incendeia a sessão com seu trompete indomável e o líder demonstra que é possível tocar vigorosamente e com bastante swing, sem soar espalhafatoso.

Em “The King Swings”, o flerte com a música experimental se transforma em um casamento dos mais auspiciosos. Evocando a atmosfera coltraneana de “Impressions”, a faixa é intrigante sem ser hermética, com destaques para o piano de Freeman, uma usina de swing e idéias harmônicas, e para Kamuca, sem dúvida um dos mais articulados e fluentes saxofonistas dos anos 50 e 60.

A releitura do blues feita pelo quinteto em “En Passant” é quase iconoclasta e explora com muito bom-humor e competência o clima de mistério dos filmes de detetive. Berghofer é seguro o bastante para permitir os vôos dos outros integrantes do combo e Candoli, mais uma vez usando a surdina, se mostra um improvisador dos mais criativos. Belíssimas intervenções de Kamuca, cujo solo é dos mais arrebatadores, e de Freeman, cujo piano austero evoca Bill Evans.

“Fireside Eyes” é uma balada classuda, tributária de Duke Ellington – impossível não lembrar de “I Got It Bad (And That Ain’t Good)” – na qual o sax de Kamuca se revela escandalosamente lírico. Com igual doçura, o trompete assurdinado de Candoli se derrama em acordes tão ternos quanto os de uma canção de ninar. A sessão rítmica trabalha mineiramente, com discrição e extrema maestria.

“The Black Knight” é outra incisiva incursão pelo jazzz modal, com um soberbo trabalho de Kamuca e uma deliciosa atmosfera bluesy, cortesia do genial Freeman. A percussão elegante de Manne, que usa e abusa de todos os recursos possíveis e imagináveis, impõe ao tema uma sofisticação que outro baterista, dificilmente, conseguiria imprimir. Merece audição atenta também a fabulosa performance de Candoli, cujo fraseado serpenteante rivaliza com o de trompetistas da Costa Leste, como Donald Byrd ou Freddie Hubbard.

Certamente não é um trabalho tão conhecido quanto o arrebatador “Shelly Manne & His Men At The Black Hawk”, cujos cinco volumes são considerados verdadeiros clássicos do jazz. Mas é um trabalho honesto e instigante. Sua atmosfera refinada e introspectiva – permeada por momentos explosivos – dá ao ouvinte um panaroma bastante abrangente do talento e da versatilidade de um músico que ajudou a escrever, com letras douradas, o grande livro do jazz.

A discografia de Manne é quilométrica e inclui trabalhos para selos como Savoy, Concord, Galaxy, Contemporary, Koch, Jazz Groove, JVC, Impulse, Verve, Capitol, Atlantic, Fantasy, Trend, Jazziz e muitos outros. Estima-se que, como acompanhante, Manne tenha participado de mais de mil álbuns, o que o torna um dos músicos mais prolíficos da história do jazz. Seus álbuns em parceria com o guitarrista Jack Marshall – “Sounds Unheard Of!”, de 1962, e “Sounds!”, de 1966 – apresentavam uma pioneira utilização dos efeitos sonoros e tiveram ótimas vendagens, para os padrões do jazz.

O baterista também era um dos favoritos dos cantores e cantoras e acompanhou gente do quilate de June Christy, Mel Tormé, Peggy Lee, Carmen McRae, Frank Sinatra, Sarah Vaughan, Helen Humes, Tony Bennett, Ella Fitzgerald, Nancy Wilson, Teresa Brewer, Ernestine Anderson, Lena Horne, Blossom Dearie e Leontyne Price, entre outros.

Manne sempre fez questão de se afirmar como um músico de jazz. Embora, eventualmente, tenha enveredado por outros rumos – tocou com Frank Zappa no álbum “Lumpy Gravy”, de 1969 – jamais deixou de se preocupar com a pasteurização do jazz. Para ele, “muita gente tem tentado, arduamente, passar a impressão de que não existem fronteiras entre o jazz e a música pop ou entre uma determinada forma de expressão musical e outra. Isso é um erro, porque se as pessoas pensarem que o jazz e a música pop são a mesma coisa, a criatividade vai ficar sufocada”.

O trabalho com trilhas sonoras continuava e Manne atuou em produições de sucesso, como “A noite dos desesperados”, “Hatari!”, “A pantera cor-de-rosa”, “Oliver”, “Romeu e Julieta”, “Perdidos na noite”, “Estação polar Zebra”, “O bebê de Rosemary”, “Thomas Crown: a arte do crime” e outros. Para a TV, Manne trabalhou nas trilhas das séries “Peter Gunn” (entre 1958 e 1961), “Mr. Lucky” (entre 1959 e 1960), “Richard Diamond” (entre 1959 e 1960), Daktari, (entre 1966 e 1969) e no hilariante desenho animado “O tamanduá e a formiga” (entre 1960 e 1971).

Em 1974, fundou outro combo, o “LA Four”, juntamente com o guitarrista brasileiro Laurindo de Almeida, o baixista Ray Brown e o saxofonista Bud Shank. O grupo obteve enorme sucesso de público e crítica e Manne, que participou das gravações dos seus quatro primeiros álbuns, ali permaneceria até 1977, quando foi substituído por seu aplicado discípulo Jeff Hamilton.

Como músico de apoio, Manne continuou a tocar de forma quase compulsiva nos anos 70 e 80, acompanhando tanto músicos de jazz como Lew Tabackin, Don Ellis, Milt Jackson, Red Rodney, Joe Pass, Herb Ellis, Hank Jones, Cal Tjader, Harry "Sweets" Edison, Charles Tolliver, Clare Fischer, Art Farmer, Kenny Burrell e John Lewis, quanto artistas pop como os cantores Tom Waits (nos álbuns “Foreign Affair”, de 1977, e “One From The Heart”, de 1982) e Barry Manilow.

O incansável baterista manteve, até praticamente o fim da vida, a mesma rotina de tocar em clubes de Los Angeles, especialmente no “Carmelo's”, geralmente secundado por pianistas como Bill Mays ou Alan Broadbent e pelo baixista Chuck Domanico. Ele faleceu no dia 26 de setembro de 1984, após sofrer um ataque cardíaco fulminante. Algumas semanas antes, havia recebido da cidade de Los Angeles uma justíssima homenagem: o dia 09 de setembro foi declarado “Shelly Manne Day”.

Ao falar do seu papel, Manne legou uma verdadeira aula de dedicação e entrega: “Sendo baterista, você tem liberdade para criar, mas dificilmente você consegue dominar a cena. Na maior parte das vezes, você apenas senta lá atrás e toca, enquanto o pessoal da frente, especialmente os sopros, conta com a força propulsora que vem do seu toque. É muito mais difícil liderar um grupo e tocar bateria do que apenas tocar bateria, mas liderar é algo do qual eu jamais abri mão. Era algo que eu tinha que fazer porque se você tem um grupo, quer ver todo mundo swingando. E não existe nenhuma experiência igual a essa”.

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25 comentários:

Salsa disse...

Manne é figurinha carimbada na minha discoteca. Bom demais! Não ouvi nenhum disco que eu não gostasse.

Érico Cordeiro disse...

Grande Salsa,
Sempre presente aqui no jazzbarzinho!
Assino embaixo - mesmo o “The Three & The Two”, que meio experimental, é muito bacanudo!
Valeu!

Salsa disse...

Pô, esse é um dos que eu mais curto, justamente pelo experimentalismo ancestral.

pituco disse...

érico san,

ao ler teu comentário, em alusão ao 'the three...', pensei na mesma resposta do sr.salsa...rs...coincidência musical.

é isso aí
abraçsonoros

Grijó disse...

Manne é dos melhores, Érico.
E, acompanhado por Rollins - que faz 80 anos hoje, e o Ipsis comemora -, melhor ainda.

Putz, Barry Manilow esteve em sua companhia? Não imaginava essa "façanha".

Abraço, camarada.
E, mais uma vez, parabéns pelo livro.

Grijó

PREDADOR.- disse...

Shelly Manne é um dos meus bateristas preferidos. Altamente técnico, eficiente e, o mais importante, bastante comedido, mesmo quando liderava seus grupos. A maioria de seus álbuns são nota 10, igualmente a esta postagem de mr.Cordeiro. Parabéns!!!

Érico Cordeiro disse...

Queridos Salsa, Pituco e Grijó,
De uma coisa vocês não podem ser acusados: de ter um mau gosto musical :)
Pode pegar qualquer disco de West Coast e o cara tá lá (em alguns outros é o também ótimo Lawrence Marable)! Fez a história com as próprias mãos, ou melhor, com as próprias baquetas!
The Three & The Two é um disco para ser ouvido no momento certo, não é para todas as horas - como é, por exemplo, o New Time, New tet, de Benny Golson, que ouço agora (com Al Jarreau nos vocais de Whisper Not).
Mestre Grijó, obrigado pelas palavras gentis e em breve espero estar aí em Vitória, fazendo o lançamento do livro na simpaticíssima capital capixaba!
Abração aos três!

Érico Cordeiro disse...

Postagens simultâneas, Mr. Predador!
Seja muito bem-vindo e obrigado pela generosidade - um fato raro, em se tratando do impiedoso destruidor de galáxias.
Escapei do detonador atômico!!!!

Gustavo Cunha disse...

som na caixa !
não conhecia esse disco, parece raro
tenho pouca coisa da fera com lider - a série Poll Winners e um discão com Michel Legrand e Ray Brown (at Shelly Mannes Hole)
vou atras desse
valeu !

abs,

Érico Cordeiro disse...

Grande Guzz,
Valeu a visita. Pode ir sem medo, porque o disco é muito legal - foge um pouco da pegada West Coast e tem em alguns momentos um certo cerebralismo na elaboração dos temas, mas não é um disco hermético e nem enfadonho.
Pelo contrário, como disse o Predador, é nota 10.
Abração!

APÓSTOLO disse...

Estimado ÉRICO:

Estive ausente da "selva" alguns dias (compromissos inadiáveis com aniversários dos netos) e, no retorno, deparo-me com esta magnifica resenha = ampla, correta e das melhores que você postou até hoje.
Ademais de Manne, a gravação escolhida traz a bordo 02 músicos pelos quais mantenho permanente e completa admiração = o tenor de Richie Kamuca e o piano de Freeman são, a meu juízo "institucionais" e acima de quaisquer ressalvas.
Mais uma vez e, ainda que óbvio, parabéns ! ! !

Érico Cordeiro disse...

Mestre Apóstolo,
Seja muito bem vindo.
Sabia que tanto o Freeman quanto o Kamuca (que tive a honra de ver em um dvd aí na "toca") estão em alto conceito apostólico. Realmente, são duas feras - se bem que no West Coast vale o bordão daquele personagem de Chico Anísio (acho que era o Tavares ou o Gastão): "mas quem não é?"
Obrigado pelas palavras gentis e um fraterno abraço!

John Lester disse...

Fica a vontade de ouvir o Manne saxofonista...

Mais uma saborosa resenha Mr. Cordeiro.

Grande abraço, JL.

Anônimo disse...

Érico & demais correligionários,

Sempre considerei Richie Kamuca um ótimo jazzman e excelente improvisador, maa ele nunca foi devidamente apreciado, ao menos em minha opinião.

Como baladista, foi estupendo em todos os sentidos. É suficiente ouvir sua inspiradíssima interpretação de "The Things We Did Last Summer" no CD "Jazz in Hi-Fi" para chegar a essa conclusão.

E não esqueçamos das gravações que ele fez com Art Pepper e Bill Perkins para a Pacific Jazz - são out of this world!!!

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Érico & demais correligionários,

Sempre considerei Richie Kamuca um ótimo jazzman e excelente improvisador, maa ele nunca foi devidamente apreciado, ao menos em minha opinião.

Como baladista, foi estupendo em todos os sentidos. É suficiente ouvir sua inspiradíssima interpretação de "The Things We Did Last Summer" no CD "Jazz in Hi-Fi" para chegar a essa conclusão.

E não esqueçamos das gravações que ele fez com Art Pepper e Bill Perkins para a Pacific Jazz - são out of this world!!!

Keep swinging,
Raffaelli

José Domingos Raffaelli disse...

Shelly Manne esteve no Rio de Janeiro em 1971, por ocasião do Festival Internacional da Canção. Ele veio acompanhando a cantora pop Joan Coltrane. Segundo disse-me num almoço que alguns jazzófilos cariocas ofereceram a ele e à sua esposa, aceitou vir acompanhando a cantora porque seria sua única chance de poder conhecer o Rio.
Na ocasião, alguns apressados se atrapalharam com o nome da cantora divulgando que Shelly viria com John Coltrane, esquecendo-se que Coltrane morrera em 1967 - estávemos em 1971!
O ágape transcorreu na maior alegria e Shelly contou-nos uma série de histórias engraçadas sobre vários músicos.

No ano seguinte, 1972, fui com minha esposa e filho (então com 7 anos) à Disneyland (a Disney World ainda não fora inaugurada) e na volta paramos em Hollywood. Mal chegamos no hotel, perguntei ao recepcionista onde era a Cahuenga Boulevard (onde situava-se o Shelly Manne's Hole), ao que o solicito funcionário respondeu: "é na rua parelela a esta". Logicamente, na mesma noite fui ao Shelly Manne's Hole, cuja programação incluia o Hampton Hawes Trio e o Shelly Manne Quintet. Foi uma noite sensacional, inesquecível!
Depois de Hawes empolgar a platéia com seu inconfundível suingue numa apresentação fabulosa, o quinteto de Shelly ocupou o pequeno palco. Eu estava numa mesa em frente ao palco e, logo após Shelly ocupar o microfone para dirigir-se ao público, olhou casualmente para mim e com um largo sorriso disse: "Como vai ? Foi você que conheci no Rio no ano passado ?", referindo-se ao tal almoço. Como respondi sim, ele fez questão de dizer aos presentes que eu era um amigo brasileiro em visita ao clube. Terminada a noite, Shelly deu-me cinco LPs dele gravados para a Contemporary devidamente autografados.

Érico Cordeiro disse...

Caros John Lester e Raffaelli,
Um dueto à altura daquele formado por Charlie Parker e Dissy Gillespie!
Sejam muito bem-vindos (ao primeiro, digo que essa sua ojeriza aos tambores ainda vai render uma confusão com o Predador, o implacável baterista da Galactic All Star Jazz Band.
Quanto ao segundo, também gosto bastante do Kamuca - Jazz In Hi-Fi é um verdadeiro clássico (obrigatório mesmo).
No mais, poder ver os combos de Manne e Hawes na mesma noite é um sonho de qualquer jazzófilo - que você realizou de maneira muito bacanuda (e ainda ganhou discos do Manne).
Fraterno abraço aos dois!!!

PREDADOR.- disse...

Mr.Cordeiro, mestre Raffaelli sempre nos brinda com estórias interesantíssimas de músicos de jazz que teve o privilégio de conhecer, ver, ouvir, no Brasil e no exterior, tudo ao vivo e a cores. Concordo plenamente com os elogios a Kamuca, Hawes, Manne..., todos músicos excepcionais. Quanto ao mr.Lester e sua "ojeriza por tambores", estou aguardando uma oportunidade, e ela será próxima, para detoná-lo "cara a cara". Não sobrará nada em todo o espaço sideral.

Érico Cordeiro disse...

Grande Mr. Predador,
Por favor, apenas não lance mão do detonador atômico, porque os efeitos podem ser devastadores!
Abração - o Mestre Raffaelli e a principal testemunha ocular e auditiva dos grandes momentos do jazz!!!

HotBeatJazz disse...

Mr. Érico,

Manne é um dos mais refinados e melódicos bateristas que já ouvi. Este disco em questão é um petardo. John Williams foi um excelente pianista de jazz no início da carreira, pena q seu envolvimento com a composição o afastou do instrumento para o público em geral. Em breve o citado "The Three & The Two” estará na série dos 10 polegadas lá no HBJ.

Grande abraço

Érico Cordeiro disse...

Grande Mauro,
Seja muito bem vindo, meu museólogo!
Concordo em gênero, número e grau: o Manne é extremamente refinado e melódico, dono de uma sutileza que lembra caras como Joe Morello ou Connie Kay.
Aguardemos mais do Manne no Hotbarzinho!

José Domingos Raffaelli disse...

Caro correligionário PREDADOR,

Com relação a seu comentário, afirmo que desde a adolescência o jazz praticamente direcionou toda minha vida para desgosto dos meus saudosos pais. Essa música fascinante, que desde a década de 30 conquistou o mundo, teve decisiva influência para seguir os seus caminhos e jamais afastar-ne deles. Sem o jazz, eu jamais teria sido jornalista e devido a isso, sempre busquei ouvir, conhecer e conversar com músicos de jazz. Asseguro-lhe que tive oportunidade de conversar e entrevistar centenas deles, o que sempre me deu grande satisfação e alegria.

Para dar-lhe uma idéia da minha incontida vontade de viver para e pelo jazz, mesmo num país em que a grande maioria não se interessava por esse tipo de música, conto-lhe uma particularidade da minha vida que sempre causou espécie a meus pais, inúmeros familiares e amigos em geral:

Meu irmão, hoje diplomata aposentado, foi embaixador em Londres, Paris e Roma. Para espanto dos amigos, conhecidos e familiares, NUNCA FUI À EUROPA, pois, em vez de visitar meu irmão (onde teria casa e comida), meu destino sempre New York para ouvir os melhores músicos de jazz, conversar com eles e, posteriormente, como jornalista, cobrir todos os festivais que lá se realizavam.

Por isso, tive a sorte de ver, ouvir e conversar com os maiores jazzmen de todos os tempos. Daí a razão de relatar constantemente alguns episódios relativos a tais encontros.

Caso houvesse oportunidade, repetiria tudo com o maior prazer.

Mesmo com os contratempos que tive, não me arrependo de nada que fiz.

Keep swinging,
Raffaelli

Andre Tandeta disse...

Erico,
bravissimo!!!! Manne e' um Grande Mestre e eu estou sempre ouvindo e tentando aprender alguma coisa da excepcional musica produzida por ele. Tanto conduzindo quanto solando e' sempre hiper musical com uma sonoridade linda,muito,muito swing e criatividade. Vassourinhas então e' ate' covardia.
Não tenho mais nada a acrescentar a essa sensacional resenha.
Pouco depois que ele morreu a revista Modern Drummer(versão americana, que ja foi muito boa e hoje e' apenas um catalogo de anuncios)publicou uma reportagem retrospectiva de Manne que e' maravilhosa e onde podemos saborear algumas opiniões dele sobre musica, musicos,jazz, bateria,bateristas,etc.
Ha uma historia muito boa: ele gravava muito e em geral eram sessões para trilhas sonoras de filmes ou seriados da TV. E alem de bateria tocava percussão.Numa dessas sessões ele e outros percussionstas gravavam a trilha de um desenho animado e tocavam pequenos instrumentos,tais como chocalhinhos,apitos ,guizos e tal,mas tudo escrito na partitura, que tinha que ser rigidamente seguida. Algumas pessoas entraram no estudio e ficaram assistindo a gravação. Ao final ,Shelly Manne se dirige a um dos microfones do estudio e fala :"Believe me ,ladies and gentlemen,we are artists".
E que artista!

Érico Cordeiro disse...

Caríssimos Raffaelli e Tandeta,
Sejam mais que bem-vindos - vocês que são "clientes" VIP aqui do jazzbarzinho.
Mestre Raffaelli expressou, em seu depoimento, o que viver por e para o jazz: dedicação total a essa música maravilhosa e que torna a caminhada nesse planeta tão complicado um ofício menos árduo.
Mr. Tandeta, até pouco tempo atrás passava no Cartoon Network, lá pela meia-noite, o hilariante desenho "A formiga e o Tamanduá", cuja trilha era feita por um quinteto nota
1000: Ray Brown, Billy Byers, Pete Candoli, Shelly Manne e Jimmy Rowles! Só fera!
Muito bom contar com sua presença por aqqui - só um baterista ccomo Manne para tirá-lo da "toca" :)
Abraços fraternos aos dois!

Anônimo disse...

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